Capítulo 4 Um encontro inusitado com ele

Capítulo 4

Farrah

Marcus se afastou de mim mais rápido do que o normal. Eu estava acostumada dele ser frio comigo, mas ali ele estava um próprio iceberg.

A mulher tinha seguido para a cozinha com a pirralha e ele me olhou estreitando o seu olhar.

- O que te deu para fazer isto? Você sabe que eu não gosto que você tenha este comportamento na frente da Marie.

- Desculpe amor, foi a saudade. - Alisei seu peitoral e ele soltou uma respiração pesada.

- Tudo bem, vamos tomar café da manhã depois vou levar você para onde quiser ir. Mas tenho uma reunião as onze.

Eu sorri vitoriosa e segurei em seu braço enquanto entrávamos na sala de jantar. O café da manhã estava servido lá.

A babá da pirralha estava sentada ao lado dela auxiliando-a a comer. A velha Rose se aproximou de nós enquanto sorria.

- Vocês desejam algo mais?

- Você não fez os seus biscoitos de nata? Eu realmente os adoro... - era uma mentira eu os odiava.

Mas eu tinha que fingir simpatia por todos. Evitava interação com a pentelha pois ela me odiava.

- Eu não sabia que a senhora viria, caso contrário teria feito. O café da manhã foi preparado por Dalila.

Ao menos uma informação interessante naquela mesa. Sorri para a velha agradecendo a gentileza enquanto Marcus me servia um pouco de suco de laranja.

Bebi o suco e comi um pedaço da panqueca.

- Nossa o suco está muito doce e a panqueca está muito gomosa. Ainda bem que ela não vive de cozinhar e sim de ser babá.

- Pare com isto. - Marcus me repreendeu.

Dalila ficou vermelha, mas continuou brincando com a garota que de repente disse algo incompreensível pegando na mão de Rose e a retirando do lugar.

- Desculpe Dalila, fui indelicada. Eu apenas não gostei. Mas olha o Marcus está devorando todas. Amor, seu apetite está bem parecido quando você me devora na cama.

Alisei o volume em sua calça e Marcus me deu um olhar mortal. Eu olhei para a tal Dalila, que apesar de estar vermelha mantinha o seu olhar no prato a sua frente.

- Farrah...

- Amor, eu estou com saudade de estar na cama com você e te satisfazer como você gosta.

- Já chega Farrah. O que deu em você?

- Tudo bem, de qualquer maneira temos até antes da sua reunião para matarmos a saudade.

Ele ficou calado, mas eu sabia que tinha atingido o limite e não poderia mais provocar, ele me repreenderia novamente na frente daquela mulher.

Ela continuava se fazendo de desentendida, pediu desculpas e foi para a cozinha. Eu teria que ter cuidado, a pirralha gostava dela e pelo jeito Marcus nutria algum interesse, eu tinha que acabar com aquilo, mas deveria ser lentamente.

Dalila

Eu estava tremendo lavando alguns pratos na cozinha, eu não entendia o comportamento da namorada do Senhor Marcus. Ela foi deselegante e parecia estar com ciúmes, se ela soubesse como ele me trata ficaria tranquila.

Logo escutei os passos da pequena Marie correndo em direção a cozinha e ela entrou com suas bonecas.

- Eu trouxe meus bebês "pra" você mamãe ...

Ela me mostrava uma por uma rindo e eu não conseguia parar de rir do seu jeitinho meigo. Mas em alguns momentos ela era extremamente mimada e irritante como o pai.

Eu teria muito o que ensinar para ela. Era apenas uma garotinha que não teve uma mãe carinhosa ao seu lado. E eu poderia cuidar dela, mesmo que não fosse por dinheiro, eu sentia muito carinho por aquela pequena.

Enquanto brincava com ela me peguei lembrando de como era estar com mamãe, ela era muito doce comigo, pena que se foi tão jovem e papai se casou com a pior madrasta que eu poderia ter.

O telefone tocou no bolso da minha calça, assim que eu atendi a voz da minha amiga me encheu de alegria.

- Dalila, estou chateada com você.

- Bom dia para você também Isabel. - Sorri.

- Você está em débito como amiga, preciso de você hoje à noite. Vamos em uma festa. Você disse que estará de folga então...

Olhei para Marie que brincava de dar comidinha para a sua boneca. Eu amava cuidar dela, mas desde que cheguei naquela casa as minhas noites eram uma bagunça de sentimentos, eu me sentia feliz com ela em meus braços, mas ter Marcus tão perto, sentir seu perfume me deixava inquieta. Ele não facilitava as coisas para mim, com aquele corpo perfeito.

Eu merecia realmente descansar e aquela noite era a folga que eu poderia ter. Então eu me organizaria com Rose e conversaria com Marie.

- Tudo bem, eu vou. Me mande o endereço te encontrarei lá.

- Perfeito. Nos vemos lá e vista o seu melhor vestido.

