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Jonathan havia dispensado seu motorista para aquela noite. Queria dirigir e tinha uma remota esperança de sair acompanhado do apartamento de Jo. Apesar de estar voltando sozinho, sentiu que aquela havia sido uma das noites mais divertidas e mágicas da sua vida. Algo novo estava começando e Jonathan nunca se sentiu tão envolvido e encantado por uma mulher como se sentiu por Catherine.
Ele era um homem incrivelmente bonito, cobiçado e chamava atenção em qualquer lugar que entrasse. Mas por incrível que pareça, tivera somente duas namoradas na vida: a primeira nos tempos de adolescência e Meghan, por quem nunca tinha sentido nada que chegasse nem perto do sentimento que invadia seu coração naquele momento. Em dois dias, Catherine causara um impacto maior do que qualquer coisa na vida de Jonathan, e isso não podia ser à toa.
Enquanto dirigia para o seu apartamento, resolveu checar o celular pela primeira vez na noite enquanto estava parado no sinal vermelho. Ao abrir, centenas de ligações e mensagens de Karen e Meghan estavam na tela. Jonathan se sentiu exausto e resolveu que só olharia quando chegasse em casa.
Jonathan morava em uma deslumbrante cobertura na 2nd Avenue, no bairro de Bay Vista. O apartamento era um triplex de 620m². Tinha janelas de vidro e um terraço que circulava todo o apartamento no primeiro andar com uma vista 360° para Seattle, desde a incrível Space Needle até a Elliott Bay com vista para o porto, Lumen Field e para o belíssimo Monte Rainier. Era de tirar o fôlego.
Logo na entrada, uma belíssima sala de estar, jantar e um jardim no terraço com a vista para a Space Needle. Por lá, via-se a gigantesca adega de Jon com garrafas dos vinhos mais apreciados do mundo. Uma lareira em vidro e granito preto era o toque de charme que tornava aquele ambiente um espetáculo.
A escada que subia para os outros andares ficava na parede que separava a cozinha incrível do apartamento. Equipada com que havia de mais moderno, mesmo que Jonathan só fosse até lá para brincar com dona Zelia, sua governanta que tomava conta da casa e fazia tudo com muito carinho para o chefe, que era como um filho para ela. Toda a equipe que cuidava de Jonathan era unida e estavam em perfeita sintonia. Desde a equipe de segurança, até Zelia, que gerenciava a casa com a equipe de limpeza e cozinhava para o CEO, na mais perfeita organização. O funcionamento da casa deixava Janine, a mãe de Jonathan tranquila e satisfeita. Ela sabia que o filho tinha uma casa organizada e era bem assistido por toda sua equipe, mesmo sonhando com o dia em que ele encontrasse um amor que o merecesse, para viver uma vida feliz e plena com tudo que ele e a família tinham ao lado desta mulher que ela tanto sonhava para o amado filho.
Jonathan chegou em casa, e ainda na garagem resolveu mandar mensagem para Cat. Ao abrir a porta do hall privativo, percebeu que ela estava entreaberta e tinha algo errado. Entrou no apartamento pronto para acionar Lyle, seu chefe de segurança, mas nem precisou. Karen estava sentada no sofá diante da lareira com a cara fechada.
"Posso saber porque você não atendeu minhas milhares de ligações?", indagou sua irmã.
Jonathan não sabia se estava mais chocado com a invasão da irmã ou com a ousadia dela em pedir satisfações da sua vida dentro de sua própria casa.
"Karen, pelo amor de Deus. Eu não vou me exaltar a ponto de falar o que realmente você merecia ouvir, mas isso está passando de TODOS os limites. Eu não tenho que te explicar o porque não atendi ligações, sejam suas ou de qualquer outra pessoa. Mas você tem que me explicar o que está fazendo no meu sofá às 3h da manhã quando eu claramente não te convidei para estar aqui".
Karen se chocou com a bronca do irmão, já que elas eram raríssimas.
