Capítulo 2 2

(Lisandra C. Manoban)

(15/03/2022)

Eu caminhei pelo corredor até chegar no quarto que tinha uma porta roxa com um quadrinho pendurado na maçaneta, escrito "nie em sono", bati na porta duas vezes e depois de não obter nenhuma resposta eu entrei no quarto e vi que Melanie ainda estava dormindo em sua cama. Droga. Eu disse pra ela não ficar até tarde vendo Steven Universo. Caminhei até a ponta de sua cama e me agachei, comecei a acariciar suas costas já que ela estava dormindo de barriga pra baixo e a chamei na tentativa(Inútil) de lhe acordar.

- Só 3 minutos manhi - Melanie Resmungou e virou sua cabecinha pro outro lado.

- Melanie acorda, filha, a gente vai se atrasar pra sua escolinha, vamos meu amor - Falei, mas novamente não obtive qualquer resposta. Suspirei profundamente e logo pensei que teria que ir para o plano B. Voz e nome do terror, como a minha filha gostava de chamar.

- Melanie Collins Manoban, levanta! A gente tá atrasada! Você tem cinco minutos pra ir escovar o dentinho e colocar a roupa! Eu vou estar na sala te esperando e se você não aparecer nada de lanchinho com a Clarisse!!! - Falei e sem qualquer espera me retirei do quarto de Melanie. Parei no meio do corredor para conseguir me ver no espelho que tinha alí e passei as mãos pelo vestido preto para deixá-lo ajustado ao meu corpo. Modéstia parte, eu deveria ganhar um prêmio por me manter tão bem assim.

Muitas mulheres dizem que depois que tiveram seus filhos, seus corpos não voltaram mais a ser como antes, porém eu tive a sorte de ser mãe nova e consequentemente meu corpo não demorou muito tempo pra voltar ao que sempre foi. Tive Melanie quando eu tinha somente 20 anos de idade, me casei cedo demais, me tornei mulher cedo demais. Eu e o pai de Melanie éramos da mesma sala durante todo o ensino médio, ele era o cara mais bonito e popular, eu era a garota mais bonita e popular, faríamos o casal perfeito, certo?! Errado!. Bom, na verdade meio certo, fizemos o casal perfeito por 2 anos, até ele descobrir que seria pai. Mark sempre disse que seu sonho era ter uma menininha com meus olhos grandes, minhas bochechas, meu sorriso largo e meus fios escuros e longos de cabelo, um dia fizemos sexo bêbados e sem camisinha quando já estávamos casados e o sonho de se realizou, porém não como o esperado. Mark surtou quando soube que eu estava grávida, disse que eu deveria tirar o bebê e eu disse que nunca tiraria, no primeiro momento ele não insistiu, mas depois de algumas semanas o comportamento dele ficou estranho. Até um dia em que eu estava com 3 meses de gravidez e o Mark me deu um chá um pouco estranho, o cheiro me lembrava canela, porém ele disse que era só erva doce. Quando eu provei um pouco senti o puro gosto de Canela e sei lá mais o que, comecei a cuspir automaticamente porque já tinha ouvido que canela era um chá abortivo e depois disso eu pedi divórcio. Passei toda a minha gravidez sozinha/Com meus pais/Com Rosé(Madrinha de Melanie & minha melhor amiga), eles cuidaram de mim e Melanie da melhor forma possível e o pai de Melanie, Mark, só quis aparecer no dia em que ela nasceu pra registrar, porém, eu não deixei. Por isso seu nome é Melanie Collins Manoban, assim como o meu é Lisandra Collins Manoban.

Dei uma última olhada no espelho e joguei meus fios loiros para trás. Olhei para a raiz do meu cabelo e anotei mentalmente que eu precisava muito dar um retoque na raiz do meu cabelo. Nem que eu ficasse careca, mas morena eu não voltaria a ser. Queria me distanciar a cada dia de tudo o que Mark gostava em mim, ele amava meus cabelos escuros e eu pintei de loiro pra apagar isso, ele não queria que eu realmente investisse na empresa de cosméticos que eu sonhava em montar e essa foi a primeira coisa que eu fiz quando nos separamos, ele odiava pensar em mim como modelo e hoje em dia eu viajo exatamente por isso. Durante o tempo eu quis apagar a pessoa que o Mark conheceu porque nem eu mesma conhecia aquela lisa, por isso quis dar uma nova oportunidade para novas versões de mim e isso funcionou melhor do que eu esperava.

