Capítulo 2 Despedidas.

Ficou decidido que no dia seguinte todos iriam para casa dos Linares para um almoço de despedida.

E claro as amigas de Sophia já estavam preparando alguma despedida para sábado a noite.

Ela contou que conseguiu uma bolsa de estudos na Itália e que iria ficar na casa de seu tio que morava lá. Ela estudava música, então sobre isso as amigas dela não questionaram, mesmo sem acredita entre meias palavras, entenderam que Sophia não podia contar mais nada.

- Se veremos amanhã então e espero poder conversar mais com você. - Lorenzo falou um pouco sem jeito.

Lorenzo era um homem sério, considerado um demônio por muitos e com os anos foi se tornado uma pessoa cada vez mais fria. Ele já havia se casado com uma mulher da máfia mas sua esposa morreu no parto junto com o bebê prematuro que não resistiu.

Ele cuidou dos treinos de Nicolas pessoalmente desde que Nicolas tinha 10 anos e conhecia ele por ser filho de um dos conselheiros de seu pai, praticamente ensinou tudo o que ele precisava para se tornar um grande mafioso e se tornar o seu subchefe, como aconteceu. Com os anos e após a morte de sua esposa, Lorenzo declarou que desejava que a linhagem da máfia prosseguiria passando o título de Dom para Nicolas no futuro, mesmo que não fosse seu filho, seria seu herdeiro. O conselho concordou com isso e não forçaram Lorenzo a se casar de novo, afinal ele não poderia se casar com quem ele amava.

- Teremos muito tempo pra isso na Itália. - Sophia foi seca e ele acenou com a cabeça.

Ela não queria muito papo, não sabia nem o que pensar do pai biológico que ela descobriu ser um mafioso.

Todos se despediram e Sophia terminou aquela noite tomando um vinho junto com os pais.

Ela estava muito triste e confusa então se pegava chorando e se perdendo em pensamentos mas queria aproveitar o momento ao lado de seus pais .

Lorenzo levou Diana para casa, com um braço na janela e a mão no cabelo, ele estacionou em frente o prédio dela e desligou o carro.

- Não podemos ficar muito tempo parados aqui. - Ele limpou a garganta e olhou para baixo. - Vem comigo pra Itália.

- Não da, não posso. - Ela estava nervosa e sentiu suas mãos suando. - Meu marido, ele...

- Eu... eu te amo. - Lorenzo gritou, ele ficou bravo por ela mencionar o outro. - Deixa te provar o quanto você pode ser feliz.

- Você não me ama, aquelas semanas foram só uma paixão jovem, por isso nunca voltou. -Ela queria que tivesse sido diferente, mas agora casada não podia largar tudo por ele. - Eu não sou besta, nem sou mais aquela menina inocente que você conheceu.

- Eu nunca esqueci aquelas semanas que passamos juntos e eu tentei por anos me convencer de que era por que eu era jovem e inexperiente mas hoje o nosso beijo me provou que não, nossa filha é a prova de que não foi apenas paixão. - Ele estava olhando para ela e passou a mão no cabelo dela.

- Olha isso não vai dar certo, meu marido está me esperando. - Ela abriu a porta e saiu sem deixar espaço para ele impedir.

No dia seguinte Sophia acordou cedo e foi tomar café junto com Mel que depois passou a manhã brincando no jardim com Otávio, enquanto Helena preparava o almoço e Sophia fez as malas.

Ela não levaria muitas coisas, pois Lorenzo disse que ela iria comprar tudo lá. Então colocou o básico para alguns dias para ela e para Mel.

Uma batida na porta.

- Você conseguiu falar com Jhonatan para ele vir se despedir da Mel ? - Otávio perguntou se referindo ao pai da Mel.

- Eu tentei, mas não sei nem onde ele está, faz tempo que ele não aparece. - Ela respondeu enquanto fechava a mala. - Mas também não quero nem pensar nele.

- Certo, se ele aparecer, eu falo com ele. - Coçando a cabeça pensativo ele perguntou. - Você esta bem filha?

Ela não conseguiu nem responder e os olhos se encheram de lágrimas. Otávio a abraçou.

- Por um lado aliviada por saber toda verdade. - Suspirou e continuou. - Por outro com medo de ir embora e entrar para essa vida. Mas não tenho escolha, é isso ou colocar minha filha em risco. Tenho que ser forte e serei pai.

Enxugou as lágrimas e se levantou como se pudesse enfrentar o mundo todo para proteger sua filha.

Quando deu meio dia todos foram chegando inclusive as duas melhores amigas, Ana e Suzana. Dessa vez Tadeo também veio.

Todos se sentaram, oraram agradecendo pelo alimento, (o que era regra na casa dos Linares) e almoçaram, envolvendo muita conversa o clima estava até harmonioso.

Otávio estava em uma ponta e Lorenzo em outra mas os dois conversaram bastante sobre futebol, algo em comum que descobriram gostar e inclusive Sophia jogava muito bem por diversão é claro. Até combinaram deles jogarem uma partida no campo que Lorenzo tinha em uma de suas casas.

