Depois que decidimos no retirar daquele hotel, David segurava minha mão possesso, seu rosto estava vermelho como um pimentão, se isso fosse ciúmes, então de uma forma ou de outra, eu havia conseguido alcançar meu objetivo, mesmo que odeia admitir que para isso precisei da ajuda daquele homem sombrio e estranhamente fascinante, sentamos em frente a um restaurante, enquanto David não conseguia parar de batucar na mesa me olhando como se quisesse ler meus pensamentos. Fechei meu sobretudo quando a frente fria passou por mim como uma neblina e senti meus pelos se arrepiarem, senti um calor queimar meu rosto, e instintivamente o virei olhando para a esquina, foi onde meus olhos encontraram aqueles azuis, profundos como o oceano, assim que ele percebeu que o encarava abaixou a cabeça e com as mãos no bolso se retirou sem olhar para trás.
__ Voce deveria pedir um copo de Whisky para acalmar os nervos. - sugeri disfarçadamente.
__ Voce se interessou por ele? - perguntou me lançando um sorriso cheio de sarcasmo.
__ Por quem?
__ Não se fingi de sonsa, Henry Castelli o caçula.
__ Não, claro que não, eu nem o conheço. - ri de nervoso.
__ É melhor ficar sem conhece-lo, por que ele pareceu bem interessado em voce.
__ Está com ciúmes?
__ Eu deveria?
__ Tecnicamente sim, já que sou sua esposa. - rebati fazendo uma careta.
__Sim, exatamente, voce é minha esposa, minha mulher, a única coisa que Henry Castelli não pode ter. - comentou com uma olhar malicioso e franzi o cenho sem entender muito, talvez o ciúmes tenha subido na sua cabeça.
David não precisava se sentir inseguro contra ao Henry castelli, embora seja evidente a beleza surreal do rapaz, alguém como ele jamais teria olhos para mim, além dele ser mais novo, parece estar na casa dos vinte aninhos, e eu estou com quase trinta, ele não parece o tipo de cara que deseja apenas uma mulher, como seus irmãos com certeza é um grande mulherengo, e já bastava o David para me ter me feito de boba esse tempo todo, não preciso de mais um cafajeste na minha vida.
Infelizmente o amor que sinto por David é maior que meu orgulho como mulher, por isso acabei me submetendo a sua decisão.
__ Está me dizendo que vai dar uma chance ao nosso casamento? - perguntei ainda incrédula.
__ Sim charlotte, afinal de contas eu seria louco se perdesse uma mulher tão bela e valiosa como voce. - David esticou o braço acariciando meu rosto, enquanto eu sorria de orelha a orelha, mesmo de uma forma inusitada eu acabei concluindo meu objetivo.
Foi naquele momento que acreditei que meus problemas estariam resolvidos, mas eu estava totalmente enganada nas primeiras semanas David até parecia mais atencioso se importando mais comigo, mas não demorou muito para ele retornar ao David de antes enfiado no trabalho, eu sabia que ele me amava, mas parecia existir um muro entre nós que cada vez nos distanciava ainda mais um do outro, eu só não entendia o por que, se aparentemente David era o homem da minha vida, se eu ignorei tudo o que falaram sobre ele para estar ao seu lado, e na medida que minha raiva ia aumentando, a frustração ganhava força também, sem contar que meu marido estava tendo constantes períodos de mau estar e mesmo pedindo para que ele fosse no medico, David era um teimoso inato, e por isso fingia não dar importância as minhas preocupações.
Foi então, que como um ato de desespero eu tomei uma decisão um quanto que arriscada, mas que poderia funcionar, talvez se David tivesse algo mais que lhe desce o aconchego de família que ele precisava, ele conseguiria vencer seu trauma, então assim poderíamos ser felizes, eu sabia que David não se dava bem com sua família, por que ele nunca havia mencionado o nome, ele era um homem sozinho, e seu passado obscuro refletia no homem inseguro que tinha aversão ao casamento.
E com esse intuito eu decidi que lhe daria um filho, sim, um bebê poderia dar a segurança e o carinho que David acreditava que não merecia ter, se somente eu não estava conseguindo preencher o vazio do seu coração, então um filho com certeza, preencheria esse espaço.
Aproveitei que ele estava trabalhando e resolvi fazer um dos seus pratos favoritos, que era uma lasanha recheada e coloquei no fogo para aquecer, enquanto aguardava os minutos para ela ficar tostada eu me sentei na mesa e fiquei prestando a atenção em um ponto qualquer, refletindo o quanto poderia ser bom ter uma criança dentro de casa, no começo eu não queria ter filhos achava uma grande responsabilidade, mas pensando bem, talvez seja isso que nós falte no momento, ser responsável, ter alguém que dependa totalmente de nós dois.
Fiquei aguardando ansiosamente após ter compartilhado minha ótima ideia. Não esperava que a reação de David fosse das melhores, devido aos seus problemas familiares, que o faziam duvidar de ser digno de ter uma família. Essa insegurança persistia há anos, e eu havia tentado fazê-lo se abrir comigo. Levantei-me da cadeira para checar a comida e arrumar a mesa, após enviar uma mensagem informando que o esperava para uma conversa séria. Não demorou muito para ouvir a porta se abrir, e um David ofegante e suado entrou.
- Não me diga que vai pedir o divórcio?" - perguntou exasperado.
- Não!" - dei uma risada. - "Por isso está nesse estado?"
- Ufa! E como queria que eu estivesse, você disse que queria ter uma conversa séria comigo, e bem, nosso casamento não anda dos melhores. Talvez essa coisa de casados não seja para mim." - afrouxou a gravata, cabisbaixo.
- Não diga isso, David. Você pode não estar sendo o melhor marido agora, mas está se esforçando."
- E ainda não é o suficiente."
- Exatamente sobre isso que te chamei para conversarmos. Acho que esse vazio que sentimos é a falta de um filho. Não nos sentimos em família porque está faltando um fator principal para sermos uma." Ele me olhou, parecendo refletir por alguns segundos, e temi uma crise ou algo parecido.
- Você está certa." - concluiu.
- Estou?"
- Sim, meu medo de compromisso está arruinando nosso casamento. Acho que preciso de um choque de realidade, e um filho é algo que eu não terei como escapar."
-Foi exatamente o que pensei. Então, a partir de hoje, começaremos a praticar e ter nosso tão sonhado bebê." Coloquei a mão na barriga, sorrindo emocionada. Agora, meu foco principal era ter esse filho e salvar nosso casamento.
- Sabe de uma coisa, Charlotte, eu posso não ser um bom pai, mas não tenho dúvidas de que você será uma mãe maravilhosa, e ficará ainda mais bela e radiante do que já é." Seus olhos brilharam com admiração, e ali tive a plena certeza de que havia tomado a decisão correta.