Abaixei um pouco do vestido preto tubinho com mangas longas que eu estava usando, balancei um pouco os pés para ajustar os saltos Scarpin que eu estava usando e fui pra sala. Me sentei no sofá e comecei a olhar o Fred do Instagram enquanto esperava pela Melanie, que inclusive, apareceu 4 minutos depois de eu ter me sentado com a boca formando um biquinho e sua expressão levemente mau humorada.

- Já tô pronta - Melanie disse assim que saiu do corredor e adentrou a sala.

- Tudo bem, vamos filha? - Perguntei e ela assentiu.

- Mas mãe e o meu lanchinho? - Melanie perguntou já formando uma leve carinha de choro.

- Está tudo dentro da sua mochila, eu coloquei aí dentro enquanto você ainda dormia - Falei e então ela sorriu e desfez a carinha de choro. Eu a peguei no colo e a ouvi rir um pouco por isso, logo fui caminhando até a garagem da nossa casa com ela em meus braços, coloquei Melanie na cadeirinha junto ao cinto de segurança e adentrei minha Mercedez. Demorei cerca de 15 minutinhos pra chegar a escolinha de Melanie, ou seja, eu me atrasei. Mas ela entraria na creche, aí daquela escolinha se ela não entrasse.

Eu estacionei em frente a escolinha e sai do carro primeiro pra tirar a Melanie da cadeirinha onde ela estava, depois de ter tirado seu cinto de segurança eu a segurei em meu colo com um dos meus braços e com a mão livre peguei sua mochila. Caminhei até a porta da escolinha dela, que inclusive estava fechada e tinha somente um porteiro alí.

- Olá, bom dia, eu sou a Lisandra Collins Manoban e vim conversar com a professora..- Falei assim que me aproximei e tentei me lembrar do nome da professora da Melanie, qual era mesmo o nome dela?.

- Tia nie, mama - Melanie disse e eu suspirei e só assenti.

- Isso, com a tia nie. Não, espera, sua professora não era a Mariana? - Perguntei levemente surpresa e a Melanie assentiu.

- Sim mama, mas a tia Mariana teve que sair daqui e a tia nie virou minha professora - Melanie explicou e eu só assenti.

- Bom, senhora Manoban eu vou liberar a sua entrada com a sua filha, mas ela não pode se atrasar tanto. Vocês estão 10 minutos atrasadas - O Sr. Ricardo disse e eu sorri como agradecimento quando o vi abrir o portão e me permitir entrar com a Melanie. Eu já estava sentindo meus braços pesarem com a Melanie em meu colo e por isso eu coloquei ela no chão e segurei sua mão para caminhar ao lado dela, meu anjinho já não era mais tão levinho assim. Manoel já tinha quatro aninhos de idade e era muito saudável, mas, era pesadinho ficar com ela muito tempo em meus braços.

Eu e Melanie caminhamos pelo corredor vazio até chegarmos a sua salinha. Quando parei em frente a porta da sala de Melanie, ela soltou minha mão e saiu correndo e gritando "Clarisse!!!" E foi se sentar com sua amiguinha, me deixando ali sozinha com uma leve cara de taxo.

- Olá, bom dia, você é irmã da Melanie? Ocorreu algo com a Sr. Manoban para que ela não conseguisse vir hoje? - Eu estava tão submersa por ver minha filha correndo e me deixando sozinha que não percebi a presença de uma mulher aparentemente jovem, bem mais jovem do que eu aos meus olhos. Honestamente eu deveria estar com a maior cara de sem graça no momento porque a menina que estava a minha frente parecia realmente convicta de que eu era irmã da Melanie.

- Desculpa, quem é você? - Perguntei, talvez um pouco rígida, já que ela pareceu um pouco assustada e então cruzou seus dedos e baixou um pouco a cabeça. - Desculpe, não quis ser grosseira.

- Tu-Tudo bem, eu sou a nova professora da Melanie. Me chamo Ruby K. Jennie e você é..? - Jennie disse e eu suspirei antes de responder. Ser confundida com a "Irmã da Melanie", não era algo tão fora da minha rotina, mas eu me sentia meio ofendida quando esse tipo de coisa acontecia. Sempre que eu corrigia as pessoas tinha que lidar com os olhares que me cercavam logo em seguida, olhares que basicamente me chamavam de irresponsável e puta.