As amiga de Sophia estavam ao seu lado e conversavam sobre os estudos e apoiavam a amiga a aproveitar muito Itália, enquanto Sophia ajudava Mel a comer e de vez em quando olhava disfarçadamente para Nicolas, que fazia o mesmo enquanto conversava com os homens mais velhos e com Tadeo. Já Diana e Helena estavam o tempo todo de olho em todos, enquanto prestavam atenção na conversa dos rapazes.

- A homens. - Helena falou para cunhada a seu lado. - O assunto nunca muda e sempre tem muito a dizer.

- Tenho que concordar. - Diana balançou a cabeça e riu. - Você e Otávio vão ficar bem com isso ? - Ela perguntou baixo.

- Fica tranquila queria, você não tem culpa de nada disso sozinha, está entendendo ? - Helena sabia que Diana já estava se culpando por tudo, como sempre fazia, e ela a amava demais para permitir isso.

Helena abraçou a cunhada e Lorenzo viu que Diana estava mal, mesmo que elas estavam disfarçando bem.

Terminado o almoço os homens foram para o jardim, ficaram encostados no balcão da área da churrasqueira conversando, Sophia e as amigas também foram para o jardim e sentaram no banco em frente a casa de bonecas da Mel que estava brincado.

Helena e Diana estavam retirando a mesa e indo para cozinha prepara um café, pois alguns ficariam ali a tarde toda.

- Percebi que o Senhor Luvizzoto não para de te olhar. - Helena comentou abrindo um sorriso no rosto enquanto lavava a louça.

- É sério ? - Diana ficou em choque.- Tenho que confessar que fiquei muito mexida com a presença dele, ainda mais por que...

Helena parou de lavar a louça, olhou para Diana e nem a deixou terminar de falar.

- Vocês se beijaram ? - Falou baixo.

Diana balançou a cabeça em concordância e fez um bico com o lábio inferior.

- Eu sabia ! Desde que vocês chegaram ontem eu vi que tinha algo estranho ai. - Helena falou contente. - Bom vou confessar, somos amigas e mesmo com toda essa situação nunca gostei da sua relação com Jorge, até porque sempre soube que você amava o pai da Sophia, eu podia ver no seu olhar.

- É mas isso não pode mais acontecer, se Jorge sonhar com isso ele me mata.

- A querida não entendo como você pode continuar em um relacionamento que não vai pra frente. - Helena voltou a lavar a louça, enquanto Diana abaixou a cabeça pensativa.

No jardim.

- So, eu trouxe algumas coisinhas para fazemos uma festinha no seu quarto hoje. O que acha, noite das meninas como despedida ?- Suzana falou e Sophia abriu um sorrisão.

- Meus amores lembra que uma vez no quiosque Beach Hall eu vi um carinha secando a Sophia e falei pra vocês mas quando fui procurar ele não achei ? - Ana perguntou com um olhar questionador, e Suzana concordou, mas Sophia a interrompeu.

- Deixa eu adivinhar é aquele carinha ali ? O moreninho né ?

- Sim tenho certeza de que é ele, naquele dia achei que eu estava ficando louca por que ele sumiu num piscar de olhos, mas não esqueceria esse olhar penetrante. - Elas riram.

Nicolas que não parava de observar elas, notou que ele era o assusto, deu uma piscadinha para Ana e se aproximou delas.

- Olá Flash. - Ana falou, ela sempre foi muito ousada, apesar de nunca ter namorado sempre ficava com alguns homens.

- Boa tarde meninas. - Nicolas falou com um sorriso simpático no rosto.

- Ana estava lembrando de quando te viu e achou que estava ficando louca porque você sumiu rápido. - Suzana disse bebendo a cerveja.

As duas amavam festa mas também eram muito responsáveis, e se dedicavam aos estudos, Ana já trabalhava em uma das empresa de sua família como uma grande executiva e Suzana fazia faculdade de direito, então pegava firme nos estudos, mas sempre que se reunião elas descontraiam, eram ótimas amiga e sempre davam uma aliviada ajudando a cuidar da Mel, Sophia era grata por telas em sua vida.

- A sim ! A primeira pessoa que quase me pega enquanto estou de tocaia. - Nicolas falou se sentando no banco do lado de Suzana.

- Tocaia ? Então é um agente secreto ? - Ana estava com as pernas dobradas e as abraçou quando falou.

- Não, ele é o meu anjo da guarda na verdade! - Sophia cruzou as pernas, mostrando sua coxa levemente torneada pela fenda do seu vestindo longo vermelho.

É claro que ela não fez de propósito mas mesmo assim Nicolas notou e olhou discretamente para as pernas na morena, mordendo o lábio inferior e tentando se controlar.

Sophia era considerada muito engraçada, uma mulher de bom humor em todos os momentos, além de linda é claro, ela é naturalmente incrível e conquista a todos por onde passa sem qualquer esforço.

- Uau, com um anjo desse te protegendo eu não vou nem me preocupar por você estar indo para o outros lado do mundo. - Suzana disse e Nicolas deu uma risadinha sacana passando a mão nos cabelos castanhos.

