PROIBIDA PARA O MAFIOSO
img img PROIBIDA PARA O MAFIOSO img Capítulo 1 UM
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Capítulo 8 OITO img
Capítulo 9 NOVE img
Capítulo 10 DEZ img
Capítulo 11 ONZE img
Capítulo 12 DOZE img
Capítulo 13 TREZE img
Capítulo 14 CATORZE img
Capítulo 15 QUINZE img
Capítulo 16 DEZESSEIS img
Capítulo 17 DEZESSETE img
Capítulo 18 DEZOITO img
Capítulo 19 DEZENOVE img
Capítulo 20 VINTE img
Capítulo 21 VINTE E UM img
Capítulo 22 VINTE E DOIS img
Capítulo 23 VINTE E TRÊS img
Capítulo 24 VINTE E QUATRO img
Capítulo 25 VINTE E CINCO img
Capítulo 26 VINTE E SEIS img
Capítulo 27 VINTE E SETE img
Capítulo 28 VINTE E OITO img
Capítulo 29 VINTE E NOVE img
Capítulo 30 TRINTA img
Capítulo 31 TRINTA E UM img
Capítulo 32 TRINTA E DOIS img
Capítulo 33 TRINTA E TRÊS img
Capítulo 34 TRINTA E QUATRO img
Capítulo 35 TRINTA E CINCO img
Capítulo 36 TRINTA E SEIS img
Capítulo 37 TRINTA E SETE img
Capítulo 38 TRINTA E OITO img
Capítulo 39 TRINTA E NOVE img
Capítulo 40 QUARENTA img
Capítulo 41 QUARENTA E UM img
Capítulo 42 QUARENTA E DOIS img
Capítulo 43 QUARENTA E TRÊS img
Capítulo 44 QUARENTA E QUATRO img
Capítulo 45 QUARENTA E CINCO img
Capítulo 46 QUARENTA E SEIS img
Capítulo 47 QUARENTA E SETE img
Capítulo 48 QUARENTA E OITO img
Capítulo 49 QUARENTA E NOVE img
Capítulo 50 CINQUENTA img
Capítulo 51 CAPITULO 51 img
Capítulo 52 CINQUENTA E DOIS img
Capítulo 53 CINQUENTA E TRÊS img
Capítulo 54 CINQUENTA E QUATRO img
Capítulo 55 CINQUENTA E CINCO img
Capítulo 56 CINQUENTA E SEIS img
Capítulo 57 CINQUENTA E SETE img
Capítulo 58 CINQUENTA E OITO img
Capítulo 59 CINQUENTA E NOVE img
Capítulo 60 SESSENTA img
Capítulo 61 SESSENTA E UM img
Capítulo 62 SESSENTA E DOIS img
Capítulo 63 SESSENTA E TRÊS img
Capítulo 64 SESSENTA E QUATRO img
Capítulo 65 SESSENTA E CINCO img
Capítulo 66 SESSENTA E SEIS img
Capítulo 67 SESSENTA E SETE img
Capítulo 68 SESSENTA E OITO img
Capítulo 69 SESSENTA E NOVE img
Capítulo 70 SETENTA img
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Capítulo 72 SETENTA E DOIS img
Capítulo 73 SETENTA E TRÊS img
Capítulo 74 SETENTA E QUATRO img
Capítulo 75 SETENTA E CINCO img
Capítulo 76 SETENTA E SEIS img
Capítulo 77 SETENTA E SETE img
Capítulo 78 SETENTA E OITO img
Capítulo 79 SETENTA E NOVE img
Capítulo 80 OITENTA img
Capítulo 81 OITENTA E UM img
Capítulo 82 OITENTA E DOIS img
Capítulo 83 OITENTA E TRÊS img
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PROIBIDA PARA O MAFIOSO

Pauliny Nunes
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Capítulo 1 UM

Qual é a primeira lembrança da vida de uma criança?

Bem, muitos diriam que é algo relacionado a uma brincadeira, ou talvez um dos pais lendo uma história de dormir. Mas, no meu caso, a minha primeira lembrança é a última noite em que vi meus pais vivos. Eu tinha apenas quatro anos naquela época, e tudo parecia tão confuso na minha mente.

