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Derek andou por mais de trinta minutos e tinha certeza que nunca estivera ali antes. Todas aquelas pessoas. Toda aquela paz. Tranquilidade. Eram muito diferentes da vida que costumava levar. Sua mente estava tão enfeitiçada por aquele local mágico, que nem percebera que já não sentia mais nada. Nenhuma indisposição. Como se aquela atmosfera angelical e encantadora lhe curasse de todos os males.
Derek teve sua atenção roubada por duas garotinhas que estavam sentadas, afastadas das demais. E resolveu ir até elas. Poderiam estar perdidas dos seus pais. Ou algo pior. Como também não poderia ser nada demais. Se não fosse o fato de seus lindos vestidos brancos com bordados rosas, estivessem tingido de um vermelho intenso. Que com certeza não faziam parte da textura original. - Era sangue -. Detalhe que só percebera conforme se aproximava mais, estacionando há apenas três metros de seu foco de interesse. Estavam feridas e precisavam de ajuda. Foi o que constatou.
- Oi, meninas. - Chamou Derek - Vocês estão bem? Por que estão distante das outras crianças? Cadê seus pais?
Algo não estava certo. Sua voz soava com tom de insegurança e temor. Mas por que? O local era tão calmo e seguro. Então por que estavam com o vestido todo sujo de sangue?
As crianças continuavam imóveis. Dispersas. Com os olhares em direção ao vazio.
- Vocês estão ouvindo? - Sua voz aumentara o tom. Transparecendo uma repreensão.
- Estou falando com vocês. Seus pais não deram educação a vocês duas não?
De nada adiantara o esforço e Derek já estava perdendo a calma. Se aproximou um pouco mais. Dobrou suas pernas, sentando sobre os calcanhares. Afim de mais uma vez tentar um dialogo com aquelas crianças malcriadas.
Agora mais próximo das meninas. Percebera que não era só a barra dos vestidos delas que estavam manchados de sangue. Todo o corpo de ambas as crianças estavam sangrando. Seus cabelos que antes eram lisos como a seda, estavam sebosos com todo aquele liquido vermelho. E em uma fração de segundos uma enorme poça de sangue ia surgindo abaixo delas.
Ele não podia acreditar no que estava vendo. Só poderia ser uma peça que sua mente estava lhe pregando. Talvez por causa da suposta tentativa das prostitutas em droga -lo. Nada daquilo fazia sentido. Um local tão calmo e feliz. Outro fato é que sua visão já estava restabelecida, e ele tinha certeza que elas não estavam assim há alguns segundos atrás.
Derek puxou uma das meninas peloombro e teve uma terrível surpresa. Ela chorava baixinho. Em seu pequeno rostode criança notava -se marcas de agressão. Sua boca estava sangrando e um enormecorte – possivelmente ocasionado por uma faca – desenhava um traço curvo e vertical em uma leve diagonal, do olho esquerdo ate a lateral de seus lábios. Mostrando por de traz do corte sua arcada dentária.
Uma enorme escuridão tomou conta do lugar. Gritos de dor e suplica eram proferidos por todos que ali estavam presentes. Derek olhou ao seu redor e percebeu que todo o gramado já não existia mais. Era apenas um solo morto. Sem plantas ou aquele refrescante gramado que cobria o campo. Os lagos agora tingiam uma cor escura e suja. Cheirava e enxofre. Derek estava entrando em completo desespero, correndo de um lado para o outro, tentando chamar atenção dos que ali estavam presentes. Mas ninguém o notara. Ninguém o ouvia.
O céu trovejava e relampejava. Um espetáculo de som e luzes. O mundo todo parecia rodar a sua volta e então caiu de joelhos. Era muita dor e sofrimento. Derek começara a se sentir sufocado. Sua garganta se fechara completamente. Seus sentidos iam desaparecendo um por um. Sua vida parecia querer abandonar seu corpo. Parecia estar sentindo toda a dor que fora afligida naquelas pessoas. Sua força se fora e finalmente tombou.
Antes de se chocar ao chão, algo ou alguém parecia ter lhe dado apoio. Sentiu -se envolvido por braços finos e delicados. Quentes e suaves.
