Contrato de Casamento - Livro 2
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Capítulo 4 4

Samanta

- O que houve com você? - Penelope questiona me olhando de alto a baixo assim que entro no elevador.

- Nada, por quê?

- Você não se olhou no espelho essa manhã, não é?

- Ah... não. Não tive tempo - respondo abrindo a minha bolsa para pegar um espelho de mão, soltando um grito de horror em seguida.

Uma das melhores noites da minha vida, que teve a duração de pelo menos três horas consecutivas. Após o pior acidente geográfico que eu tive na minha vida, eu jurei que homem nenhum teria o meu coração nas mãos outra vez e desde então vivo a vida como se ela fosse uma festa. Mas, essa festa nunca teve um tempo tão longo e tão... fabuloso... e... erótico... delicioso e... Limpo a minha garganta incomodada com os meus pensamentos, tentando voltar a minha realidade. O fato é que no final sempre sou eu quem os põe para correr, mas não foi assim dessa vez. Dessa vez eu acordei e me encontrei sozinha em uma minha cama espaçosa. Ele nem se deu o trabalho de deixar um recadinho dizendo o quanto eu fui extraordinária na cama. E isso é importante? Não, não é. Então por que estou remoendo isso? Enfim, acordei desacelerada, sem energia para nada e se eu pudesse nem tinha saído da minha cama hoje. Contudo, nem sei exatamente como consegui me arrumar. Sinto os dedos da minha amiga mexendo como podem no meu emaranhado de fios castanhos escuros e bufo.

- Vem, eu te ajudo! - Solto uma lufada de ar.

- Não sei o que faria sem você, amiga! - resmungo e vamos imediatamente para o meu escritório. Penelope despeja alguns produtos da sua bolsa em cima da minha mesa e pega uma escova de cabelos entre eles. Ela leva alguns minutos para desembaraçá-los e depois de dedica a retocar a minha maquiagem. - Agora você está pronta para essa reunião.

- Você me salvou! Se eu perder esse contrato com certeza papai não pensaria duas vezes em passar a presidência para o Erick - rosno frustrada, deixando um beijo apertado na sua bochecha e saio imediatamente para me encontrar com os meus advogados, e assim irmos para a Stanford Corporation.

Conhecer e falar pessoalmente com Kalel Stanford é mais do que uma expectativa, é a sobrevivência da futura presidente da Belfort LTDA. Trazendo esse arrogante Leão dos números para o nosso lado marcarei mais pontos com o meu pai do que eu possa supor e assim, elimino a minha concorrência. Eu não podia estar mais ansiosa quando ouvi a porta da sala de reunião da Stanford se abrir. Não podia reclamar do seu atraso, mas considero um descaso que cobrarei em breve. Contudo, uma voz grossa, porém, jovem demais preencheu a sala, me fazendo prender a respiração. Um vice-presidente? Eu não pedi um vice-presidente! Portanto, me viro pronta para soltar um rosnado altivo, mas literalmente o engulo quando encontro o mesmo idiota que fugiu silenciosamente do meu apartamento na noite passada. Olhos escuros, firmes e especulativos, sobrancelhas igualmente escuras e grossas expressando a sua surpresa ao me vir aqui e a boca de um tom levemente avermelhado que está entre aberta. Dá até vontade de rir se eu também não estivesse tão abalada com esse inesperado reencontro. Merda, eu fodi com o vice-presidente da Stanford Corporation! Contudo, me convenço de que ele é só um garoto prepotente e metido a inteligente, que eu posso facilmente engolir no mundo dos negócios. Sorrio travessa por dentro com esse pensamento.

***

Mais tarde no mesmo dia...

- Você o quê?! - Penelope dá um salto para fora da sua cadeira, se inclinando um pouco sobre a minha mesa. O par de olhos castanhos escuros ganham uma proporção assustadora, enquanto me fitam com perplexidade.

- Eu te contei sobre o cara da danceteria, não contei?

- Aquele bom de cama, que te levou do céu ao inferno? Sim, mas não disse que esse cara era o Ethan Stanford! - Ela rosna inconformada.

- E como eu ia saber que aquele homem sexy e envolvente era se tratava do filho do presidente da Stanford?! - Então ela começa a rir e eu bufo alto, e irritada. - Do que você está rindo?

- Juro que eu queria ser uma mosca só para vê-los trabalhando juntos - bufo alto outra vez e inquieta, me levanto da cadeira.

- Eu não te contei a parte pior.

- Ai meu Deus, e tem a parte pior?

