Capítulo 3 Amarras de convivência

O beijo repentino ainda ecoava em meus lábios, enquanto minha mente lutava para processar o que estava acontecendo.

- Não posso acreditar que meu próprio pai tenha feito isso comigo. Ele não pode decidir minha vida dessa maneira - murmurei, com a voz embargada pela tristeza.

O olhar de Matteo se endureceu, mas antes que ele pudesse responder, meu pai surgiu no salão, com um expressão séria e um ar de autoridade.

- O que está acontecendo aqui? - perguntou ele, lançando um olhar severo para Matteo.

- Você tem explicação para isso, pai? - minha voz tremia enquanto olhava para ele em busca de alguma resposta.

Eu não queria me casar com um homem que eu só conheço de vista e ouço vários comentários negativos, sem falar que eu acabei de completar 18 anos, tinha outros planos para minha vida, não um casamento por contrato.

Meu pai respirou fundo, fez uma pausa antes de responder.

- Meu amor, há muito mais em jogo aqui do que você possa compreender, eu fiz um acordo com Matteo para proteger nossa família e nossos negócios. Eu sei que pode parecer difícil de aceitar, mas há razões pelas quais tomei essa decisão.

- Proteger a família? A que custo, pai? Você está disposto a sacrificar minha felicidade e minha liberdade? - perguntei, lutando para conter a raiva e a tristeza dentro de mim.

Emma me olhava assustada, assim como Louis que nada podiam fazer. Matteo me encarava com um maldito sorriso no rosto, e ali eu percebi que não teria como voltar atrás, era esse o meu destino. Agora me pergunto, por quanto tempo meu pai pensou nisso? Ele decidiria me contar ou achou que dessa forma, seria mais fácil? Serão perguntas que ele deverá me responder depois, pois nesse momento deixei todos plantados no salão da festa e corri para o meu quarto, trancando a porta.

- Sofia! - ouvi a voz rouca e autoritária de Matteo atrás da porta, na mesma intensidade que ele a empurrava - sabe que posso derrubar essa porta, certo? Então seria muito mais inteligente da sua parte, abri-la para que eu pudesse conversar com você.

- Conversar? - gritei do lado oposto da porta - você me reivindicou na frente dos meus amigos, me beijou e enfiou uma aliança em meu dedo, sem a minha autorização.

- Eu não preciso de autorização para beijar minha noiva, Sofia! - ouvi a gargalhada irônica dele do outro lado - agora abra essa porta, seu pai está lá embaixo com os convidados que você deixou plantados, que coisa feia.

Fúria subia pelo meu rosto, minhas mãos tremiam em relutância entre abrir a porta e ter uma conversa civilizada, ou voar na cara de Matteo por sempre usar seu tom de deboche.

Atravessei o quarto, quando abri a porta Matteo já sorri, com as mãos apoiadas dos dois lados da porta, quando seu perfume forte encontrou minhas narinas.

- Arrume suas coisas, você vem para casa comigo! - afirmou autoritário.

- Como? Eu não vou com você, ainda somos noivos e não tem necessidade de morarmos juntos agora - afirmei - me busque somente quando for o casamento.

Matteo parecia furioso, percebi isso através de seu olhar severo em mim. Eu não sabia quantos anos ele tinha, mas era notório que ele era o mais velho da família, então, se tornando bem mais velho que ele.

- Escute aqui, Sofia. Mas quero que preste bastante atenção no que irei te falar - o tom de sua voz aumentou - eu dito as regras desse jogo e sua única obrigação é obedecer. Não tenho paciência para lidar com uma menina mimada que sempre teve tudo que quis, comigo será diferente. Então arrume suas malas, hoje foi o nosso noivado e amanhã será o nosso casamento. Portanto, você deverá ir comigo essa noite.

Suas palavras duras foram como socos em meu estômago vazio. Encarei o homem à minha frente incrédula, com cada palavra que saía de sua boca. Apesar de ser bonito, sedutor, Matteo era rude no seu modo de agir e falar, e isso me deixou mais ainda em alerta do que estava por vir. Meu casamento, o maldito casamento.

- E depois, Matteo? Terei que engravidar e lhe dar herdeiros? - perguntei furiosa - terei que ser a esposa submissa, enquanto você se diverte por aí?

Ele soltou uma gargalhada irônica, e passou o polegar nos lábios, me encarando.

- Doce, Sofia... - murmurou ele - eu não tenho a pretensão de te tocar, você sabe que isso não passa de um casamento por contrato onde ambas as famílias serão beneficiadas. Afinal, por que outra razão você teria sido reivindicada por mim?

- Eu te conheço, Matteo Borelli. Sei exatamente o tipo de homem que você é - afirmei encarando seus olhos - aliás, quantas enlouqueceram por causa de você? Quantas meninas você deixou sofrendo para sustentar seu ego?

- Se me conhece tanto quanto diz, Sofia, deveria saber que há somente uma coisa que eu nunca prometo a ninguém - assoprou irônico - o amor. Embora eu não possa mandar no coração de ninguém, mas eu não tenho nenhuma pretensão de te tocar ou amar.

- Então isso significa que eu me casarei com você, mas serei traída?

- Isso significa que você deverá fazer somente o que eu mandar, e então tudo dará certo, principessa. Um mafioso não trai sua esposa. - ele explicou, e se aproximou de mim tocando meu ombro - sua família está sob forte ameaça da máfia russa, e nosso contrato é para que eu a mantenha em segurança, apenas isso. Como você deve saber, ninguém toca na esposa de um homem como eu.

                         

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