Capítulo 3 003. La Katherine

Katherine

Kath: -Ei, Erica! Corre aqui, vê só isso!

Ela vem até mim e eu mostro para ela a foto na internet.

Erica: -Hum... Seleção de secretária substituta? Requisistos... Experiências... Idade... Hmmm, legal... Tá pensando em ir?

Kath: -Com certeza! Um mês desempregada pra mim está sendo terrível!

Erica: -Precisa de pelo menos 2 anos de experiência...

Kath: -Eu tenho...

Erica: -Qualidades importantes: elegância e simpatia... Isso você tem de sobra!

Kath: -Muito obrigada!

Finalmenteee, emprego à vista!!

Erica: -Você sabe onde fica essa empresa?

Kath: -Não... Mas nada que um táxi ou um uber não resolvam.

Ela ri.

Erica: -Se eu fosse você, estaria bem de boas aproveitando o dinheiro que ainda tem pra receber.

Kath: -Então ainda bem que eu não sou você! Não aguento ficar sem trabalhar, e uma hora esse dinheiro vai acabar, né? Eu não posso correr o risco de ter que voltar pra casa dos meus pais.

Erica:-Você acha que isso seria uma coisa tão ruim assim?

Kath: -Não é ruim tipo "oh meu Deus, acabou minha vida", mas é ruim. Eu gosto da independência que o trabalho me proporciona, e me ver dependente dos meus pais de novo, na idade que eu tô... Não rola mesmo.

Erica: -Entendo. Você está certa. Mas e aí, manda currículo, ou...

Kath: -Não, vai direto pra uma entrevista de emprego. Eu vou tentar, não tô perdendo nada.

Meu Deus, como eu sou indelicada! Deixa eu me apresentar!

Meu nome é Katherine - que significa pura e/ou casta - Deveraux (lê-se Deverrô, diga-se de passagem), tenho 26 anos de muito charme e simpatia. Modéstia à parte, baixa auto-estima não é comigo. Eu sou alto astral mesmo, e contagio quem está ao meu redor. Graças a Deus, fui abençoada com o poder de me achar extremamente bonita e atraente, além de ver outros atributos que tenho, como carisma e educação. Tudo sem passar dos limites, porque eu detesto a soberba.

Não sou do tipo que curte muito festas e balada, dos 20 pra cá eu me tornei uma pessoa mais séria e compromissada, afinal:

1. Eu tinha que virar gente na vida;

2. Apesar de ter tudo que eu preciso, eu não sou lá uma milionária da Warner, não é mesmo?! ;

3. Papai e mamãe só me sustentaram integralmente até os 17 e meio.

Entre outras razões. Mas como disse à Erica, gosto de ser e me sentir independente, não queria ficar dando trabalho aos meus pais, ter que esperar por eles para qualquer coisinha... Então, desde cedo eu fui a luta.

Terminou que: eu concluí a escola aos 17, passei no vestibular com 19 e me formei em secretariado com 23 anos. Saí de casa ao iniciar a faculdade. Meus pais deram uma pequena entrada em uma casa e eu parcelei o resto que faltava. Agora faltam 10 parcelas.

De 23 pra 24 anos eu consegui o meu primeiro emprego como secretária e permaneci até meados dos 26 anos, até que há um mês atrás, a minha bendita chefe mudou o escritório para outro país.

Eu até teria ido junto com os outros empregados e tal, mas eu não quis sair do país, abandonar tudo assim de uma hora pra outra, os meus pais, a Erica, a casa que estou conquistando... Não ia dar.

E agora estou eu aqui, distribuindo currículos e correndo feito louca para conseguir logo um outro emprego.

Essa oportunidade parece ter caído do céu!! A The Negrette Photograph me parece uma boa empresa... Quem está solicitando uma secretária é o melhor fotógrafo, e provavelmente o dono, pelo nome... César Negrette...

Eu posso conseguir. Eu tenho experiência, tenho elegância, sou simpática, atendo os clientes como ninguém que já passara na minha antiga empresa...

E eu nem sei porque escolhi ser secretária... Não foi porque "é fácil" (saiba que não é, e requer muito estudo!), não foi por dinheiro ou carga horária... Acho que foi porque eu... Me apaixonei pela profissão... Simplesmente. ❤

No dia seguinte, eu acordei bem cedo, tomei um banho um pouco mais demorado do que eu gostaria e me vesti adequadamente para tal ocasião (no caso, uma entrevista de emprego).

E depois disso, fui tomar café com a Erica (também só fui porque a casa dela é em frente a minha). Não demorei muito, pois a hora estava voando, o relógio correndo contra mim e eu com o coração na mão pra um dia chegar na empresa e terminar de surtar de vez.

Erica: -Nem vou te desejar sorte que você não precisa. Só tenha fé em Deus.

Kath: -Sempre terei. Obrigada, amiga.

Eu a abracei bem forte.

Coloquei dois envelopes com currículos dentro de uma pasta e a levei comigo. Peguei um táxi e quando olhei no relógio, quase tive um infarto: são 8 horas, pra uma entrevista de 7:20!!

Desci do carro voada, saltei para dentro da empresa que tem uma fachada enorme com o nome metade em negrito e completamente em itálico.

Falei com uma moça da recepção e ela me falou em qual sala estavam entrevistando as candidatas, mas que achava que a sessão já tinha acabado. Corri mais um pouco e esbarrei com outra moça na porta.

Xxx.: -Opa! Quem é você?

Kath: -I'm sorry, ai eu sou um desastre! Eu sou Katherine, vim pelo cargo de secretária!

Xxx.: -Meu nome é Bruna, prazer. E você deu sorte, estávamos mesmo esperando mais alguma candidata.

Kath: -Quantas já vieram aqui?

Bruna: -De 7 horas pra cá? Umas... 59.

Kath: -O quê? -eu quase grito.

Bruna: -E esperamos fechar 100 com as que enviaram e-mails para virem hoje à tarde. Mas entra e faz o teste, quem sabe você não dá sorte? Vamos, eu te apresento ao chefe.

Kath: -Ok. -eu sorrio.

Ela sorri de volta e abre a porta da sala, me chamando com um aceno.

Bruna: -Chefe, nossa última candidata de agora.

Ela apoia o meu ombro e eu entro de vez na sala.

Há dois homens. Um está de pé, sorrindo. É bronzeado, o cabelo em um topete perfeito, a barba bem feita.

O outro estava de cabeça baixa, e só depois eu pude vê-lo. Ele é branquinho, a barba também muito bem feita, um cabelo estiloso com alguns tons mais claros, os olhos intimidadores e uma boca vermelha... Tudo tão intenso que eu abri a boca e a fechei em dois tempos, engolindo em seco.

Kath: -Quem é ele? -sussurro olhando para o homem que está sentado.

Bruna: -Ele? -ela dá uma risadinha. -Ele é o chefe.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022