O MAFIOSO QUE ME AMAVA
img img O MAFIOSO QUE ME AMAVA img Capítulo 4 Capitulo 3
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Capítulo 4 Capitulo 3

Ao norte do Brooklyn, Brownsville é um gueto que tem a reputação de ser um dos bairros mais perigosos em Nova York. Seu nível de violência- entre crimes, contravenções, agressões, drogas, tiroteios - está entre os mais altos de Nova York. E era ali que Ellis e seu irmão Jason foram criados por seus pais. Muito diriam que era natural o caminho que Jason seguiu, devido a vizinhança. Porém, Ellis sabia o esforço que seu pai, Jack Barker, desempenhou para que seus filhos tivessem uma educação digna e não se aventurasse por aquele mundo que os cercava.

Parecia até que Jack havia conseguido, mas quando ele passou a fazer parte da estatística de tiroteio tudo mudou. Ellis tentou levar administrar a casa, mas Jason sabia que a irmã sozinha não daria conta. No início ele até foi atrás de emprego, mas recém havia terminado o high School, sem experiência e ainda era morador de Brownsville, ele sentiu na pele que não havia menor chance a não ser seguir pelo caminho mais prático.

No começo Jason não gerenciava os jogos, ele apenas recepcionava os jogadores, enviava as mensagens dos pontos de encontro. Porém, conforme foi adquirindo a confiança dos jogadores, decidiu assumir os negócios, mesmo sabendo que aquilo haveria consequências.

Ele passou a operar os jogos ilegais e ainda usou os contatos de seus ex-chefes para adquirir drogas , que era uma forma de estimular ainda mais os jogadores a permanecer nas mesas de poker.

Sua ambição falou mais alto e ele pagou o preço. Se for olhar com mais cuidado, foi um preço baixo, pois o pessoal de quem ele havia roubado os jogadores poderiam tê-lo matado.

- Sorte. – Sussurrou Jason enquanto olhava da janela do carro em direção a velha casa onde cresceu.

-O que disse? – Perguntou Ellis desligando o veículo.

-Disse que eu tenho sorte de estar vivo. – Respondeu Jason antes de descer do veículo.

-Sim. – Concordou Ellis descendo do veículo. Ela pulou nas costas do irmão e continuou falando: - Você tem agora uma grande oportunidade de recomeçar.

-Pois é. – Respondeu Jason carregando a irmã até a porta. - Só quero ver quem vai querer um condenado como funcionário.

-Primeiro você precisa focar no trabalho comunitário. – Recordou Ellis abrindo a porta da casa, com certa dificuldade. Aquilo a lembrava que precisava trocar a fechadura o quanto antes ou ficaria na rua. - Joy conseguiu uma vaga para você no centro comunitário do bairro. Vai ser o faxineiro deles.

-Nossa, que ótimo. – Respondeu Jason sem muita empolgação se jogando no sofá de casa. Ele pegou o controle da televisão e a ligou: - Não vejo a hora...

-Jason, você precisa enxergar tudo isso como algo bom. – Explicou Ellis parando em frente da televisão. Ela sentou na mesa de frente e então disse. - Maninho, você está livre!

-Livre, mas com a cabeça a prêmio. – Rebateu Jason. - Eles virão atrás de mim, Ellis.

- Não, eles não virão. – Respondeu Ellis segurando na mão do irmão.

- Como pode ter tanta certeza? – Questionou Jason sem entender como a irmã poderia estar tão segura de que os homens da quem Jason devia as drogas e roubou os clientes não se vingariam.

Antes que ela pudesse responder, a campainha da casa tocou. Provavelmente algum vizinho curioso deve ter visto eles chegando e veio confirmar a fofoca do dia. Ellis levantou da mesa de centro a contragosto e caminhou até a entrada, onde foi surpreendida com a visita de Troy Lamar.

Troy Lamar era um rapaz negro franzino, totalmente oposto de Jason de quem era melhor amigo desde criança. Também diferente de Jason, Troy decidiu seguir a vida acadêmica e foi para faculdade comunitária fazer um curso de qual Ellis não conseguia se lembrar.

-Oi Troy, o que faz aqui? – Perguntou Ellis antes de abrir a porta totalmente.

- É verdade? Jason voltou? – Perguntou o rapaz, animado.

-Sim. – Respondeu Ellis.

