Capítulo 4 Um chef para a amante

O corredor não era espaçoso, por isso, Colton esbarrou em mim e congelou por um momento. Então, ele coçou a nuca e disse sem jeito: "Senhorita Happer, vim ver Olivia."

Falavam que, se uma mulher quisesse saber se um homem a levava a sério, só era necessário observar como os amigos dele se comportavam com ela.

Colton era um bom amigo de Elliott. Ninguém precisou me alertar que ele olhou para mim e falou comigo como se eu não fosse a esposa de seu amigo. Ele não me chamava de senhora Crawford nem simplesmente Gianna, mas sim insistia em me chamar de senhorita Happer. Eu não podia negar que era bem educado, mas mantinha certa distância.

De qualquer forma, essa era a menor das minhas preocupações agora, pois não era culpa de Colton que seu amigo não desse a mínima para mim. Então, abri caminho para ele e disse com um sorriso forçado: "Certo, ela está no quarto de hóspedes."

Esta noite foi uma das muitas vezes que invejei Olivia. Tudo o que aquela mulher tinha que fazer era ficar de mau humor ou derramar algumas lágrimas para que Elliott fosse correndo até ela, trazendo seus amigos ou quem quer que pudesse ajudá-la. No entanto, nada do que eu fazia chamava a atenção dele.

Em vez de ir dormir, eu voltei para o quarto, peguei um conjunto de camisa e calça que Elliott nunca tinha usado e fui para o andar de baixo.

Colton era um médico certificado. Ele terminou de verificar os sinais vitais de Olivia rapidamente antes de prescrever alguns medicamentos.

Ao descer, ele parou no meio da escada e me viu de pé na sala de estar. Nesse momento, ele me deu um sorriso estranho e disse: "Já é meia-noite, senhorita Happer. Você não vai para a cama?"

"Meu sono pode esperar." Estendi a camisa e a calça que tinha pegado para ele e disse: "Seu pijama está encharcado e ainda está chovendo lá fora. Vista isso para não pegar um resfriado."

O queixo dele caiu no chão quando ele olhou para as roupas, deixando bem claro que ele não esperava um gesto tão gentil de mim. No entanto, depois de alguns segundos, ele sorriu e disse educadamente: "Não precisa, obrigado. Raramente fico doente, então não importa se eu voltar para casa encharcado desse jeito."

Não querendo aceitar um não como resposta, coloquei as roupas em suas mãos e falei: "Elliott nunca usou essas roupas. Vocês dois são quase do mesmo tamanho. Agora que eu já trouxe isso, aceite." Em seguida, subi para o meu quarto sem dizer mais nada.

Minha gentileza não foi puro fruto da bondade do meu coração. Colton era um cirurgião renomado, que só operava quem podia pagar por seus serviços. Mas quando minha avó estava doente, ele a tratou a pedido da família Crawford. Então, eu me senti em dívida com ele. Agora, vi uma oportunidade de demonstrar alguma gratidão com aquelas roupas secas.

O resto daquela noite foi tranquilo.

O sol da manhã nasceu e brilhou como se não tivesse tido uma tempestade na noite anterior. O cheiro de terra molhada ainda impregnava o ar fresco do início do dia.

Eu acordei cedo como sempre e desci depois de me lavar. Nesse momento, ouvi um barulho vindo da cozinha, então fui na ponta dos pés até lá e parei na porta, apenas para ver Olivia perto de Elliott, que estava usando um avental preto e fazendo ovos mexidos com muita habilidade! Era como se ele fosse uma outra pessoa, totalmente diferente do rei gélido que eu conhecia. Esse novo homem parecia mais um marido gentil.

Olivia olhava para ele como se quisesse comê-lo no café da manhã, em vez de comer os malditos ovos que ele estava fazendo. Ela já estava bem melhor, pois suas bochechas estavam levemente vermelhas e seu rosto pequeno estava luminoso, o que a tornava ainda mais atraente.

"Elliott, quero ovos mexidos crocantes." Ela pegou um morango, colocou na boca dele e acrescentou: "Mas não deixe queimar, senão vai ficar com gosto amargo."

Ele sorriu enquanto mastigava o morango. Mesmo sem falar nada, seus olhos brilhavam com intenso afeto por ela.

Eles eram um casal perfeito! O amor estava no ar, mas não era o mesmo ar que eu respirava.

"Eles são um casal perfeito, não são?" Uma voz masculina de repente veio de trás e me deixou atordoada. Descobri que era Colton assim que me virei. Só agora me dei conta de que Elliott não poderia ter permitido que seu bom amigo médico fosse embora ontem à noite, quando Olivia ainda estava com febre alta.

"Bom dia." Eu o cumprimentei sorrindo e olhei para ele, notando que ele estava usando as roupas que eu tinha oferecido.

Ao perceber meu olhar, ele ergueu as sobrancelhas e disse: "Essas roupas me caem muito bem. Obrigado."

"Não foi nada", eu disse, balançando a cabeça. Essa camisa e essa calça estavam entre as várias roupas que comprei para Elliott. Porém, ele nunca tocou nelas, muito menos as vestiu.

Assim que ouviu nossa conversa, Olivia se virou e disse: "Bom dia, Gianna e Colton. Espero que vocês tenham dormido bem. Elliott fez ovos mexidos! Venham comer conosco!"

Ela agia como se fosse a anfitriã desta casa.

"Obrigada, mas não quero. Ainda tenho pão e leite na geladeira e isso já basta para mim. A propósito, você deveria tomar um pouco de leite, porque vai ajudar você a se recuperar mais rapidamente", eu disse, reprimindo a raiva que estava crescendo dentro de mim.

Nem sobre o meu cadáver eu aceitaria um convite para o café da manhã de outra mulher em minha própria casa! Eu era legalmente casada com Elliott, e a escritura da casa estava sob nossos nomes. Embora eu fosse obediente a ele e evitasse ofendê-lo, não podia simplesmente me sentar e deixar Olivia exercer poder sobre mim sob este teto.