Capítulo 5 Noah

Noah narrando.

No fundo eu sabia que deveria ficar longe dela, eu havia jurado que mulher nenhuma faria minha cabeça de novo e que nunca me apaixonaria novamente, mas essa mulher é minha perdição, percebi isso no dia que mudamos para esse prédio, depois de toda decepção que passei, eu resolvi recomeçar minha vida em outro lugar longe de tudo, e Nathan insistiu em vir comigo, mesmo sabendo de tudo que estava perdendo ao tomar essa decisão, eu já não me importava com a empresa, para falar a verdade não queria nada que viesse daquele Senhor, mas Nathan não tinha nada a ver com isso, e mesmo assim ele abriu mão do seu Patrimônio para vir morar comigo.

Estamos trabalhando em um loja de automóveis, nosso amor pelos carros no trouxe até aqui, mas confesso que demorou para me acostumar a ser apenas um empregado ao invés do filho do patrão, na empresa sentado e com ar condicionado, lidando apenas com cálculos e projetos era bem mais confortável do que atender clientes insatisfeitos, que procurava nossa loja para comprar e nem tinha certeza se queriam mesmo levar o carro, ou colocavam defeito em tudo, como se eles entendesse de alguma coisa, e quando tentávamos dar nossa opinião pessoal, éramos barrados pelo nosso chefe, que pensava somente em ganhar dinheiro e não no bem estar do cliente.

Será que ele se esqueceu da regra que cliente satisfeito, é um cliente fiel?

Sai do meu quarto com uma tremenda ressaca, não conseguia entender o que aquela mulher tinha de tão especial que me deixava tão fora de mim, não sou um cara que costumo agir por impulso, mas ver ela dançando com outro me deixou totalmente aborrecido, e acabei a provocando com sua melhor amiga, mas pelo menos não levei até o fim, não levaria com certeza, por que isso seria baixo demais, e não seria muito diferente daquela mulher sem escrúpulos, daqueles dois safados!

Acabei trombando com Nathan no corredor, ele estava andando de um lado para o outro com as mãos no cabelo parecendo atordoado.

___O que foi? Surtou de vez? - perguntei tentando descobrir o que o deixava nesse estado.

___ Eu passei a noite com uma garota.

____E por que está me olhando com se tivesse indo para uma sentença de morte? Não foi bom?! - dei um sorrisinho. Nathan era o mais reservado, ele se fazia de pegador como a mim, mas ele era meticuloso e escolhia muito bem as garotas com quais ia para cama, ele simplesmente morria de medo de se apaixonar, o pobre já era traumatizado com isso, depois do que aconteceu comigo apenas triplicou, então normalmente ele escolhia as garotas mais fúteis e vazias que existia.

___ Esse é o problema irmão, eu não me lembro. - dei uma gargalhada alta.

___Que azar em garanhão! Mas veja pelo lado bom, se não se recorda do que rolou, então não existe perigo de se apaixonar. - Contorceu o nariz não muito satisfeito.

Seguimos para a sala juntos, e no meio do caminho começamos a encontrar os vestígios da noite anterior, copos de descartáveis jogados, garrafas vazias, peças de roupas para todos os lados, e essa com certeza era pior parte da diversão. Porém a estrada de pegadas terminou quando encontramos um corpo desconhecido no sofá, Melissa estava apenas de roupas íntimas e vestida com a camisa do Nathan dormindo serenamente no sofá. O que era bem suspeito.

___Voce acordou onde? - questionei e me olhou confuso.

___No chão do meu quarto. Como se alguém tivesse me empurrado da cama para sair de lá. Alguém bêbada o suficiente para vir parar aqui no sofá, Merdaaa! Essa é a Melissa?

___A própria! Parece que já encontramos a garota que você transou ontem à noite. Apenas reze para assim como você ela tenha perdido a memória, por que as coisas podem ficar estranhas, se é que me entende, a garota é maluquinha. - Cruzei os braços na frente do peito enquanto Nathan a encarava com indignação.

___Eu não transei com ela, você transou, Por favor Noah! se ela perguntar diz que foi você. - me agarrou pela camisa apavorado e sacudo a cabeça.