"Jonathan, eu estava preocupada. Meg me falou pela manhã que te chamaria para um jantar conosco e você não se preocupou nem em ME dizer o porque você recusou? Ela contava com você, eu contava com você... até quando você vai ficar se fazendo de difícil? A Meghan te ama, nossas famílias se conhecem, porque não dar uma chance para uma pessoa que já está nas nosas vidas? Eu sei que a decisão final é sua, mas eu sou sua irmã e quero o melhor para você, você é meu melhor amigo", choramingou Karen.
A fúria de Jonathan aumentava em cada palavra que saía da boca da sua irmã. Era inacreditável que ela pensasse que tinha algum controle ou poder sobre quem entrava, saía ou permanecia na vida dele.
Karen era jovem, não tinha nenhuma responsabilidade pois vivia de uma polpuda mesada dos pais e de Jonathan, além de ter todas as mordomias que o sobrenome da família trazia, já que eles eram multimilionários. Karen havia sido adotada por Janine e Jeremy quando tinha 4 anos. Jonathan já tinha 7 anos e sempre foi protetor e extremamente próximo da irmã. Ela cresceu rodeada de mimos, e mesmo tendo um bom coração e sendo uma pessoa divertida e inteligente, se tornara fútil e cheia de caprichos, principalmente quando era contrariada. Jonathan sempre protegia a irmã e relevava seus rompantes, mas agora isso estava indo longe demais e ele começou a se sentir sufocado.
"CHEGA! Já que você veio até aqui vamos ter uma conversa clara, sincera e definitiva. E que isso se estenda a sua melhor amiga, porque DEU O QUE TINHA QUE DAR".
Karen olhou apavorada para o irmão. Nunca tinha o visto daquela maneira. Jonathan se sentou, escondeu o rosto, passou a mão pelos cabelos, respirou fundo e prosseguiu:
"Meu relacionamento com a Meghan terminou tem DOIS ANOS. Eu nunca envolvi você na minha decisão e nem expus os motivos que me levaram a terminar, justamente para que a minha história com ela e a amizade de vocês não se misturassem. Eu sempre fui honesto com ela e deixei claro que não EXISTE a mais remota possibilidade de voltarmos. Ela deveria saber disso e parar de usar você como forma de se reaproximar de mim. Há 6 meses para te agradar eu topei um desses jantares que vocês me 'convidaram'. Você saiu e me deixou sozinho com ela quando estávamos bêbados e eu acordei na cama dela. Não responsabilizo ninguém que não a mim mesmo nesse incidente. Mas deixei bem claro para ela ainda naquele dia que aquilo não significou nada além de bebida em excesso de ambas as partes. E mesmo assim ela não desistiu e desde lá essas tentativas vêm me sufocando e hoje, em um dia que eu estou realmente feliz e fui me divertir, te encontro aqui em plena madrugada para me questionar o porque eu não atendi vocês e não estive com vocês. Percebe a proporção que isso está tomando, Karen? Isso acaba aqui. Eu não quero mais contato com a Meghan e vou falar isso pessoalmente para vocês duas amanhã antes de sair em viagem. Se você me ama e quer me ver feliz, me respeite. Isso já foi longe demais. Nem a mamãe me questiona ou se intromete na minha vida, não é você quem terá esse direito".
As lágrimas escorriam pelo rosto de Karen. Ela não entendia o porque ele não podia dar uma chance para Meg. Tudo seria mais fácil se a amiga ficasse de vez na vida do seu irmão. Mas percebeu que tinha ultrapassado uma linha e não conseguiria mais aproximar os dois persuadindo Jonathan a agradá-la. Então para não abalar a relação com ele, que era a pessoa mais próxima dela, resolveu recuar:
"Me desculpe, irmão. Eu nunca quis me meter, eu só quero o melhor para você, eu vou respeitar sua decisão...", disse cabisbaixa.
