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Amanda Almeida
O sinal hoje para a minha alegria tocou mais cedo anúnciando a saída liberada de todos os alunos. De certa forma eu estava feliz, afinal hoje é sexta-feira, dia que anunciam festas e mais festas no final de semana junto à lual nas praias.
Marcela e Júlia irão encher o meu saco até eu aceitar sair com elas, eu não tenho nada contra a essas festas só não curto muito.
Suspirei pesadamente e como de costume estava um calor infernal aqui no Rio. Uso minha mão contra meu rosto a sacudindo de cima para baixo em uma tentativa falha de amenizar o calor com tão pouco vento.
Uma praia cairia bem.
Céus.
Retirei meu celular do bolso enquanto ando pela calçada e com ajuda do polegar procuro o chat do meu primo que estava on.
Mandei mensagem pedindo para que ele viesse me buscar e tudo que recebi foi:
-Se vira pirralha!
Revirei os olhos, comecei à digitar novamente.
Eu odeio esse garoto.
Ergui os olhos vendo que a sinaleira estava fechada, desistir de digitar e comecei a gravar um áudio ao aproximar o celular próximo a minha boca.
-Diego, por favor. Eu não vou ir andando até o morro e você sabe...
Meu pulso foi agarrado e puxado para frente e por puro reflexo puxei de volta sem ser liberta, um grito profundo ecoou da minha garganta pelo susto e por puro azar soltei o celular que trincou a tela.
O motoqueiro olhou em um mesmo movimento que eu para o celular e depois para mim. Só então me dei conta, ele ainda me segurava pela pulso.
-VOCÊ TÁ LOUCO? ME SOLTA!- puxei meu braço com toda força que finalmente ele me soltou.
-Seu filho da...- ele suspende a viseira, seus olhos em um tom castanhos escuros são revelados.
-Gabriel? Você tá doido? Quer me matar.
Eu ainda estava assustada por essa atitude repentina desse idiota. Meu peito descia e subia freneticamente sobre seu olhar atento, minha respiração estava ofegante e sentia que meu coração iria sair pela boca de tão acelerado que está.
Ele não diz nada! Ele somente estica seu corpo alcançando o aparelho no chão, ele volta a sua postura anterior analisando a tela do aparelho.
-Não sabia que era medrosa assim.
Rir irônica sobre seu comentário tosco, Gabriel me olha de maneira debochada porém sem perder seu olhar de seriedade.
-Não é todo dia que alguém agarra seu braço e tenta levar seu celular.- digo sarcástica. -Tinha realmente necessidade disso?
Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios canudos, Gabriel não respondeu, somente pegou um capacete do fundo da garupa e estendeu para mim. O olhei inacreditavelmente, ele só podia estar de brincadeira com a minha cara.
Neguei rapidamente, ele suspirou oferecendo o capacete novamente.
-Eu não vou subir aí.- apontei com o queixo para o fundo da moto. -Primeiro você quase me rouba e agora isso.
O sol estava escaldante, sinto que que poderia ser cozida como um ovo na água fervente. Alguns motoristas que passavam por ele xingavam e buzinavam estressados por Gabriel está parado e em cima da faixa de pedestres.
Ele não tava nem aí.
-Sobe logo Amanda, para de caô.- sua voz é firme e autoritária, fico com um pé meio que para trás e ele parece notar. -Não me obrigue a te por aqui em cima.
Ele diz sério.
Sua moto era alta, os pneus eram grossos e o motor bem potente. Eu não sei como não notei a chagada dele com um motor gritante desse.
Nunca mais mexo em celular na rua.
-Sabe quantos anos eu tenho?
-dezesseis.- ele joga o capacete e pego na ar por reflexo. -Não vou te comer garota, sobe logo.- ele murmura impaciente.
Me dou por vencida, ponho contra minha vontade o capacete rosa que suponho que seja da sua irmã mais nova.
-Como eu subo nisso?- ponho minhas mãos sobre o couro macio da garupa.
Ele firma suas mãos no guidon e com o pé abaixo uma espécie de pedal.
-Põe o pé e passa a perna pro outro lado.- ele diz calmo.
Dou de ombros, ponho o pé impulsionando o corpo pra cima usando os ombros do Gabriel como apoio passando a perna pro outro lado.
-Segura minha cintura.
-Não.
-Tudo bem.- ele faz menção de acelerar a moto fazendo meu corpo ir pra frente e para trás, agarro sua cintura com força. -Marrenta.
Já tinha se passado alguns minutos desde que subi na garupa desse homem. Meu celular não parava tocar e eu já imaginava que seria o meu tio ligando já que eu deveria ter chegado em casa há tempos.
Gabriel tinha pegado um caminho diferente e várias vezes perguntei para ele pra onde ele estava me levando. Ele respondeu? Não!
Confesso que já estava ficando com um medo inexplicável e a todo momento vinha Marcela em minha mente suspirando apaixonada por o homem que estou agarrada na cintura.
Droga.
Gabriel tem um perfume excelente, seus ombros são bem largas e puro músculo.
Irei surta.
Que errado Amanda.
Fechei os olhos com forças e quando menos se espera ele parou. Abrir os olhos ao perceber a velocidade diminuindo e notei que estamos em um estacionamento de um shopping com poucos veículos.
-O que a gente tá fazendo aqui? Achei que íamos pro morro.- Não estranho o lugar já que tinha vindo aqui outras vezes com Amanda. -Gabriel.
Ele desliga a moto e retira o capacete sem delicadeza. Pelo retrovisor vejo seus olhos vasculhando o local e só depois de constar que estar tudo tranquilo sinto seu corpo relaxar, solto sua cintura e desço da moto retirando o capacete.
Ele desce sem muito esforço.
-Vamos comprar um celular novo pra você.