Capítulo 5 Segredos...

Capítulo 4 – Segredos

Alguns dias depois...

Diana Jones

- Eu dei apenas um dia para Tyler ter folga, Emma! Como assim agora ninguém consegue falar com ele? Há uma semana! - Quase grito já farta de não ver o homem há dias.

- Senhorita Jones, ele parece ter viajado, foi o que ele deixou avisado, que precisava resolver problemas pessoais.

Caminho até a minha mesa com as mãos no rosto e debruço sobre o vidro gelado, frustrada e irritada com tamanha falta de compromisso.

Onde a empresa dos Moore vai parar com esse moleque na direção?

- Tente falar com ele mais uma vez e faça de tudo para que ele esteja diante de mim antes de uma hora da tarde. Caso contrário, ele não precisará vir mais. - Falo firme lembrando-me de uma das cláusulas que os pais dele deixaram.

Por um ano, ele é um funcionário comum. E, funcionários são demitidos se faltam e não comprovam os motivos de suas faltas.

- Mas senhorita... - Emma tenta relutar, mas eu nego com a cabeça e a encaro com frieza, já certa do que preciso fazer.

- Ele é um funcionário comum e será punido como tal. - Digo por fim. - Encontre-o até uma hora, ou então mande que ele vá direto para o RH assumir a demissão por justa causa.

Como se estivesse ouvindo a conversa ou ciente de toda a situação, Tyler abre a porta da minha/nossa sala e passa por ali como se nada tivesse acontecido. Como sempre, um sorriso arrogante brinca em seus lábios e seus olhos castanhos brilham como nunca, contrastando com a sua pele bronzeada.

Eu não acredito que ele estava surfando por aí, enquanto eu estava aqui surtando...

- A empresa parece estar um caos, tudo isso é minha falta? - Seus braços se abrem e sua voz declara com certo tom de humor.

Emma sabe o quanto ele me irrita e eu acho que ela abaixa a cabeça prevendo o que virá a seguir.

- Emma, nos dê licença, por favor. - Peço tentando manter a calma.

- Ela quer me dar bronca a sós, Emminha. - Tyler brinca com a mais baixa quando ela passa por ele.

A morena sai da sala e fecha a porta, como solicitado. Tyler, por sua vez, caminha em minha direção, abre um botão da parte de cima do seu terno e me encara com atenção, cruzando as pernas.

- Por onde esteve todo esse tempo?

- Primeiramente, bom dia. - Ele sorri.

Se ele espera uma resposta minha, algum bom dia, ele não vai receber.

- Você é bem chata mesmo, né? - Ele bufa. - Enfim, precisei resolver problemas pessoais e fazer uma viagem de urgência. Sabe, flor... - Ele pega minha mão por cima da mesa e pronuncia o novo apelido com delicadeza, antes de deixar um beijo sobre a minha pele. - Adultos têm problemas e precisam resolvê-los.

- Que merda está acontecendo, Tyler? - Puxo minha mão para livrar-me do seu toque e o encaro irritada. Sem conter a irritação, levanto-me e espero para ouvir.

- É uma lonnnga história. - Ele descansa as costas na poltrona e leva as mãos para trás da sua cabeça.

- Conte. - Peço e volto a sentar-me na minha cadeira.

- Sou canadense, você sabia? - Ele conta a curiosidade. - Meu pai também era... Enfim, meu visto foi recusado. O de turismo, o de trabalho. Aliás, que trabalho merda, viu? Tão merda e baixo que nem aceitaram o visto.

- Você vai ser deportado? - Meu queixo quase cai.

Como vou honrar a vontade dos Moore se esse garoto vai ser deportado?

- Não se a gracinha à minha frente estiver disposta a ajudar. - Pisca e sorri para mim como o cafajeste que é.

- Como? - Pergunto.

- Na verdade, não seria me ajudar. Seria mesmo uma troca de favores. - Ele afirma.

- Eu não preciso de favor nenhum seu.