Jonathan não amoleceu. Sabia que se recuasse sua irmã voltaria a passar dos limites. Ele estava começando um novo capítulo e não queria mais Meghan rodeando sua vida com a bênção de Karen.
"Leve sua amiga ao prédio da Harsten amanhã às 13h, em PONTO. Meu recado será breve e eu pegarei o helicóptero para Vancouver logo em seguida. Tenho uma semana de reuniões para definir as locações e os detalhes das filmagens do próximo longa. Papai me encontrará lá na segunda, quando voltar de Paris com a mamãe. Agora vou chamar Lyle para que te mande para casa em segurança pois não quero você dormindo aqui. Preciso do meu momento na minha casa em paz. Estamos entendidos?"
Karen estava abismada com o tratamento que estava recebendo do seu irmão, que sempre fez todas as vontades dela. Mas resolveu não discutir: "Tudo bem, me desculpe. Posso só te fazer uma pergunta? Você estava com Jo?", indagou.
"Sim. Com ela e mais alguns amigos. Por quê?"
Karen respondeu de imediato: "Por mais que não sejamos amigas, Jo é uma pessoa de confiança e que eu respeito. Fico feliz que tenha se divertido com seu grupo de amigos", disse ela, em uma mistura de sinceridade e ressentimento, já que Meghan detestava Joanne, e ela sentia que para ser leal à amiga, deveria odiar também. Mas nunca poderia ir contra ela... Jo era a relação mais sólida que Jonathan tinha.
Jonathan foi enfático: "Respeitar Jo é o mínimo que você deve fazer. Agora fique pronta, Lyle vai te levar para casa e eu preciso dormir". Ele subiu para o seu quarto sem se despedir da irmã, que ficou paralisada em sua sala até que Lyle chegasse para levá-la embora. Resolveria amanhã os detalhes com sua equipe sobre entrada de pessoas sem convite em seu apartamento, mesmo tratando-se de pessoas confiáveis como sua irmã.
Jonathan tomou um banho e colocou somente uma calça confortável de pijama. Mesmo depois do desentendimento com Karen no meio da madrugada, a sensação de alegria que transbordava em seu peito pela noite mágica que teve se fazia presente com toda força. Já na cama, Jon abriu o celular para apagar as notificações e cobranças de Karen e viu que Cat havia respondido a mensagem que enviara assim que entrou na garagem:
"Sem palavras, apenas volte logo! Cat <3'
O coração dele aqueceu instantaneamente e ele só conseguiu pensar naquele sorriso hipnotizante.
Adormeceu certo de que aquela semana seria longa, mas a recompensa viria...
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Karen estava arrasada no carro. Sabia que tinha passado dos limites com o irmão, e que não teria como evitar a ida com Meghan ao escritório de Jonathan. Ela era sua melhor amiga e sempre fez de tudo para ajudá-la pois queria muito vê-los juntos, mas já passara muito tempo e Karen sabia que Jonathan jamais voltaria para ela.
Mas ainda assim, toda a discussão com o seu irmão acendeu uma suspeita em Karen que podia ser ainda mais alarmante: ele estava apaixonado por outra. Jonathan sempre fora paciente com as tentativas de reaproximação de Meghan e jamais se irritaria com a irmã daquela forma se não houvesse um motivo muito forte por trás. Ele não teria voltado tão tarde de um simples jantar com Joanne. E se Jo tivesse algum laço com a nova mulher que Jonathan estivesse apaixonado, dificilmente algo poderia ser feito. O vínculo dos dois era mais forte que os próprios laços dos irmãos e Karen morria de ciúmes disso, mas nunca brigaria de frente com ela.
Resolveu ligar para Meghan e preparar amiga, pois tinha certeza que ela não teria estrutura caso as suspeitas delas se confirmassem. Pensou no que diria e resolveu somente avisá-la que Jonathan gostaria de vê-las amanhã antes de viajar. De repente seu irmão poderia se acalmar durante a noite e não falar nada demais.
