- Vamos no meu carro! – Respondi, sendo acompanhado por Thomas, que assumiu o volante.
A ambulância ia na frente abrindo caminho e fazendo alarde, aquilo me irritava, pois, era certeza de que apareceria nas primeiras manchetes no dia seguinte.
- Cássio? – Chamou Thomas, tendo minha atenção. Eu estava com a cabeça tão cheia, que nem me dei conta de tê-lo ouvido chamar antes.
- Hm? – Respondi comum resmungo, o olhando pelo retrovisor interno. O loiro estava com os olhos fixos aos meus e então, respirou fundo, intercalando o olhar entre mim e a rua.
- Você não ia a propor em casamento? – Perguntou ele, me fazendo o questionar com o olhar a respeito de ele estar falando de forma tão informal.
- Eu deveria? – Perguntei, tocando meus lábios, enquanto desviava meu olhar para a vista do lado de fora. - A partir de agora, Tomás, me trate corretamente.
- Desculpa senhor! – Respondeu ele, desviando a atenção de mim finalmente e segundos depois, o ouvi resmungar. - Sou Thomas e não Tomás.
E finalmente, o silêncio reinou.
Ele estacionou na entrada de um enorme hospital e quando desci do carro, aquele sentimento de melancolia me atormentou. Eu definitivamente odeio hospitais!
Olhei para cima e respirei fundo, adentrando no lugar e assim que me levaram até ela, esperei até que todos saíssem do quarto para poder entrar.
Aria estava adormecida; me aproximei mais para a observar. Ela tinha dois olhos grandes e levemente puxados e eles fechados, deixavam ela com a aparência um pouco doce. Toquei a franja dela com a ponta do sindicador para notar com mais precisão os traços dela e então, escutei a porta abrir.
- O senhor, que é? – Perguntou uma enfermeira, me olhando coma expressão séria.
- Sou o namorado dela. – Falei sentindo aquilo entalar na minha garganta.
A mulher, ao me ouvir, pareceu verificar algo no papel e sorriu para mim, se aproximando.
- Senhor Cássio Morgan, certo? Tentamos contato, mas o seu número parece indisponível! – Disse ela, me fazendo lembrar do antigo telefone que eu havia deixado em casa.
- Como ela está? – Perguntei a vendo se aproximar ainda mais e quando me virei para a olhar, os olhos de Aria estavam fixos aos meus. Aquilo me assustou.
- Ela está bem! Em uma hora saem os resultados dos exames. Sugiro que ela continue a descansar e que não passe mais estresse. – Disse a mulher, verificando o soro e a temperatura de Aria, saindo em seguida.
E então, um enorme silêncio tomou conta de todo o lugar, o que seria uma paz, se Aria não o tivesse quebrado.
- E então? Vai me dizer quem é aquela mulher? – Perguntou ela, começando novamente o assunto.
Respirei fundo e me virei para ela, a olhando de forma escurecida.
- Sou mesmo obrigado a ficar aqui? Onde está Alex? – Perguntei, olhando para a porta.
- Cássio! – Chamou ela, sem paciência, mas eu estava com menos ainda.
- Que saco, Aria! – Respondi, me virando novamente para a olhar e então, me aproximei dela, ficando bem perto. - Me fala, o que você quer. Dinheiro? Uma casa? Um cargo ou quem sabe ações? O que você quer para me deixar em paz?
Perguntei entre dentes, olhando-a com raiva e em questão de segundos, os olhos dela marejaram. Ela se sentou na cama e ficamos um de frente para o outro, nos olhando diretamente.
Então, Aria suspirou de forma vencida, ainda mantendo os olhos fixos em mim.
- Cássio, eu prometo que não vou mais te atormentar. Apenas me diz onde eu errei. Você foi a primeira pessoa com quem eu me relacionei. Me entreguei para você e pensei que estava tudo bem. Porque me traiu?
- Eu não te traí! – Respondi entre dentes, encarando-a com fúria. Que merda eu estava fazendo?
- Então, quem é aquela mulher? Por que ela espera um filho seu? – Disse ela, me fazendo rir.
- Não sou o pai daquela criança, Aria! – Respondi me sentindo aliviado de uma forma, mas ao olhar nos olhos dela novamente, me lembrei de toda a raiva que eu deveria sentir. Foi então que, respirei fundo e a encarei com os olhos escurecidos. - Quer saber de uma coisa? Eu não tenho mais que te dar satisfação. Terminamos.
Sai de perto dela a dando de costas e quando estava prestes a dar mais alguns passos, a porta se abriu, revelando a enfermeira de antes com um médico.
- Que bom que encontramos os dois reunidos! – Disse o médico, com um certo humor, intercalando os olhares entre nós.
Vinquei as sobrancelhas mostrando a minha confusão, torcendo por dentro para não ser o que eu esperava.
Aria parecia assustada. Ela segurou o lençol da cama com a ponta dos dedos e me olhava como um gato prestes a fugir.
Não era a hora certa para ela dar uma crise de choro, certo? – Me questionei, já vendo o medo transcender dos olhos da garota.
E então a frase saiu de forma "Slow"
- Pa-ra-béns, vo-cês- es-tão grá-vi-dos! – E depois disso, um choro foi ouvido.
Saí daquela sala na mesma hora, sentindo a pior das minhas raivas. E se eu não fosse para fora daquele lugar, com toda certeza destruiria tudo ali dentro e só terminaria quando conseguisse me aliviar.
Não sei como explicar, mas eu estava no estacionamento e a primeira coisa que vi, foi Thomas se aproximar.
- Senhor Morgan? – Chamou ele me encarando e então, me desviei e chutei uma lixeira que estava próxima, a arremessando para longe.
- DROGA! DROGA CÁSSIO! – Gritei exaltado, tendo alguns olhares sobre mim e em questão de segundos, Thomas se aproximou e me segurou.
- Ei cara, o que houve! – Disse ele, me abraçando.
As coisas estavam fora do meu controle. A empresa, meus pais, minha cunhada e agora, mais isso.
Que irresponsabilidade! – Pensei, me soltando do cara que parecia um fiel amigo e eu o tinha maltratado desde o dia em que cheguei.
Dei alguns passos para longe dele na tentativa de tomar um ar e quando eu estava colocando as ideias no lugar, meu celular tocou dentro do bolso do terno.
Ao olhar o nome pelo visor da tela, atendi sem esperar tocar mais uma vez.
- Ei e aí? – Perguntei, tentando manter a voz calma.
- As coisas aqui estão fora de controle, você precisa voltar! – Disse Ellen, com a voz carregada de tristeza.
Naquele momento, levei meus olhos para a porta do hospital e prendi meus olhos, me repreendendo por não estar conseguindo dar conta de tudo.
De uma coisa eu tinha a certeza, deveria resolver primeiro a minha prioridade. A final, Aria não ficaria sozinha.
Respirei fundo e fiz o que era certo para mim.
- Eu estou indo!