Capítulo 4 Mundo dos sonhos

Motel Afrodite. de Janeiro

Alguns dias atrás.

Um aparelho celular chama alto seu proprietário, indicando que há uma chamada a ser atendida. Interrompendo atos de amor e luxuria. Calando os gritos de prazer e gemidos femininos. Que pela diferença do tom, contava -se pelo menos três mulheres.

- Posso saber quem é a essa hora da noite? - Protestava ao atender o telefone.

- Aqui quem fala é o detetive. Mais Respeito. Derek.

- Ah Sim. Mil desculpas Detetive. - Respondia de forma desleixada sem muita importância.

- Tenho uma missão para você. Muito importante, e contamos com sua ajuda...novamente.- Suas palavras pareciam sair contra sua vontade. Como se não tivesse escolha. E Derek, fosse sua ultima opção.

- Não estou interessado. Se não se importa. Estou em um motel com algumas garotas. "Hmmm" - Gemia enquanto falava. Gemidos causado por mordidas e arranhões em seu peito, causado por uma de suas amantes.

- Derek. - Protestou o policial - A situação é de extrema urgência. Crianças estão desaparecendo. Seus corpos estão ressurgindo em meio as ruas de toda a cidade. Mutilados. E se não bastasse, TODAS as crianças com marcas de violência sexual.

A voz do policial tremia. Saia de forma complicada por sua garganta. Misturadas a tons de compaixão e nervosismo. Era de desespero total a apelação do detetive.

- Então mais uma vez precisam dos meus serviços? Eu não tenho nada haver com a morte dessas pessoas. - Gemeu mais um pouco - Ui delicia, mais para baixo. Assim. Continua.

Suas palavras eram sádicas. Como se não se importasse com a morte daquelas crianças. Tava mais interessado em continuar sua noite de luxuria com aquelas prostitutas.

- Derek. Estamos procurando osresponsáveis por essas mortes já tem bastante tempo. Consegui informaçõesvaliosas. Todas essas mortes estão relacionadas a uma dieta sanguináriade um maníaco conhecido como Cicatriz. Essas pessoas são oferecidas a ele, comopagamento para participar de um torneiro de luta ilegal. Onde condenados lutamem troca de liberdade, ou seja, pelo visto ate a policia parece estarenvolvida. E já sei onde é o local exato onde isso acontece. - O policialfalava de forma firme e segura sobre o caso, ao mesmo tempo em que uma suplicade socorro dava o tom principal a suas palavras.

O semblante de Derek ficara sério. Talvez algo dentro dele estivesse falando para participar daquela operação. O fato de serem crianças as vitimas, mexera de certa forma com ele, principalmente por causa das supostas violências sexuais da qual foram vitimas e talvez, seria a chance ideal de descobrir pistas sobre um assunto que o vem atormentando desde sua infância.

Mandou as garotas se afastarem enquanto vestia suas roupas. Acendera um cigarro e caminhou em direção a janela do quarto em que estava.

- Me fale como eu entro nesse jogo. Me conte todos os detalhes. - o tom de sua voz mudara completamente. Se tornara sério.

Derek pagou em dinheiro as três garotas devido ao programa que lhe ofereceram. Mas ele não estava satisfeito e aparentava nervosismo por ter tido sua festinha interrompida. Pegou seus pertences e pagou a quantia referente ao aluguel do quarto e consumos internos ao funcionário do estabelecimento. Desceu até o estacionamento e montou em sua Hayabuza verde de 1100cc. Deu a partida e saiu de forma cinematográfica. Marcando o solo do local com o derrapar do pneu traseiro de sua maquina ao partir.

Maiores detalhes seriam revelados pessoalmente. Achou melhor assim o detetive, por achar mais seguro e discreto. Marcaram o local do encontro acima de quaisquer suspeitas. Tudo tinha que ser em completo sigilo. Era uma missão muito importante.

Derek crescera aos cuidados de uma tia distante, irmã de seu pai Joseph, que o criara desde o assassinato de seu pai e sequestro de sua irmã. Já na adolescência, Derek começara a treinar artes marciais, assim como a arte do manuseio da espada, e após alguns anos, colocara finalmente sua dor e vingança em pratica. Seus alvos, criminosos mas principalmente, os acusados de pedofilia e estupros. Por ser apenas uma menino, Derek não lembrava com muita clareza o ocorrido de anos atrás, mas os gemidos e gritos que ouvia de sua irmã antes de cair inconsciente, apontava claramente como violência sexual. Iria descobrir quem eram aqueles homens e vingar – se – ia do que fizeram.

Preso diversas vezes por portar uma longa espada pelas ruas nacionais, ele não se intimidava e continuava desafiando a lei, portando uma arma quase do seu tamanho, que mais se assemelhava a um pedaço grotesco de aço. Não uma espada.

Hoje em dia, já é comum para ele portar sua arma. Por ter ajudado as forças armadas diversas vezes, em acerto de contas com bandidos e traficantes, ganhou porte legal permanente de sua espada, contanto que continuasse a colaborar com a policia para resolver alguns casos.

Derek é um homem branco com longos cabelos negros um tanto rebeldes, na altura dos ombros. Sua personalidade é um tanto caótica e egoísta. Fazendo somente as coisas em beneficio próprio. Homem de poucos amigos. Um tanto solitário e com um senso de humor não tão agradável. Prefere contratar mulheres de programa para satisfazer suas vontades carnais, por não querer se envolver com nenhuma mulher. "Os sentimentos nos tornam fracos" - Era o seu pensar.

