Capítulo 3 Bem Vindos a Ilha Caligo

- Como é possível uma ilha desse tamanho não ter um aeroporto? - indagou Mei, chamando a atenção de Hayato, enquanto olhavam para a ilha que se aproximava. Um pouco nervoso, ele concordou que era estranho uma ilha tão grande não ter espaço para um aeroporto. Hayato desviou o olhar, meio envergonhado, e continuou:

-O mais estranho é que essa ilha não está no mapa e não há sinal de celular para pesquisar sobre ela na internet...

Eles estavam na Ilha Caligo, uma ilha enorme e maravilhosa, cercada por água tão clara e limpa que quase dava para ver o fundo. Havia árvores verdes e chalés dignos de cinco estrelas, um verdadeiro oásis. Cada um tinha a chave com o número do seu chalé nas mãos, e eles foram misturados com alunos de outras escolas sem saber a razão. O chalé de Hayato era o único sem mais ninguém além dele. Mei, Emi, Yuna e mais três garotas estavam no chalé ao lado de Hayato. A ilha era tão tranquila e pacífica, e, no entanto, havia algo misterioso e inquietante no ar, como se houvesse segredos sombrios escondidos sob a beleza da ilha.

Todos estavam animados e encantados com a beleza da ilha. Os nativos eram extremamente educados e carismáticos, mas Hayato sentia que algo estava errado. Ele se juntou aos outros para um passeio na praia e viu o mordomo que havia verificado suas passagens na outra ilha. Hayato continuou a observar enquanto o mordomo adentrava mais a ilha.

- Acho que ele deve morar por aqui - disse Yuna, notando o interesse de Hayato pelo mordomo.

- Deixa o coitado do mordomo em paz e vem dar um mergulho com a gente - falou Emi, puxando Hayato para a praia. Todos estavam se divertindo muito e, sem perceberem, a noite chegou.

Mei se juntou a Hayato e aos outros e os convidou para acender uma fogueira. Enquanto bebiam e se divertiam, Hayato ainda pensava sobre a ilha e o que havia de tão estranho nela.

- Hayato, por que está aqui sozinho? - perguntou Mei, preocupada.

Hayato ficou um pouco envergonhado por ela estar tão próxima dele e balançou a cabeça, indicando que não era nada. Mas Mei não desistiu e pegou na mão dele, levando-o para a fogueira junto com os outros. Lá, todos se divertiram juntos, enquanto a noite passava.

No chegar da madrugada, todos se dirigiram para seus chalés. Hayato, enquanto caminhava em direção ao seu chalé, ouviu um barulho estranho vindo da floresta. Curioso e um pouco temeroso, decidiu verificar o que poderia ser. Chegando à floresta, notou marcas no chão que pareciam ser de patas. Apesar do medo, decidiu seguir as pegadas, que o levaram a uma estrada longa subindo a montanha. No final dessa estrada, meio encoberto por neblina, avistou algo que parecia ser um castelo.

- Mas o que é isso...? - perguntou a si mesmo, perplexo.

Hayato não se atreveu a prosseguir e decidiu voltar em direção ao seu chalé. No entanto, enquanto se aproximava da praia, escutou gritos vindos da direção do chalé das meninas. Ele imediatamente correu para ajudá-las e, chegando lá, viu algo que jamais imaginou que veria em sua vida: uma criatura humanoide com aparência de lobo tentando entrar no chalé das meninas. A criatura parou quando avistou Hayato, ficando imóvel enquanto o encarava.

Em um ato desesperado para tentar salvar as meninas, Hayato gritou:

- Ei!!! Vem me pegar!!!

A criatura o perseguiu enquanto Hayato corria desesperadamente para a floresta. Porém, em um determinado momento da perseguição, um sino tocou, e a criatura parou de correr e ficou encarando Hayato. No terceiro badalar do sino, a criatura seguiu em direção ao castelo que Hayato havia avistado anteriormente. Hayato retornou ao chalé das meninas, perguntando se elas estavam bem.

- O que era aquilo? - perguntou Mei, ainda tremendo.

- Não sei bem o que era, mas era um animal grande - respondeu Hayato, ofegante.