"Karen, onde seu irmão estava?", indagou Meghan assim que atendeu o celular.
"Meg, Jonathan estava em um jantar com Joanne. Mas isso não é o mais importante. Ele quer nos ver amanhã no escritório dele às 13h, antes de viajar para passar a semana em Vancouver. Depois que falarmos com ele, pensamos nos próximos passos".
"Aconteceu alguma coisa?", desconfiou Meghan. Jonathan não costumava recebê-la na Harsten nem quando ainda estavam juntos.
"Amanhã conversamos, amiga. Fiquei até tarde esperando no apartamento dele, e ele ficou furioso com a minha entrada. Meu irmão nunca falou comigo daquela forma, nem deixou que eu dormisse lá, fez o Lyle me trazer para casa...", choramingou.
O coração de Meghan deu um salto. Ela sabia que algo estava acontecendo e Karen não estava falando alguma coisa. Mas resolveu esperar. Não tiraria nada de Karen naquele momento, então só avisou que estaria lá às 13h e desligou o telefone na cara da ex-cunhada sem o menor pudor.
Karen ficou chocada com a atitude da amiga, mas relevou. Afinal, o pior viria amanhã de qualquer forma.
Chegou na mansão Harsten e foi direto para seu quarto. Os pais voltariam de Paris apenas do domingo e o dia de amanhã seria muito longo.
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Catherine acordou com Jo pulando na sua cama feito uma criança:
"ACOOOOOOOOOORDAAAAAAAAAAA, ACORDA ACORDA ACORDA ACORDA!"
Catherine quase caiu da cama e aos risos perguntou: "Você enlouqueceu, Joanne?"
"Eu estou ótima, apesar da imensa ressaca, que passou na mesma hora quando chegou algo SURREAL para você. Vamos na sala olhar!"
Catherine estranhou, mas levantou na mesma hora e correu para sala de estar. A curiosidade tirou qualquer resquício de sono de Cat e valeu a pena. Ao chegar, avistou o maior buquê de rosas brancas que já viu em toda sua vida. Ali tinham tranquilamente umas quinhentas rosas. Ficou em completo choque e olhou para Cat sem reação.
"Tá me olhando por que, mulher? Abre logo esse cartão que eu quero saber o que ele disse!"
Catherine e riu e perguntou: "Como você sabe que é pra mim e que é do Jonathan? Pode ser algum admirador seu..."
"Uhum... só vamos saber se você abrir, então para de enrolar!"
Cat pegou o delicado cartão e ao abrir, uma sensação inexplicável foi tomando seu coração ao ler em voz alta:
"Essas foram as mais bonitas que eu achei, mas nem de longe conseguem traduzir o que foi a noite de ontem. Obrigado pelo jantar, pela companhia e pelos vários sorrisos lindos que eu recebi de você em poucas horas. Te busco às 17h30 na próxima sexta, combinado? Já tenho planos para fazer valer a pena. J"
"Catherine, eu conheço Jonathan há mais de 15 anos. EU SIMPLESMENTE NUNCA O VI TÃO ENCANTADO POR NINGUÉM! Que coisa maravilhosa, minha amiga!"
Cat não conseguia disfarçar o quanto aquilo tudo estava mexendo com suas emoções. A última coisa que ela queria naquele momento era se apaixonar por alguém. Mas se sentia tão protegida, tão parte de algo, que seria um pecado não se permitir viver uma emoção como aquela. Ela simplesmente sorriu e abraçou Jo:
"Vamos um passo de cada vez. Veremos como as coisas vão acontecendo. Por ora, acho que tenho um encontro na próxima sexta!", as duas comemoraram e começaram a pensar no que fariam naquele belo dia de sábado. Mas antes, Cat resolveu mandar uma mensagem importante:
"Me emocionei com as flores maravilhosas, mas ainda mais com o lindo cartão que veio com elas. Mal posso esperar para a sexta. Já valeu a pena!"
