Capítulo 4 KALÉO COLEMAN - O FIM DA BUSCA

Maldito e mentiroso!

Tento mais uma vez ligar para o número do desgraçado, mas só cai na caixa postal. Eu deveria ter pedido o novo endereço desse infeliz ao Mayke, isso é, se ele não mentiu para o MK também sobre sua localização. Mais agora ele não tem para onde correr.

Disco o número do meu amigo.

- Cara, você me ama muito - atende brincalhão como sempre, mas o assunto agora é sério.

- Ayumi me ligou! - digo rápido, não dando espaço para mais brincadeiras. Ele fica em silêncio, então continuo: - Ela está, sim, com aquele, merda, ele mentiu! Você precisa me ajudar ou ele irá matá-la! - minha respiração está acelerada, meu coração parece que a qualquer momento sairá do meu peito, minhas mãos estão tremendo.

- Calma, Kaléo! Fale mais devagar e me conte desde o começo, estou de plantão na distrito há mais de 24h, estou meio lento - respiro fundo e começo a contar.

- Depois que desligamos e resolvi me afundar no trabalho, mas não consegui e aí você me mandou o e-mail com os dados dele e o vídeo. Eu estava vendo o teatro desse verme, e meu celular tocou, como era desconhecido nas primeiras vezes desliguei, porém, a pessoa insistia tanto que quando vi a ficha... A ficha! Ali tem o endereço dele - digo me levantando e saindo do escritório.

- O que você está fazendo Kaléo?

- Vou para lá agora!

- Não vai para lugar algum, me conta isso direito - respiro fundo e falo tentando não me irritar com tudo.

- Assim que atendi, era a voz da Ayumi, era ela! Ela chamou o meu nome...

- Mas, ele disse que ela foi embora com outro, fomos ao apartamento dele com um mandado e vasculhamos tudo lá! Não achamos nem um fio de cabelo da Ayumi - Mayke me interrompe

- Sei disso, Mayke, mas ele é um mentiroso de uma figa e nos enganou certinho, ele enganou a todos - enquanto vou falando com ele, subo para o meu quarto correndo, vou até o closet pegando uma camiseta e coloco o celular no viva voz. Visto a camiseta e depois calço um tênis, pego o celular o tirando do viva voz e escuto barulho de teclas, sei que Mayke está fazendo algo a respeito, depois que relatei os detalhes da chamada de Ayumi. Sei que não é muita coisa, mas já é um início para a encontrarmos.

Saio do meu quarto e desço as escadas, pego as minhas chaves, chamo o elevador que está demorando muito para subir, me deixando ainda mais impaciente do que estou. Mayke diz:

- Kaléo, que barulho é esse? Onde você está?

- Estou descendo as escadas do meu prédio, chamei o elevador, mas ele demorou muito, estou indo aí na distrito - ouço Mayke respirar fundo e não deixo ele começar a dizer.

- Kaléo...

- Mayke não venha com essa de que é perigoso e que isso é coisa para policiais resolverem, eu vou e não há discussão, ela é mais que importante para mim e você sabe disso! Daqui a pouco estou chegando, não quero que você saia daí sem mim - ele respira fundo mais uma vez e diz:

- Ok, Kaléo, eu já rastreei o celular de Carl e ele nem se encontra aqui em San Diego, está em uma cidadezinha afastada, irei te esperar uns 10 minutos e não mais que isso, até porque daqui até a cidade, são quase 35 minutos. Contudo, Kaléo iremos o mais rápido possível, temos que resgatá-la!

- Eles estão aonde?

- Na cidade de Escondido e não podemos demorar muito.

- Ok. Em 10 minutos estou aí - desligo o celular e entro no meu Audi R8 V10 plus.

Assim que saio da garagem piso fundo no acelerador, passo os sinais vermelhos por que a rua está deserta, pois, já é de madrugada e não ligo para as multas que iram vir, chego no décimo terceiro distrito de San Diego em sete minutos e Mayke já está a minha espera no pátio, estaciono o carro pego o meu celular na esperança de que a Ayumi me ligue novamente e desço do carro o trancando, assim que me aproximo dele já o vejo com a cara fechada e sei por que vim correndo.

