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Era muito estranho para Melina o policial ir até ela em seu trabalho, geralmente eles mandam uma intimação. As pessoas em seu trabalho ficaram comentando o acontecido e Melina foi dispensada para ir a delegacia, chegando lá o delegado fez questão de conversar com a moça, ela entrou na sala e logo percebeu a diferença pois aquele delegado era mais organizado e muito bonito por sinal, ele mandou que ela sentasse e começou as perguntas:
- Você se chama Melina, certo?
- Sim, senhor!
- Qual a sua ligação com as vítimas?
- Ligação? Como assim? Eu... eu...( Melina estava muito nervosa.)
- Está nervosa senhorita?
- Eu só não entendo porque sou suspeita, eu jamais faria mal a alguém principalmente aquelas pobres pessoas!
- Entendo, mas precisamos saber quem fez aquilo e para isso necessito escutar cada um que teve uma certa ligação com eles.
- Mas naquele dia eu não puder ficar com eles, pois tinha que fazer uns trabalhos externos.
- Os viu antes de ir fazer seus trabalhos externos?
- s... si... sim...( Melina tremia e não sabia se de frio pelo ar condicionado que estava deixando a sala muito gelada ou se por medo.)
- Vejo que a senhorita está tremendo, está com frio senhorita?
- Estou! (Logo o delegado desligou o ar.)
- Pronto.
- O senhor é muito gentil! ( A garota falou ainda com a voz trêmula)
- Obrigado! Mas me fale, onde você mantinha contato com os moradores de rua?
- Contarei tudo para o senhor! ( Melina criou coragem e resolveu contar tudo, ela sabia que era inocente e lembrou que o seu pai havia dito que ela não tinha o que temer.)
- Sou todo ouvidos! ( Ele mantinha os olhos fixos nela, para não perder nenhum detalhe mas também porque percebia o quanto ela ficava envergonhada e isso a deixava ainda mais bonita.)
- Eu costumava almoçar e ir para a praça ler um pouco, até que um dos moradores falou comigo e pediu para eu ler para ele, marquei de ler no dia seguinte e daí por diante eu fiquei indo no horário do meu almoço ler para eles e sempre que podia comprava pão naquela padaria lá próximo com queijo ou qualquer outra coisa e dava para eles comerem.
- Você falou que um morador lhe abordou e depois falou que ia ler para eles, era um ou vários?
- Um me abordou mas quando eu fui no outro dia ele apareceu com alguns colegas!
- Entendi! Você levava exatamente o que para eles comerem?
- Pão com queijo, mortadela ou qualquer coisa desse tipo!
- E para beber?
- Nada!
- E eles não bebiam nada?
- Eu só tinha condições de comprar ou algo para comer ou beber, preferi comprar comida.
- E porque comida?
- Eu não sei...
- Como não sabe?
- O que o senhor quer?
- Saber porque envenenar aqueles pobres?!
- Eu não tenho a resposta, não foi eu!
- Tem certeza? (Melina começou a chorar, aquele delegado parecia estar querendo que ela confessasse a todo custo.)
O delegado pediu que trouxessem água para ela e esperou ela se acalmar. Quando finalmente a garota acalmou-se ele perguntou:
- Podemos continuar?
- Ainda tem mais?
- Sim, não consegui concluir, você começou a chorar. Que é muito estranho por sinal!
Ele falou isso encarando Melina e a deixando ainda mais nervosa, ele no fundo não achava que ela era a culpada mas tinha que fazer seu trabalho, mas na verdade também gostava de ver o sofrimento no rosto de Melina ela ficava ainda mais bonita quando chorava, pensava ele. Melina por sua vez sofria por dentro e não conseguia entender porque aquele delegado estava fazendo aquilo com ela, ela queria sair correndo dali e não tinha se dado conta dos olhares do delegado para ela, ela não percebia que ele estátva se divertindo ao vê- lá nervosa. Continuaram então a conversa:
- Eu já falei tudo que tinha de falar, me deixe ir!
- Só um momento, me diga o que você levava mesmo para eles comerem?
