Depois de concluir o procedimento de soltura de Flávia, o delegado pediu a Bianca que aguardasse.
- Por que estão demorando tanto? Já não aguento mais ficar aqui - reclamou Adela, impaciente.
- Como é bom ver você, filha - Flávia disse, em um tom carregado de ironia.
Bianca se virou para a mãe com determinação. - Já está tudo resolvido. Estou indo embora e nunca mais ouse me ligar ou ligar para minha assistente.
- Como ousa falar assim comigo? Eu ainda sou sua mãe! - Flávia sentiu o nó na garganta.
- Não me venha com este papo de mãe! - A voz de Bianca saiu embargada. - A senhora deixou de ser minha mãe no dia em que o meu pai morreu.
- Até quando você vai me culpar pela morte do seu pai, filha?
- Não me chame assim, já disse! Vou cortar todos os laços com a senhora! Não tenho mãe. A minha mãe morreu no dia em que o meu pai morreu!
Lágrimas escorriam pelo rosto de Bianca. Ela se virou e saiu apressadamente da delegacia.
Flávia cambaleou, as palavras da filha cravadas em seu peito como uma faca. Adela olhou para ela, sem piedade.
- Vai ser bem melhor se a senhora ficar bem longe dela - disse a amiga, antes de sair correndo atrás de Bianca.
☕ Na Cafeteria
Adela encontrou Bianca sentada na calçada da estrada, o corpo encolhido. A imagem partiu seu coração.
- Bia, vai ficar tudo bem. Levante-se - pediu Adela, aproximando-se.
Bianca olhou para ela e permitiu que mais lágrimas caíssem.
- Prometo a você que esta será a última vez que choro por causa dela - disse Bianca, levantando-se com a ajuda da amiga.
- Assim espero! - exclamou Adela, puxando-a. - Vamos. Aqui perto tem uma cafeteria que faz os melhores doces.
- Você sabe que não gosto muito de doces.
- Eu sei. Só queria arrancar um sorriso deste lindo rosto.
Bianca sorriu, agradecida pelas piadas da amiga. Em poucos minutos, chegaram à cafeteria.
- Bom dia, senhoritas! O que vão pedir? - O garçom perguntou, sorrindo e sem disfarçar o olhar em Bianca.
- Eu vou querer um suco de laranja e um sanduíche misto com salada - pediu Bianca.
- Para mim, pode ser um milk-shake de morango e uma fatia de bolo.
O garçom anotou os pedidos e se afastou.
- Amiga, o garçom não parava de olhar para você. Aposto que ele está afim - cochichou Adela.
- Nada disso. Admito que ele é bonito, mas no momento não é hora para eu pensar em namorar ou ter um caso. Para Bianca, era muito cedo para um relacionamento sério; seus casos eram apenas sexo e nada mais.
- Entendo. O seu celular está tocando - alertou Adela.
Bianca pegou o celular e atendeu a assistente. Dez minutos depois, encerrou a ligação. O garçom voltou, deixou os pedidos na mesa e piscou para Bianca, que sorriu de volta. Adela já saboreava o bolo.
- O que você tanto procura neste celular que não come?
- Sara me disse que fotos do senhor Piedmont e da Flávia foram expostas na mídia, causando um alvoroço nas redes sociais.
- Isso não é nada bom! O que estão dizendo?
Adela pegou o celular para checar os comentários. Na primeira imagem, Flávia e Ariel estavam perigosamente perto, no momento do esbarrão.
- Quem é esta senhora? - Adela leu um dos comentários em voz alta. - "Será que ela será a nova senhora Piedmont?"
Bianca sentiu o estômago gelar.
- Olhe este aqui - continuou Adela. - "Pelo visto o senhor Piedmont já superou a morte de sua esposa, que faleceu há oito anos."
De repente, as imagens e os comentários desapareceram.
- Cadê? Sumiu de repente! - exclamou Adela.
- Também não estou encontrando a página - respondeu Bianca.
- O senhor Piedmont mandou excluir tudo! Ele é tão poderoso que isso deve ter sido moleza. Aposto que a Flávia está por trás disso - afirmou Adela com convicção.
- Também acho. Já pedi para Sara investigar. Vamos ver o que ela está aprontando desta vez.
Depois de meia hora, as duas saíram da cafeteria