- Eu o convidei para jantar no meu apartamento. - Ela faz um O com a boca e indignada comigo mesmo fecho os olhos. Onde eu estava com a cabeça quando fiz aquele convite? Quer dizer, eu transei boa parte da madrugada com o filho do CEO, que logo fará parte do nosso conselho financeiro e tê-lo em minha casa, somente ele eu é... um tanto tentador. Deus do céu, só de pensar no que aquela boca atrevida e gulosa foi capaz de fazer nas minhas partes é... - É impressão minha ou está fazendo um calor infernal aqui?

- Samanta?

- O quê?

- É um dia frio em Seattle. Um mundo de água está caindo lá fora e você está com calor? - balbucio completamente aturdida e sem saber o que responder. Não era para essa pergunta sair em voz alta. Que inferno! - E não muda de assunto. Você convidou o garoto Stanford para jantar após algumas fodas e em plena reunião de negócios?

- Não fala desse jeito que eu me sinto suja!

- Suja? Você não ver? Ele é perfeito para você!

- Não vem com essa, Penelope Grey! Eu não pretendo namorar com ele e muito menos me casar! - Ela mexe os ombros com desdém.

- Você que sabe, mas já digo que o Ethan é um Senhor partido. Ele é bonito, sexy, inteligente e eu tenho certeza de que o seu pai aprovaria.

- Dá pra parar com isso?! - A danada me abre um sorriso largo e travesso. - Preciso de você - digo de repente.

- O quê? Para quê?

- Você nos fará companhia durante esse jantar.

- Não vem não, Senhorita Belfort. Eu tenho coisas mais interessantes para fazer do que segurar vela para vocês.

- Mas você é a minha melhor amiga! - retruco com um severo tom de cobrança. - E eu juro que não terá velas nesse jantar... digo, no sentido figurado. Será apenas um jantar de negócios.

- O Tyler e eu temos um compromisso...

- Maravilha, leve o Tyler com você! - sugiro a interrompendo. Ela revira os olhos para mim, mas aceita.

***

Uma coisa sobre Ethan Stanford. O garoto é presunçoso. E sabe toda aquela pinta de playboy, todo cheio de charme, metido a machão e fazendo a sua caça em uma noite dançante com muita bebida? É, eu o percebi na área vip da Vênus me observando por longas horas. Pode ter certeza de que não foi à toa que ele chegou até mim na noite passada. Ele não sabe ainda, mas eu sou tão caçadora quanto ele é. O contrário do que ele pensa, enquanto ele ataca eu atraio a minha presa para a minha rede. Nesse caso, um relacionamento entre nós dois jamais daria certo. Seria uma constante disputa pelo poder e acredite, eu jamais abro mão do meu.

Vestido ou calças?

Pode não parecer, mas a escolha certa do figurino nessas horas faz toda a diferença. Um vestido o seduziria, manteria o seu foco em mim e não em nossa conversa. Já a calça o poria no seu lugar. Essa escolha me daria altivez e demonstraria o meu poderio. Um sorriso amplo se abre no meu rosto. Seria interessante mostrar para ele quem manda aqui. Solto uma respiração alta. Ok, um vestido, mas não qualquer vestido. Um mais comportado, que deixe muito para a sua imaginação. Isso associado a uma conversa séria não exaltaria a minha feminilidade e sim a minha profissão. Faço um bico com a boca, enquanto os meus olhos fitam frustrados a cama cheia de roupas que eu ainda não escolhi.

- Que merda, Samanta, é só um jantar de negócios! Qual é o problema com você? - ralho irritada comigo e pego um macacão. Passo algum tempo ajeitando os meus cabelos, mais outro tempo na maquiagem, escolho o meu melhor perfume e por fim, calço os saltos altos. Dou uma olhada no espelho e sorrio, me sentindo sexy e fatal. - Perfeito! - rosno e saio do meu quarto direto para a sala de jantar, onde tem uma mesa posta para quatro pessoas. Com um suspiro ansioso, caminho para a sala e olho o meu relógio de pulso. Pelo jeito atrasos faz parte do cotidiano do Senhor Stanford Junior. Ralho mentalmente, encontrando o casal abraçadinho no meu sofá e tomando uma taça de vinho. - Olá, Tyler!

- Olá, Samanta! - Ofereço-lhe um meio sorriso e vou para o bar de canto. Pego uma taça e me sirvo um pouco de vinho. Contudo, não volto para a sala. Não vou segurar vela, enquanto aqueles dois se beijam aos sussurros. Portanto, paro em frente a uma parede de vidro transparente e fito a chuva grossa que cai na noite, deixando a visão da cidade gloriosa completamente turva.

- Meia hora de atraso, Senhor Stanford, talvez eu deva lhe dar um relógio de presente - retruco baixinho e entre dentes, esvaziando a minha taça, e volto para o bar para enchê-la novamente.

            
            

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