___De forma alguma, você fez a merda agora lide com as consequências.

___ Noah, ela vai me odiar quando descobrir que o cara que foi para cama com ela, era, eu ao invés de você.

___E você se importa que ela te odeie? Isso não é ótimo! - seu olhos se abrem.

___ Sim, tem razão. - murmura baixo. Não posso acredita que meu irmão transa com dezenas de garotas para não se apaixonar, e parece ter se apaixonado pela garota a qual ele nem se lembra direito do que aconteceu, se isso não é a coisa mais absurda que pudera acontecer, não sei qual seria.

Mas descobri isso no dia seguinte, quando Estella acreditou que eu de fato dormir com sua amiga, tive que negar várias vezes o ocorrido, e agora até parece que nos tornamos bons amigos, isso é o que acredita, por que com certeza amigo não é bem o título que quero dar para nossa relação, Estella é um monumento de mulher, e quando saiu rebolando aquela bunda perfeita malhada no ponto certo me fez ficar totalmente vidrado, mas não era o fato dela ser uma grande gostosa que me mantinha interessado nela, quando seus olhos encontraram os meus na primeira vez que cheguei aqui, senti algo diferente, uma conexão surreal, nossa química é pega no ar, mesmo ela tentando negar, seus olhos brilham toda vez que me vê, quando me mede de cima embaixo parece faminta, mas com certeza por algum bloqueio quer negar até a morte, porém eu adoro um desafio, e por isso aqui estamos, subindo uma montanha apenas nós dois, por que acredito que quanto mais tempo puder ficar com ela, mas chance tenho de conquista-la. Ela pode acreditar que o fato de tentar ser seu amigo a deixa segura o suficiente para não ir para cama comigo, mas para mim, ser amigo não é um obstáculo, e sim o trampolim para conseguir algo à mais, e não importa quanto empecilhos ela coloque na nossa relação, os obstáculos servirá para ter mais prazer quando conquistar a vitória.

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Estella.

Eu sei que deveria desconfiar de qualquer cara que me trouxesse para subir em um monte longe da cidade apenas nós dois, ainda mais se a pessoa em si se tratava do meu vizinho babaca que não pode ver um rabo de saia, mas era tarde demais para recuar, eu sou teimosa e orgulhosa o suficiente para arruinar meus planos com medo do que poderia acontecer, e por algum motivo que não sei expressar com exatidão, tenho a sensação que Noah não me machucaria. Eu andei o observando e Noah parece uma pessoa com as ideais no lugar, apesar de ser um pouco sério, não chegava ser esquisito como um psicopata.

___Então? Decidiu ou prefere esperar anoitecer e não conseguimos enxergar nada para tomar sua decisão? - eu poderia ouvir sua respiração impaciente.

___Eu aceito, eu vou subir a montanha com você. Mas antes disso quero que saiba, que se alguma coisa acontecer comigo, pessoas que eu amo irão vir me procurar, e você será um homem morto. - notei o canto dos seus lábios se repuxarem.

___Entendi senhorita, agora podemos ir? - estendeu a mão cordialmente e a segurei prontamente, porém quando meus dedos tocaram sua mão senti um formigamento estranho.

Ele olhou rapidamente para meus pés, em seguida voltou a me fitar.

___Antes de subirmos, precisa trocar os sapatos, subir trilhas a vários lugares escorregadios, e tênis não é adequado, tenho um par de botas de borracha para você no porta malas. Também vou pegar alguns equipamentos de segurança. - falou seriamente e soltou a minha mão me causando um certo vazio, fiquei encostada no carro tentando compreender onde estava com a cabeça.

Fiquei aproveitando a brisa fresca, e o calorzinho de sol de fim de tarde, infelizmente não teremos tempo de poder apreciar o pôr do sol, já que levaremos horas para subir essa trilha. Noah veio na minha direção, e me entregou os equipamentos de segurança, fiquei surpresa ao notar sua habilidade com isso, eu não pensaria que alguém como ele gostava de coisas radicais e de natureza.

___Você costuma escalar sempre aqui? - perguntei enquanto suas mãos firmes passavam por trás da minha cintura apertando o equipamento de segurança, queria dizer que estava totalmente bem essa aproximação toda, e que não me abalava nenhum um pouco, mas era basicamente o contrário, sentia um calor subir por cada parte que ele tocava mesmo sem pretensão alguma de me provocar.