Eu não conseguia lembrar o motivo de estarmos no carro naquela noite, mas recordo-me claramente dos rostos apreensivos dos meus pais. Minha mãe, Beatrice Piromalli, estava sentada ao meu lado no banco de trás, segurando-me com força. Ela olhava para trás de vez em quando, e tudo que dizia era que eles estavam vindo. Meu pai, Andrea Piromalli, estava ao volante, dirigindo o carro com uma expressão tensa, prometendo que conseguiria nos despistar.

"O que está acontecendo, mamãe?" eu perguntei, sentindo meu coração acelerar.

Ela me olhou com tristeza nos olhos e respondeu: "Não se preocupe, querida, vamos ficar bem."

Meu pai, Andrea, estava ao volante, dirigindo o carro com uma expressão tensa, prometendo que conseguiria nos despistar.

"Papai, por que estamos indo tão rápido?" sussurrei com medo.

Ele olhou pelo retrovisor e forçou um sorriso. "Só estamos brincando de corrida, Catarina. Vamos ganhar."

Eu não me lembro de quem estávamos correndo, mas eu me lembro de um carro preto que emparelhou com o nosso. Eu me lembro das luzes brilhantes e dos rosnados dos motores enquanto o carro preto tentava nos jogar para fora da estrada. A colisão foi repentina e violenta, e então tudo ficou escuro.

Depois de algum tempo, abri meus olhos e vi que o carro estava virado, meus pais infelizmente falecidos. Dois pares de sapatos pretos estavam ao lado do carro acidentado, e eu não sabia o que fazer. "O que faremos com ela?"

Outro homem, que não aparecia em meu campo de visão, respondeu. "Não podemos deixá-la aqui. Ela é só uma criança."

O outro dono dos sapatos, respondeu com calma: "Vamos cuidar dela. Ela não tem mais ninguém."

Então, ele se abaixou. Seus olhos se encontraram com os meus, ele estendeu sua enorme mão em direção a mim, e eu, com medo e confusão, segurei na mão do homem que parecia ter a mesma idade do meu pai. Ele me ajudou a sair do veículo destroçado e me envolveu em seus braços protetores. Foi assim que eu fui salva naquela noite.

"Não se preocupe, pequena," ele disse com gentileza. Eu vou cuidar de você."

Foi assim que eu fui salva naquela noite pelo homem que mais tarde descobri ser Don Salvatore Mancuso, o chefe da Ndrangheta.

Minha vida mudou para sempre naquela noite, quando fui arrancada do meu passado e lançada em um mundo sombrio e complexo que Don Salvatore governava. Ele se tornou meu guardião, meu protetor, e mais tarde, meu mentor. A Ndrangheta era uma família de outra forma, uma família que me acolheu quando a minha própria foi tirada de mim.

É irônico pensar que minha primeira lembrança de criança é justamente meu maior pesadelo. Fui salva por Don Salvatore Mancuso naquela noite escura, e desde então, tenho caminhado à sombra dele, protegida e guiada por um mundo que muitos não compreendem. E, apesar de tudo, eu não trocaria minha história por nada neste mundo... mesmo sendo a causadora da minha insônia.

***

A sensação de acordar sobressaltada era uma lembrança constante em minha vida. Catorze anos haviam se passado desde aquela noite fatídica em que meus pais morreram, mas o passado continuava a assombrar meus sonhos. Naquele dia, porém, eu não podia me dar ao luxo de me perder nas lembranças.

Empurrei os cobertores de seda de lado e me levantei da cama, sentindo o piso frio sob meus pés descalços. Encaminhei-me até a janela, ansiosa por acolher o sol da manhã que banhava Vibo Valentia, na Calábria, no meu quarto. Era um dia importante, afinal, estava completando 18 anos. A partir de agora, seria vista como adulta e capaz de tomar minhas próprias decisões.

Enquanto o calor do sol tocava meu rosto, fechei os olhos por um momento, absorvendo a sensação revigorante. O aroma das oliveiras e do mar permeava o ar, e eu me senti grata por estar em casa, mesmo que essa casa fosse uma mansão imponente e sombria que pertencia à família Mancuso.

Um suave toque na porta interrompeu meus pensamentos. Era Federica, uma mulher leal que havia se tornado minha espécie de dama de companhia desde que fui resgatada naquela noite trágica.

"Buongiorno, Catarina. Feliz aniversário!" Disse Federica.

"Obrigada, Federica. O dia finalmente chegou." Respondi animada.

