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Ali estava o mistério de Deus que o havia trazido de volta ao lar para assumir a responsabilidade de um pai. A cada momento dessa nova vida ficava assustado com o poder do Senhor e como havia vivido enganado por anos afundado num universo de paixões humanas que destruíram somente a sua alma e a sua vida.
Assustado, fitava a idosa que compreendia o que se passava com ele e não o julgava, somente torcia pelo fortalecimento do coração do jovem nessa caminhada com Deus.
Retomando o controle, Caren estava se preparando para ir para casa com o seu filho. Havia vestido a máscara da tranquilidade. Marie a chamou para dentro da casa de modo a evitar cenas perante as línguas maldosas das falsas cristãs que vivem na hipocrisia a falar da vida alheia.
Caren sabia que o confronto com o passado era inevitável e que não havia como recuar. Foi até a velha, deixando o filho do lado de fora com os amigos que comemoravam o sucesso da venda sem saber o que se passava dentro da velha construção de madeira.
_Filha precisa enfrentar essa situação pelo bem de Miguel.
Disse Marie apertando as mãos da jovem que a fitou com os olhos frios daqueles que foram feridos no seu maior bem, o coração. Resignada e respirando fundo, olhou para tia avô e seguiu para sala em que seu pesadelo se encontrava.
Assim que ela entrou, Roger começou a observar aquela que morou sempre no seu coração.
_ O que quer?
Perguntou ela de maneira fria cruzando os braços sobre o peito de modo a esconder as batidas de seu coração acelerado.
_ Temos um filho!
Exclamou ele levantando da cadeira.
_Corrigindo, eu tenho um filho. Se pensa que vai entrar na vida de Miguel, está muito enganado.
_ Sou o pai dele, tenho direitos.
_ Pai!
Exclamou ela fitando-o com raiva, pondo as mãos na cintura delineada.
_ Onde estava quando eu estava grávida? Onde estava quando ele nasceu? Eu digo-lhe em orgias com a sua banda. Bebendo e saindo com supermodelos ou outra celebridade.
_ Sabe onde eu estava? Estava com ele quando chorava de madrugada de dor de dente, estavam ao seu lado todos os momentos por dez anos. E o senhor onde estava?
Disse ela fitando-o com intensidade.
_ Tenho direitos.
Disse ele com voz fraca, sem argumentos para debater. Abaixando a cabeça de vergonha.
_ Vá aos tribunais. Diga ao juiz que quer reconhecer o filho que abandonou no ventre da esposa quando pediu o divórcio. Diga ao juiz que quer participar da vida dele após dez anos de abandono. Diga-lhe que ao longo de todos esses anos que viveu uma vida louca de vícios e prostituição. Veja para quem ele vai dar razão.
Falou a mulher calando o homem.
_ Miguel não tem pai na sua certidão de nascimento. Ele tem a mim e não precisa de uma figura depravada como a sua na sua vida. Volte para o buraco que saiu e se afogue nos seus vícios e nos deixe em paz.
Disse ela virando-se para sair. Roger correu até ela pegando no seu braço a observando de forma seria.
_ Perdão por todo mal que lhe fiz.
Caren puxou o braço que ele mantinha cativo com raiva.
_ Perdão! _ Exclamou com sarcasmo.
_ Fácil pedir perdão após ter destruído os meus sonhos e ilusões juvenis. Devo-lhe agradecer pela sua covardia, aprendi a não confiar em homem nenhum e a valorizar o meu diploma conseguido a muito custo. Não me venha com pedidos de perdão. Saía da minha vida, volte para o buraco que saiu.
Disse ela marchando como uma bala da casa seguindo para o carro com o filho indo embora em instantes. Roger encostou a cabeça na parede e socou a mesma chorando a sua dor e vergonha.
Havia sido um imbecil ao se entregar a luxúria e vícios no passado. Levou uma vida vazia sem sentido. O seu peito era estilhaçado com as consequências dos seus atos. Pela primeira vez tomou consciência deles e como havia agido contra a esposa que sofreu muito com um filho no braço. Dois inocentes pagaram pelo seu plano egoísta e mesquinho. Caiu sentado e chorou muito abraçando as pernas com a cabeça encolhida.
Vivia a dor da consciência que acordava para a vida. A misericórdia de Deus e enorme mais sua justiça e severa. Ninguém se escarnece dele, o que o homem semear irá colher. Essa é a lei divina. E Roger começava a compreender que toda ação traz consequências.
Pela primeira vez compreendeu que nem tudo girava em torno de suas vontades e desejos. Os anos de loucura que viveu no mundo da música havia limitado sua visão do mundo real. No meio musical era tratado com uma divindade entre os mortais, cada desejo e vontade eram prontamente atendidos. Esse modo de viver distorcido havia criado em Roger um caráter egoísta e mimado.
Agora ele sentia na pele as consequências de suas loucuras e a negativa real de realizar os seus desejos perversos e egoístas.
Cansado, sentia o peso de anos de uma vida vazia sem significado para sua alma. Sentia o vazio daqueles que tem tudo e, em simultâneo, não tem nada. Sua conta bancaria era recheada de dólares, era dono de várias propriedades e investimentos, mas seu coração era vazio de amores e de paz.
Era um miserável mendigo, na realidade, por, mas que tivesse todo ouro do mundo, ele seria incapaz de comprar o perdão de Caren e sua convivência com o filho. Todo seu esforço para chegar no topo das paradas musicais não valia nada. Poderia ter qualquer mulher da Terra em seus braços, mas a única que realmente queria lhe era inacessível.
Pensava o rapaz deitando no chão frio, sentindo se o ser, mas miserável do mundo. Sua consciência o acusava de maneira severa, já que por anos ela havia sido amortecida por drogas e bebidas, agora ela clamava os erros do passado e cruel apontava para o coração dele os males feitos a todos e principalmente aquela que havia confiado nele entregando seus sonhos e inocência.