SOB A PROTEÇÃO DO SULTÃO
img img SOB A PROTEÇÃO DO SULTÃO img Capítulo 1 1
1
Capítulo 6 6 img
Capítulo 7 7 img
Capítulo 8 8 img
Capítulo 9 9 img
Capítulo 10 10 img
Capítulo 11 11 img
Capítulo 12 12 img
Capítulo 13 13 img
Capítulo 14 14 img
Capítulo 15 15 img
Capítulo 16 16 img
Capítulo 17 17 img
Capítulo 18 18 img
Capítulo 19 19 img
img
  /  1
img
img

SOB A PROTEÇÃO DO SULTÃO

AutoraAngelinna
img img

Capítulo 1 1

Seis Anos Antes

Preciso do dinheiro. Preciso do dinheiro. Preciso do dinheiro.

Natalie repetiu incessantemente a frase em sua cabeça enquanto preparava a máquina para fazer mais café. Era para ser sua semana de folga, mas sua amiga Erin queria ir a algum show e implorou para que Natalie pegasse o voo não planejado. Por mais que Natalie quisesse passar a semana com a mãe no hospital, precisava do dinheiro para cobrir as despesas médicas.

Embora, para ser honesta, trabalhar no voo privado do Príncipe Iman Karawi não fosse fazer muita diferença na dívida, e o homem fosse um osso duro de roer. Natalie estava trabalhando com a Kaylana Voos Privados há alguns meses, e o dinheiro era melhor, mas a clientela rica deixava muito a desejar.

O avião passou por uma pequena área de turbulência e Natalie se equilibrou, apoiando a mão no balcão. Há cinco anos como comissária de bordo, não seria incomodada por um sacolejo. Quando o café finalmente ficou pronto, ela suspirou aliviada e pegou as xícaras. Sua Alteza tinha reclamado das duas primeiras vezes que ela serviu o café; não gostou do sabor e achou que estava muito fraco.

Se não gostasse desta vez, ela ia escorregar sem querer e derrubar no colo dele.

O telefone tocou.

- Sim? - ela perguntou ao atender.

- Estamos nos aproximando do Egito - Zane Maroun, o piloto, informou. - Devemos chegar ao reinado de Haamas em pouco mais de duas horas. A turbulência provavelmente vai continuar.

Tudo bem aí atrás?

- Acho que sim. Só tentando fazer uma xícara de café que seja do agrado de Sua Alteza - Natalie resmungou.

O piloto riu.

- Seja gentil.

- Vou tentar.

Ela desligou, encheu o número necessário de xícaras e pegou o carrinho de bebidas. O príncipe estava viajando com seu embaixador e três agentes de segurança.

- Até que enfim - exclamou um dos seguranças quando ela apareceu. - O Príncipe está esperando.

- Mil desculpas - ela disse com doçura. - Não percebi que o Príncipe estava com tanta pressa, já que ele rejeitou as duas primeiras xícaras que eu ofereci. Tenho um pouco de café instantâneo lá atrás que posso usar da próxima vez.

Ela ganhou uma cara feia, mas o homem não disse mais nada enquanto pegava sua xícara.

Era óbvio que a declaração dela tinha sido notada. O príncipe fixou seus maravilhosos olhos escuros nela e, a despeito da opinião que tinha sobre ele, ela não conseguiu evitar e se derreteu um pouco. Ela odiava pensar que estava sendo afetada pela aparência indecorosamente atraente dele, mas seu coração parava cada vez que ele olhava para ela.

Se apenas conseguisse ficar de boca fechada, seria quase perfeito.

Ele nunca falava diretamente com ela, preferindo expressar suas críticas mordazes por meio dos seguranças. E ela não sabia o que irritava mais: o fato de ele ser um babaca completo ou o fato de achar que ela não merecia ouvir, dele próprio, suas exigências ridículas.

Ele nem mesmo aceitou a xícara diretamente da mão dela. Ela teve que colocar na mesinha que ficava perto do assento grande de couro. Ele correu os olhos pelo corpo dela, demorando-se em certos lugares inapropriados, e ela estreitou os olhos e retribuiu o olhar, furiosa.

A sombra de um sorriso brincou nos lábios dele, fazendo-a corar enquanto desviava o olhar. Droga. Ela estava agindo como uma garota de quinze anos que ainda se apaixonava pelo garoto sexy e rebelde. Depois de terminar de servir o café, ela se virou para voltar à cozinha.

- Bem melhor - disse o príncipe repentinamente. A voz dele estava carregada de desdém.

As costas dela se retesaram; ela congelou e fechou os olhos, dizendo a si mesma para continuar andando.

Perdeu a batalha e deu meia volta. Fazendo uma pequena cortesia, ela ofereceu a ele o seu maior e mais falso sorriso.

- Obrigada, Vossa Majestade.

O embaixador arregalou tanto os olhos que eles quase pularam para fora. Mas Natalie não estava nem aí. Não seria feita de capacho. Ela se virou novamente e seguiu em direção à pequena cozinha.

Ao chegar, puxou a cortina, suspirou e foi esvaziar o filtro da máquina de café. Este voo de Chicago para algum reino do Oriente Médio, do qual ela nunca tinha ouvido falar, estava se tornando o mais longo da sua vida.

E ela esteve em alguns voos particularmente ruins. Passageiros desrespeitosos. Crianças chorando sem parar. Animais de serviço enjoados e vomitando. Colegas de trabalho achando indigno limpar o banheiro imundo da aeronave durante o voo. Honestamente, algumas vezes esse trabalho era péssimo.

