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Tiro as bagagens do porta malas e sinto
os poucos pingos de chuva cair em mim. Finalmente tinha chegado nesse lugar depois de horas sentada.
Sabrina entregou o dinheiro para o
motorista e ele rapidamente deu partida.
Observei a casa a minha frente.
Ela tinha um tom de amarelo desbotado,
telhado preto e janelas grandes, por algum motivo eu sentia uma melancolia olhando essa casa.
-Uau, esse lugar continua o mesmo de
sempre - Nem percebi que ela tinha
aparecido atrás de mim - Vamos?
Respirei fundo e abri os portões de ferro,
nenhuma trave aparentemente.
Caminhei pelo jardim muito bem cuidado mas com a mesma energia da casa e subi as poucas escadas que davam acesso a porta.
Toquei a campainha e arrumei minha
postura, precisava manter uma boa
da mim m
Em poucos segundos a porta foi aberta e
uma senhora uniformizada apareceu. Seus
olhos se encheram de escuridão quando ela notou a presença de minha mãe atrás
de mim.
- Bom dia, você deve ser a Leticia - Era
como se já esperassem minha presença.
Bom dia, Valentina - Minha mãe fala.
-Ah, olá dona Sabrina - Parecia ter
alguma coisa mal resolvida entre as duas
- Meus pêsames por seu marido.
- Obrigada - Sei o quanto minha mãe odeia essa sensação de dó que as pessoas sentem ao saber dos acontecimentos
recentes.
-Quer ajuda com as malas? - A
senhorinha pergunta para mim.
Claro Tento ser o mais simpática possível e ajudo ela a pegar minha bagagem.
- Bom, acho que chegou a hora de se
despedir - Viro em direção a minha mãe e
sinto seus braços circularem minha cintura -Eu sei que você vai se dá bem. Tem certeza? Eu posso ser morta antes
da gente se ver de novo-Ela me solta e
passa as mãos pelo meu rosto.
-Se cuida, por favor - Minha bochecha
ficou úmida quando ela me deu um beijo-
Tchau, querida.
Aperto a alça da mala e entro na grande
casa, olho uma última vez para minha mãe
antes das portas se fecharem.
Observei tudo que tinha ao meu redor e
vi algumas decorações que pareciam até
mesmo de outra década, tudo aqui é muito
requintado.
- Você deve tá cansada da viagem, vou
fazer algo para você comer, mas antes vou te mostrar seu quarto - Ela caminha até a escada e eu a acompanho- Você cresceu
tanto.
- Acho que sim-O que fazer para tornar
as coisas mais agradáveis? - Onde estão
meus tios?
- Eles ainda estão no trabalho, não sei quando vão voltar-Pelo menos não vou ter que lidar com isso agora.
Subimos degrau por degrau e quando
chegamos ao corredor, reparei em um
grande quadro de uma mulher.
A moça era jovem, mas parecia ter idade
o suficiente para possuir uma certa
maturidade. Seus trajes eram pretos e
o que se destacava era seu chapéu com um tule, mostrava bastante poder e personalidade.
Chacoalho a cabeça para afastar a sensação
de familiaridade e volto ao meu caminho.
Paramos de frente a uma porta branca, com a fechadura em um formato
engraçado.
Ela abriu a porta e não me surpreendi ao ver o quarto. Não tinha nada demais, era básico.
- O que achou?
-Eu gostei - Não preciso falar a verdade
a todo momento, Que bom! Vou deixar você se instalar,
pode deixar suas coisas no guarda-roupa
ou até mesmo nas malas, posso arrumar
tudo depois. - Obrigada - Ela dá um aceno com a
cabeça e sai do quarto. Sua alegria era
estranha para um dia chuvoso.
Respiro fundo e sento naquela cama macia,
acho que não têm mais como fugir da
realidade.