Capítulo 5 O Cio da loba (parte 1)

Lucine caminhou as quadras que separavam a cabana de Aram da casa de Ruth, refletindo sobre como estava sua vida. Em um intervalo de poucos meses havia visto toda sua família ser morta por um Lycan, foi raptada e mantida refém a mercê de abusos físicos e psicológicos por membros sobreviventes de seu próprio clã. Conseguiu finalmente matá-los e fugir, mas foi capturada por outro clã de lobisomens e obrigada a se casar com o Alfa do clã dos Lycans, o mesmo que havia matado sua família.

No início as coisas foram conturbadas, mas com o tempo ela foi descobrindo que ele realmente era, um macho bom que estava atormentado pela dor. O clã de Lucine estava longe de ser inocente, por causa daquela guerra idiota entre Lycans e Lobisomens, eles havia matado de forma brutal a esposa do Alfa, e ele apenas havia buscado vingança.

Com a convivência em um casamento que era só de aparências, eles foram se tornando amigos, e ele a ajudou a desenvolver os poderes que havia ganhado como alfa suprema, após matar os últimos membros vivos de seu próprio clã.

Ela estava empolgada com o treinamento, se sentia cada vez mais poderosa e feliz por estar aprendendo a controlar esse poder. Ela e o Alfa estavam em um bom momento, conversavam e às vezes até riam juntos. Se o seu cio que se aproximava fosse tão intenso como Ruth estava prevendo, isso destruiria todo o avanço entre eles.

Lucine não era tão ingênua, sabia que havia algo errado com ela, seu corpo e seus sentidos estavam diferentes. Fazia dias que também estava muito consciente da presença de Aram, o cheiro dele estava mais intenso, e cada vez que ele se aproximava algo parecia tremer em seu interior. No dia em que treinaram o combate corpo a corpo, ela podia sentir uma energia diferente no ar, uma tensão quase palpável.

Ela não costumava se sentir atraída por machos, não que houvesse se sentido atraída de fato por Aram, mas estava muito consciente da presença dele, da masculinidade dele, a sensação era estranha. Ele era um macho muito bonito, de porte físico grande, e com cabelos negros. Sua pele era de um tom oliva, mas seus olhos eram muito bonitos.

O relacionamento deles havia começado muito mal, mas foi melhorando aos poucos. Mesmo assim, ele era uma pessoa muito fechada, exatamente como ela. Não distribuía sorrisos e gentilezas, mas ela entendia que ele havia passado por algo difícil.

Na verdade, ela não tinha como saber quem realmente era aquele macho, talvez nem ele mesmo se lembrasse, tamanho foi o tempo em que ficou bebendo, mergulhado na escuridão. Porém, era honrado, havia voltado a levar a sério suas obrigações e a cuidar de todos, até mesmo dela, de certa forma.

Quando Lucine chegou em casa, resolveu se deitar, o corpo estava começando a doer novamente e a febre voltou. Não soube ao certo quantas horas se passaram, mas ela ia e voltava de um estado de semiconsciência e torpor.

Aram saiu da madeireira ao final de seu turno e foi diretamente para a cabana, quando adentrou a casa, imediatamente sentiu a atmosfera estranha que a envolvia. Era como se uma energia pesada o puxasse em direção ao quarto, de alguma forma ele sabia que Lucine estava lá. Instintivamente, ele sentiu que algo estava errado e, sem hesitar, correu em direção a ela. Encontrou-a deitada na cama, ardendo em febre, coberta de suor.

Quanto mais se aproximava dela, mais sentia os efeitos do cio em seu próprio corpo, seu membro endurecia instantaneamente, e uma compulsão por possuí-la o dominava.

Aquilo era completamente diferente do cio de Yasmina, sua luna falecida. Naquela ocasião, ambos haviam sentido uma atração irresistível um pelo outro, mas nada se comparava àquilo.

Talvez fosse o fato de Lucine ser uma Alfa Suprema, que tornava seu cio tão intenso. Sua energia era avassaladora, e parecia que o corpo dela não estava suportando.

Ele afastou as cobertas e a levantou com cuidado. Pensou que um banho frio poderia ajudar a baixar sua temperatura, ela parecia muito doente. Rapidamente, ele tirou suas roupas, deixando-a apenas de calcinha, pois ela não estava usando sutiã. Apesar de estar se sentindo compelido sexualmente, não prestou atenção ao seu corpo nu, estava preocupado em fazê-la melhorar.

Ele também se despiu e ficou apenas de cueca, consciente de que não poderia deixá-la sozinha na banheira, já que ela mal conseguia se manter sentada.

Aram a pegou no colo e caminhou até o chuveiro, ligando-o e entrando na banheira com ela em seus braços. A água fria do chuveiro caía sobre eles, escorrendo pelo corpo de Lucine, especialmente em sua cabeça e cabelos. Ele a segurou ali por um longo tempo, enquanto a banheira ia se enchendo de água com os dois dentro.

Quando os tremores de Lucine finalmente cessaram e sua temperatura pareceu baixar um pouco. Aram desligou o chuveiro e abriu o ralo para escoar a água. Com uma toalha, ele se enxugou um pouco e depois a secou delicadamente, antes de levá-la de volta para a cama.

Ele a deitou com cuidado na cama, cobrindo-a com cobertores para mantê-la aquecida e confortável. Sentou-se ao seu lado, com os olhos cheios de preocupação - Lucine, você vai ficar bem.

Murmurou suavemente para ela, que estava praticamente desacordada.

- Estou aqui com você e não vou sair do seu lado.

Seus dedos acariciaram suavemente o cabelo úmido dela, tentando oferecer algum tipo de conforto, ele nunca havia cuidado de alguém tão doente, não sabia ao certo o que fazer, fora que também estava sendo afetado pelo cio.

- Você é forte, Lucine, vai superar isso.

Aram sentia ondas de calor pelo próprio corpo, e nem a água gelada serviu para conter sua excitação forçada. Seu membro chegava a doer ao latejar, o desconforto era imenso. Ele estava quase cogitando novamente a ideia de socar a si, em busca de algum tipo de alívio.

Lucine se mexeu levemente, abrindo os olhos com dificuldade. Sua voz era fraca quando expressou gratidão.

- Aram... obrigada. Eu não quero que você fique, vai ser difícil...

Ela estendeu a mão, tentando afastar o toque dele.

Aram segurou sua mão delicadamente e pousou de volta na cama.

- Você não precisa me agradecer, e eu não vou a lugar algum. Vamos passar por isso juntos, eu não vou te deixar sozinha.

Nesse momento Lucine se encolheu bruscamente e não conseguiu conter um grito. Uma onda de dor intensa que parecia vir de suas entranhas, atravessou o seu corpo.

- Lucine...

Aram chamou seu nome, preocupado, mas essa mesma onda de energia e dor o atingiu também, e ele não teve outra alternativa a não ser se curvar na cama igual a ela, em posição fetal.

- Aram, está doendo, está doendo muito!

Ela disse, quando conseguiu falar algo.

Ele demorou um tempo até conseguir responder.

- Eu sei, também estou sentindo.

- Acho melhor a gente se afastar, você precisa ir para outro lugar.

- Eu já disse que não vou te deixar sozinha aqui.

- Mas...eu sinto que dói mais quando você está perto de mim, porque eu preciso...eu preciso de você!

Mesmo em meio a angústia da dor, Aram sabia a que ela se referia, pois ele sentia o mesmo. De alguma forma os dois sabiam que aquela agonia parecia ter apenas uma exigência, que ele

a possuísse o mais rápido possível.

continua...