Capítulo 5 KALÉO COLEMAN - DOR E LEMBRANÇAS

Após contar a eles tudo o que aconteceu, ficaram muito tristes, as meninas choraram muito e não aceitam que ela se foi. Jackson está em choque, porque ele conhece Carl desde pequeno e nos contou que o pai de Carl matou a mãe dele. Que ele foi obrigado a ver tudo e quando o pai de Carl foi preso, sua mãe o adotou e o criou como se fosse um filho, ele o tinha como um irmão.

Depois de um tempo todos foram embora, fiquei sozinho e a dor esmagadora em meu peito e a saudade é a minha única companhia, já são 10 horas da manhã e não consegui dormir, me levanto e vou para o banheiro, preciso de um banho e assim faço; tiro minha calça de moletom e a minha camiseta indo para o box, abro o chuveiro e não espero a água esquentar, já me enfio debaixo dela, deixo a água gelada cair em mim para ver se tira essa dor horrível, mas não! Parece que piora e me sinto como se eu estivesse em uma gaiola preso, não sei o que me dá e começo a dar socos na parede e no vidro do box, até que ele se quebra e só paro quando vejo sangue em minha mão esquerda. Não sinto dor porque a maior está em meu coração e me odeio por não ter estado por perto para protegê-la, ter cuidado dela como devia, ela tinha que ser a minha prioridade e não os meus sonhos estúpidos.

Fico embaixo do chuveiro e deixo a água lavar a minha alma e com ela as minhas lágrimas, ouço meu celular tocar, desligo o chuveiro pegando uma toalha e a enrolo em minha cintura, pegando uma de rosto e enrolo na minha mão, pois ainda está saindo sangue. Saio do banheiro e pego o meu celular em cima do criado mudo e vejo ser Mayke, respiro fundo e o atendo.

- Mayke!

- Kaléo, como você está?

- Péssimo cara, ela era a minha melhor amiga, a minha menina sorriso - sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

- Sinto muito cara, de verdade, a Ayumi era uma menina especial e sei que nunca a esqueceremos - diz e percebo a tristeza em sua voz.

- Sei disso, Mayke... eu sei!

- Então, estou te ligando para avisar que o corpo está liberado e também já expedi um mandato para a prisão de Carl Jenkins, mas não o achamos e acredito que ele fugiu do país, sabemos que o cara tem dinheiro.

- Sim, ele tem e eu tenho mais! Colocarei esse mundo abaixo se preciso for, vou até o fim do mundo, o tiro do buraco que ele estiver e o trago morto ou vivo! Ele pagará pelo que ele fez.

- Kaléo, eu te conheço! Não vá fazer algo que te prejudique e... - o interrompo no mesmo instante.

- Mayke, a Ayumi é da minha família e ele irá pagar, sim, pelo que fez e irei matá-lo com as minhas próprias mãos. Não terá nada que você possa fazer para mudar isso, a não ser me matar! - ele fica mudo ao telefone e sei que ele entendeu.

- Vou só colocar uma roupa, daqui a 20 minutos te encontro no IML para a retirada do corpo e se você puder avisar a todos do velório, eu agradeço.

- Você sabe que o caixão será lacrado e que o velório não poderá demorar muito.

- Sim, Mayke sei disso, até daqui a pouco.

- Até. Ah! O seu carro já está na garagem.

- Obrigado - desligo e caio de joelhos, lágrimas lavam o meu rosto, pois não poderei ver a minha Smile. Não poderei nunca mais ver aquele lindo sorriso e nem seus olhos lindos que me faz lembrar o céu azul num dia quente de verão, sentirei falta do meu anjo dos olhinhos puxados, a minha menina sorriso.

****

Depois de um tempo me levanto limpando minhas lágrimas, vou ao banheiro, lavo o meu rosto e abro o armário pegando uma caixinha e nela está escrito: "Kit para as idiotices do meu esquentadinho! De Sua Menina Sorriso".

Sorrio ao ler isso e a lembrança dela mais uma vez, me invadem...

*Lembranças...*

- Toma Kaléo e guarde isso no armário do seu banheiro - pego a caixa da mão dela e está escrito: "Kit para as idiotices do meu esquentadinho"

- O que é isso Ayumi?

- É um kit para quando você fazer as suas burradas ora! Você é muito esquentadinho e sempre está se metendo em confusão, então fiz dois - ela diz mostrando dois dedos e sorrindo, assim como ela fazia quando era pequena.

- Um para você levar na sua viagem e outro para você deixar aqui no seu apartamento, sei que irá se meter em alguma briga - olho para ela sem acreditar que ela está me dando um kit de primeiros socorros, começo a rir e ela fecha a cara.

- Não tem graça Kaléo, serei realista! Uma hora ou outra você irá usar e você sabe disso.

- Obrigado pelo voto de confiança Yumi, fiquei tocado - digo fingindo limpar uma lágrima, ela se levanta do sofá colocando as mãos na cintura igual a minha mãe faz, quando chama a nossa atenção.

- Quem não te conhece que te compre Kaléo Coleman, você não vale nem uma moedinha de um cent.

- Estou chocado! - digo com a mão sobre o peito, fazendo uma expressão de indignado.

