Capítulo 5 Manhã ensolarada

Na manhã do dia seguinte, desperto ainda meio tonto de sono. Essa foi a melhor noite em meses, já que não acordei nenhuma vez ou tive problemas para dormir. Acho que deve ter sido por não ficar com o celular até altas horas da noite.

Estico meus meus braços e me espreguiço, ouvindo meus ossos emitirem pequenos estalos. meu corpo está tão enrolado nos cobertores que eles mais se parecem um casulo, e eu devo ter babado pra caralho enquanto dormia, porque sinto alguma coisa meio seca no meu queixo.

Preciso fechar um pouco os olhos para poder encarar a lona vermelha da parte de cima da barraca, Porque a luz da manhã bate nela e a deixa quase fluorecente, e meus olhos são bastante sensíveis.

Estou com uma vontade muito grande de fazer xixi, então visto um calção preto e uma camisa vermelha simples, mas antes de sair da barraca, pego o meu celular e checo o meu reflexo na tela. O meu cabelo está parecendo um ninho de gaivotas, como eu já estava esperando. Os cachos estão completamente assanhados, de modo com que eu não saiba onde um começa e o outro termina.

Passo um tempinho tentando ajeitar o meu cabelo, mas Depois de não conseguir nenhum resultado com isso, solto um palavrão e desisto de fazer isso.

Procuro as minhas havaianas e saio da barraca em passos cambaleantes, antes de observar a praia ao meu redor. A água está absurdamente clara, e não há uma nuvem sequer no céu pintado de azul claro. O sol já deve ter nascido a mais ou menos uma hora, porque já está bem acima da linha das árvores.

A maioria dos alunos já estão acordados e agora estão conversando tranquilamente, dispostos ao longo de toda a extensão do acampamento.

Eu solto um bocejo alto e começo a andar em direção ao pequeno trecho de floresta que há atrás da minha barraca, tomando cuidado para não tropeçar em meio as pequenas dunas na areia fofa.

Ando por alguns metros entre os pinheiros e sequoias, até ter certeza de que estou fora de vista, porque não consigo fazer xixi na frente de outras pessoas, coisa que alguns garotos fazem tranquilamente.

Depois de me aliviar, volto pelo mesmo caminho que vim e vou até até o lago lavar as minhas mãos, tomando cuidado para não molhar meus pés no processo. Acho que não deve ser muito higiênico escovar os dentes com essa água, mas eu não tenho outra, então não tenho escolha a não ser ir para a minha barraca pegar minha escova de dentes e o creme dental, antes de retornar para as margens do lago.

❇️❇️❇️

- Oi Chuchu. - Uma menina alta e bonita diz para mim assim que chego perto da mesa onde está o café da manhã. Ela tem olhos escuros e o cabelo cortado rente aos ombros.

- Oi. - respondo, tirando os cachos molhados do rosto (molhei o cabelo para me livrar do volume exagerado). Não faço ideia do porque agora alguns deles estão resolvendo vir falar comigo, e pra falar a verdade, não sei se desgosto ou não disso.

Dou uma observada na mesa para ver qual será o café da manhã, e as opções são: torrada, sanduíches de pasta de amendoim e ovos mexidos, além de café e leite.

Resolvo optar por uma torrada e um pouco de café com leite (bem mais leite do que café), já que nem estou com tanta fome. Ontem a noite, enquanto contavam histórias assustadoras ao redor da fogueira, eu devo ter comido no mínimo um pacote inteiro de marshmallows.

- Bom dia, cara. - Victor surge ao meu lado vestindo só um calção florido, na sua mão há um copo de café puro, e ele já está terminando de enfiar o último pedaço de um sanduíche de pasta de amendoim na boca.

- Bom dia, Victor. - preciso me segurar para não rir do seu cabelo castanho que está completamente assanhado, até porque seria um pouquinho hipocrisia, já que o meu fica muuuuuito pior que isso.

- Vamos cair na água daqui a pouco. Você vai, certo? - Ele se aproxima e me dá um leve empurrão no ombro, me fazendo quase derramar o café. Que Idiota!!

- Tá fria pra caramba ainda. - devolvo o empurrão, fazendo-o me lançar um olhar maligno.

- já são mais de nove horas da manhã, Luther. Não irá ficar mais quente que isso. - ele diz, e antes que eu possa responder alguma coisa, os outros amigos de Victor o chamam para ir buscar as bóias dentro do ônibus.

- Até daqui a pouco, Luther. - continua, antes de dá meia-volta e começar a andar na direção do ônibus.

- Até. - digo, mastigando calmamente a torrada.

                         

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