Espreguiço meus braços sentindo todos os meus músculos protestarem. Esfrego os olhos preguiçosamente com a palma das mãos. Olho para o teto branco e fico encarando-o como se ele fosse uma coisa muito interessante para se olhar. Suspiro me virando para o lado. E lá estava ele, o cara mais lindo que já conheci. Olhos castanho claro, cabelos pretos e lisos, pele lisinha, lembrava até pele de bebe. Corpo totalmente definido, para muitas ele era a personificação de um deus grego. Ele era perfeito, mas infelizmente essa beleza só foi bem cultivada por fora. Por dentro é um completo idiota egocêntrico.
Fecho os olhos lembrado da noite anterior. Ele bateu a minha porta bêbado logo após mais uma noitada com os bons e melhores amigos. Eu idiota o carreguei até o banheiro, lhe dei um banho e o coloquei na minha cama, segundos depois ele já estava dormindo.
É sempre assim!
Ele é o tipo de cara que só quer saber de futebol, bebedeira, amigos, vídeo games, academia e sexo.
Principalmente, sexo!.
E adivinha quem é o seu brinquedinho particular para satisfaze-lo?
Isso mesmo, eu!.
O seu nome? Lucas Ribeiro, da grande e renomada família Ribeiro, uma das mais ricas da cidade, dona de uma rede de lojas de eletrônicos. Embora eu não saiba muito sobre eles dizem que em breve eles irão criar sua própria marca de celulares, tablets, notebooks... etc.
Todo mundo da cidade sabe quem ele é. Um grande filho de papai que sempre tem tudo em mãos sem nenhum esforço, não quer nada com a vida - a não ser gastar o dinheiro do pai - .
Faz pouco mais de dois meses que estamos namorando, ele nem se quer me apresentou para sua família. No nosso primeiro mês de namoro ele não se deu o trabalho de lembrar da nossa data. No nosso segundo mês o meu presente de namoro foi ele chegar bêbado de uma festa onde foi com seus amigos. Amigos interesseiros que na primeira oportunidade vão dar no pé, sempre estão com ele por que ele sempre banca tudo.
Eu como sempre fiquei em casa estudando para provas na faculdade. Não iria colocar meu sonho de ser psicóloga em risco por causa de uma noitada. Até tinha comprado um presente mas o joguei fora no dia seguinte quando ele foi embora antes mesmo que eu acordasse.
Aquela imensidão de olhos castanhos se abriram me obrigando a sair dos meus pensamentos, olhou para mim sorrindo. Apesar de tudo devo dizer:
Que sorriso!.
Como já disse, ele é perfeito por fora.
- Bom dia, amor . - Disse ele com uma voz rouca se sentando na cama e se espreguiçando.
- Bom dia. - Respondi não muito animada, pois já sabia o que vinha depois.
- Tenho que ir, tá? Já estou atrasado. - Ele falava a mesma coisa toda as manhas.
Mas sei que ele não está atrasado. Ele não trabalha, não estuda, não faz nada de construtivo na vida. Para o que ele estaria atrasado? Para encontrar os amigos e bater uma bolinha?.
Provavelmente sim!
- Não acha que esta na hora de conhecer seus pais? A gente já está junto oficialmente a quase três meses. - Falei me sentando e me escorando na cabeceira da cama. "Oficialmente" por que já nos conhecíamos a algum tempo, mas demorei para ceder as suas investidas e aceitar o pedido.
- Três meses? Já? Parece que faz dias apenas. - Revirei os olhos. Ele levantou pegando sua calça encima da cadeira e começando a vesti-la.
- Claro, você não lembra onde deixa suas chaves imagina lembrar da nossa data. - Falei ríspida encarando minhas mãos sobre minhas pernas.
- Perdão por isso, sou péssimo para essas coisas. Passo aqui para te pegar para o almoço, okay?. - Levantei a cabeça rapidamente para encara-lo.
- Que almoço? - Espero seriamente que não seja mais uma dessas reuniõezinhas com os amigos dele, onde ele desfila comigo como se eu fosse um... troféu?