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O dia começou cedo para Jonathan, que resolveu se exercitar na própria academia da cobertura. Enquanto tomava o delicioso café da manhã preparado por Zelia, Jonathan riscou algumas palavras no cartão e pediu para a governanta:
"Ziza, pode pedir para Lyle vir até aqui um instante, por favor?"
"Claro, querido", disse bondosamente.
Instantes mais tarde, o chefe de segurança de Jonathan estava na cozinha ouvindo as orientações do chefe, e saiu para comprar as mais belas rosas que encontrasse para entregar no endereço fornecido por ele.
"Você está com uma feição que eu nunca havia visto antes, Jonathan. Me parece encantado", disse Zelia, divertidamente desconfiada.
"Você vai saber em breve, Ziza. Não se preocupe", despistou o CEO, sorrindo, ao dar um beijo no rosto da governanta e sair para o escritório. Zelia havia arrumado a bagagem de Jonathan para a semana que passaria em Vancouver e tudo já estava no carro, onde seu motorista o aguardava.
"Mal vejo a hora de conhecê-la!", gritou e se sentiu esperançosa. Era a primeira vez que via seu garoto com um olhar de apaixonado, e pediu aos céus para que a moça fosse diferente de Meghan.
Jonathan se sentou no banco de trás do veículo, desejou bom dia a Robert e pediu que o levasse para o escritório. Após a desagradável conversa que teria com a irmã e Meghan, pegaria seu helicóptero direto para Vancouver, pois a semana seria cheia de compromissos por lá para a viabilização da nova produção cinematográfica da Harsten. Além de tudo, quanto mais rápido resolvesse suas pendências por lá, mais rápida a semana passaria para reencontrar Catherine no primeiro encontro oficial dos dois, e os planos para este dia estavam a mil na cabeça do executivo.
Ao chegar por lá, nem dez minutos se passaram e Loren, sua secretária, anunciou a chegada de Karen e Meghan.
As duas chegaram e Meghan foi direto para os braços de Jonathan, na tentativa de abraçá-lo. Jonathan, que sempre foi conhecido pela figura simpática e acolhedora, assumiu uma postura completamente fria diante das duas em sua frente. Afastou o abraço de Meghan e disse, sem rodeios: "Sentem-se".
As duas se entreolharam assustadas, mas a ordem foi direta e intimidadora ao ponto de sequer questionarem. Sentaram-se imediatamente.
"Vou ser rápido, sem rodeios e direto ao ponto: Meghan, tivemos uma história legal, gostei muito de você enquanto estávamos juntos. Mas se ainda existisse qualquer possibilidade entre a gente, te asseguro que não estaríamos nesta conversa nesse momento. Sempre me senti mal pelo término repentino do nosso namoro e quis continuar tendo uma boa relação com você, principalmente em respeito a longa amizade que você tem com a minha irmã. Mas isso está passando de todos os limites e você claramente enxerga essa boa relação como uma porta aberta, então eu vou ser claro e direto: eu não te amo e não existe a mais remota chance de voltarmos um dia".
Os olhos de Meghan se arregalavam a cada palavra que saía da boca de Jonathan. As lágrimas não demoraram a aparecer e ela começou a argumentar: "Jonathan, eu sei que não deu certo da última vez, mas eu só peço para que a gente tente resgatar o que tínhamos antes mesmo de tudo começar, eu tenho certeza que o sentimento está aí porque ele está aqui também. Eu não vou te pressionar mais, eu te prome..."
Jonathan interrompeu: "Chega, Meghan. Eu cheguei de madrugada ontem e minha irmã estava na minha sala se sentindo no direito de me cobrar dentro da MINHA PRÓPRIA casa porque entrou na sua pilha. Eu conheço vocês duas como a palma da minha mão, e eu sei o quanto seus caprichos influenciam a Karen e desconfio de onde vem toda essa dedicação dela em querer que fiquemos juntos. Eu chamei vocês aqui para um recado direto: não vai acontecer. Não vamos voltar. Eu não admito nenhum tipo de intromissão na minha vida por parte de nenhuma de vocês. Eu tenho um grande carinho pela nossa história mas ela é passado. Ou vocês aceitam isso ou eu vou cortar qualquer tipo de contato entre nós e nossas famílias."
