Capítulo 5 O Namorado - Murilo

Esse pessoal é engraçado, eu quase não falo, se eles desgrudassem um pouco eu poderia chamar a Camilla pra sair.

Estou no portão dela esperando pra acompanhá-la até a escola.

- Bom dia Murilo.

- Bom dia Camilla.

- Filha!

A mãe vem até o portão, será que ela esqueceu alguma coisa?

- Ele sabe do Bruno? Isso não está parecendo coisa de menina descente não.

- Mãe, eu só disse bom dia e vou passar na casa do Bruno agora.

Do que será que elas estão falando? A gente começa a caminhar e a Camilla parece desconfortável.

- Cá! Do que a sua mãe estava falando?

- Murilo, eu preciso te falar algo que aconteceu ontem, eu fui para o show de RAP na praça.

- Tá, e daí? - Não estou gostando dessa conversa, será que rolou algo lá e o Bruno está preso? Ele é meio esquentado.

A gente continua andando e de repente Bruno aparece, ele da um beijo na Camilla ela me olha séria, agora entendi o que ela queria me contar.

- Fala cara! Beleza?

Hoje o Bruno tá animado, mas também, se ele conseguiu conquistar a Camilla faz sentido.

- E aí Bruno, tudo certo e você?

- Só felicidade, a Camilla aceitou ser minha namorada.

- Parabéns, um belo casal. - Eu falo, mas é difícil disfarçar, eu pensei que estávamos nos entendendo, mas também no que eu estou pensando, ela é uma adolescente, eu sou um homem, é melhor deixar essa molecada de lado e arrumar alguém que faça realmente o meu tipo.

- Bom, estão entregue! Vê se não arruma briga por causa da namorada hein Bruno!

- Pode deixa Murilo, prefiro te ver sem farda.

Ele ri e eu quero quebrar a cara dele. Mas é um moleque e fez as coisas direito, até com os pais da Camilla ele falou.

Eu vou para delegacia e começo meu dia, me troco e estou saindo pra viatura.

- Murilo, o delegado quer te ver.

Merda! Será que eu fiz algo de errado? Vou até a sala do delegado e ele está com uma moça.

- Senhor, queria me ver?

- Sim, essa é a Dr. Ângela, ela veio pegar alguns documentos de um caso que começou aqui e o acusado está preso na capital, ela precisa tirar algumas fotos dos locais que aconteceu o crime. Você pode acompanha-la onde estão os arquivos e nos locais que ela precisa?

- Sem problemas senhor.

Ela se levanta e sorri, é uma mulher bonita, tem 25 anos, gostei dela. Fomos aos arquivos e depois para alguns locais que constavam nos autos do processo. Ela tirou fotos com o celular.

- Bom acho que é só, já consegui tudo que eu queria.

- Ficamos um bom tempo na rua, que acha de almoçar comigo?

- Senhor policial, é a primeira vez que nos vemos e já está me chamando pra almoçar?

O que será que ela pensou? Eu estou com fome, só queria almoçar, me arrependi de convidar.

Dr. Ângela começou a rir, e eu estou sem entender nada.

- O que foi agora?

- Você ficou vermelho, eu só estava brincando, vamos comer algo sim, estou morrendo de fome.

Fomos até um restaurante popular aqui, é barato e a comida é boa, quase todos da delegacia comem aqui. Depois volto para delegacia com a Dr. Angela, vou me trocar, meu experiente acabou por hoje, quando olho na minha bolsa. O filme!

Eu vou andando para a locadora, vou devolver isso logo.

- Boa tarde Camilla!

- Oi Murilo, tudo bem?

Ela parece séria, será que brigou com o Bruno, seria ótimo.

- Eu estou bem, você que está estranha!

- Não é nada, só...

- Pode falar.

- Eu não tinha dito sim, tá! o Bruno me beijou, e acho que ele entendeu que eu aceitei, ele falou com o meu pai e com todo mundo que estamos namorando.

- Tá e você está me explicando isso por?

Espero que ela fale que vai terminar com ele e quer que eu saiba que sente algo por mim.

- Sei lá, porque não tenho ninguém pra conversar...

- Ok, então vai terminar com o Bruno?

- Eu não disse isso, apenas disse que não tinha aceitado, mas o Bruno é legal e meu amigo, não quero magoa-lo.

- Cá! Eu já vou indo...

Chego em casa e mexo um pouco no carro, ainda não descobri o problema, parece que estou dando voltas aqui. Fico pensando sobre a Camilla, ela é uma menina linda e muito gente boa, mas é confusa.

Alguém me chama no portão, estou sem camisa, mas vou mesmo assim.

- Descobriu meu endereço? - Eu digo e abro o portão.

- Ah, eu terei que acompanhar um depoimento, só vou embora amanhã a tarde, não sei de hotéis por aqui.

Se ela visse que tem um ali na esquina, mas acho que ela veio de lá, então não vou falar.

- Boa tarde Murilo!

Bruno passa e eu aceno com a cabeça.

- Tem uma boa relação com os jovens daqui.

- É bom assim eu mantenho eles na linha.

- Vamos ficar aqui conversando ou vai me convidar para entrar?

- Pode entrar, me desculpa a indelicadeza.

Ela está subindo a pequena escada que dá acesso a casa e eu posso admira-la por trás, é uma mulher bonita a Dr. Angela.

Ela senta no meu sofá e cruza as pernas, tô achando que ela quer alguma coisa, mas não sei se devo oferecer.

- Vou pedir uma pizza, não sou muito de cozinhar, o que acha?

- Ótimo, pra mim está ótimo... Você mora com alguém?

- Não, moro sozinho, me mudei pra cá por causa do trabalho, não faz muito tempo.

- Entendo.

Ângela fala do trabalho e do caso que está, eu falo da minha família e formação, já está escuro lá fora, eu começo a fechar a casa, daqui a pouco eu vou me deitar, só não sei se vou sozinho.