Fazia exercícios sobre o chão do quarto, em frente a uma enorme janela, onde a luz solar iluminava o meu corpo soado, inclusive o que deslizava por minha testa. Meus braços queimam pela flexão que faço todas as tardes, quando não os faço, estou lendo algum livro, tentando acessar as câmeras de linhas inimigas ou assistindo alguma série. Enquanto ainda faço a flexão de braços eu encaro o enorme monitor onde observo todo o apartamento de Ariel, ela estava na cozinha, abaixando-se em frente ao forno, ela tira um refratário e põe sobre o balcão, as crianças pulam animadas para começar a comer. Parei de fazer os exercícios e me sentei sobre o chão, assisto a tela onde mostra perfeitamente o seu belo rosto, ela estava com 30 anos, fará 31 em breve, mas a sua beleza permanecia como pus meus olhos nela pela primeira vez. Ela estava linda, durante esse tempo que estou longe ela continuou com a franja, porém seus cabelos ficaram menores, o estilo deixava sua expressão jovial e pura, mas sei que aquilo não passava de uma impressão, Ariel é a cópia fiel da tentação, na cama, com um simples boquete conseguia me manipular.
Depois que comeram, foram para a sala principal, onde sentaram no sofá e assistiram TV juntos. Observo bem a Estela, tem exatamente três anos, logo fará quatro, e para minha surpresa faz na mesma data e mês que eu. As vezes nem acredito que Ariel teve outra menina, Nikolai e eu sofreremos para dominarmos a casa. Suzana e Estella eram muito parecidas comigo, os cabelos eram escuros e os olhos em tons azuis quase frios, iguais aos meus, elas são lindas, e isso me fará ter fortes dores de cabeça quando os anciãos chamarem a minha atenção e procurar respectivos maridos. Porém esse pensamento ainda está muito longe, assim que voltar para eles, mandarei as duas para um internato da organização que fica na Inglaterra, lá, ela aprenderam a serem uma verdadeira princesa da máfia, e quando retornarem para casa, casarão com um líder escolhido por mim.
Saio dos meus pensamentos quando escuto o meu dispositivo sem GPS tocar, me levantei do chão e fui até o aparelho, era Trevor me ligando.
- Boa tarde tutu, como vai o meu mal humorado favorito?
- Eu já te ameacei tantas vezes por me chamar assim, você perdeu o medo de minhas insistentes ameaças?
- Mas é óbvio! Você precisa de mim e não pode me matar, além do mais, sou seu único amigo.
- É melhor tomar cuidado, não confiaria tanto nessas palavras, se eu fosse você.
- Deixa de bobagem. Como você está? - Voltou a perguntar.
- Estou bem, na medida do possível. Essas paredes parecem que vão me sufocar a qualquer momento. - Praticamente desabafei, enquanto ia até a geladeira e pegava a minha garrafa de água. - Para quê me ligou?
Andei pelo quarto com a garrafa nas mãos, me aproximei da janela e comecei a beber água, enquanto esperava Trevor me responder.
- Não posso ligar para saber como você está? - Ele questiona, ofendido.
- Pare de enrolação e diga de vez para quê me ligou.
- Venho me preocupando com você, seu arrogante. Já faz cinco longos anos que não o vejo, nem me liga, a menos que eu te ligue para saber ou dar alguma notícia de como anda o assunto do seu tio.
- Você age como se fosse a minha mulher.
- Mas Ariel não te liga para saber do seu dia, nem se preocupa com você, ela acha que está morto.
Ouve um minuto de silêncio, aquilo doeu mais do que as balas que me perfuraram anos atrás.
- Me desculpe - Pediu, completamente sem graça.
- Fale assim outra vez, e eu não respondo por mim.
- Quer conversar? Tenho muitos assuntos.
- Quando foi a última vez que falou com a minha mulher?
- Tem três semanas. Tem um tempo que o Noah me pede para irmos vê-la.
- Você sabe que estão de olho neles, isso seria... - Ele me interrompe, completando a minha frase logo em seguida.
- Uma péssima ideia, eu sei. As vezes ligo para Matilde, ela me mantém bastante informada de tudo que acontece dentro da casa e o pouco que sabe fora dela. Fiquei sabendo que ela matou um homem por ter tentado roubá-la, quando estava caminhando em um parque.
- Aquela mulher me enlouquece mesmo de longe.
- Não pode culpá-la, as pessoas lidam de formas diferentes com o luto. Ela sente a sua falta.
- E eu sinto a dela, todos os dias.
Me virei para vê-la no monitor, ela estava desligando a TV e levando as crianças para o quarto, depois que as colocou na cama foi para o seu quarto, fechou a porta e deitou na cama, antes de dormir, ela passou o polegar em um porta retrato ao lado de sua cabeceira, era uma foto minha.
- Você deveria pensar em voltar. Talvez eles realmente tenham se convencido de que realmente esteja morto.
- Não podemos confiar. Além do mais, só assim eles estão fora desse inferno.
- Precisamos fazer alguma coisa.
- Eu já estou fazendo, porém preciso receber uma resposta antes, se caso tudo ocorrer como tenho planejado, voltarei para minha família.