- Isso é o que você pensa, Diana. - Ele se curva para frente e me encara mais de perto. - Posso te contar uma história? - Tyler levanta da sua poltrona e vem até mim, ficando nas minhas costas e começando a massageá-las.

Faço menção a me levantar, mas ele não me deixa, mantendo suas mãos sobre os meus ombros.

- Existiam duas garotinhas gêmeas... - Ele começa a contar. - Mulheres já, para ser mais específico. - Ele se corrige. - Diana sempre foi a filha perfeita, exemplar, boa e educada. - Sinto meu peito gelar quando ele cita o meu nome na história. - Ellie, no entanto, sempre foi o oposto da mais velha. - Basta ele citar Ellie para que eu me levante e o encare com raiva e lágrimas que já embaçam a minha visão.

- O que você está falando? - Engulo a seco, preocupada com o rumo da conversa.

Não é possível que ele tenha...

- Ninguém nunca te disse que é feio interromper a história dos outros, florzinha?

Agora eu consigo discernir seu olhar. É sujo, tão sujo quanto seu sorriso.

- Uma das gêmeas engravida de um cara muito mau. Desesperada, ela faz toda a família se mudar para longe, para que o cara não descubra sobre o filho.

A cada tópico do meu passado citado por ele com maestria e verdade, meu peito se sente oprimido por reviver todos os meses de horror que vivi, mas ao mesmo tempo, tento me manter firme e não desmoronar perante ele.

- Aonde quer chegar com isso, Tyler? - Forjo um sorriso, mas se nem eu mesma me convenço de que não estou ligando, como eu poderia atingi-lo?

- Lá, as irmãs, gêmeas idênticas trocaram de identidade. Ellie teve o filho, mas todos pensam que quem foi mãe, foi Diana. Tudo isso só para que a irmãzinha não fosse descoberta e o filho levado dela por um dos maiores traficantes de Chicago. - Ele ri. - Que, por sinal, matou a garota e não sabe que é pai de um lindo menino de seis anos... Noah, não é mesmo?

- Eu gostaria de saber de onde você tirou tanta baboseira. - Forço sorriso mais uma vez, mas isso não o atinge.

Tyler expira confiança.

- Casa comigo, me faça ter certeza que em um ano toda aquela diretoria de merda estará aos meus pés e essa história morrerá entre nós dois apenas, querida. - Segura meu rosto com suas duas mãos.

- Está maluco?

- Está vendo como precisamos um do outro? Eu preciso de você como esposa e você precisa de mim com a boca fechada. - Ele sorri como se estivesse no topo do mundo. - Jonan odiaria saber que a sua irmãzinha fugiu com o herdeiro dele. E a diretoria odiaria saber que a menina perfeita, na verdade não é tão perfeita. - Ele sorri.

- Então porque não vai logo até a diretoria? - Eu tento conter as lágrimas, mas não consigo. Elas rolam pelo meu rosto.

Jonan é um monstro. Noah não pode ser descoberto por ele, só Deus sabe o que aquele ser faria com a minha família. Já basta ele ter destruído a vida da Ellie.

- Bem convenhamos que eu vou ganhar muito mais com você do meu lado. - Ele me abraça por trás e apoia seu queixo no meu ombro. - Até comprei as alianças do noivado, sabia?

- Por que não qualquer outra vadia que já esteve entre os seus lençóis? - Pergunto ainda tentando entender tudo o que ele ganha.

- Diana Jones, nós somos a dupla perfeita, meu amor. A CEO e o herdeiro... É o destino nos unindo, queria. E eu só preciso que você aceite.

- Você precisa me garantir que Jonan nunca saberá sobre Noah. - Peço, quase implorando com o meu olhar.

Eu posso perder tudo, menos o meu filho.

- Isso é um sim?

- Tyler, você não pode destruir a vida do meu filho. Me garanta que ele ficará comigo e eu faço o que você quiser.

- Seremos a família perfeita, flor. - Ele se aproxima de mim e beija a minha testa com uma falsa ternura.