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Não foi fácil a decisão do término, apesar de eu ficar cinco anos com ele, conheci ele em uma festa que aceitei ir com os colegas da faculdade, ele era amigo do Cris e eu realmente gostava muito dele apesar de ele me magoar demais, ele falou muitas coisas que me machucaram ao longo da nossa relação e acredito que o relacionamento com ele me desestabilizou emocionalmente e me fez iniciar a terapia, já tem oito meses que terminamos e ainda fico em casa sem vontade alguma de conhecer pessoas novas, será medo de me machucar novamente?
Vivian você não sabe viver, só se preocupa em estudar, no seu emprego e fica falando em futuro, casamento, parece que não teve infância, não sabe se divertir, vai fazer trinta anos e parece uma velha de oitenta anos, reclama de todos os meus amigos, reclama do meu futebol, reclama do quanto eu ganho, do meu emprego e do meu vídeo game, até meu descanso assistindo séries você reclama, só fala em comprar apartamento, parece uma pessoa encalhada desesperada para casar.
Eu estou satisfeito do jeito que estou, quero curtir a minha vida, se não está satisfeita porque ainda está comigo?
Essas palavras me afetaram profundamente, porque pareceu que realmente ele não via o óbvio, o fato de ele não se importar com o futuro e só pensar em diversão e não se preocupar em prover uma casa, sem contar as vezes que saíamos e a forma que ele me apresentava aos seus amigos: essa é minha namorada nerd.
Eu acabava me sentindo diminuída, como se querer um futuro e escolher estudar seja um erro.
Me lembro de como ele foi imaturo, parecia um moleque de vinte anos falando, não me dava atenção, me rebaixava, me fazia se sentir um lixo, sem contar que perto dele me sentia a pessoa mais feia do mundo, e nem era bom de cama aff, me fez perceber: um cara de trinta e cinco anos que só tem o ensino médio, não pensa em um emprego melhor, trabalha desde os vinte anos em uma loja de auto peças e só quer saber de bagunça e curtição, não pensa em construir um futuro e ainda me acha encalhada?
Como eu pude perder cinco anos da minha vida com esse traste. Começamos a namorar quando eu tinha vinte quatro anos, lembro que quando meu colega Cris nos apresentou disse muito claro: Não se apegue Vivian, você é muita areia para o caminhão dele. O Cris sempre pareceu ter uma quedinha por mim, achei que fosse ele querendo deixar as opções em aberto.
No começo eu aceitava sair com o Tiago a todos os lugares, mesmo não me sentindo à vontade, não gosto de mudar as pessoas e sempre tentei me adaptar a vida dele, sua mãe sempre foi um amor de pessoa, seu pai então nem se fale
Agora ele sempre brigava com o irmão mais velho que era casado e morava no fundo da casa da mãe e o chamava de folgado.
Agora vejo: eu nunca parei pra pensar que o Tiago quem era o folgado e sem visão de futuro.
Minha psicóloga sempre me ouve com muita atenção e nunca me interrompe. No final ela diz: Você sempre quis pertencer ao mundo dele e ajuda-lo a ser uma pessoa melhor, mas o principal interessado tem que ser a pessoa que precisa da mudança, não podemos ajudar quem não quer ser ajudado.
Meu exercício da semana é pensar nos ganhos que eu tinha no relacionamento com o Tiago, ela acredita que me lembrar dos ganhos, vai me fazer ter novos relacionamentos, e só precisamos trabalhar que tipo de relacionamento eu quero no futuro.
Termino a sessão mais leve e sinceramente não gosto do exercício de me lembrar dos ganhos.