Mudamos o nosso assunto, Trevor me informou de fizeram uma reunião para falar sobre Ariel e sua completa mudança. As rainhas antes de Arthur sempre foram submissas, não tinham nenhuma participação ou atitude dentro da organização, além de gerar o herdeiro, mas Ariel por ser a atual rainha, tem despertado interesse entre os anciões para enviá-la a missões, mas rapidamente fui contra, e não queria que ela se submetesse ao perigo. Depois de encerrar a minha conversa com Trevor, eu fui para o banheiro tomar um banho frio. Me enfiei embaixo da água corrente e passei a mão sobre o cabelos. Com os olhos fechados eu comecei a me lembrar da minha baixinha, meu pau ficou duro, frustrado, soquei a parede puto. Todos esses anos eu tenho controlado o meu tesão com masturbação, eu poderia facilmente encontrar uma mulher qualquer e ter uma boa foda, mas não é isso que eu quero, eu desejo unicamente a que me pertence. Ariel me viciou naquela buceta, e não vejo a hora de fodê-la novamente.
Após o banho eu enrolei a minha cintura com uma toalha, com outra toalha menor eu andava e enxugava o cabelo. Assim que parei em frente a cama, escutei uma voz fina, suave e agonizante que pensei que jamais ouviria novamente.
- Por um momento não me auto convidei a participar do seu banho.
- Margot. - Pronunciei seu nome, jogando a toalha em mãos na cama e me virando para ela.
- Oi, gatinho. Faz tanto tempo que nos vimos, sentiu minha falta?
- Então a filhinha do papai me achou.
- E não imaginei que te acharia assim. - Ela desceu seus olhos pelo meu corpo. - Eu senti tanto a sua falta.
- Como me achou?
- Não é fácil rastrear um gostoso como você. - Respondeu, enquanto começava a andar em minha direção. - O aparelho que você usa para entrar em contato com o seu bichinho tem GPS, levei um tempo para conseguir localizar.
- Onde está o seu pai? Tenho caçado ele.
- Você caçou por mim também? - Ela parou na minha frente, pousa os braços em meus ombros e encara meus olhos. - Papai sabe que você tem dado um de caçador, mas com os aliados, vai dificultar a sua missão.
- Se afasta e some, antes que eu mate você! - Ameacei em voz baixa para que ela compreendesse, enquanto eu fazia isso, tirava suas mãos do meu ombro.
- Se me matar, em menos de meia hora a sua família medíocre estará morta, a não ser que tenha uma máquina que te ajude a tele transportar para Los Angeles e tentar salvá-los de um massacre.
- O que você quer?
- Você pode achar que estou apoiando meu pai, e uma parcela estou, mas eu não quero que ele te machuque. - Margot se afastou de mim e andou até a janela mais próxima e encarou o horizonte, o sol já começava a sumir. - Quando eu soube que estava morto eu quase enlouqueci, me vi desesperada, cheguei até culpar o meu pai. Eu fui no seu enterro, vi a sua família, e aquela mulher chorando em cima do seu caixão. Eu não quis aceitar sua morte, então comecei a investigar, cheguei até revirar o seu túmulo.
- Você fez o quê? - Perguntei, sem acreditar.
- Andrei, eu não vim aqui para perder tempo te falando o que fiz para te encontrar, eu vim te oferecer um passe livre, antes que meu pai te encontre.
- Não me chame por esse nome!
- Meu amor - Ela volta a se aproximar de mim. - Esqueça daquelas crianças, da sua mulher, deixe que ainda pensem que está morto e venha comigo, eu te prometo que limparei o seu nome da boca de meu pai, prometo que ele não te fará nada.
Escutei aquela proposta insana. Margot no passado chegou ser minha noiva, porém minha intenção não era me casar com ela e sim matar o seu pai. Por anos eu me lembrei de como minha mãe morreu, e por muito tempo planejei a morte do meu pai e de Heron. Assim que assumir o cargo de líder na Bratva, eu matei o meu pai no mesmo local em que ele matou Louise, depois eu cacei Heron, mas quando o encontrei eu descobri que ele já planejava uma guerra contra mim. Me infiltrar foi só capaz quando fingi uma falsa aliança, afirmando que casaria com sua filha.
- Há mais de uma década que eu fingi formar uma aliança com seu pai só para matá-lo, acha mesmo que é você quem eu quero?
- Você me humilhou naquele dia, fingiu estar louco por mim, a transa, foi tão intensa, tão selvagem.
- Tratei você como puta, uma como várias que fodi naquela época.
- Puta? Sou sangue puro da linhagem de Roux, princesa da máfia tailandesa.
- A mesma que destruí há anos atrás, isso não significa mais nada.
- A sua estrangeira que não significa!
- A estrangeira tem muito mais valor que você.
Margot vem na minha direção com os olhos cheios de lágrimas, antes que ela tentasse golpear o meu rosto, eu segurei seus braços e nos jogamos na cama, fiquei em cima dela, a ameacei:
- Talvez eu não possa matar você, ainda, mas antes quero que dê um recado ao seu pai. Diga que irei encontrá-lo, que irei arrancar suas vísceras e dissipar a sua cabeça e que dessa vez, vou me certificar que permaneça morto!
A loira começou a gargalhar, achando engraçado as minhas palavras. De repente, ela esticou a sua cabeça e beijou meus lábios, rapidamente a soltei e saí de cima dela.
- Vou te dar uma chance para escapar, você tem uma hora, ou então você morre, desta vez de verdade.
Ela se levantou da cama e andou em direção a porta, antes de sair ela piscou para mim. Me sentei na borda da cama, completamente puto e frustrado, desta vez eu precisava agir rápido o quanto antes.