Não que eu ache que ter filhos cedo seja algo a se orgulhar, porque não é. Bebês dão muito trabalho, te deixam cansada fisicamente e mentalmente, e por mais que ninguém goste de admitir; Ser mãe as vezes é um porre. E eu não estou dizendo que ser mãe é um porre por culpa do seu bebê, mas sim porque aparentemente todo o mundo resolve se intrometer na sua criação e na forma como seu filho ou filha vive a própria vida, você precisa ter mais psicológico pra ter que aguentar os outros do que aguentar seu próprio filho e no geral do geral eu senti isso na pele, principalmente ao ser mãe quando eu tinha só vinte anos.

- Eu sou Lisandra Manoban, mãe da Melanie - Respondi já prendendo todo o ar que eu ainda tinha em meus pulmões pra me preparar para o olhar dela que com toda a certeza iria me julgar. Mas, diferente do que eu imaginei, ela somente arregalou os olhos e tossiu um pouquinho.

-M-Mãe?! Você é mãe da Melanie? Nossa..Uau..É..- Jennie não conseguia nem me olhar direito, somente arregalava seus olhos tentando assimilar aquela informação e por mais que eu sentisse a maior vontade de ficar irritada, eu não fiquei. Eu só achei engraçado a reação que ela teve.

- Sim, eu sou a mãe da Melanie. Vim falar sobre o ocorrido do dia anterior com lanchinho da amiga dela e o menino chamado Camillo - Falei e Jennie aparentemente teve um estalo de profissionalismo e ajeitou sua postura e me olhou. Finalmente pude realmente me atentar a sua aparência e percebe-la melhor. Jennie era mais baixa que eu e não, isso não era culpa do salto que eu estava usando. Ela era naturalmente mais baixa do que eu. Tinha cabelos longos e lisos, escorridos mesmo em um tom ruivo bem clarinho. Não parecia ser natural, era claro demais pra ser natural, mas dava um contraste quase que angelical com seu rosto que era redondinho e dócil. Jennie estava usando um batom nude em seus lábios, um vestido azul e florido longo e um tênis branco, nada que a fizesse parecer mais velha, honestamente nem se ela quisesse conseguiria. Eu não acreditava que Jennie pudesse ter menos de 22 anos.

- Ah, claro. pode me acompanhar até a sala dos professores? Os pais de Camillo chegaram a poucos minutos para conversar sobre o que aconteceu - Jennie pediu e eu assenti. - Liv pode ficar de olho na minha sala, por favor? Eu preciso ir até a sala dos professores com a Sr. Manoban - Jennie pediu para uma mulher de cabelos castanhos e estatura média que estava caminhando pelo corredor. A mulher somente assentiu e caminhou para dentro da sala de aula onde Jennie estava anteriormente.

Ela me levou até uma sala que tinha um tamanho médio, algumas mesas redondas e cadeiras para se sentar, havia um casal sentado em uma das mesas e eu me sentei em frente a eles, nenhum dos dois estava com uma cara muito boa, mas eu basicamente me obriguei a dar um sorriso gentil como uma saudação. Jennie continuou em pé entre nós e então eu esperei que algo sobre o problema fosse dito.

- Então, Sr e Sra Morgan, essa é a Sr. Manoban, mãe de Melanie Collins Manoban, ela veio até aqui para que pudéssemos todos conversar sobre o ocorrido da aula anterior e para decidirmos o que seria melhor de ser decidido para evitar esses tipos de comportamento da parte de Camillo - Jennie disse e a mulher, cujo sobrenome era Morgan, arqueou uma sombrancelha como se demonstrasse sua insatisfação por ter o nome de seu filho tocado alí.

- Olha Sr. Kim, sinto muito, mas meu filho Camillo não faria nada desse tipo sem algo antes. Com toda a certeza do mundo foi tudo culpa dessa tal Melanie Manoban - A mulher disse olhando somente para Jennie, como se eu nem ao menos estivesse alí e automaticamente eu senti meu sangue ferver. Tive que quase me colar na cadeira pra não voar naquela vadia.

