Capítulo 5 Continue procurando

Com aquela reviravolta, a loja inteira caiu num silêncio ensurdecedor.

Os outros clientes lançavam olhares empáticos para a funcionária, que acreditava ter sido mal interpretada. De repente, o gerente finalmente apareceu, mas, assim que seus olhos se encontraram com os da funcionária, ele apenas acenou com a cabeça num sinal para que ela continuasse a cumprir as ordens do cliente. Aquele não era o momento para defender seu orgulho e sim fazer uma venda muito importante para a loja. Tudo se tratava de negócios e o preço daquele vestido de noiva era maior do que qualquer item ali, o que significaria que aquela venda geraria um aumento nos lucros daquele mês.

Por outro lado, Zayden continuava com uma expressão plácida e apenas seus olhos denotavam certa frieza, o que lhe conferia um ar de imponência sobre todos os outros presentes.

Meagan se sentiu um pouco constrangida diante daquela atmosfera tensa, por isso segurava a mão do marido com muita força.

Ela se inclinou para perto dele enquanto suas medidas eram tiradas, e sussurrou: "Vamos esquecer isso, não precisamos comprar este vestido. Ele é muito caro! Além disso, não terei outra oportunidade para usá-lo..."

Mas Zayden fingiu não ouvir aquelas palavras e continuou observando a funcionária tirar as medidas da esposa. Ele então disse de forma categórica: "Aqui está o cartão, pode passá-lo, não é preciso digitar a senha."

Ao entender que eles realmente iriam levar o vestido, o gerente e o alfaiate se aproximaram, desculpando-se.

Depois de toda aquela cena, Zayden saiu da loja e acendeu um cigarro. Enquanto isso, a funcionária continuava a tirar as medidas de Meagan. Ninguém mais se atreveu a intimidá-la. Depois de toda a comoção anterior, a vendedora foi duramente repreendida pelo gerente uma vez que ela tinha voltado para trás do balcão. Enquanto isso, o alfaiate não parava de elogiar as curvas de Meagan. Até mesmo o gerente a tratou como uma cliente de alto padrão.

Passado um bom tempo, o tedioso processo finalmente acabou e o casal pôde ir embora da loja. Contudo, a expressão de Meagan no caminho de volta denotava tristeza.

O vestido que tinham acabado de comprar custou mais de trinta mil dólares.

Ela contraiu os lábios, arrependida, enquanto olhava para o marido ao seu lado. Ele, entretanto, parecia não se importar nem um pouco.

Incapaz de se segurar por mais tempo, a jovem finalmente falou: "Zayden... tenho algo para te dizer."

O rapaz parou subitamente, a olhando como se estivesse tentando adivinhar algo.

Ela, por sua vez, parecia muito séria e seus grandes olhos piscavam para ele de vez em quando enquanto seus lábios estavam levemente contraídos para baixo.

"Agora há pouco na loja... você agiu de forma muito impulsiva."

Zayden pendeu a cabeça levemente para o lado, franzindo o cenho. "Por quê?"

"Digo... você não tinha que ter feito aquilo, poderíamos ter lidado com aquela situação de forma diferente, não precisávamos ter comprado este vestido tão caro, custou-nos mais de trinta mil dólares. Poderíamos ter usado este dinheiro para diversas outras coisas. Você tem ideia de quantas contas poderíamos ter pagado com essa quantia?"

Zayden pareceu não entender mesmo aquelas palavras. Ele realmente não entendia quantas contas podiam ser pagas com aquele dinheiro pelo simples fato de que, em outra época, aquela quantia era gasta por ele num jantar casual.

Meagan lançava olhares furtivos para ele vez ou outra, mas acabou entendendo que ele não se incomodava com aquilo.

Com um tom suave, a jovem mulher completou: "Claro que não estou colocando a culpa em você, só quero lembrá-lo que, como somos casados agora, precisamos planejar nosso futuro, e isso inclui nossa saúde financeira e como gastamos nosso dinheiro. Sei que sua intenção era me ajudar e agradeço por isso, mas você precisa deixar as coisas passarem quando for necessário. Agora somos uma família, teremos muitos gastos importantes."

Uma família?

Quando Zayden ouviu aquilo, seu semblante, que antes estava sério, mudou repentinamente.

"Além disso, ainda não recebi o dinheiro que me foi prometido e irei precisar usá-lo em outras coisas quando recebê-lo. De qualquer forma, será melhor não gastarmos tanto dinheiro assim no futuro..."

A voz de Meagan ia diminuindo à medida que ela dizendo aquelas coisas e, assim que sua mente se voltou para sua mãe e seu irmão, que estavam muito necessitados do dinheiro que ela iria receber, a ansiedade que tomou conta dela ficou bastante evidente. Mas ela preferiu não deixar que Zayden ficasse sabendo da situação em que sua família se encontrava, afinal, na frente dele, ela tinha de ser Winona Allison.

Quando percebeu que ela tinha terminado de falar o que queria, o rapaz repetiu as palavras num tom baixo, deixando escapar um leve sorriso. "Gastar tanto dinheiro? Nunca imaginei que ouviria essas palavras saírem da boca de um membro da família Allison. Por que você está tão relutante em gastar dinheiro?"

Meagan arregalou os olhos, percebendo que tinha falado demais, o que poderia acabar com sua farsa. Seu coração acelerou como um foguete, então ela resolveu mudar de assunto rapidamente. "Você está com sede? Vamos comprar algumas bebidas primeiro."

Assim, a jovem se virou e caminhou apressada até uma loja de conveniências do outro lado da rua.

Zayden ficou observando enquanto ela caminhava apressadamente e balançou a cabeça levemente, dando um leve sorriso. Porém, depois de um segundo, seu telefone vibrou no bolso e, quando ele viu quem chamava, seu sorriso imediatamente sumiu.

O rapaz atendeu, voltando ao seu habitual tom frio. "Como vão as coisas?"

A pessoa do outro lado da linha respondeu com uma voz baixa: "Senhor Friedman, a investigação está quase concluída. Por enquanto, podemos afirmar que, no dia do acidente com seu avião particular, alguém sabotou a aeronave. Ainda não temos provas suficientes, mas a pessoa por trás disso pode ser exatamente quem o senhor tem em mente."

Zayden fechou a cara numa carranca medonha e disse de forma áspera: "Ótimo, continue procurando por mais evidências."

"Sim, senhor, nós iremos. Mas, senhor Friedman... quanto tempo você pretende ficar nessa vila em Oreburgh? Tem certeza que não é melhor o senhor voltar para Ardledo primeiro?"