Capítulo 3 Promessas

– "Bora Will, levanta e se veste!" – disse o Josh.

– "Tá muito cedo... Pra que toda essa pressa logo de manhã?" – respondi.

– "Temos que pegar a estrada logo, não quero chegar tarde na casa dos meu pais e ouvir o discurso chato da minha mãe sobre atrasos. Então, anda logo" – repetiu o Josh.

– "Por que mesmo eu tenho que ir?"

– "Porque você me prometeu, e eu não vou deixar você quebrar essa promessa de novo" - Josh falou já começando a se irritar – "Se você não for dessa vez, juro por Deus que te expulso do apê, e aí meu amigo você vai ter voltar para o dormitório da faculdade" – Ameaçou.

Até parece que ele ia fazer isso. Ele odiaria ter que pedir dinheiro dos pais dele de novo, e precisa de mim para pagar o aluguel. Mesmo assim, eu levantei, lavei o rosto, escovei os dente e comecei a me vestir. Enfiei algumas roupas na minha mochila e o que eu vi pela frente que achei necessário.

Honestamente não estava muito animado para conhecer a família dele. Mas acho que já tinha evitado demais, e depois de dois anos de amizade, era o mínimo que eu podia fazer por ele. Além disso, que mal poderia fazer? Seriam apenas duas semanas... duas longas semanas...

– "Tô pronto. Já fez o café?"

– "Nada de café pra você. Acordou muito tarde pra isso" – Ele falou embalando uns sanduíches.

– "E isso aí é o quê?"

– "É pra mim. A viagem é longa. Posso sentir fome no caminho." – Ele falou rindo.

– "Tá de brincadeira? Me passa logo um, se não você vai acabar indo sozinho".

– "Primeiro entra no carro e depois eu penso no seu caso" – Ele respondeu.

Desisti de lutar, apenas peguei minhas coisas e fui para o elevador. Josh me seguiu e fomos para o carro. A viagem foi bem tranquila, diria até que foi divertida. Além dos sanduíches, Josh tinha levado suco e uns salgados. Ouvimos música, conversamos, jogamos uns jogos de estrada. Quase compensou ter me acordado super cedo para uma viagem de três horas e meia de carro.

Ao longo da viagem a paisagem foi mudando de maneira bem agradável. Variando de cidades, à florestas e então à montanhas e bosques. Eu nunca tinha visitado New Hampshire. Mas, para ser mais honesto, eu nunca tinha ido para quase lugar nenhum. Yale foi praticamente a única coisa que me fez sair do Oregon.

Estávamos quase chegando com o Josh abaixou o volume do rádio, subiu e vidro e começou a falar em tom solene.

– "Will, cara, eu te adoro. De verdade, você é um irmaozão pra mim. Conhecer você foi realmente uma sorte incrível. E eu espero sinceramente que sejamos amigo por muitos e muitos anos. Por que você cara, é o melhor. Até imagino a gente trabalhando lado a lado quando eu herdar a empresa do meu pai, e..."

– "Aonde você quer chegar?" – Perguntei, confuso.

– "O lance é o seguinte... Eu te amo cara..."

– "Dá pra falar logo?" – Respondi já sem paciência.

– "... Ok. Fica bem longe da minha irmã." – Ele falou super sério. – "Tipo, mega longe. Ela é território proibido. Não quero você nem olhando muito pra ela, ok?"

Eu quis rir, não apenas sorrir, mas gargalhar. Então me contive ao máximo e respondi.

– "Ok mano, eu entendi. Agradeço o aviso. Você não tem motivo para se preocupar. Eu prometo." – Depois comecei foi com um falso tom de alívio: – "Só por favor, não fala mais comigo assim cara. Por um momento eu achei... realmente achei que você ia me pedir em casamento," – E então comecei a gargalhar. "Até pensei: será que é por isso que ele insistiu tanto em me levar para conhecer os pais dele?"

Josh não aguentou. E ambos caímos na risada, tanto que eu quase me urinei.

– "Primeiro: que nojo cara!" – Disse ele entre risos – "Segundo, se em algum universo paralelo eu realmente fosse fazer isso acha mesmo que seria nesse momento?" Hahaha

– "Nunca se sabe. Que bom que não era o caso. Ou teríamos que parar para comprar uma torta." – Falei ainda rindo. – "Conhecer os sogros de mãos vazias seria terrível. Hahaha"

Bagunçamos e rimos por um bom tempo ainda enquanto nos aproximávamos do bairro onde ele cresceu. Enquanto íamos passando pelas ruas ele foi me contando sobre o lugar onde ele deu o primeiro beijo, os lugares que ele gostava de ir, escolas onde ele estudou, pontos que eu devia evitar e várias coisas sobre o passado dele. Nesse momento fiz uma nota mental: nunca levar o Josh para o Oregon.

As histórias dele só me faziam pensar "deve ter sido bom passar a infância e juventude aqui". Então os "E se's" voltaram. E se eu tivesse crescido aqui? E se nós tivéssemos nos conhecido na infância? E se... E se... E se... Eu estava em meio a longos devaneios quando Josh parou o carro no estacionamento de uma lanchonete.

– "Minha irmã mandou mensagem, me pediu para vir buscá-la aqui." - Disse Josh.

Então aguardamos por uns minutos. Muita gente passou por aquele estacionamento, tanto que eu comecei a pensar que deveria ser um lugar bem popular na cidade para estar tão cheio em um sábado de manhã. Eu nunca tinha visto a irmã do Josh, nem mesmo por foto. Então toda vez que passava uma mulher eu pensava: "Será que é essa?"; "Ela não é muito bonita", ou, "Ela é meio baixinha", e até, "Parece um pouco com o Josh."

Até que surgiu duas garotas. Uma loira, do cabelo ondulado, um pouco alta, com o rosto fino, maquiagem leve e um sorriso muito atraente. Ela andava como se o mundo fosse dela, de um jeito arrogante e gracioso. Ao lado dela tinha andava a amiga, uma garota de pele clara, altura mediana, com cabelo liso, comprido e preto, usando jeans e uma camiseta rosa por baixo da jaqueta de couro. Elas eram sem dúvidas as mulheres mais bonitas que eu já tinha visto na vida. Mas se eu tivesse que escolher naquela na hora, a morena era a certa. Sei rosto e era harmonioso e gentil, e o seu sorriso era simpático e bom... perfeito.

– "Vocês demoraram" – Disse o Josh. – "Já estamos aqui a uns 15 minutos. Mamãe vai ficar furiosa."

– "Não se preocupe" – Disse a morena. – "Prometo falar bem de você!"

As duas entraram no carro e então Josh falou:

– "Meninas esse é o meu amigo Will. Will, essa a Jane, uma amiga família..." – Disse apontando para a loira sentada atrás de mim – "...e minha irmã, Anna". – Que estava no banco atrás dele.

Eu cumprimentei ambas e pensei: "Escolha errada idiota." Sorte sua que você já aprendeu essa lição. Não vai ser tão difícil cumprir a promessa que acabou de fazer para o seu amigo. E então seguimos viagem e paramos novamente, mas dessa vez na garagem de uma linda casa com vista para o lago.

– "Lar doce lar." – Disse Josh.

                         

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