- Olha aqui, Sra Morgan. Eu não sei quem você pensa que é pra falar dessa maneira da minha filha, mas caso você não queira parar em uma UTI eu recomendo que você mude neste momento seu linguajar! - Falei em um tom claro e ríspido e a mulher abriu sua boca em choque, e seu marido bufou.

- Você manete a forma como fala de minha esposa, senhora! - O homem disse em uma tentativa falha de parecer ameaçador e eu revirei os olhos.

- Olha aqui, pelo o que eu saiba o SEU filho roubou o lanche da amiguinha de Classe e isso foi visto pela própria professora e por seus outros coleguinhas de sala, então, se tem alguém aqui que deve mudar as ações de seu filho, são vocês! - Falei já em um tom levemente alterado por conta da raiva e Jennie fez um sinal com as mãos em pedido para que pudéssemos nos acalmar.

- Senhores, por favor, peço que fiquem calmos. Nós estamos em um ambiente escolar, não em uma luta de ringue! - Jennie disse ríspida, o que me causou uma leve surpresa e me fez baixar um pouco o tom. - Se os senhores querem mesmo saber o que ocorreu, eu irei chamar duas meninas e dois meninos que não tem ligação nenhuma com Camillo, Melanie e Clarisse na sala de outra turma e estavam no momento. Vocês podem perguntar o que quiserem para eles e eles com toda a certeza dirão a verdade sem dar benefícios a nenhum dos três - Jennie disse em uma tentativa de sucesso de apaziguar a situação e todos na sala, incluindo eu, concordaram com aquilo. Logo Jennie saiu em busca das crianças e em pouco tempo voltou para a sala onde estávamos, sala essa que mantinha um silêncio tão denso que podia ser cortado com uma tesoura.

Jennie voltou a sala com dois meninos e duas meninas que pareciam ter entre 07-9 anos.

- Esses aqui são Robert e Daniel - Jennie disse apontando para os dois meninos. - E essas são Maddy e Lexi - Jennie disse apontando para as meninas ao seu lado. - Crianças, vocês viram a Melanie da minha turma causar algum problema com Camillo que o fizesse roubar o lanchinho da Clarisse? - Jennie perguntou de forma doce e as crianças negaram com a cabeça.

- Não tia Jennie, a Melanie só defendeu a amiguinha dela, achei muito mal o que o Camillo fez, por isso fui correndo te chamar - A criança cujo nome era Lexy disse tais palavras e eu olhei para os pais de Camillo com o maior ego e superioridade possível. Eu sabia que minha filha nunca causaria algo desse tipo.

- Ah verdade, inclusive até eu já sofri com o Camillo, tia Jennie. Ele roubou meu suquinho de laranja hoje quando a gente tava sentado jogando cartinhas e comendo - Daniel disse e os pais de Camillo arregalaram os olhos.

- Muito obrigado por nos contar isso, Daniel. Muito obrigado por você virem até aqui e me dizerem a verdade, meus anjinhos. Podem voltar pra sala de vocês, boa aula, amores - Jennie disse e todas as crianças deram um beijinho tímido na bochecha de Jennie e saíram conversando sobre a aula que estavam tendo. - Acredito que isso tenha sido o suficiente, certo? - Jennie perguntou com os braços cruzados enquanto olhava para os pais de Camillo e eles abaixaram a cabeça e responderam um tímido "Sim". - Ótimo. Agora, eu espero muito que vocês possam corrigir de forma educativa os comportamentos do filho de vocês, ele é um doce de menino as vezes e uma criança muito inteligente, só lhe falta um pouco de empatia e compaixão, coisa que nós aprendemos a ter com nossos pais, dentro de casa. Porque, acredito eu, que a ação; Roubar o lanche de uma coleguinha que não te fez nada, não tenha um pingo de empatia e compaixão, não é mesmo? - Jennie perguntou nos olhando e ambos balançamos a cabeça em concordância - Ótimo, por conta do que aconteceu o Camillo ficará suspenso de vir a escolinha por três dias, essa foi uma decisão tomada por mim e a diretora já está ciente e concordou comigo. Espero que vocês possam dar mais atenção ao filho de vocês agora e tentar entender melhor o que está acontecendo com ele Sr. E Sra Morgan.