- Uma garota? - Pensou.
Já não sentia seu corpo, mas percebeu que seu pulmão voltara a funcionar novamente. Fora colocado deitado em cúbito dorsal, sem conseguir enxergar a dona daqueles braços acolhedores que lhe amparavam.
Ainda sem forças para se levantar, se esforçou para tentar enxergar quem estava lhe oferecendo ajuda em meio aquele pesadelo horrível que parecia não ter mais fim. Sua visão estava ofuscada por uma luz acolhedora e refrescante. Sentia também um cheiro doce e suave que lembravam o perfume das rosas, que seu corpo parecia estar drenando para se manter vivo e aquecido.
Com sua visão ainda turva e desfocada, só foi capaz de perceber uma silhueta que estava agachada ao seu lado. Era apenas uma sombra que se desenhava diante dele, devido a forte iluminação que parecia estar reluzindo daquele ser. Derek conseguia lentamente decifrar as curvas desenhadas a sua frente. Parecia ter cabelos longos. Os traços faciais eram finos. E os dois volumes na região do tórax acusava que fosse uma mulher.
- Sim. É uma mulher. - Reconheceu. Fato confirmado ao tocar com sua mão esquerda o seio de seu protetor. Que alias eram bem fartos e macios.
Uma voz calma e angelical falou com ele.
- Não se preocupe. Trate de relaxar e ficar calmo.
Sua voz era como o soar de um coral de anjos. Fina e delicada. Lembrava uma adolescente. Pura e ingênua.
- Alias, pode tirar a mão dos meus seios? - Pediu constrangida e envergonhada.
- Onde estou? - Perguntou assustado -O que ta acontecendo?
Tentou se levantar. Mas seu corpo não o obedecia.
- Aquelas crianças precisam de ajuda. - Sua voz fraquejou.
- Fique calmo Derek. Já não estamos mais naquele local. - Tentava acalma - lo enquanto acariciava seus longos cabelos pretos.
- Quem é você? Por que isso ta acontecendo? Onde estamos? Me lembro de ter desmaiado em uma rua em plena a madrugada. E quando acordei estava em um campo, com pessoas e crianças felizes. Que logo se transformara em algo parecido com o inferno.
- Estamos dentro de sua mente querido falcão. - Decidiu chama -lo assim devido a grande ave que se tatuava no peito em lampejos de luz. - Não posso revelar meu nome a você. Não agora. Mas posso te dizer que eu sou um anjo. Um anjo da guarda. Que serve e protege os seres humanos. Você foi invadido por emoções ruins e perturbadoras sobre as vitimas daquele homem chamado Cicatriz. O que o fez entrar em sintonia com a alma de todas suas vitimas, que estão sofrendo e presas a esse mundo. Suas vidas foram tomadas antes do seu tempo. O que as impedem de seguir para o mundo dos espíritos.
- Mas o que isso tem haver comigo? - Protestou - Elas não deveriam estar me assombrando. Não é culpa minha se elas morreram. Isso não faz sentido algum. Isso só pode ser um pesadelo.
Derek não parecia estar convencido sobre talloucura. Não acreditava nessas coisas sobre o além. Muito menos em estarfalando com um anjo de seios tão fartos e macios.
- Tem tudo haver com você. Você é um Escolhido de Deus, - eu acho -. Caso contrario, não teria passado por essa experiência. Foi lhe dado a missão de salvar essas almas. Aceite o caso que o detetive lhe passara. Derrote aquele homem e faça com que se arrependa dos crimes que cometera. Só assim essas almas poderão descansar em paz. - Sorria como uma adolescente travessa.
- E depois, o que vai acontecer? Não quero mais ficar sendo assombrado e desmaiando em qualquer lugar. Além do mais...
Sua voz se calou quando viu que não havia mas ninguém ali presente. Teria protestado. Olhado em volta. Procurado. Mas seu corpo clamava por descanso. Suas pálpebras pesavam, pedindo uma boa cama para repousar.
Finalmente parou de resistir.
Fechou os olhos e dormiu. Caindo em um sono profundo. Sem saber se aquilo tudo teria sido realidade ou apenas mais uma peça que sua mente perturbada estava a lhe pregar.