Capítulo 3 O Festival Anual ( Parte 1)

ALICIA JENKINS

-Minha filha, você não precisa ficar aqui com esse velho, pode ir se divertir com seus amigos. -Meu pai diz. Eu já estou toda arrumada para sair, mas desisti depois de ver meu pai ficar tonto e quase cair da cadeira.

-Pai, nem pensar que eu vou deixar o senhor aqui nesse estado. Quantas vezes o senhor deixou de sair pra cuidar de mim, em? -Digo mostrando meu melhor sorriso. Eu sou a Alicia Jenkins, tenho vinte e três anos, cresci em uma casa simples, em um bairro de Houston, no Texas, Estados Unidos. Minha mãe fugiu com o gerente de uma grande indústria quando eu era apenas um bebê, tinha um ano. Fiquei com o meu pai, enquanto minha mãe levou a minha irmã gêmea, Alina, com ela. Eu nasci com uma anomalia genética que deixa a os olhos com cores incríveis, mas a visão é prejudica no processo, tenho olhos azuis, são muito elogiados, mas meu pai teve que gastar tudo que construiu ao longo dos anos para pagar o meu tratamento, eu nasci cega, como o um por cento de pessoas que reagem bem à cirurgia, eu recuperei cinquenta por cento da visão de um olho e quarenta por cento do outro, vivendo assim uma vida normal. Com quinze anos, eu tive que começar a trabalhar, meu pai descobriu um câncer e pelo tratamento ele teve que parar com o trabalho de marceneiro. Uma vida de dificuldades, foi o que tive, mas apesar de tudo, eu sou feliz. Aos vinte e três anos, hoje para ser mais específica, eu finalmente estou realizando o sonho de me formar no ensino médio. Eu tive que parar por alguns anos para cuidar do meu pai e isso atrasou um pouco meus planos para o futuro.

-Alô! -Atendi depois de correr até o sofá onde estava minha bolsa. Meu telefone está chamando e com certeza são a Jenna e o Luigi.

-Cadê você, Ali, estamos te esperando há meia hora! -Jenna é minha melhor amiga, ela quase grita ao telefone.

-Eu não posso sair agora, Jenna, me desculpe, mas meu pai passou mal. Diz para o pessoal se divertir muito por mim

-Leva ele para minha casa, você sabe que a mamãe cuida dele pra você -Jenna tenta me convencer.

- Eu sei disso, Jenna, a tia é um anjo. Eu não posso fazer isso, não hoje, você sabe que está chegando a data que aquela mulher foi embora e o papai fica muito mal com isso.

-Tudo bem. Sinto muito, amiga, de verdade. Dá um beijo no tio por mim. -Encerra a ligação. Depois de desligar o telefone, vou até o quarto pra me trocar. Tiro as roupas e novamente me sinto angustiada e triste. A verdade é que eu nunca superei o abandono daquela mulher, já passei por muitos problemas na vida e em um deles, já até atentei contra a minha vida. Quando meu pai adoeceu eu tive que dar banho, comida e até trocar as fraldas dele, não era pesado porque eu o amo, foi mais por medo de perdê-lo. Eu me olho no espelho e mal consigo enxergar meus traços no quarto escuro, a iluminação da casa não é boa e com a visão diminuída é mais difícil ainda. Eu tenho um metro e setenta e cinco, sou magra, meus cabelos pretos na altura da bunda, olhos azuis, um rosto que todos consideram perfeito, minha vida deveria ser fácil, mas não é. A verdade é que tudo é muito difícil, fui abandonada pela minha mãe, não tenho dinheiro para nada, mal dá pra comida e os remédios do pai, é difícil sorrir às vezes. Eu sempre me pego pensando: como vive a minha irmã? Qual será a vida dela? Meu pai não gosta de falar nesse assunto, é difícil para ele também, então nós nunca falamos delas, mas eu sempre soube que ela foi embora e que eu tenho uma irmã gêmea, meu pai sempre foi honesto comigo. Estou tentando contornar o trabalho com o curso para prestar o vestibular e vou ser sincera, não está sendo nada fácil.