- Você deveria tentar carreira em Hollywood! Treine um pouco mais na frente do espelho, para tentar me convencer, porque isso está péssimo! - ela diz e vai em direção a cozinha, sorrio olhando para as caixas e essa baixinha me conhece muito bem!

*Fim das Lembranças...*

Volto a mim, passo meus dedos por cima do seu nome escrito na caixa e a abro, pego gaze, álcool, uma pomada para cicatrização e uma faixa, coloco a caixa de lado. Limpo o corte em minha mão, depois faço o curativo e fecho a caixa a guardando no mesmo lugar que ela deixou e saio do banheiro, vou até o meu closet e pego um terno de três peças preto e me visto, pego os meus sapatos e os calço; vou até à gaveta pegando o colar que ela me deu quando éramos crianças e mais uma lembrança vem como se isso tivesse acontecido ontem e não há quase 17 anos...

*Lembranças...*

Faz 6 meses que estou morando na casa da Hávah e estou indo ver a Ayumi, assim que avisto a casa, já a avisto no portão com um vestido rodado rosa, com o seu longo cabelo castanho solto e com uma tiara de princesa. Quando Jhon para o carro e destrava a porta, já desço e ela abre um lindo sorriso e isso me alegrar tanto, amo os sorrisos dela e aqueles olhos castanhos brilhantes iluminam o meu dia.

Ayumi vem correndo e me abraça, depois pega a minha mão e me leva para dentro, seguimos até o nosso balanço favorito com ela dizendo:

- Que bom que veio me veio Léo, estava com saudades!

Sorrio por ela ainda não conseguir falar o meu nome direito, mesmo eu tentando ensinar várias vezes a pronúncia com a letra K, ela nunca consegue.

- Eu também estava Ayumi.

Ela sorri e sobe no balanço, faço o mesmo me sentando ao seu lado, já que o balanço é duplo, então começamos a nos balançar e Ayumi diz toda alegre:

- Comecei a ir à escola Léo, lá é tão legal, a tia é tão boazinha! Você já está indo na escola?

- Que legal Ayumi! Sim, estou indo sim. Ah! Tenho uma novidade.

- Ebaaa! Amo novi... novi...

- Como é mesmo a palavra que você falou?

- Novidade.

- Isso, gosto do som da palavra, parece ser algo bom.

- E é, quando uma pessoa quer te contar uma novidade, significa que é algo que pode te deixar feliz.

- Ah! Por isso gostei da palavra - ela diz sorrindo, voltando a se balançar.

- Então, a novidade é que Hávah e Jhon me contaram que irão adotar mais uma criança, já que tem o Will e eu, agora a Hávah quer uma menina.

- Que legal! Então você terá uma irmãzinha - diz e bate palmas.

- Se a tia Carmem não tivesse te adotado, você poderia ser minha irmã.

- Mas, a tia Carmem disse que a Amora é a minha irmã de aqui no coração, então você também pode ser Léo.

- Então somos irmãos - ela se vira um pouco e levanta o seu dedinho.

- Jura juradinho de dedinho mindinho?

- Sim, eu juro - Pego o seu dedinho mindinho com o meu e encostamos os nossos polegares um no outro, ela sorri e sorrio para ela que se solta voltando a se balançar.

Ficamos um bom tempo no balanço, a Hávah me chama para irmos embora e assim que levantamos, Ayumi pede para esperar que ela irá buscar um presente para mim e sai correndo. Tia Carmem fala para ela não correr e ela pára, se vira dando um sorriso e depois começa a andar, assim que ela sobe escadas, ela solta uma gargalhada voltando a correr. Sorrio dela, Yumi ainda continua aprontando! Tia Carmem diz que ela não tem jeito, não demora muito e ela volta e para na minha frente estende a mão, nela há um cordão preto e na ponta tem um pingente no formato de um sorriso.

- Toma Léo, esse é para você! - Yumi diz e olho para a Tia Carmem, ela faz um gesto positivo com a cabeça dizendo:

- Ela passou 3 semanas vendendo limonada para comprar este colar - diz e caminha para entrar na casa, Ayumi sorri.

- Atrás tem o meu nome - ela diz e pego da sua mão, viro o pingente e vejo o seu nome, coloco no meu pescoço.

- Olha! Eu também tenho um - Me abaixo um pouco e quando olho vejo um colar em seu pescoço e tem um pingente de coração com o meu nome escrito dentro, sorrio para ela.

- É para gente nunca esquecer um do outro. Te Amo Léo e é para sempre!

A abraço e me aproximo mais para dar um beijo em sua bochecha, mas acabo beijando seus lábios, me afasto correndo dela que coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha, dando um sorriso tão lindo e seus olhos brilham.

- Também te amo, minha menina sorridente.

Assim que digo, seu sorriso aumenta e com toda a certeza, sonharei com esse lindo sorriso!

*Final das Lembranças...*

Volto a mim, pegando o colar e o colocando em meu pulso, dou uma volta para que se ajuste ao tamanho certo e saio do quarto. Desço as escadas pegando minhas chaves e a minha carteira no aparador, chamo o elevador e assim que as portas se abrem entro, aperto o botão da garagem e desço. Chego e caminho em direção ao meu carro, então entro o ligando e vou em direção ao IML para a liberação do corpo da Ayumi.