/0/734/coverbig.jpg?v=20210309120633)
CAMERON, TRÊS ANOS ATRÁS...
Meu terceiro ano em New York, e tanta coisa aconteceu. Consegui conquistar tudo o que queria e mais um pouco. Eu havia crescido no mercado de trabalho. (Vir pra cá, foi a cereja do bolo. Recebi incríveis propostas.) Mas algo faltava... Sempre que chegava em casa, depois do trabalho, ou de uma sexta, eu sentia um vazio. Preciso de companhia, claro, mas a aventura de apenas uma noite não preenchia isso.
Meus amigos iriam passar a virada na Califórnia, mas eu não estava nem um pouco interessado, só queria ficar em casa, o trabalho estava me matando.
-Vamos, cara! Vai ser muito foda, tanta gata... -Ele revira os olhos, fazendo uma cara de tarado. - Você vai perder, hein! Cada festa... -Ele mexia o dedo indicador, como se estivesse me dando um sermão. -
-Relaxa, vou ficar de boa. Se diverte por mim. -Disse deitado no sofá, fingindo interesse na TV. - E outra, se eu não ficar, quem vai alimentar o Mike? (Labrador, hiperativo, um ano, gosta de mexer na lixeira, e roubar nossos sanduíches.) Eu fico, e levo ele pra minha casa. Assim você não precisará pagar ninguém.
A ideia de não gastar dinheiro animava John, que logo aceitou. Mas avisou, que não se responsabilizaria pelos atos de Mike. -Eu já esperava- Mais tarde, fui embora, com Mike no banco de trás, com a cabeça pra fora da janela (Típico dos cães. ) Cheguei em casa, arrumei um canto para o Mike, que logo se acomodou. Fui tomar um bom banho e deitar, aquele dia havia sido um saco. Eu não fiz nada! Nada a não ser, ir pra casa de John e beber, nada demais.
Acordei com Mike latindo feito um louco, ele precisava dar uma volta! Coloquei uma calça moletom e uma camiseta branca, um Vans preto. Fiz minha higiene matinal e desci. Encontrei Mike latindo, ele estava na garagem, e concerteza queria sair de lá. Coloquei sua guia e passamos pela cozinha. Peguei uma maçã e saímos. Mais tarde, eu não sabia se iria passar o reveillon em casa com Mike, ou na times square. A segunda opção parecia ser mais convidativa. Me arrumei, colocando uma roupa bem quente, deixei Mike na garagem, onde ele adorava, pois haviam muitos jornais para rasgar, infelizmente. Eu não sabia se ele iria se assustar com os fogos, mas preferi arriscar.
Chegando perto da Times, vi que tinha um estacionamento 24h e aproveitei a chance. Depois, segui até o local desejado. Haviam cadeiras vagas ainda, por incrível que pareça. Mas tinha uma que chamou muito minha atenção, pois ao seu lado uma linda garota estava. Ela tinha cabelos escuros, um sorriso lindo, e olhos... Encantadores. Tinha uma mulher ao seu lado, devia ser sua mãe. Elas conversavam, riam. Eu não resisti, tinha que falar com ela, eu precisava demais. Ignorei o fato de que sua mãe poderia me mandar pastar, assim como ela, e engoli o resto de coragem que me restava naquele ano. Caminhei até ela, o nervosismo percorria meu corpo inteiro, e eu estava suando, naquele frio de sei lá quantos graus negativos, eu estava suando. Sentei ao seu lado, me virei para ela, percebendo que ela sentiu minha presença, pois me olhou. Lhe mandei um sorriso que logo foi retribuído. Comecei a falar com ela. Eu nunca havia dito tanta besteira! Coisas nada a ver, Falei de minha vida, (Porque eu Falei de minha vida?! Idiota! ) ela me ouviu, fez comentários, rimos e percebi seu sotaque.
-Você não é daqui, não é!?
-Não. Sou brasileira, vim pra cá á alguns anos. Estou fazendo faculdade de publicidade. -Ela terminou, dando um sorriso meio envergonhado. E que sorriso!
-Pretende ficar aqui por mais alguns anos? -Perguntei esperançoso.
-Sim, se eu achar o que procuro, talvez até viva aqui. -Ela pôs uma mecha de cabelo para trás de sua orelha e olhou para baixo. Durante toda a coconversa, ela não havia ficado tão envergonhada como agora, e era fofo.
-E o que você procura? -Perguntei, esperando uma resposta que demorou a vir
Enquanto olhava para ela que mantia a cabeça abaixada. Um tempo depois, ela levantou a cabeça, seus olhos brilhavam, suas bochechas estavam ruborizadas, ela tinha um sorriso incrível e sedutor. Acho que conseguiu coragem pra me dizer o que procura
-Procuro... -Ela pausou, com vergonha de continuar. - Procuro um alguém, que não conheço, mas que está por aí, pronto para me fazer feliz.
Após ela terminar, olhou para o lado envergonhada. Então a Bola Neon aparece, ela se vira para a olhar, sorri, depois me olha. Eu não me seguro, parto para um beijo, sem pensar no que poderia acontecer.
Depois daquele beijo, eu vi que era ela que faltava, só ela completaria meu quebra- cabeças.
CAMERON, ATUALMENTE.
Me acordo, (O sol ja estava a nascer, devia ser seis e meia da manha) com Savanna ofegante ao meu lado, dando leves gemidos e balbuciando algumas coisas em português, muito rápido. Ela devia estar tendo um pesadelo.
-Sah! Sah! Acorda! -A balançava de um lado para o outro. -Aquilo estava me assustando, ela nunca havia sonhado daquela forma, ela se contorcia... -SAVANNA!!! -Então ela se acorda, arregala os olhos e me olha assustada. Sua testa estava suada, com alguns fios de cabelo sobre ele. -Você está bem?
Ela se levanta, ofegante, me olha pela última vez, sem dizer nada. Um faixo da luz do amanhecer pega em seu olhar, a fazendo piscar algumas vezes. Assustada, sai rapidamente do quarto, me deixando ali, sem entender nada.
O QUE HAVIA ACONTECIDO COM SAVANNA?