- Eu já falei que era pão!
- E dava água para eles beberem, certo?
- Não, eu não dava nada para eles beberem!
- Ah, não? Compreendi errado! Você ia todos os dias pela manhã lá e sentava para conversar com eles, não é isso?
- O senhor tá fazendo de propósito!
- O que? Eu apenas quero relembrar o que você me falou antes de cair no choro.
-Tudo bem, então vou falar de novo.
- Pois então, fale!
Melina já não estava mais com medo estava com raiva daquele homem, ele só poderia estar querendo que ela confessa-se o que ela não fez, então ela se encheu de coragem e começou a falar.
- Como eu havia dito antes... Eu ia no horário do meu almoço ler na praça que fica próximo do meu trabalho, onde o senhor mandou me buscarem... (Ele sorriu e passou a gostar ainda mais do jeito dela que estava cheia de forças para enfrentá-lo.)
- Sim...
- Em uma das vezes que eu fui ler um dos moradores de rua me abordou e perguntou o que eu estava fazendo e eu disse que estava lendo então ele pediu para que eu lesse para ele, porém já estava na hora de eu voltar do meu almoço, então eu falei que eu não podia naquele momento mas que eu voltaria no outro dia, e assim eu fiz, voltei no outro dia e quando ele me viu se aproximou junto com seus colegas e eu passei a ler todos os dias naquela praça para eles.
- Certo... Você sabia o nome de algum deles ou se eles tinham família?
- Nós nunca conversamos exatamente, eu apenas chegava lá e lia para eles, nome eu sei de um deles que foi o que me abordou mas não é exatamente um nome, é um apelido!
- Qual seria?
- Lagartixa!
- Hum...
- Qual o livro que você lia para eles?
- Eu lia história da Bíblia para eles!
- Interessante!
- Estou dispensava?
- Para que tanta pressa? Espere mais um pouco!
- Esperar o que? Eu já falei tudo que sabia!
- Não fiz minhas perguntas, apenas escutei você contar sua história de como os conheceu!
- Então pergunte e vai ver que eu sou inocente!
- Isso veremos!
- Você deu comida a eles no dia em que eles morreram?
- Sim, levei pão para eles antes de sair.
- Que horas?
- Acredito que por volta de 12:20h mais ou menos.
- Você já tinha voltado quando eles começaram a passar mal?
- Não, quando cheguei, tive que descer um pouco longe e fui abrindo caminho pela multidão até chegar ao meu trabalho.
- E quando você soube?
- Quando eu vi o lagartixa sendo coberto e depois levado eu fiquei desesperada mas não tinha entendido então entrei e perguntei o que estava acontecendo e meu colega de trabalho me falou.
- Não tinha nada de diferente naqueles pães aquele dia, Melina?
- Como assim diferente?
- Você comprou ele no mesmo lugar que sempre comprava?
- Sim!
- E onde você comprava?
- Na padaria que fica de frente a praça.
- Certo, terminamos.
- Posso ir?
- Espere, já que eu mandei buscá-la, vou pedir para que levem você de volta.
- Não, não precisa!
- Vai trabalhar ainda?
- Não, pelo horário vou largar daqui meia hora.
- Então vai para casa?
- Sim, mas posso pegar um ônibus aqui na frente!
- Onde mora?
- Afogados!
- Hum... Vou para o lado de lá, posso deixá-la eu mesmo!
- Não, não se incomode!
- Não é incômodo para mim, agora vamos, já conclui aqui. Melina ia recusar novamente mas resolveu ficar calada, não queria desagradar o delegado ele parecia bem sério. Ele a levou para e quando Melina chegou de frente a sua casa quem estava saindo de dentro da casa era o Jhonata, ela agradeceu a carona e foi ao encontro do amigo.
- Oi! (Disse Melina)
- Você chegou de carro?
- O delegado insistiu em me trazer! Já que... (Melina foi interrompida pela rapaz)
- O que disse? O delegado? ( O rapaz alterou a voz e falou de forma rude, sua feição estava de desaprovação.)