Capítulo 4 02

- Descansando, Henrique?

- Apenas pensando.

- Deixe-me adivinhar, o de sempre, não é?

Henrique solta um fraco sorriso anasalado e balança a cabeça negativamente.

- Não deveria fazer isso.

- E o que eu deveria fazer Diego?

- Pa...

- Henrique! - A voz o chamou de forma rude e então passos pesados foram ouvidos no salão silencioso.

Henrique olhou quem o chamará e suspirou, esperando a encrenca que viria dali.

- Não precisa me olhar com essa cara, não vim para brigar, ainda não. Só quero conversar.

- Diga.

- Ele é seu irmão e sei que tem desavenças entre ambos, mas quero que você tente o afastar dela, vocês na verdade, porque o Diego é o único que consegue se aproximar dele.

- Nós tentaremos. - Diz Diego.

- O mais breve possível, por favor, não quero aquele maníaco psicopata com ela. E sinto muito se essas palavras o incomodam Henrique.

- Tudo bem, já estou acostumado... - Da um pequeno sorriso, porém a tristeza em seus olhos era evidente.

- Bem, era somente isso, espero que eu não tenha que tomar providências por conta própria.

- Okay.

Joseph diz um obrigado vago e sai do local. Henrique suspira passando a mão no rosto.

- Às vezes ele me irrita, tão prepotente.

- Me preocupo com o fato dele subestimar o meu irmão, não que eu duvide dele, mas é o Max... - Sussurra o final vagando em pensamentos, seu irmão certamente não era alguém que pudesse se subestimar, ou sequer baixar a guarda e Joseph era mestre em fazer os dois. Suspirou cansado.

- Você tem que desencanar dessa Henrique. - O olha de forma atenciosa.

- Como se fosse fácil...

- Talvez não, mas você nem tenta.

- Você diz para eu desencanar, mas continua lá com ele.

- Queria que eu não estivesse? - Arqueia uma sobrancelha e vê o outro balançar a cabeça negativamente.

- Não, assim é bom...

- Fica tranquilo, vou tentar resolver isso, na maioria das vezes consigo fazer ele me escutar. - Sorri

- O problema é que isso não é como da outras vezes, Diego... Isso será quase impossível.

- Talvez, mas vou tentar então se acalme e por hora não se preocupe com isso, okay?

- Vou tentar.

- Bom, eu tenho que ir agora.

- Eu também. - Ele vê o outro se virando para sair. - Obrigada.

- Não precisa agradecer Henrique, não faço mais que minha obrigação.

- Você...

- Henrique, de novo não! - O corta, lhe olhando com seriedade.

Henrique bufa inconformado.

- Tudo bem... Até a próxima.

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- Por que só agora, Maxwell?

Maxwell revira os olhos.

- Diego. - A voz ecoou alta pelo local.

- Insatisfeito com minha presença?

- Indiferente.

- Você sempre está indiferente a alguma coisa.

- E você sempre insiste no mesmo.

Diego balança a cabeça dando um mínimo sorriso.

- Por que não responde minha pergunta?

- Por que eu responderia? Afinal isso não diz respeito a você.

- Não, mas ainda assim quero uma resposta. - Se aproxima parando ao seu lado.

Diego estava quase desistindo de sua resposta quando Maxwell voltou a falar.

- Gosto de avaliar antes de qualquer ato.

- Você nunca fez isso.

- Você nunca viu.

- Não, mas te conheço e sei que você nunca avalia nada, afinal o seu forte é a impulsividade. - Não era mentira, não tinha nem mesmo como Maxwell discordar.

- Ela é diferente. - Sorri maldoso.

- O que a torna diferente? Aquilo? Ou o fato dela ser irmã do Joseph?

- O que ela ser diferente tem a ver com ele? - Encara Diego com uma sobrancelha arqueada.

- Ele te odeia?

Maxwell sorriu, como se aquilo fosse idiota demais para ser dito alto.

- Muitas, muitas mesmo. Pessoas, seres, coisas, me odeiam, Diego, tenho ciência de que você sabe muito bem disso, então ele é só mais um, o mais insignificante ainda por cima, não perderia meu tempo indo atrás de algo só porque alguém me odeia.

Diego o olhou pensativo.

- Então é por causa daquilo?

Maxwell ficou em silencio, olhando a frente, aquilo era resposta o suficiente para Diego, balançou a cabeça em negativa.

- Não tem medo das consequências?

- Consequências? O que ele pode fazer contra mim? Ou até mesmo eles Diga-me, do que eu deveria ter medo?

- Não deveria subestimar tanto assim os outros.

- Eu não estou subestimando, estou me baseando em fatos, nunca fizeram nada até agora, o que faria ser diferente?

- Eles não terem conseguido nada ainda, não significa que nunca irão.

- Ótimo, estarei preparado.

- Maxwell... - Diz com um tom repreensivo.

Maxwell o olhou de soslaio.

- Se veio dar uma lição de moral, faça logo e vá embora, não sou mais a criancinha que escuta tudo que você fala, não tenho paciência pra isso.

- Você nunca escutou.

- Aparentemente não faz diferença.

- Você não pode continuar com isso.

- Com o que? Vendo-a?

- Sim!

Maxwell o encarou a procura de algo e então sorriu.

- O Josh já foi falar com você? Não achei que fosse tão chorão assim, poxa, esperava por mais. - Debocha, sem humor algum.

- Sabe que isso não vai te levar a nada, não sabe?

- Talvez não, mas isso não importa.

- Deixa de ser imprudente.

- Mas eu adoro isso, se não, que graça teria?

- Maxwell!

- Não fode, inferno! Eu ainda não fiz nada... Ainda, mas avisa pro Joseph ficar na dele, eu odeio ser irritado, até porque você sabe muito bem o que acontece, não?

Diego o observa de forma perscrutante e então balança a cabeça negativamente.

- Você tá procurando briga.

- Aos olhos de vocês... Não posso estar apenas me divertindo?

- Com a irmã do cara que te odeia?

- Que culpa eu tenho se ela é irmã dele? Não posso simplesmente achar ela atrativa?

- Maxwell, eu entendo os seus motivos, mas não são o suficiente, isso é besteira e eu sei que no fundo você tem noção disso.

- Quer saber de uma coisa? Porque você não some daqui? Já que no momento quem está me irritando é você.

- Certo, até porque discutir com você nunca leva a nada.

- Pensei que já soubesse!

- Sempre soube.

Diego o olha vendo sua expressão monótona de indiferença e lhe lança um último olhar de preocupação antes de sumir do local.