___Sim, sempre amei coisas radicais e selvagens. - piscou charmoso.

___E quantas garotas você já trouxe aqui?

___Nenhuma, você é a primeira. - me olhou atentamente e dei uma risada.

___Voce quer mesmo que eu acredite nisso? Não trouxe nenhuma garota aqui para tentar impressiona-la? - arqueei a sobrancelha.

___Não, se eu quiser impressionar uma garota eu só preciso leva-la para cama, não para uma montanha cheia de mosquitos e perigos. - falou com a voz baixa e rouca.

___Entendi. ___E por que me trouxe aqui nesse lugar? Por acaso está planejando me matar?

___Só se for de prazer... Apertou os olhos. ___ Quero dizer. Voce é minha amiga, e esse é o tipo de lugar que gosto de levar meus amigos, Nathan já veio escalar comigo por exemplo.

Fingi uma certa animação.

___Bom, vou apenas aceitar por que eu também amo a natureza e a beleza deve ser magnifica.

___Com certeza é, agora você precisará, seguir minhas instruções. - me olhou serio e assenti.

Começamos a subir a montanha cuidadosamente, realmente existia vários obstáculos no caminho, e eu me mantinha presa em uma corda, e as vezes em correntes, Noah permaneceu sempre atrás de mim, me apoiando e me instruindo da melhor forma, apesar de tentar relaxar era impossível não ficar nervosa com essa aproximação toda, o que piorava muito a nossa exaustão, as vezes parávamos para descansar e tomar agua, não demorou muito para escurecer e tivemos que usar faroletes para clarear e assim poder explorar o caminho.

A medida que as horas ia passando e começava a escurecer e não tínhamos nenhum sinal do topo da montanha, comecei a ficar mal humorada, o arrependimento começava a ser eminente na minha cabeça.

___Cuidado Estella, você está indo muito depressa, existem vários lugares perigosos, qualquer passo em falso pode ser fatal, você já notou a altura que estamos? - falou exasperado.

___Se eu notei? Você está perguntando se eu percebi que estamos em cima do penhasco, sozinhos, em um lugar cheio de mosquito e a não sei quantos metros de altura? Sim eu notei Noah! E sabe o que mais percebi, onde estava com a cabeça quando acatei essa ideia, faz quantas horas que estamos subindo? qual a próxima parada? O céu? - eu já estava começando a ficar desesperada.

___Se acalma está bem? Já estamos chegando, acha que te colocaria em um lugar sem nem nunca estado antes? Não sou maluco!

___Mas parece, já aconteceu acidentes aqui?

___Sim, morreram mais de duzentas pessoas, mas não se preocupe eu estou aqui. - crispei os olhos me virando na sua direção totalmente enfurecida.

___E você só me diz isso agora seu imbecil?! - voei para cima dele dando tapas, totalmente em pânico, não posso acreditar que aceitei subir com esse cretino em um lugar tão perigoso, onde eu estava com a cabeça?

___Hei! se acalma, quietinha! você não me perguntou, por que eu iria dizer? - tentou segurar minhas mãos inquietantes que lhe dava bofetadas.

___ Por que?! Minha vida estava em jogo e ao menos tinha o direito de saber! - bradei.

Sem premeditar acabo pisando em uma pedra escorregadia torcendo meu pé, meu corpo se inclinou para o lado e apertei os olhos com a dor aguda, e o coração praticamente na boca, meus braços foram de encontro ao seu corpo o segurando com força...

___AAAh! Não me solte! não me deixei cair. - Abracei seu pescoço em total desespero, Noah deu uma desiquilibrada, mas conseguiu se instabilizar e me abraçou apertado. As lagrimas começaram a escorrer dos meus olhos com medo, eu não posso morrer agora.

___Voce está bem? se machucou? - murmurou baixo, afagando meus cabelos me tranquilizando, e por incrível que pareça meu corpo foi relaxando aos poucos.

__ Sim, acho que estou melhor, mas meu pé ainda está doendo um pouco. Não sei se vou conseguir subir. - ergui o queixo o olhando preocupada. Noah me olhou preocupado, ou diria arrependido?

___Falta pouco para chegarmos, tenho uma ideia, mas você precisa confiar em mim.

___Eu tenho outra escolha? - contorci o rosto. ___Anda me diga, para salvar minha integridade física eu topo qualquer coisa.

___Então, eu te carregarei nas minhas costas. - Sorrio de lado.

___Como é que é? - o olhei incrédula.