Capítulo 5 Terça-feira, 10 de fevereiro.

Terça-feira, 10 de fevereiro.

Quase não dormi a noite!

Passei horas pensando no que fazer, decidi que não vou mais ter medo, se aquele estranho vir falar comigo vou fazer algumas perguntas pra ele.

Não dá pra viver com medo, nunca senti medo de nada e não será agora que vou ter medo.

Não sei o nome dele e nem os motivos da loucura dele, pela voz dele, ele não é brasileiro e isso eu tenho certeza. Sinto muito por ele não poder ter filhos, mas não posso ser adotada. Eu tenho medo mas não posso me aprisionar por culpa desse homem.

Muitas pessoas vivem presas as outras, às vezes para agradar ou por serem obrigados.

Eu não! Eu tenho controle sobre mim.

Não, eu não tenho! Mas preciso ter auto controle e não desistir de mim mesma.

Como me sinto: Corajosa! Hoje é um novo dia, um dia de mudanças.

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Quarta-feira, 11 de fevereiro.

As amigas sabem tudo umas das outras, talvez eu devesse contar para minhas amigas tudo que estou passando.

Mas pensando bem:

• Elas entrariam em pânico.

• Ir e voltar da escola seria desesperador. E todos iam acabar sabendo, tenho que resolver isso sozinha.

Fiquei um bom tempo olhando a minha família, mesmo com as brigas; eu não ia querer morar longe deles. De qualquer forma vou dar um basta nessa história. Não tenho motivos pra mudar de família, mesmo porque isso é impossível, gosto de estar com os meus amigos, estou muito feliz aqui.

Não vou embora, aqui é a minha casa e vou ficar bem aqui.

Como me sinto: Decidida a não ir embora.

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Quarta-feira, 11 de Fevereiro às 8:35 PM

Deus! Me olho no espelho e não vejo nada que aquele homem disse.

Estou muito nervosa; vamos por partes Cecília, ele pode achar uma adolescente órfã em qualquer orfanato.

O que eu tenho de diferente?

Não acredito que tive mesmo coragem pra falar com ele; pior entrar no carro dele. Mesmo me arriscando, consegui algumas informações.

Se não forem mentiras:

• É mesmo americano e mora em Washington.

• Disse que pesquisou muitas pessoas, para encontrar uma menina como eu, que por obra do destino tem o mesmo sobrenome que ele.

O acaso não tem nada a ver com isso, acontece que minha bisavó materna é francesa, o meu biso esposo dela é americano, acabaram se conhecendo no Brasil. Não consigo, eu não posso acreditar que eu tenha uma história semelhante a desse sujeito. Que para me provar mostrou seus documentos, que se forem verdadeiros a história é real.

Como me sinto: Será que existem mesmo coincidências?

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Quinta-feira, 12 de fevereiro.

O homem de terno.

Ontem eu estava tão nervosa que nem lembrei que também descobri o seu nome; do qual nunca vou esquecer, até porque parece o meu.

• Wilbert Casteline Martin

•Ele afirma que precisa de um herdeiro, que tem um primo de quarto grau, o único parente vivo que ele tem. Segundo ele, esse primo é imprudente e viciado em jogos, pode perder as empresas dele em uma mesa de pôquer.

• Não sei porque a preocupação, ele vai estar morto quando o primo herdar a fortuna dele, deve haver algo que eu ainda não sei.

• Não entendi a parte que eu tenho a idade para ser treinada. Mas o que me deixou surpresa é que eu tenho uma família que vai continuar cuidando de mim, palavras dele.

Essa história que vou continuar na minha família, fui pega de surpresa, eu não imaginava. Ele garante que pode cuidar de mim estando em outro país. O trabalho dele é perigoso, mas tem umas pessoas que sabem da "existência" de um filho, que algumas dessas pessoas podem me conhecer, mas ele decide quem. Ele não devia afirmar que tem um filho, parece até que aceitei, já que ele afirmou, terá que encontrar um herdeiro rápido.Não vou ser adotada por um estranho.

