- Então você acha que a tempestade fez com que eles andassem mais devagar? - perguntou.
- É possível que tenham ultrapassado a tempestade, mas já foi difícil dar a partida no jipe e esse tipo de veículo não tem a velocidade como característica. Se não ultrapassaram, as chances são grandes de terem batido ou estarem com o motor fundido. - Ele fez uma pausa antes de acrescentar. - Sinceramente, não tenho a mínima ideia de onde nós estamos.
- Zane, o piloto, disse que estávamos sobrevoando o Egito uns vinte minutos antes da queda - Natalie disse, nervosa. O Egito tinha uma alta taxa de violência contra mulheres, e subitamente ela ficou muito feliz por estar acompanhada.
- Não vou deixar nada te acontecer - ele disse, num tom baixo. - Não precisa ter medo.
Exceto, talvez, de ser vítima do feitiço dele.
- Imagino que deve ter sido legal ter irmãos. Eu não tinha ninguém quando criança. Éramos só eu e a minha mãe, e ela trabalhava muito. Era solitário. - Estava falando feito uma matraca e não conseguia parar. - A gente morava em um condomínio, eram vários prédios de apartamentos, então sempre tinha crianças por perto pra brincar, mas elas nunca ficavam muito tempo. A rotatividade era grande na cidade onde eu cresci.
Ela sentiu que os olhos dele a seguiam por todo lugar, mas ele não respondeu ao comentário dela. Quando olhou pela janela, enxergou um céu limpo.
- Vou voltar ao avião pra pegar alguma comida e mais água, antes que venha outra tempestade de areia - ela disse, virando-se.
- Não, não vai - ele insistiu, movimentando-se para ficar entre ela e a porta do hangar. - Eu vou.
- Não seja ridículo. Você nunca vai passar pela abertura da porta - teimou, tentando desviar dele.
Iman estendeu o braço e a pegou pela cintura. Ao se inclinar, seus lábios roçaram a orelha dela.
- Eu disse que não.
Ela permaneceu parada, fechou os olhos e se permitiu o prazer de desfrutar do toque dele. Do calor que irradiava entre eles. Do corpo inesperadamente musculoso que ela podia sentir embaixo do terno. Seu coração martelava no peito, e o desejo se agitava dentro dela.
Ela o queria.
- Nós só temos duas garrafas de água. Se o resgate vai demorar dias pra chegar, não vai ser suficiente - ela sussurrou, rouca.
- Vou usar o pé-de-cabra pra abrir mais a porta e então pego o que a gente precisa - as mãos de Iman deslizaram para a barriga dela. - Você está tremendo.
- Estou um pouco assustada. - Natalie suspirou.
- Mentirosa.
Rindo, ele a soltou e caminhou em direção à porta, saindo em seguida.
Natalie cruzou os braços, abraçando a si mesma. Respirou fundo algumas vezes e estremeceu. O que tinha de errado com ela? Uma hora atrás, ela queria estrangular o príncipe, e agora só queria arrancar as roupas dele para ver se ele era mesmo tão bonito quanto na sua imaginação superaquecida.
A lâmpada sobre a sua cabeça começou a piscar erraticamente. Preocupada, Natalie seguiu o fio até encontrar um feixe de luzes, que ligou na tomada para usar como lanterna. E começou a explorar o hangar, soltando o fio de luz enquanto caminhava. O lugar estava quase todo entulhado de máquinas antigas, mas ela acabou achando uma aeronave leve escondida sob uma camada de lonas. Descobrindo-a, ela prendeu as luzes em uma viga de madeira e abriu a porta. A poeira cobria os controles e superfícies, mas ainda assim era um lugar mais confortável para descansar do que o chão. Ela entrou, sentou no pequeno assento de couro e recostou a cabeça.