"Sim, e sua família a aguarda para o café da manhã. Todos estão ansiosos para comemorar com você." Avisou Federica.

Agradeci a Federica com um aceno e ela saiu do quarto. Enquanto me preparava para o dia, minhas lembranças fluíam como um filme em minha mente. Lembro-me vividamente do que aconteceu após o meu resgate naquela fatídica noite, quando Don Salvatore Mancuso me salvou.

O certo naquela situação teria sido Don Salvatore me entregar a algum abrigo, mas as coisas tomaram um rumo inesperado. A esposa de Don Salvatore, Lucrezia Mancuso, foi a grande influência por trás dessa reviravolta. Ela sempre sonhou em ter uma filha, mas depois de dar à luz quatro meninos, ela teve que abandonar esse sonho. Afinal, sua última gravidez, que resultou no caçula Massimo, causou complicações e levou-a a uma histerectomia.

Massimo, que tinha a mesma idade que eu, tornou-se meu parceiro de infância e companheiro. Lucrezia agarrou-se à ideia de que eu era a filha que ela sempre desejou, apelidando-me de "Bambolina", que em italiano significava "bonequinha". Para ela, eu era sua pequena bonequinha, a realização de um sonho adiado.

Essa relação me trouxe conforto e segurança durante muitos anos. Lucrezia me tratava como se eu fosse sua própria filha, e eu a via como uma mãe carinhosa. Ela me ensinou sobre a cultura italiana, como cozinhar pratos tradicionais da Calábria e até mesmo a como agarrar um marido a altura, tal qual ela fez com Don Salvatore.

No entanto, quando cheguei aos quinze anos, a vida nos prega peças cruéis. Lucrezia ficou gravemente doente, e os médicos não conseguiram descobrir a causa. Eu não saí do lado dela, a quem eu tinha abraçado como minha mãe. Passei noites sem dormir, cuidando dela e tentando entender o que estava acontecendo.

Um dia, quando a fragilidade de Lucrezia parecia atingir o ápice, ela me encarou com olhos cansados e expressou um arrependimento que me deixou perplexa. "Bambolina, eu me arrependo muito pelo seu destino."

Eu a olhei confusa, sentindo um nó se formar em minha garganta. "O que você quer dizer, mama?"

Lucrezia tentou sorrir, mas a fraqueza a dominou. Sua voz era apenas um sussurro. "Você merecia mais, querida. Mais do que essa vida."

Eu segurei sua mão com carinho, buscando entender suas palavras enigmáticas. Antes que eu pudesse perguntar o que ela queria dizer com isso, Lucrezia fechou os olhos e sua respiração tornou-se lenta e irregular. Em poucos minutos, ela se foi, levando consigo a explicação para seu arrependimento.

Depois da morte de Lucrezia, minha vida tomou um novo rumo. Don Salvatore assumiu a responsabilidade por mim, e eu me tornei parte integral da família Mancuso. Ele me ensinou, junto com seus quatro filhos, tudo o que eu precisava saber sobre a máfia. A Ndrangheta tornou-se minha realidade, e eu aceitei meu destino como parte dessa organização criminosa.

Hoje, enquanto me preparava para meu 18º aniversário, refletia sobre minha jornada. Lucrezia ainda era uma lembrança carinhosa em meu coração, uma mãe que me amou e que eu amei profundamente. Sob sua orientação, me tornei uma peça fundamental da família, uma estrategista habilidosa e uma das figuras mais confiáveis de Don Salvatore.

Apesar de tudo, havia uma parte de mim que se sentia como uma estranha nesta casa, apesar de todos os anos que passei aqui. Ser aceita pelos Mancuso não era uma tarefa fácil, mesmo sendo uma "filha adotiva" do chefe da Ndrangheta, Don Salvatore Mancuso.

Hoje, no entanto, era um dia para celebrar minha jornada e conquistas. Vestindo um elegante vestido preto, refleti sobre como a Ndrangheta havia se tornado parte de quem eu era, mas também estava determinada a encontrar meu próprio caminho dentro da família. Não seria apenas uma protegida de Don Salvatore, mas uma líder por mérito próprio. Acompanhando-o, coloquei o colar de pérolas que ganhei de Lucrezia no meu aniversário de quinze anos. Era um presente especial, um dos muitos gestos carinhosos que ela teve para comigo durante os anos que compartilhamos juntas.

            
            

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