Capítulo 2 Casa nova

Tiro as bagagens do porta malas e sinto

os poucos pingos de chuva cair em mim. Finalmente tinha chegado nesse lugar depois de horas sentada.

Sabrina entregou o dinheiro para o

motorista e ele rapidamente deu partida.

Observei a casa a minha frente.

Ela tinha um tom de amarelo desbotado,

telhado preto e janelas grandes, por algum motivo eu sentia uma melancolia olhando essa casa.

-Uau, esse lugar continua o mesmo de

sempre - Nem percebi que ela tinha

aparecido atrás de mim - Vamos?

Respirei fundo e abri os portões de ferro,

nenhuma trave aparentemente.

Caminhei pelo jardim muito bem cuidado mas com a mesma energia da casa e subi as poucas escadas que davam acesso a porta.

Toquei a campainha e arrumei minha

postura, precisava manter uma boa

da mim m

Em poucos segundos a porta foi aberta e

uma senhora uniformizada apareceu. Seus

olhos se encheram de escuridão quando ela notou a presença de minha mãe atrás

de mim.

- Bom dia, você deve ser a Leticia - Era

como se já esperassem minha presença.

Bom dia, Valentina - Minha mãe fala.

-Ah, olá dona Sabrina - Parecia ter

alguma coisa mal resolvida entre as duas

- Meus pêsames por seu marido.

- Obrigada - Sei o quanto minha mãe odeia essa sensação de dó que as pessoas sentem ao saber dos acontecimentos

recentes.

-Quer ajuda com as malas? - A

senhorinha pergunta para mim.

Claro Tento ser o mais simpática possível e ajudo ela a pegar minha bagagem.

- Bom, acho que chegou a hora de se

despedir - Viro em direção a minha mãe e

sinto seus braços circularem minha cintura -Eu sei que você vai se dá bem. Tem certeza? Eu posso ser morta antes

da gente se ver de novo-Ela me solta e

passa as mãos pelo meu rosto.

-Se cuida, por favor - Minha bochecha

ficou úmida quando ela me deu um beijo-

Tchau, querida.

Aperto a alça da mala e entro na grande

casa, olho uma última vez para minha mãe

antes das portas se fecharem.

Observei tudo que tinha ao meu redor e

vi algumas decorações que pareciam até

mesmo de outra década, tudo aqui é muito

requintado.

- Você deve tá cansada da viagem, vou

fazer algo para você comer, mas antes vou te mostrar seu quarto - Ela caminha até a escada e eu a acompanho- Você cresceu

tanto.

- Acho que sim-O que fazer para tornar

as coisas mais agradáveis? - Onde estão

meus tios?

- Eles ainda estão no trabalho, não sei quando vão voltar-Pelo menos não vou ter que lidar com isso agora.

Subimos degrau por degrau e quando

chegamos ao corredor, reparei em um

grande quadro de uma mulher.

A moça era jovem, mas parecia ter idade

o suficiente para possuir uma certa

maturidade. Seus trajes eram pretos e

o que se destacava era seu chapéu com um tule, mostrava bastante poder e personalidade.

Chacoalho a cabeça para afastar a sensação

de familiaridade e volto ao meu caminho.

Paramos de frente a uma porta branca, com a fechadura em um formato

engraçado.

Ela abriu a porta e não me surpreendi ao ver o quarto. Não tinha nada demais, era básico.

- O que achou?

-Eu gostei - Não preciso falar a verdade

a todo momento, Que bom! Vou deixar você se instalar,

pode deixar suas coisas no guarda-roupa

ou até mesmo nas malas, posso arrumar

tudo depois. - Obrigada - Ela dá um aceno com a

cabeça e sai do quarto. Sua alegria era

estranha para um dia chuvoso.

Respiro fundo e sento naquela cama macia,

acho que não têm mais como fugir da

realidade.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022