Ela pensou que os voos privados seriam melhores e, em alguns aspectos, eram mesmo. Pelo menos a quantidade de gente era menor.

O lado bom era poder viajar. Ela teria dois dias inteiros em Haamas para explorar e conhecer os pontos turísticos, antes que o avião estivesse abastecido e pronto para o voo de retorno. Neste ponto em sua carreira, ela já tinha ficado embasbacada com a incrível arquitetura da Rússia. Havia visitado lindos castelos na Alemanha, Irlanda e Escócia. Tinha experimentado a deliciosa gastronomia da Ásia e atravessado templos antigos e jardins serenos. Apreciou as deslumbrantes obras de arte do Louvre e nadou no Mar Egeu, na costa da Grécia. Fugia da realidade colecionando memórias, e não teria feito nada disso sem esse trabalho.

Valia cada uma das indignidades que ela sofreu. Quase sempre.

Duas horas até o pouso. Nenhuma refeição mais para servir. Talvez café. Seus pés doíam e ela estava exausta. Durante o voo de treze horas, não tinha conseguido fechar os olhos por mais de uma hora. A mudança de última hora permitiu que ela dormisse apenas algumas horas antes da viagem e ela estava um bagaço. Se não saísse logo daquele avião, seu sarcasmo se tornaria tão ácido que provavelmente faria com que fosse demitida.

Ela desabou no banquinho da cozinha e começou a massagear os pés. Mas seu alívio durou pouco, pois um dos seguranças escancarou a cortina.

- O Príncipe requisita que você mude o vento que sai pelas passagens de ar. Ele está com frio.

- Os controles estão bem em cima dele - ela disse. - Ele pode ajustar do jeito que quiser.

O segurança só olhou para ela, que suspirou, colocou de volta o sapato de salto alto e se levantou.

- Chego lá em um minuto.

Depois de lavar rapidamente as mãos, ela respirou profundamente para acalmar os nervos e saiu.

- Príncipe Iman - ela disse gentilmente quando se aproximou dele. - Gostaria que eu desligasse o ar ou apenas diminuísse?

Novamente, ele a encarou com aquele sorriso estranho em seus lábios sensuais.

- Certo. Bom, vou diminuir. - Inclinando-se sobre o assento dele, ela girou o botão totalmente para a direita. - Se quiser ligar de novo, gire o botão pra direita.

Ela olhou para baixo, para se certificar de que ele tinha entendido, e percebeu que estava exatamente entre as pernas dele.

Seu olhar era voraz.

Um pânico inesperado e descabido a atingiu. Espantada, ela deu um passo para trás. Os homens ao redor dela riram, e ela balançou a cabeça.

Chega. Era demais. Ela não era a diversão deles. Mas, quando abriu a boca para repreendê-los, foi interrompida por um barulho alto de explosão e o avião inteiro se inclinou para a esquerda.

Com um arquejo, ela perdeu o equilíbrio e caiu bem no colo real.

- O que foi isso? - Um dos guardas exigiu saber, enquanto deslizava em seu assento em direção à janela para olhar para fora. - O que foi isso? - ele repetiu, com o corpo tenso e a concentração fixa na janela.

- Por favor, permaneçam calmos - ela disse em sua melhor voz profissional, ao mesmo tempo em que, desajeitada, tentava sair do colo do príncipe. Evitando contato visual com todos eles, ela olhou pela janela e viu, horrorizada, que a asa do avião estava em chamas.

Pelo menos não tinham despencado feito uma pedra, mas o voo permanecia instável, sacolejando e perdendo altitude. Foi difícil chegar até a porta da cabine de comando. Pegando o telefone, ela apertou o botão para falar com a tripulação.

- O que está acontecendo?

- Perdemos controle do estabilizador. - A voz de Zane estalou, fatídica, nos ouvidos dela. - Prepare todos para um pouso forçado.

Tremendo, ela apertou outro botão no telefone e disse na voz monótona, "de gravação", que tinha aprendido a fazer:

- Por favor, permaneçam calmos. Estamos experimentando uma falha mecânica e faremos um pouso de emergência. - Ela colocou o telefone no gancho e andou no sentido do seu assento, mas precisou se agarrar aos encostos das poltronas quando uma queda súbita da aeronave fez com que, dolorosamente, sua mandíbula se fechasse com violência. Inspirou com força, expirou e levantou a voz para ser ouvida acima do tumulto. - Por favor, afivelem seus cintos e verifiquem se seus assentos e bandejas estão na posição vertical. Permaneçam calmos até que o piloto forneça outras instruções.

Ela se encolheu mentalmente. O discurso tinha sido automático, impresso dentro dela para eventuais emergências nos voos comerciais em que comumente trabalhava. Mas este avião não tinha bandejas.

O pânico tomou conta da cabine de passageiros; dois seguranças que estavam em pé mergulharam em seus assentos e todos lutavam para colocar os cintos de segurança. Somente o príncipe parecia manter a calma.

Natalie se sentou e afivelou o cinto. Comprimindo com as mãos as alças cruzadas do assento dos tripulantes, ela fechou os olhos.

Tinha apenas vinte e três anos. Era muito jovem para morrer. E o que seria da sua mãe?

Se ela morresse hoje, sua mãe desistiria de lutar contra o câncer.

Não teria mais razão para viver.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022