Sorri com a sua animação. Nos despedimos e voltei a brincar com Marie, mais tarde eu explicaria a ela que eu não poderia estar no momento que ela iria para a cama, mas que eu chegaria mais tarde e daria um beijo nela antes que eu fosse dormir.

***

Naquela noite...

Assim que desci do táxi no endereço que Isabel me passou, eu fiquei aliviada por te vestido o melhor vestido que eu tinha comprado. O lugar era luxuoso, eu não poderia esperar menos de Isabel a pintora mais famosa de Paris.

Eu estava pegando o meu celular na bolsa quando vi sua figura elegante dentro de um microvestido caminhando em minha direção. Isabel tinha uma beleza exótica com seus longos cabelos ondulados e olhos amendoados.

- Você está linda! - Ela me abraçou

- Você está linda também. Me desculpe a ausência, o emprego está...

- Eu já te falei que isto é uma loucura. Eu poderia te ajudar com o dinheiro...

- Amiga, você já fez muito por mim, não posso aceitar. - Eu a confortei

- Tudo bem, eu não vou insistir. Mas espero que saiba o que está fazendo. Se mudar de ideia sabe que pode contar comigo.

- Eu sei, agora vamos.

Entramos na boate e o que vi no interior me deixou ainda mais perplexa. Além de obviamente ser um ambiente luxuoso, estava cheio de homens bem-vestidos e sorridentes.

- Isto é algum tipo de strip-tease? Ou algum desfile de moda masculino?

- Divertida você, mas não. Apenas um clube para a alta sociedade socializar, pense que aqui é como um Tinder da vida real.

- Você me surpreende...

- Eu sei, vamos beber e dançar. Ainda temos muito o que falar senhorita.

- Eu não tenho muito a contar. - Falei enquanto íamos em direção ao bar.

- O que quer beber? - Ela me perguntou quando o garçom se aproximou.

- Água....

- Sério? - Ela me olhou incrédula

- Tudo bem, mas não quero exagerar. Vou beber um vinho frizante.

Eu não suportava bem o álcool e além do mais eu queria estar bem para quando voltasse para casa e principalmente não ter ressaca no dia seguinte.

Ela pediu um champagne e começamos a conversar.

- Então, você realmente está namorado? - Perguntei depois de tudo o que tinha me contado sobre seu atual.

Ela ficou sem jeito e isto era uma grande novidade para mim. Isabel era sempre segura de si e muito desinibida.

- Sim, Leonardi é maravilhoso. Todos os dias me envia rosas, organizou vários passeios maravilhosos e surpresas diárias...

- Uau! Nunca te vi falar assim de alguém. Realmente está apaixonada. - Sorri

- Sim, estou. E me faz bem. Você deveria tentar superar aquele seu ex idiota. Vocês nunca transaram afinal e...

- Fala baixo. E sim, ele era um babaca. Mas eu ainda não me sinto pronta para ninguém. Meu objetivo agora é trabalhar e ajudar vovó.

- Eu sinto muito amiga. Mas nada de tristeza, ao menos esta noite vamos nos divertir. Combinado?

Eu já não me permitia diversão fazia muito tempo. Eram tantas coisas ruins acontecendo, a amnésia depois do acidente era o que mais me incomodava.

Pois tinha levado um pedaço da minha vida, precisamente meses que eu não conseguia lembrar por mais que me esforçasse.

Mas o meu maior trauma infelizmente ainda pairava a minha mente de vez em quando. Mesmo eu frequentando uma terapeuta.

- Vamos, te chamei para dançar, venha! - Isabel me puxou para a pista me fazendo rir.

Eu a acompanhei na bebida e dançamos muito. Em um certo momento na pista de dança me vi cercada por vários homens que me observavam dançar, todos em volta de mim.

Olhei para o lado e Isabel estava acompanhada e nem tinha visto o que estava acontecendo, eu estava ficando constrangida, os homens não estavam fazendo nada demais, mas eu não me sentia confortável sendo o centro das atenções.

- Não pare de dançar, você dança muito bem.

Um dos homens sorriu gentilmente para mim.

- Obrigada. - Respondi sem graça.

-Por favor, continue dançando, somos amigos da Isabel, queríamos apenas te fazer companhia.

Eu sorri apesar do meu desconforto eles não estavam me fazendo nada, apenas sorrindo e dançando comigo, nem estavam próximos ao meu corpo.

Mas eu sempre ficava receosa em situações do gênero. Mesmo assim tentei ser simpática.

- Obrigada pela gentileza, mas realmente estou cansada.

Eu já estava me preparando para sair dali quando o homem a minha frente olhou para alguém atrás de mim que ele cumprimentou.

Algo me fez olhar para trás e para o meu espanto lá estava Marcus com Farrah grudada em seu corpo.

Eu não entendia como ele podia me afetar tanto, mesmo de longe. Ele estava vestido em um terno elegante que realçava o seu corpo definido.

Mesmo naquela distância eu podia perceber que o seu olhar estava em mim e eu podia jurar que além do ódio e desprezo, ali estava um olhar de julgamento por eu estar cercada por homens. Virei rapidamente meu rosto, evitando seu olhar.