-Você tem certeza que vai dar conta, Ali, olha pra você, está só o bagaço -Jenna diz enquanto pega no meu cabelo bagunçado.

-Eu tenho , claro que tenho! Eu preciso dar conta de tudo, Jenna, não posso perder o emprego e preciso passar na prova ou meus planos para entrar na faculdade no próximo semestre vai pro ralo. -Digo abaixando a cabeça e segurando o queixo com as duas mãos.

-Sabe do que você precisa, Ali, você precisa de diversão, essa rotina de casa, trabalho e estudo está acabando com você. O tio Anthony concorda comigo. Olha, hoje nós vamos sair um pouco, vamos em uma festa que a Construtora Johnson vai dar para comemorar o aniversário dela, vai ter muitos gatinhos lá. -Jenna diz animada.

-Eu não quero, você sabe que não gosto dessas coisas e também não estou procurando nenhum gato -Recuso o convite, ou pelo menos tento, já que a Jenna não aceita o não como resposta. O dia passou voando e eu tive que saí do trabalho correndo ou não dará tempo de me arrumar. -Eu não acredito que a Jenna está me fazendo ir nessa festa, eu não gosto desses lugares -Resmungo no quarto enquanto termino de me arrumar. Meu que passava pela porta ouve.

-Minha filha, você precisa se divertir, a Jenna só está querendo animar você -Meu pai diz tentando mudar meu humor.

-Papai, eu realmente não sei porque vocês acham que ter uma vida sossegada, dentro de casa é ruim. Eu gosto da minha paz, isso não é ruim, pelo contrário é ótimo. -Digo, eu continuo com seu posicionamento fazendo o meu pai ri do outro lado da porta. Coloco uma calça jeans, uma camiseta branca, meus cabelos deixo soltos, uma maquiagem leve e um colar simples no pescoço, um tênis all star preto, e, também o inseparável óculos de grau.

-Uau! Que filha gata eu tenho. Você como sempre está linda minha princesa -Meu pai me diz orgulhoso. Ele age assim todas as vezes que me olha, sempre tentando me animar.

-Alicia, está pronta? -Jenna grita da porta.

-Já estou sim, vamos logo antes que eu desista -Digo pegando minha bolsa e o telefone.

-Nossa, que gata, olhos azuis, hoje você vai arrumar um boy -Jenna me abraça rindo. Ela está com um vestido vermelho curto e salto alto, maquiagem bem feita e os cabelos loiros presos de lado. Ela é linda e sua simpatia e sorriso solto só a deixam mais linda ainda.

-Que isso, hein, com duas gatas assim eu vou arrasar na festa -O Luigi diz todo animado. O Luigi é meu amigo desde sempre, nossos pais são amigos, então nós crescemos juntos e na quinta série, a Jenna entrou na nossa turma, hoje somos inseparáveis. Nós seguimos para a área da festa, estamos animados ouvindo música alta no carro bem equipado do Luigi. Depois de vinte minutos passamos pelos portões do clube da Construtora. O estacionamento está lotado e o lugar está cheio de pessoas bem vestidas e alguns com carros importados, o que deixa o Luigi doidinho.

-Olha isso! Caramba! Isso aqui está lindo, olha só o nipe dos carros, só carrão. -Luigi diz olhando os carros, seus olhos até brilham. Ele tem uma oficina muito top aqui em Houston, ele é apaixonado por automobilismo.

-Luigi, já pensou você com um camaro ou um audi desse, ia chover mulher pra você -Jenna diz zuando-o.

-Eu não preciso disso pra chover mulher pra mim, Jenna, eu sou gato e gostoso -Respondeu passando a mão no rosto. Luigi é moreno com descendência italiana, alto, muito alto para falar a verdade, ele tem dois metros e três de altura, ombros largos e fortes, corpo cheio de músculos, cabelos pretos lisos e com um belo sorriso, ele é realmente muito bonito. Ganhou por cinco anos seguidos o concurso de mister da cidade e só não competiu o estadual porque não quis.

-Vocês dois parecem duas crianças, vamos logo -Digo puxando os dois, um em cada braço.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022