Jonathan respirou e continuou: "Karen, agora minha conversa é com você, como seu irmão mais velho. Eu te amo, temos uma relação próxima que eu quero sempre ter. Mas eu estou seguindo a minha vida e quero que você respeite isso. Enquanto eu sentir você como uma ferramenta de acesso a mim para outras pessoas contra a minha vontade, eu vou me manter afastado e não vou confiar em você".
Jonathan levantou, foi até a porta do escritório e abriu, como um gesto de quem tinha encerrado aquela conversa e não tinha mais nada a dizer.
"Pensem em tudo isso. Eu estou indo para Vancouver e quero ter certeza que estou sendo bem claro. De agora em diante os tempos serão outros".
Meghan levantou, limpou as lágrimas e, se sentindo humilhada, saiu dando passos duros sem olhar para trás.
Karen permaneceu sentada em frente a mesa de Jonathan e falou: "Eu prometo que não vou deixar nada nos afastar, Jon. No fundo eu só queria ver vocês felizes".
Jonathan suspirou, fechou a porta, sentou ao lado de Karen e pegou na mão da irmã: "Você precisa se lembrar da personalidade forte que você tem, Karen. Pare de se deixar manipular pelos caprichos da Meghan. Eu não entendo o motivo de tanta lealdade. Eu a conheço como a palma da minha mão e sei que ela não oferece nada a ninguém sem ter algum benefício. Seja lá o que for que te mantenha tão presa a essa amizade, lembre-se que eu sou seu irmão. Sempre te protegi e sempre te protegerei, mas você precisa ser honesta comigo".
Karen olhou assustada para Jonathan, com medo de que ele soubesse de algo. Se sentiu tentada a contar para o irmão o segredo que mantinha a amizade com Meghan, mas achou que não suportaria se ele descobrisse.
Se limitou a dizer: "Eu prometo que vou te deixar em paz com essa história da Meghan, eu nunca quis te aborrecer. Me desculpa irmão, por favor", disse com lágrimas nos olhos.
Jonathan resolveu abaixar a guarda para a irmã, pois sabia que ela estava sendo sincera, pelo menos no que estava dizendo. Sabia que tinha algo obscuro na amizade das duas e pretendia descobrir para proteger Karen, mas isso teria que ficar para depois. Vancouver estava esperando, e um certo alguém especial também o aguardava assim que essa semana passasse.
Abraçou a irmã e disse: "Sejamos o porto seguro um do outro. Você me protege e eu te protejo, combinado?"
O coração de Karen pesou ainda mais ao ouvir aquelas palavras do irmão. Sabia que Meghan não desistiria e teria que ajudá-la mesmo que isso causasse algum problema para o irmão. Mas teria que dar um jeito de suavizar a situação. Jonathan estava decidido a seguir em frente e Karen até desconfiava que tinha algum motivo forte por trás dessa decisão do irmão. Ele estava apaixonado.
"Combinado", disse Karen mesmo sem convicção.
Se despediram na porta do escritório e Jonathan sentiu uma sensação de leveza. Não queria nada que pudesse atrapalhar um início com Catherine e acreditava que tinha feito a coisa certa para ter paz e seguir em frente.
O Liberty Harsten era o helicóptero de Jonathan. Um modelo de última geração e extremamente confortável para viagens mais curtas. O pomposo modelo já o aguardava no heliponto do edifício Harsten com toda sua bagagem, e assim Jon se despediu da irmã e secretária para seguir direto para Vancouver.