Assim como um raio, Troy entrou na casa e caminhou em direção a sala encontrando seu melhor amigo. Os dois se abraçaram, uma cena que chegou a emocionar Ellis que viu tudo da porta da sala. Os dois botaram o papo em dia, Troy contou que estava bem perto de se formar enquanto Jason contou como era a vida na clínica. Enquanto isso Ellis foi preparar um lanche para os meninos, algo que já foi rotina em sua casa e que sentia saudade. Ela terminava de preparar o sanduíche de seu irmão quando o telefone da casa tocou. Ela caminhou em direção a sala onde estavam os dois meninos que agora se entretinham jogando vídeo game e então atendeu:

- Alô, quem fala? Olá, senhor Williams. – Cumprimentou Ellis ao reconhecer a voz implacável de seu chefe no restaurante. - Não, eu não estou na escala hoje, o meu irmão teve alta... Sim, já peguei o meu irmão... Ele já está em casa... Senhor Williams eu expliquei que não poderia... Eu sei que faltaram, mas eu não posso deixar o meu irmão sozinho... Eu sei que o senhor ... Eu entendo...

- O que foi? – Perguntou Jason que passou a prestar atenção na conversa.

-Meu chefe quer que eu vá trabalhar, mas eu já disse a ele que fui liberada para ficar com você hoje. – Explicou Ellis enquanto tampava o bocal do telefone. - Só que ele fica insistindo que faltaram dois funcionários e que ele precisa de mim. Já dobrou o preço da hora extra e tudo.

- Maninha, melhor você ir. – Falou Jason olhando para a televisão.

-E deixar você sozinho na sua primeira noite em casa? De jeito nenhum. – Recusou Ellis balançando a cabeça.

-Ele não está sozinho, eu estou aqui. – Argumentou Troy antes de fazer uma jogada que o faria vencer Jason. - E ganhando mais uma vez do Jason.

-Não sei... Não acho uma boa ideia.

-Mana, vai. A gente precisa de grana. – Disse Jason colocando o controle na mesa de centro. Ele se aproximou da irmã, segurou em seus ombros e disse: -Eu ficarei bem...

- Não sei...

- Ellis, são apenas algumas horas. Você sabe que eu e Troy jogamos por horas a fio. Quantas vezes o papai chegava e estávamos jogando ainda?

- Eu sei, mas é que agora as coisas são um pouquinho diferentes... – Começou Ellis a dizer quando notou a expressão de culpa tomar o rosto de seu irmão.

- Confie em mim, Ellis. – Pediu Jason encarando a irmã. - Por favor...

-Está bem. – Cedeu Ellis voltando ao telefone. - Senhor Williams, pode contar comigo.

Ela desligou o telefone, caminhou até o quarto e se arrumou. Em poucos minutos já estava na sala uniformizada passando todas as orientações aos dois rapazes que a escutava atentamente.

-Jason, não esqueça que Smith ligará as 23 horas, então por mais entretidos que estejam, por favor, atenda.

-Está bem. – Falou o irmão pela milésima vez.

-Ótimo. Estou indo, mas qualquer coisa me ligue, por favor. – Pediu Ellis mais uma vez.

Ela caminhou em direção a saída sendo acompanhada pelo irmão que trancou a porta com cuidado. Ellis vai até o carro com a sensação de que algo ruim estava prestes a acontecer.

***

Hamburgueres, pedaços de pizzas, milk shakes , mesas cheias, eram essas coisas que preenchiam a mente de Ellis que estava a mil percorrendo o salão do restaurante tentando compensar os funcionários faltosos. A vantagem do restaurante cheio é que as horas passavam mais rápido. Ela nem sequer havia percebido que já haviam se passado 4 horas que estava ali.

- Barker. – Chamou o senhor Williams encostado no balcão do caixão.

Ellis se aproximou com seus patins e sua bandeja notando que seu chefe já estava separando sua parte da gorjeta do dia. Já imaginava que com aquele dinheiro levaria seu irmão para comprar roupas e sapatos novos.

- Obrigado pelo apoio. – Agradeceu Williams ante de a funcionária partir.

Ellis dirigiu a toda para chegar em casa antes das 23 horas. Em seu íntimo sabia que seu irmão provavelmente não escutaria o telefone tocar e acabaria preso por estar jogando videogame.

Assim que ela parou na frente da casa e viu todas as luzes apagadas, teve a plena certeza que o irmão estava totalmente focado no jogo. Pelo menos até chegar na porta e ver que ela estava apenas encostada. Tinha plena certeza de que viu seu irmão trancando...

- Jason?– Chamou Ellis entrando na casa e acendendo as luzes.

Não havia sinal do irmão na sala, então ela foi em direção ao quarto do irmão e ele também não estava.

- Jason! – Chamou Ellis mais uma vez entrando em seu quarto que também estava vazio. - Jason, cadê você?

Ellis procurou seu irmão por todos os cômodos enquanto chamava por ele sem resposta. Seu estômago já embrulhava, pensando no pior, mas o pior ainda estava por vir.

TRRIIIIIMM!! TRIMM! TRIM!! – começou a tocar o telefone da sala, indicando ser onze horas da noite.

            
            

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