Wilbert analisou meus documentos e afirmou que vai da certo, que será necessário alterar algumas coisas, mas ninguém vai notar e se notar teremos provas que a adoção foi feita legalmente, e que os documentos são reais e aceitos como verdadeiro, porque seriam verdadeiros, minha opinião e que isso não daria certo, graças a Deus eu disse que não aceito, disse com todas as letras, espero que ele tenha se tocado.

Como me sinto: Tenha quase certeza que não quero essa vida.

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Sexta-feira, 13 de fevereiro.

Essa ideia de adoção é furada, não acredito no homem de terno.

Mesmo dizendo que não vou aceitar, ele quer me ver hoje! Vou evitá-lo.

Eu já tenho um pai e uma vida turbulenta. Porque eu ia querer mais problemas? O que não sai da minha cabeça é o quanto ele me conhece.

• Conhece todos da minha família.

• sabe o quanto é difícil eu ver o meu pai, sabe que a maioria das vezes só os meus irmãos conseguem essa proeza. Minha mãe já me explicou que ele trabalha muito, mas nunca faltou um aniversário meu.

Posso não ter a melhor família de todas, mas me sinto bem e feliz com eles, sinto muito pelo o Wilbert. Mas não posso me meter em encrencas, minha mãe me mata.

Como me sinto: Hoje eu não sei!

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Ainda Sexta-feira, 13 de fevereiro às 7:15 PM

Wilbert me seguiu até em casa, decidi e vou evitá-lo, tenho medo, ele me conhece e conhece a minha família muito bem.

Um grande motivo para estar apavorada, o medo que sinto é tão grande que a minha mãe já notou, fez perguntas.

Neguei qualquer coisa. Coloquei a culpa na prova surpresa ou melhor na professora.

Bruno e Mateus ganharam presentes, minha avó paterna veio hoje nos fazer uma visita, eles ganharam um mini game de pilhas, eu ganhei uma super e maravilhosa,

• toalha de banho.

Que vontade de soltar foguetes e jogar confetes.

Engoli a tristeza a seco, fingindo que tinha adorado o presente, não quero que ela fique triste.

Como me sinto: Uma velha, só, assim, pra explicar porque o meu presente é uma toalha.

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Sábado, 14 de fevereiro.

Bruno e Mateus adoram mostrar que são sempre os preferidos, eles notaram que eu não gostei do presente, estão rindo e fazendo piadas.

Hellen tentou mudar a situação, tentou me convencer que a minha avó me deu a toalha porque eu poderia precisar ou estar precisando.

Guilherme prometeu que vai me dar uma bolsa bem bonita, quando receber o salário dele. Mas não é o fim do mundo, até que é legal ganhar uma toalha (Quando você tem 30 anos ou mais de idade).

O que acontece é que eu nunca ganho nada legal da minha avó paterna. Deixa eu lembrar de alguns:

• Toalhas e meias.

• Um lençol masculino.

• Cabides para o guarda roupas.

• Um CD de uma banda que eu não gosto e ainda era usado.

• Uma bolsa horrorosa e estava furada.

Para uma avó paterna que só tem duas netas e dois netos, ela devia se preocupar mais com as escolhas dos presentes, não quero presente caro; só presentes legais. Alicia, minha prima e talvez a última neta dela, filha da minha tia irmã única do meu pai, ganha presentes melhores, super presentes.

Ela já ganhou:

• Uma coleção de livros da autora que ela gosta

• Roupas novas e lindas

• Uma bola original de vôlei, deixar bem claro que a bola era nova, recém saída da loja.

Não acho que a vovó goste de mim. Agora minha avó materna gosta e mostra, não é pelos presentes legais, mas é que todos os netos ganham presentes bons e que refletem o nosso gosto (Minha avó materna tem mais netos e netas que minha avó paterna).

Minha mãe gosta de passar pano nas atitudes da minha avó paterna, sempre diz que ela gosta muito de mim mesmo que não pareça.

Como me sinto: Sem sorte!

                         

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