Antes do helicóptero subir, Jonathan olhou o celular e abriu o sorriso mais genuíno do seu dia. Cat havia respondido em agradecimento pelas flores e estava ansiosa para o seu retorno. Certamente iria viajar feliz.
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Karen saiu cabisbaixa do último andar do grupo Harsten, onde ficava o escritório de Jonathan e dos maiores executivos da empresa. Ao chegar na garagem, Meghan a aguardava recostada em seu carro. Ela estava simplesmente furiosa.
"VOCÊ SABIA QUE ISSO IA ACONTECER".
"Meg, eu honestamente acho que estamos indo longe demais. Se continuarmos assim você só vai conseguir fazer com que ele pegue raiva de você, e até eu vou me prejudicar porque terei meu irmão distante", argumentou Karen.
"Eu não vou desistir, Karen. E se você não quiser que toda a família e imprensa saibam do seu segredinho é bom que você me ajude. Eu sempre fui sua amiga, confidente, sempre te ajudei nas horas que você mais precisou... principalmente para que você continuasse sendo a caçulinha querida do seus pais e do seu irmão. Chegou a hora de retribuir. Eu vou me casar com o Jonathan de qualquer maneira. Mas em uma coisa você tem razão... precisamos ser cautelosas. Ele não estava para brincadeira".
Resignada, Karen consentiu e resolver abrir o jogo sobre suas suspeitas: "Meg, precisamos ser realistas. Eu desconfio que ele esteja começando a se envolver com outra pessoa. A reação dele quando me viu na sala foi muito clara para mim. Ele sabe que teria problemas se não desse um basta na sua situação".
A mera suspeita de que Jonathan pudesse estar se envolvendo com uma nova mulher fez com que Meghan sentisse um impulso de quebrar absolutamente tudo que estivesse em sua volta. O desespero só de pensar nessa possibilidade era palpável, mas precisava agir com frieza caso quisesse realmente vencer essa guerra. Em segundos de raciocínio, entendeu que precisava mais que nunca de Karen ao seu lado, ou poderia realmente ser passada para trás por essa nova mulher.
Respirou fundo e resolveu entrar no jogo de uma vez. Assumiu uma postura totalmente diferente, e com lágrimas nos olhos, pegou na mão da irmã de Jonathan e disse:
"Amiga, me perdoe por falar essas bobeiras... você sabe que eu jamais trairia sua confiança. Também sabe o quanto eu amo seu irmão e que eu faria qualquer coisa para ser parte de uma vez por todas da sua família. Me ajude a reconquistá-lo, eu te imploro".
Karen sentiu uma mistura de alívio pela mudança repentina de Meghan, com um pouco de preocupação. Mas resolveu que ajudaria, desde que isso não atrapalhasse mais seu relacionamento com o irmão.
Abraçou Meghan e afirmou: "Vamos por partes. Primeiro, precisamos dar espaço para Jonathan para que nenhuma tentativa de aproximação possa estragar tudo de uma vez. Eu prometo que vou descobrir se ele realmente está envolvido com alguém e quem é ela. A melhor pessoa que pode nos dar essa informação mesmo sem querer é a única que tem total acesso a vida do meu irmão: Joanne".
Meghan sabia que Karen tinha razão, mas refletiu: "E como você pretende arrancar alguma informação dela? Mexer com ela é o mesmo que mexer com Jonathan. Eu tentei me livrar dessa cretina milhares de vezes e não fiz nem coceira na amizade deles, muito pelo contrário".
Karen afirmou: "Joanne tem suas restrições comigo, mas não me odeia. Pretendo pagar muito bem uma pessoa que trabalhe próximo a ela na Harsten Publisher para ouvir algumas conversas com meu irmão. Com isso, teremos um ponto de partida".
Meghan se animou com a ideia e resolveu se acalmar. Essa semana com Jonathan em Vancouver demoraria a passar, mas ela sabia que elas conseguiriam todas as informações para entender qual batalha elas iriam começar nessa guerra.