Logo após o encontro com o detetive, Derek ficou um tanto pensativo com a tal conversa que tiveram há 20 minutos atrás, em uma pequena lanchonete em um bairro próximo ao motel onde estava. Já matara antes. Já tinha colocado vários criminosos perigosos na cadeia. Mas aquela empreitada seria diferente. Cicatriz, que era seu alvo, era um ser sem escrúpulos. Um assassino. Estuprador e pedófilo. Frio e cruel. Teria gosto em testar sua nova espada.

Apesar de não conhecer as crianças que foram vitimadas por aquele monstro, ele não parava de pensar em quão doloroso e cruel teria sido cada segundo que estiveram com Cicatriz. - Poxa tantas mulheres lindas e gostosas. Tinha que pegar crianças? - Isso não ficaria barato. Agora era questão de honrar aquelas pobres crianças e quem sabe, agora que as acusações apontavam para uma quadrilha poderosa, poderia estar mais próximos de encontrar os homens que levaram sua pequena irmã.

Iria vinga – las. Se tinha algo que ele mais odiasse, era violência infantil. E tudo isso, o fazia com que sua sede de vingança aumentasse ainda mais.

De repente, uma forte pontada atingira a sua nuca. - Não. Não foi nenhum ataque que recebera. - Uma forte dor de cabeça começou a lhe incomodar bastante. Uma tontura e ofuscamento de ambas as vistas. - Que tinha orgulho em dizer que era como a visão de um falcão. - o fez quase perder a direção de sua moto. Bastante incomodado e percebendo que estava com a condução de sua Hayabuza comprometida, decidiu estacionar o mais rápido possível.

Derek ficou bastante preocupado que tal indisposição pudesse atrapalhar sua missão. Antes mesmo do motor de sua maquina parar por completo, saltou rapidamente, fazendo com que sua motocicleta tombasse para o lado, ainda com o motor ligado. Seu corpo cambaleava como de um bêbado após uma noite de balada.

Sua visão apagou. E por fim seu corpo tombou tropeçando em uma pedra, caindo de lado em uma poça d'água que surgira de um vazamento próximo dali. A ultima coisa que viu fora um grupo de três ou quatro homens – não tinha certeza – que pareciam usuários de droga. Aquela situação não era nada boa. Estava enfraquecido. Desmaiando em um local hostil. Perigoso. Um bairro dominado por traficantes. E esses não estavam na sua lista de melhores amigos. Muito menos em redes sociais.

Derek, despertou assustado e temeroso. Fraco e indisposto do jeito que estava, temia ter problemas com aqueles indivíduos. - Derek arranjara diversos inimigos fora da lei quando decidiu ajudar as forças armadas.

Apertou bem os olhos.

Olhou em volta e teve uma surpresa.

Sua vista voltara lentamente a funcionar como deveria. E logo percebeu que estava em outro lugar. Totalmente diferente. Sua cabeça ainda lhe incomodava devido a dor que lhe assaltara de repente.

Sentiu os raios solares aquecendo sua pele e ofuscando sua visão. Logo agora que a visão melhorava, vem o sol e lhe ofusca, lhe mostrando que o dia estava em suas primeiras horas. - Mas o mal estar que o levara ao chão, acontecera em meio a madrugada. O que aconteceu? Onde estava? Pensava.

Derek se esforçou para driblar aquela vertigem que lhe incomodava. Estendeu sua mão esquerda ao céu, em uma tentativa de bloquear os raios da enorme esfera incandescente, afim de ajustar sua visão novamente. Agora com os olhos protegido da luz, se espantou ao olhar em volta. Ao contrario do que se lembrava antes de desmaiar, Derek se viu deitado em um gramado verde e bem aparado.

Um campo. Um jardim. Não sabia.

Os pássaros cantavam um melodia bastante agradável. Como o cantar dos anjos. Crianças brincavam com animais e grandes bolas coloridas. - Daquelas que os pais compram para seus filhos brincarem nas praias. - Os adultos que pareciam ser os pais, preparavam algo que parecia ser um piqui niqui de férias.

- Mas que merda é essa? Onde eu estou? - Se levantava lentamente, ainda tonto e sem firmezas nas pernas.

- Aquelas putas devem ter armado para mim. Devem ter me drogado. Droga!

Suas palavras saiam tortas por sua via oral e sentira um gosto que se assemelhava a suco gástrico, o que indicava que estava prestes a vomitar. Mas conseguiu resistir.

Com muita dificuldade, Derek começava a dar seus primeiros passos. - Como uma criança de um ano aprendendo andar sem apoio -. O sol que lhe ofuscava as vistas, já não o incomodava mais. O clima era refrescante e o ambiente que lhe parecia uma utopia, era acolhedor e cheio de paz. Os lagos ao redor, eram rodeados por lindas plantas enfeitadas de flores brancas que ele não conhecia. Suas águas eram limpas e cristalinas. Um convite para um banho. - Mas com todas aquelas crianças e pais de família ali presente não se sentiria a vontade. E nem era o momento. Mas toda aquela beleza o fez despertar para a realidade. Precisava descobrir como e porque estava ali.

            
            

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