- Não diga nada, Mayke, a Ayumi é mais importante e você acha mesmo, que eu ficaria preocupado com multas?

- Ok Kaléo, desta vez passa, mas coloque este colete antes de irmos, porque não sabemos o que nos espera e já tem também uma ambulância preparada para a Ayumi e estamos prontos para ir.

Pego o colete de suas mãos, o visto e entramos em seu carro saindo da distrito em seguida, no trajeto todo vou olhando para o meu celular e meu coração vai se apertando cada vez mais. A sensação de que algo não está certo, uma falta de ar me atinge e não sei o porquê, mas acabo abrindo a janela do carro para o vento entrar e bater em meu rosto, vou pedindo a Deus para que a Ayumi esteja bem.

Após uns 30 minutos que mais se pareciam uma eternidade, avistamos uma casa em chamas e Mayke pisa no acelerador pedindo pelo rádio para que os bombeiros da cidade venham imediatamente e fico desesperado. Mayke me diz que aquela é a casa e que não podíamos fazer nada, já que a casa inteira estava tomada pelo fogo e se a Ayumi estiver lá dentro, não teria mais nada o que fazer, desço do carro e um desespero me bate, tenho muitos flashes dos sorrisos da Ayumi e lembranças me inundam, desde que a encontrei naquela noite fria, o que senti na hora em que vi aqueles olhos castanhos, todos os momentos que tivemos juntos e naquela hora sinto que um pedaço do meu coração se foi. Deixo as minhas lágrimas caírem para tentar lavar o meu coração e me fazer acordar deste pesadelo terrível, caio de joelhos e vejo aquelas chamas consumindo tudo e com ela a dona dos seus dias risonhos.

*****

Não sei quanto tempo se passou, só dei por mim quando senti a mão de Mayke em meu ombro me dizendo sentir muito e quando olhei para a casa novamente, o fogo já estava apagado e um policial vem em nossa direção e a minha boca fica seca.

- Senhor, os bombeiros acharam um corpo carbonizado no meio dos escombros e tudo indica ser de uma mulher, já chamamos o médico legista - olho para o Mayke e todo aquele fio de esperança de que ela poderia ter conseguido fugir, se vai.

- Obrigado, Filipe. Kaléo, é melhor você ir para casa, pode ficar tranquilo que te ligo assim que arrumarmos toda papelada para o enterro, vou pedir para o Filipe te levar - não sei nem o que falar, só sigo o tal de Filipe, entramos no carro e vejo quando um carro preto com um símbolo de perícia chega, tiram da parte de trás uma maca e nela há uma espécie de um saco preto, seguem para os escombros.

Nesse momento, arrependimento é o que me define, arrependimento de não ter ficado ao seu lado... tudo o que eu queria era o poder de voltar no tempo e poder vê-la novamente. Minha mente está uma bagunça, meu coração está em pedaços, sou tirado dos meus pensamentos com Felipe me dizendo que chegamos, o agradeço descendo do carro e entro em meu prédio, nada mais está como antes.

Minha mente é invadida com uma enxurrada de lembranças da Ayumi aqui no hall do meu prédio, rindo de algo que aconteceu na faculdade.

Vou em direção ao elevador e o chamo, desta vez ele não demora para chegar e assim que ele chega entro, aperto o botão da cobertura e ele fecha as portas começando a subir e mais uma lembrança me vem...

*Lembranças...*

- Kaléo quero dançar, vai por favor! Vamos dançar? - ela me olha com aqueles olhos castanhos, eles estão grandes e até poderiam usá-la no lugar do gato de botas, não resisto.