Isso mesmo, troféu. Não é querendo me gabar, longe, bem longe disso, mas ele não foi o único a dar encima de mim ou a me pedir em namoro, por isso ele sempre faz questão de andar comigo com aquele ar de "Eu a ganhei" ou " Ela é minha".
Por que eu aceitei namorar com ele? Quando eu tinha outras opções BEM melhores? Simples!
Por ele não corro o risco de me apaixonar!
Já mais daria meu coração para um idiota como esse.
- Almoço com minha família. - Disse simples como se tivesse apenas dizendo que vamos ao parque. - venho te pegar para apresentar para eles. - Arregalei os olhos fazendo-o rir.
- Mas... mas hoje? Não esta muito encima?
- Não quer conhecer minha família?. - Pensei um pouco. Na verdade eu não sei. Droga! Por que fui tocar nesse assunto. - Enfim... se prepara, venho te pegar depois. - Disse vindo até mim me dando um beijo casto e indo embora me deixando sozinha com cara de paisagem.
Sinceramente não esperava que fosse conhecer a família dele, pelo não hoje.
Levantei de um pulo e corri para o banheiro. Fiz minha higiene matinal, tomei um banho bem demorado. Quando finalmente sai do banheiro enrolada na toalha, sentei na cama e fiquei encarando o guarda roupas aberto.
Não sei por onde começar.
Finalmente escolhi uma roupa, o que levou umas duas horas para acontecer. Escolhi algo bem discreto, nada chamativo, apenas um vestidinho solto preto, nada de decote. Coloquei um pequeno salto também preto e fiz uma make não muito forte, procurei ficar o mais discreta possível. Afinal é como dizem, a primeira impressão é a que fica. Soltei meus cabelos que estavam presos em um coque alto da cabeça, sequei apenas a franja deixando meus cabelos levemente ondulado nas pontas.
Parei em frente ao espelho e olhei para o meu reflexo
Nada mal. Disse para mim mesma.
Okay!
Tudo bem, pelo menos até agora está. Não sei se quero conhecer eles, não sei se estou pronta para isso, nem sei se o que tenho com o Lucas vai durar por mais tempo. droga! odeio ser tão insegura. Mas agora é um pouco tarde de mais para voltar atrás.
Estou pronta, só falta o Lucas chegar. Me olhei uma última vez no espelho, e um pouco mais decidida falei para mim mesma que era hora de recomeçar, e se essa era a única forma, então que fosse.
A campainha tocou. Peguei minha bolsa e fui até a porta, quando a abri não me surpreendi em ver que era ele. Estava sorrindo, o mesmo sorriso de mais cedo, a única diferença é que esse estava maior que o rosto. Parecia até sorriso de quem está... Apaixonado!?
- vamos?. - Assenti. Ele me estendeu a mão que de imediato aceitei. - Preparada?. - Perguntou enquanto caminhávamos até o carro.
- Preparada? Nenhum pouco. - Sentei no banco do passageiro.
Não sei o que tremia mais, minhas mãos ou as pernas, nunca me senti algo assim em toda minha vida. Quanto mais nos aproximávamos de sua casa, mais nervosa ficava. Senti minhas mãos soarem frio e ficarem geladas.
No caminho ele me falou um pouco de sua família. Lucas mora com seus pais e sua única irmã, será apenas com eles que iremos almoçar hoje. Fiquei até um pouco aliviada em saber disso.
Não sei quando tem passou, para mim pareceu horas até chegarmos em sua casa. Ele estacionou o carro em frente a um grande portão branco e descemos. Devo dizer que é uma bela casa, enorme por fora e imagino que dez vezes maior por dentro, parecia mais uma mansão.
Caminhamos até a grande porta branca em silêncio, em um ato que eu não esperava Lucas segurou minha mão antes de chegarmos ao último degrau e então sem aviso prévio ou oportunidade para que eu me preparasse ele a abriu. A primeira vista eu vi uma sala que era praticamente do tamanho da minha casa. Passei os olhos pelo lugar analisando cada detalhe, aquela casa parecia ter saído direto de uma novela. Parei meu olhar no sofá, nele vi o primeiro morador do lugar, uma moça... uma moça linda, linda e jovem.