- Nós iremos, Jennie - A mulher disse com um tom envergonhado.

- Que bom, agora vocês podem já se retirar, ainda preciso tratar de alguns assuntos com a Sr. Manoban, muito obrigado pela atenção - Jennie disse e os dois se levantaram, apertaram a mão de Jennie e saíram, me fazeram soltar um breve e profundo suspiro de alívio. Algo que pareceu chamar a atenção de Jennie - Relaxe Sr. Manoban, eu nunca permitiria que falassem assim da Melanie - Jennie disse com um sorriso em lábios enquanto me olhava e eu sorri em retribuição.

- Eu agradeço, mas, o que ainda precisa tratar comigo? - Perguntei levemente curiosa.

- Preciso conversar sobre um leve probleminha que a Melanie está tendo em relação a uma matéria daqui. A senhora sabe que aqui nós dividimos certas matérias para as crianças da idade da Melanie, certo? - Jennie perguntou e eu assenti. Foi esse um dos motivos pra que eu quisesse a Melanie estudando aqui, mesmo que a mensalidade seja uma fortuna fu-di-da. Eles tem algumas matérias pra crianças da idade da Melanie em que eles separam em professores diferentes para cada matéria e começam a progredir o ensino com a criança desde cedo, admito que quando ouvi sobre isso achei meio desequilibrado, como se quisessem transformar a criança em um Einstein da vida antes mesmo de permitir que eles aproveitem sua infância, mas depois eu vim aqui pessoalmente pra entender melhor e vi que não era nada disso. Melanie se encantou pela escola na primeira vez em que viu e eu nunca deixaria de fazer a vontade dela de estudar aqui, mesmo que a mensalidade seja um puta fortuna, me sinto falida depois de pagar essa escola, inclusive. - Então, a Melanie tem tido muita dificuldade na professora Lívia, a moça que estava no corredor é a professora de matemática básica da Melanie e ela me disse que a Melanie tem errado com bastante frequência na matéria dela. Então, pra que a Melanie não se prejudique e caso a senhora concorde, eu poderia dar algumas aulas extras pra Melanie de graça, claro. Eu poderia ajudar ela nas continhas e em outras coisas que ela sentisse que precisa da minha ajuda - Jennie parecia estar realmente convicta em ajudar a Melanie, parecia pela cara dela de súplica que se eu dissesse que não, ela choraria alí mesmo.

- Olha, se a Melanie concordar com isso, por mim tudo bem. Caso você não veja problema, pode ir a minha casa - Falei e Jennie assentiu. - Pode me passar seu número de celular? Eu te direi logo logo o dia em que poderá começar suas aulas com a Melanie - Falei e Jennie logo puxou seu celular e me disse seu número de celular, eu agradeci com um sorriso e me levantei, já que parecia já ter terminado todos os assuntos que tínhamos pra resolver.

- Muito obrigada pela atenção, Sr. Manoban. Eu lhe acompanho até a sala pra você se despedir da Melanie - Jennie disse e eu somente segui ao seu lado em direção a salinha de aula onde a Melanie estava. Quando parei na porta e Melanie me viu, ela correu até mim e abraçou minha cintura.

- Mama, você já vai? - Melanie perguntou me olhando e eu assenti. - Vai vim me.buscar? A Clarisse pode dormir lá em casa? Fala com meus titios pra ela dormir lá manhi - Melanie pediu formando um biquinho em seus lábios e eu ouvi uma risadinha ingênua ao meu lado, quando olhei pelo canto do olho vi Jennie observar cada feição de Melanie Col seus olhos brilhando e a boca formando um sorriso largo e amoroso pra Melanie.

- Claro meu amor, eu falo com os pais da Clarisse. - Falei e Melanie deu alguns pulinhos de felicidade - Melanie, o que você acha da sua tia Jennie te dar algumas aulinhas extras lá em casa? - Perguntei e Melanie franziu um pouquinho sua sobrancelha, mas logo estava balançando a cabeça em concordância.

- Sim, sim, sim, sim, assim eu vou poder mostrar minhas bonequinhas pra tia Jennie, mama - Melanie disse com um nível elevado de empolgação e eu sorri ao vê-la tão empolgada, era estranho ver que a Melanie estava tão doida assim por uma professora dela, não que fosse muito difícil de fazer a Melanie gostar de você, mas também não era muito fácil prender a atenção e empolgação dela por muito tempo. Bom, o que dizer sobre isso, ela é minha filha não é? Acredito que até nisso ela me puxou.