Quando tudo se acalmou, as meninas voltaram para o chalé e Hayato decidiu ir novamente ao caminho do castelo. Como o dia começava a clarear, ele achou que seria melhor para ver o castelo durante o dia. No entanto, ao chegar ao fim da floresta, onde tinha visto o caminho para o castelo, percebeu que não existia nada ali, apenas mais floresta. O caminho e o castelo haviam desaparecido, como se nunca tivessem existido. Hayato ficou perplexo com o que havia presenciado, e isso o deixou inquieto.

Após o incidente da noite anterior, Hayato se sentiu cada vez mais inquieto e desconfiado. Ele tentou localizar o mordomo que os trouxera para a ilha, mas não havia rastros dele em lugar nenhum. Quando ele relatou o que aconteceu na noite anterior ao resto do grupo, eles simplesmente descartaram suas preocupações, sugerindo que talvez fosse apenas um animal procurando comida e que não haveria mais problemas. Hayato não conseguia aceitar essa explicação fácil. Ele se sentia incomodado com a falta de atenção dada ao desaparecimento do guia e ainda mais com o fato de que poderia estar alucinando o castelo que viu na ilha. Ele começou a fazer perguntas sobre o castelo para os habitantes locais, mas suas respostas eram sempre vagas e evasivas. Determinado a descobrir a verdade, Hayato decidiu reunir coragem e esperou a noite cair para voltar à floresta e verificar se o castelo era real ou uma alucinação.

Enquanto se dirigia para a floresta, Hayato ouviu um barulho estranho novamente. De repente, Mei apareceu atrás dele e gritou:

-BUUU! -

Hayato se assustou e perguntou o que ela estava fazendo ali.

-Eu quis vir com você. Não queria deixar você se divertir sozinho. - disse Mei sorrindo.

Hayato ficou surpreso, mas ao mesmo tempo agradecido pela companhia, então continuaram caminhando pela floresta enquanto ele explicava seus motivos para querer seguir o caminho até o fim. Ele contou a ela sobre o misterioso castelo que tinha visto e como ele havia desaparecido pela manhã. Mei achou difícil de acreditar, mas ficou intrigada com a convicção de Hayato e decidiu ouvir mais.

-Ok, então vamos dizer que há um castelo aqui - disse Mei com ceticismo. -Por que ele desapareceria ao amanhecer? Isso não faz o menor sentido. -

Hayato suspirou, sabendo o quão louca sua história soava.

-Eu não sei. Mas eu tenho que descobrir. É como se algo estivesse me chamando para aquele castelo. -

Mei tentou convencê-lo a retornar para o chalé. Mas, de repente, um sino tocou chamando a atenção dos dois. Quando olharam para a frente, viram um portão gigantesco se revelar bem diante deles, como se tivesse aparecido do nada. Hayato e Mei ficaram chocados com a visão e não conseguiam acreditar no que estavam vendo. O portão era imenso, com esculturas elaboradas e detalhes intrincados. Parecia um portal para outra época. Mei olhou para Hayato, os olhos arregalados, mas ele estava paralisado, observando a entrada do castelo com fascínio.

- Eu não acredito nisso...- sussurrou Mei, sem desviar o olhar do portão.

- Eu... Eu não estou alucinando, certo? - perguntou Hayato, ainda sem acreditar no que seus olhos viam.

- Não, definitivamente não. - respondeu Mei, agora com a mão no queixo, estudando a estrutura do portão.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, absorvendo a magnitude do que tinham encontrado. Hayato finalmente deu um passo adiante, hesitante, em direção ao portão.

- Não podemos apenas deixar isso passar, não é? - disse ele, olhando para Mei.

- Não mesmo. - Concordou ela, seguindo Hayato em direção ao portão.

Conforme se aproximavam, a sensação de estar em outro mundo só aumentava. O portão era ainda mais impressionante de perto, com detalhes tão elaborados que pareciam impossíveis de se esculpir. Eles não podiam ouvir nenhum som vindo de dentro do portão. Será que havia alguém ou algo dentro do castelo?

Os portões se abriram com um rangido sinistro, revelando um interior escuro e misterioso. Hayato hesitou por um instante, sentindo uma pontada de medo percorrer sua espinha, mas logo reuniu coragem e avançou passando pelo portão.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022