- Ok Ayumi, mas só um pouquinho - ela sorri para mim, e é como se eu tivesse de frente com o sol, pois seu rosto se ilumina e ela aperta o botão de emergência fazendo o elevador parar, ela vem até mim e coloca seus braços ao redor do meu pescoço e seguro na sua cintura começando a nos mexer, a nossa dança é silenciosa com a música preferida de cada um em sua cabeça, ela coloca a sua cabeça em meu peito e meu coração dispara como nunca aconteceu...

*Fim das Lembranças.*

Sou tirado da minha lembrança com o elevador avisando que cheguei ao meu apartamento, assim que saio dele entrando no hall do meu apartamento, vejo a sala e todos os meus amigos estão aqui, Olly assim que percebe minha presença se levanta e vem correndo em minha direção e me abraça, não consigo mais aguentar e deixo toda a minha dor sair e choro em seus braços, após me acalmar ela se afasta e diz:

- Kaléo, o que aconteceu? O Mayke me ligou falando que era para virmos á sua casa, que você precisava de nós aqui.

Respiro fundo e digo:

- A Ayumi está morta!

- O quê? Como assim Kaléo? Vocês a acharam? - minhas pernas falham um pouco e preciso me sentar, caminho até o sofá e Olly ainda está lá parada a chamo, quando ela se vira está com o seu rosto banhado em lágrimas e escuto vozes vindo do corredor, são Karol e Hannah param com tudo olhando para mim, depois para a Olly.

Vão até ela e a trazem para o sofá. Will, Jackson e Lucca aparecem também indo para junto das meninas e Jackson me chama.

- Kaléo, o que aconteceu? Por que vocês estão chorando? - meu coração se aperta e começo a ficar sem ar, me levanto e vou até à porta da sacada, a abro e mais uma lembrança me vem...

*Lembranças...*

- Nossa, Léo você fez uma ótima escolha em comprar este apartamento, ele é maravilhoso! - ela sempre me chama assim, do mesmo modo de quando éramos crianças, ela está sorrindo e seus olhos estão num azul tão lindo que me perco em seu sorriso, não é à toa o seu apelido.

- Olha essa vista! - ela diz toda eufórica e vai até à varanda, vou atrás dela.

Eu sabia que ela iria gostar daqui, ela se vira e seu sorriso morre, me aproximo dela e faço um carrinho em seu rosto.

- Você vai mesmo embora para Nova York?

- Sim, preciso! Lá terei mais oportunidades Ayumi - ela se vira e fica olhando a vista, realmente a vista é linda, daqui dá para ver uma boa parte de San Diego.

- É que... eu não queria ficar sem o meu melhor amigo!

- Sei disso, Ayumi, mas voltarei, não se preocupe - vou para o seu lado e quando olho em seu rosto, ela está com os olhos fechados e o vento está balançando os seus cabelos e ela é tão linda! Ela abre os olhos e se vira para mim, coloca a mão na cintura e diz:

- Não é para você arrumar uma melhor amiga por lá não! Está ouvindo mocinho?

Sorrio e digo:

- Nunca minha Smile - ela sorri e me abraça, depois me solta e diz:

- Vamos! Vem me mostrar o resto do apartamento - ela me pega pela minha mão e sai me puxando para dentro novamente...

*Fim das Lembranças...*

- Kaléo me diz o que aconteceu! - Jackson diz e olho para Olly, que está em prantos e digo de uma vez.

- A Ayumi está morta!

- Quê? - Karol e Hanna gritam juntas, Will sai de onde estava indo para perto de Karol, Jackson e Lucca vão para perto de suas respectivas namoradas e agora é Will que diz:

- Co... Como? Você tem certeza?

- Sim e contarei tudo desde o começo...

Começo a contar para eles tudo desde a investigação do sumiço dela, o depoimento de Carl na distrito, a mentira dele, a ligação, tudo... conto tudo e assim que termino todos estão com lágrimas em seus rostos e agora fico me perguntando, o que farei sem a minha doce menina Smile, sem a minha menina sorriso? Tudo isso é culpa minha, se eu estivesse aqui, tivesse cuidado dela como prometi eu não estaria chorando a sua morte.