- Tudo bem meu anjinho, a mamãe precisa ir pro trabalho agora e você precisa ir pra sua aula, se comporte - Peguei Melanie no colo e dei beijinhos por toda a sua bochecha - Eu te amo, meu anjinho - Falei.

- Também amo você mama - Melanie respondeu e então me deixou um beijinho na bochecha e fez sinal com a mão para que eu a descesse, o que eu logo em seguida fiz e depois ela correu de volta para o lugar dela dentro da sala, me deixando livre para virar novamente para Jennie.

- Obrigada pela proposta sobre a Melanie, poucas pessoas fariam isso - Agradeci e Jennie sorriu timidamente.

- Não se preocupe, Sr. Manoban, eu adoro a Melanie, não vai ser incômodo algum dar algumas aulinhas extras pra ela - Jennie disse e eu sorri em agradecimento.

- Bom, eu já vou indo, até outro dia - Falei e Jennie balançou sua mão me retribuindo o tchau.

- Até, Sr. Manoban - Jennie respondeu e eu logo caminhei pelos corredores em direção ao portão da escola, novamente o porteiro abriu o portão para mim e eu pude sair e ir em direção ao meu carro.

Demorei vinte minutos pra chegar até o meu trabalho, minha primeira parada do dia era a Manoban Cosmetic. Eu tinha uma reunião com alguns dos meus funcionários pra nova propaganda da linha que iríamos lançar, eu honestamente estavava empolgada.

- Bom dia, Sr. Manoban - Minha secretaria, Amelí, disse assim que me viu passar em direção a minha sala, no último andar do prédio que continham 10 andares extensos e largos.

- Bom dia Amelí, tem algum recado importante pra mim? - Parei em frente a sua mesa e a perguntei.

- Não senhora, bom, somente o Sr. Donavan - Amelí disse com um leve receio e eu bufei e revirei os olhos. Mark estava novamente enchendo meu saco.

- O que ele quer? - Perguntei com um leve mau humor.

- Ele ligou pedindo para que eu avisasse a senhora que ele irá a sua casa, ainda hoje para ver a sua filha - Amelí disse e eu cerrei meus punhos. Ele não iria ir ver a Melanie, eu sabia muito bem disso. Mark não ia ver a própria filha a três meses seguidos e eu finalmente havia conseguido fazer Melanie entender do nosso jeitinho que ela não precisava implorar pelo amor do pai dela e somente pelo seu próprio. Por que cacete ele queria ir ver ela?!.

- Amelí adia um pouco a reunião pra mim e caso não dê, avise que eles podem anotar suas ideias e me passar tudo depois. Eu vou estar na minha sala - Falei e Amélie somente assentiu e eu andei até minha sala, fechei a porta em uma batida só e me sentei em minha cadeira de couro já com o celular em mãos e o nome "Filho de uma puta", em tela, ou seja, Mark.

- Alô..Olá Lisa - Mark disse no outro lado da linha assim que atendeu ao meu telefonema, sua voz era típica de um sedutor barato.

- Alô é o CARALHO! Você não vai ir ver a Melanie e se eu te ver a cinco passos da minha casa eu vou matar você! Pega toda essa imagem ferrada de pai do ano que você tá tentando criar e ENFIA NO SEU CU, MARK DONAVAN! - Falei com todo o ódio que existia em mim.

Mark Donavan, um dia eu te faria pagar no inferno todas as portas que você já me fez passar, inclusive te faria pagar pelas traições e chifres na porra da minha cabeça. As vezes eu sinto que é difícil até passar pela porta.

- Eu sou pai da Melanie, você não pode me proibir de ir ver minha filha - Donavan disse em um tom de voz frouxo e sonso.

- Engraçado que perante a lei a Melanie só é minha filha, até porque, não sei se você lembra, mas caso você não se lembre, eu te ajudo! No dia do nascimento da Melanie você estáva BÊBADO com uma PROSTITUTA e nem REGISTRADA com seu nome ela é! Então vai se fuder! E NÃO APARECE NA MINHA CASA! - Gritei e então desliguei a ligação na cara dele.

            
            

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