Eles se moviam e se entregavam de corpo e alma a aquele ato perfeito, bonito. Não havia presa entre eles, aproveitavam cada momento, cada instante.
Eles não tiveram filhos, Vivian não podia criar. Embora Oliver sonhasse muito em ser pai, ele não cobrava isso dela, pois a amava intensamente.
Eles pensavam em adotar uma criança, e isso teria acontecido se o pior não tivesse acontecido.
Quando ele conseguiu descobrir o problema do carro e colocá-lo para funcionar, já era quase uma da manhã.
Não era fácil lembrar-se daquela noite. Toda vez que a fadiga noite assombrava os seus pensamentos, um nó se formava em sua garganta.
Se o carro não tivesse estragado, se ele tivesse conseguido buscá-la, ele não estaria ali naquela cidade e ela ainda estaria viva.
Ela ia trabalhar ate a meia noite, estava orgulhosa por ter se formado em medicina e conseguido trabalho em um ótimo hospital.
Vivian era pediatra, e Oliver combinou de buscá-la naquela noite.
Assim que ele saiu de casa com o carro, o veículo, logo a frente apagou de vez. Como ele não entendia somente de criar histórias, mas também um pouco de mecânica, ele tentou descobrir se havia a possibilidade de resolver o problema, sem ter que chamar um guincho.
A imensa pantera negra estava bem próxima do hospital em que Vivian trabalhava.
Sentindo o cheiro de humano, ela estava pronta para atacar. A vontade de matar, de enterra os seus dentes no pescoço de um humano era forte. Ela precisava sentir o sangue na boca.
Assim que Vivian atravessou a porta do hospital para a rua, ela sentiu com mais força o seu cheiro.
Ela precisava atacar!
O problema com o carro, Oliver resolveu rapidamente e logo voltou a funcionar.
Um fino chuvisco cai sobre Londres. À distância, Oliver viu Vivian sair do hospital. Ele se sentia imensamente feliz. Vivian tinha o dom de contaminá-lo com a sua alegria.
Não era difícil ser feliz ao lado dela. Para ela não existia nada ruim, tudo estava bom. Se todas as pessoas fossem como Vivian, o mundo teria pessoas mais alegres e felizes.
Oliver não imaginava que aquela noite fosse terminar em terror.
Antes que ele desligasse o carro, ele viu o salto da morte sobre ela. E o tempo que ele teve, foi só de gritar ao ver a imensa fera surgir do escuro. A mordida fatal arrancou o pescoço quase inteiro de Vivian, em meio a uma grande quantidade de sangue.
Oliver não acreditava no que os seus olhos estavam vendo, assim como outras pessoas que estavam saindo de uma lanchonete que ficava logo adiante também não.
Como se estivesse em um filme de terror, Oliver saiu do carro, mesmo sabendo que não tinha como fazer mais nada para salvar Vivian. Tudo havia sido muito rápido, a mordida tinha sido certeira, fatal. Mesmo se ele conseguisse chegar até Vivian, nada adiantaria ela estava morta, e ele só colocaria a própria vida em risco.
Mas agora ele não tinha mais vontade de viver. Um pedaço dele havia ido embora, assim que aquela fera deu o seu salto sobre Vivian.
Ele gritou pela fera, fez se mostrar que estava ali, que ele queria que ela fosse em direção a ele. Ele agitou os braços com um grito angustiado saindo de dentro dele enquanto as lagrimas explodia dos seus olhos.
A fera abandou o corpo de Vivian e foi em direção a Oliver! Alguém gritou para ele voltar para o carro, mas ele não queria. Ele queria morrer também, ele desejava que a fera fizesse o mesmo que ela havia acabado de fazer com Vivian.
Mas alguém o puxou pelo braço, jogou-o dentro de um carro que ele não conhecia. A fera saltou sobre o carro, querendo Oliver e o seu outro ocupante.
Oliver não conseguia reagir, mover-se. Ele estava paralisado, mas não de medo, mas pelo que ele tinha visto acontecer com Vivian.
Como seria a sua vida sem Vivian? Como acordar todos os dias e não vê-la?
Foi só quando o carro entrou em movimento, ganhando velocidade, foi que ele saiu daquele estado catatônico.
A fera tinha ficado para trás, e ao seu lado no volante estava Wilson, o rapaz que havia salvado a sua vida.