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Katherine
Eu estava dormindo e era 3 horas da manhã. Então eu senti a presença de alguém me olhando no quarto.
Abri os olhos vagarosamente e percebi a silhueta de um homem, sentado na poltrona que fica quase em frente à minha cama. Senti o medo tomar conta de mim. Como foi que alguém entrou aqui, se eu fechei a janela? E se... E se for um espírito? Ai meu Jesus...
Eu cocei os olhos e tentei ver quem estava ali, mas não consegui, então acendi a luz do abajur mesmo.
Kath: -Ah, não creio! -reviro os olhos. -César! O que tá fazendo aqui?
César: -Vim ver você. -ele responde cínico. -Não retornou as minhas ligações.
Kath: -Como entrou?
César: -Pulei na sacada e abri janela... -dá de ombros.
Kath: -Faz um favor? Vai embora...
César: -Acho que não... -ele se levanta e sobe na cama, ficando com uma perna em cima dela e a outra no chão, chegando bem perto de mim.
Kath: -Sai de perto ou eu vou gritar!
César: -Fala, grita... Faz o que você quiser... Confesso que ia adorar ouvir você gritando meu nome.
Kath: -CÉSAR! Eu não vou falar outra vez...
César: -Não fale... Não vai adiantar, pois eu não vou embora.
Ele se aproxima mais de mim e me olha bem no fundo dos olhos. Posso sentir sua respiração tocar a minha pele.
Kath: -César... Por... Favor... Fica longe de mim.
César: -Não quero. -ele segura meu rosto, levantando o meu queixo. -Para de fugir do inevitável. Se você me quer e eu também quero você, que mal há nisso?
Ele sorri e me beija.
No começo foi um selinho demorado, mas ele devorou a minha boca, chamou minha língua pra dançar e foi se deitando por cima de mim, colando o seu corpo ao meu, até que...
Eu acordei.
Que merda. Era só um sonho. E que sonho...
Para Katherine, para. Ele é a droga do seu chefe, vocês devem teruma relação estritamente profissional, pelo bem dos dois. Tenho que parar de ficar nessa corda bamba.
Sacudi a cabeça para me tirar dos meus pensamentos e virei para o outro lado, para tentar dormir outra vez.
Cochilei por uns 10 minutos e ouvi a música Midnigth Memories tocar. Era o meu celular, uma ligação de... "Chefe". Olhei a hora... São 2:37 pm. Não é bem como no meu sonho, mas é quase isso. A diferença é que ele não está aqui.
Enfim... Respiro fundo e atendo a ligação.
Kath: -Isso são horas de ligar? -pergunto já sem paciência.
César: -Uai, você não atendeu minhas ligações, não retornou, não respondeu as mensagens...
Kath: -E você se importa tanto a ponto de deixar de ir dormir pra me ligar essa hora? Quase 3 da manhã, César! Pelo amor de Deus!
César: -O que você estava fazendo pra me ignorar por tanto tempo?
Kath: -Estava ocupada.
César: -Desde as 6 da noite? Fazendo o quê?
Kath: -Acho que isso não lhe diz respeito, já que é a minha vida particular fora do ambiente de trabalho.
César: -Ok, desculpa, eu só fiquei preocupado...
Kath: -Ok... Agora eu vou dormir que tenho que estar pontualmente às 6:40 na empresa. Passar bem, chefinho.
Eu ironizo e encerro a chamada.
Era só o que me faltava... Por que estou fazendo todo esse drama ao descobrir que ele é casado se eu nem tenho nada com ele? Melhor é ir dormir, amanhã será outro dia. Ou melhor, hoje.
Muito obrigada por cortar o meu sono 2 vezes, César. Vou chegar na empresa parecendo um panda.
César
A Katherine está muito estranha... Falou tão seca comigo, não atendeu ou retornou as minhas chamadas, não respondeu as mensagens...
E eu nem sei porque estou me importando tanto com isso. Como disse a Grace, ela é só mais uma funcionária e eu deveria estar pouco me fod3end0 para ela.
Então por que eu ligo?
Ai ai. Nem eu mesmo sei dizer porque fiquei preocupado. Já ficou bem claro que não aconteceu nada, ela apenas me ignorou a noite inteira porque quis.
Tomei um pouco de água e voltei para o quarto, praguejando a mim mesmo por ser tãolesaod.
Grace: -César!
César: -Oi, amor.
Grace: -O que ainda tá fazendo de pé? São 3 da manhã! Cuida em dormir, eu hein.
César: -Vou tentar. Eu hein mulher, que bicho te mordeu?
Grace: -Me erra! -ela quase grita e vira para o outro lado.
César: -Ok.
Melhor não ficar provocando a rainha do mau humor com vara curta.
__________
No outro dia saí mais cedo que de costume. Nem falei com a Grace, que dormia feito pedra e provavelmente está com raiva de mim (sem eu ter feito nada) mais uma vez. Também não estava a fim de falar com ela, porque toda vez parece que ela quer me contagiar com seu mau humor, e tudo que menos quero é isso.
Debby: -Bom dia, César.
César: -Bom dia, Debby.
Eu sorrio e a abraço.
Felizmente eu tenho o dom de me aborrecer com uma pessoa e não descontar em outras que não tem nada a ver com os meus problemas.
Debby: -Tá tudo bem? Parece meio abatido, triste, sei lá...
César: -Nada, estou bem. Só não dormi muito bem essa noite.
Debby: -O que houve?
César: -Briguei com Grace pra variar. Ou melhor, ela brigou comigo.
Debby: -Sem motivo?
César: -Como sempre.
Ela ri e nega com a cabeça.
David: -Bom dia, ets!
Debby: -Bom dia, sem juízo!
César: -Bom dia! Você encontrou?
David: -O quê?
César: -O parafuso do cérebro que cê perdeu ontem!?
David: -Seu viado!
Ele ri e me dá uma tapa de leve.
César: -Ei, vocês sabem da minha secretária?
Debby: -Se voc~e que é você não sabe, imagina "nois".
David: -O próprio chefe não sabe da secretária?
César: -Não enche! Sabe ou não dela?
David: -Que desespero, men! A bela e amável Katherine ainda não chegou, querido senhor Negrette.
César: -Viadagem David, vai ver se eu tô na esquina.
Debby: -Não perturba ele, David. Tadinho teve uma noite de sono ruim.
David: -A Debby sempre defende o César... É... Eu sempre soube que seu amigo preferido é ele, você ama mais ele que eu...
Ele faz um bico e cara de coitadinho. A Debby ri e o abraça de lado.
Debby: -Vocês dois são os meus melhores amigos, amo os dois.