Todos conversaram mais um pouco e Lorenzo olhou no relógio tomou mais uma xícara de café pois não iria beber nada alcoólico assim como Nicolas e Tadeo já que iriam aproveitar que estavam no Brasil para visitar algumas empresas.

- Acho que já temos que ir. - Lorenzo falou para Tadeo e olhou para Nicolas que logo entendeu.

Eles se despediram e Sophia acompanhou eles até a saída.

- Amanhã pegamos você, nosso voo sai às seis da noite. - Lorenzo falou, deu um beijo no rosto dela e saiu.

Nicolas e Tadeo também se despediram com um beijo no rosto.

- Deve estar nervosa né ? - Tadeo perguntou e Sophia concordou com a cabeça. - Mas vai dar tudo certo.

Ele sorriu e se virou seguindo Nicolas.

Sophia passou o restante do dia com as meninas no quarto e Helena, Otávio e Diana aproveitaram e ficaram mimando a Mel o máximo que podiam.

- Olha sabemos que você não pode contar o que está rolando de verdade mas saiba que estamos aqui pra tudo o que você precisar, só ligar tá. - Ana falou.

O clima estava ficando triste e o peso da despedida estava cada vez mais pesado.

Elas fizeram skin care, assistiram um romance, enquanto faziam as unhas.

No dia seguinte quando acordaram tiveram a ideia de tomar café fora mas como Sophia sabia que não podia mais sair sem avisar ligou para seu pai.

- Certo, vou mandar o Tadeo para levar vocês, em meia hora ele chega aí. - Lorenzo falou.

E assim foi, Sophia aproveitou pra conversar mais com ele, quando chegaram ele ficou do lado de fora da padaria vigiando e elas foram tomar cafe.

- Aí ele é tão sério. - Ana comentou, enquanto passava a língua nos lábios.

- Ele está trabalhando. - Sophia disse pensativa. - Acho que eles estão sempre trabalhado aliás.

- Que vida mais chata, eu depois que saio da empresa não tenho mais nem vontade de olhar para o celular com medo de ser uma mensagem de trabalho, coisa que é rara de acontecer. Imagina trabalhar 24 horas por dia. - Ana falou com cara de exausta. - Mas ele é bem gostosinho né.

- Meninas vocês andam muito assanhadas. - Sophia falou tomando o suco que laranja natural.

- A nem olha pra mim eu tô de boa é essa daí que tá com fogo demais. - Suzana apontou para Ana e continuou mexendo no celular. Provavelmente falando com algum cliente.

Quando entraram no carro Ana se apressou em perguntar:

- Tadeo né ? Qual a sua idade mesmo? - Ela se sentou no banco da frente.

- 25 anos e vocês ? - Tadeo falou dando partida no carro.

- Elas tem 22 anos, eu faço 22 em outubro. - Ana cruzou as pernas, ela estava com um vestido soltinho acima do joelho que levantou mais quando o vento bateu.

- Tá ficando mais velinha - Tadeo brincou.

- Sim, ficando MAIS, mais linda por exemplo. - Ela falou dando ênfase no "mais" em um tom irritado.

- Com certeza. - Ele estava com o cotovelo na janela do carro e passou o dedo indicador nos lábios dando uma olhadinha de canto nela. - E mais bravinha também.

- Ah - Ela deu um tapinha no braço dele e cruzou os braços.

As meninas e Tadeo caíram na gargalhada. Quando chegaram na casa, Suzana saiu brava do carro e Tadeo saindo do carro esperou ela passar e puxou ela dando um beijo caloroso, as meninas foram entrado pra casa.

- Tchau Tadeo, até mais tarde.- Sophia falou.

- Tchau ! - Suzana falou segurando o sorriso no rosto.

Ele por sua vez só acenou com a mão rápido para voltar a puxar Ana mais pra perto.

- A gente se vê por aí. - Ele falou quando terminou o beijo e entrou no carro.

Ela ficou sem jeito e deu um sorriso sem graça andando de costa em direção a casa da Sophia sem tirar os olhos dele.

Horas mais tarde.

Helena e Sophia estavam com Mel no colo se abraçando e chorando, Otavio abriu a porta para Lorenzo e Nicolas.

- Filha que Deus te abençoe, te cubra e te proteja. - Helena disse beijando a cabeça de Sophia e de Mel. - A esse anjinho também, vovó te ama.

- Amém mãe, se cuida também e cuida do papai. - Sophia falou e se virou para abraçar Diana.

- Minha queria, me desculpe por tudo o que te causei, eu te amo. - Diana não conseguiu dizer mais pois não conteve as lágrimas.

- A gente vai se falando. - Sofia se afastou e secou as lágrimas que escorriam no rosto de sua mãe biológica.

Foi para o roll de entrada se despediu de todos e em meio a tantas emoções. Saiu da casa e entrou no carro.

O caminho para o aeroporto foi difícil as lágrimas escorriam em seu rosto. Mel acabou dormindo assistindo seu desenho preferido e Sophia acariciava o rosto na pequena.

- Tudo por você filha.