Adormeci alguns minutos antes do avião pousar, Henrique havia me entregado algumas roupas, lindas por sinal. Será que foi ele quem escolheu cada peça ou pagou alguém para fazer isso?
Então durmo pensando nisso.
"Não, me solta! Mamãe, acorde por favor. Papai o que está acontecendo?
Ouço a voz, essa voz. Tento ver quem é através da brecha, mas papai tampou com o quadro, más, condigo ver a calça e os sapatos dele. Um sapato elegante de um preto brilhante, com o bico branco. Não faça isso, eu grito mais a minha voz não sai."
-Evelyn! Evelyn! Evelynnnn!
Acordo assustada com o Henrique me acordando, olho em volta e não tem mais ninguém além de nós naquela suíte do avião. A voz não sai de minha cabeça, acho que a ouvi aqui no quarto, foi muito real. Olho assustada para o Henrique, tenho medo quando ele chega perto de mim, e não era para ser assim.
-Venha... Chegamos!
Ele me olha com a expressão confusa. Eu me levanto e me admiro em frente ao espelho, não pareço mais com aquela garota ingênua de 17 anos, pareço com uma mulher poderosa. Só por fora, que por dentro sou aquela menininha do papai que tinha 5 anos de idade, e que ele acalentava. Porém, a única diferença é que não tenho mais papai para me acalentar.
Ele pega em minha mão.
-Aqui começa sua nova vida Evelyn, espero que me obedeça. Não quero machucar você, está me entendendo? Compreendeu o que falei?
-Sim senhor.
-Aliás, o que você estava sonhando que deu um grito de pavor? E falava em uma voz, que voz
-Não sei, não consigo me lembrar. Acho que era um pesadelo, mas já passou.
-É passou, agora sorria e mostra alegria.
Descemos do avião e ainda estou com a voz em minha cabeça. Tem várias pessoas ao lado de fora nos esperando, coloco meu melhor sorriso no rosto e saímos. Henrique parece um príncipe na frente dessas pessoas, preciso mudar isso. Preciso fazer esse homem me amar, essa vai ser minha missão, minha pura luxúria. Aproveito os carinhos de meu marido e dou-lhe carinho também, ele procura meu olhar confuso.
-O que você está fazendo?
-Te agradando.
As pessoas nos dão parabéns, eu as agradeço com total cordialidade. Sorrio, e finjo estar completamente apaixonada por Henrique. O abraço e demonstro carinho, e o deixo surpreso.
E finalmente chegamos em casa, e estou com medo, ansiosa em conhecer meu novo lar, como vão ser as coisas.
-Evelyn, aqui é nossa casa. Sempre terá seguranças espalhados pela casa, empregados... se precisar de algo é só pedir, vou mostrar seu quarto e depois pode ir explorando a casa.
-Meu quarto? Não vamos dormir juntos? Somos casados e pensei que...
-Você deve estar louca né garota? Vou usar você e apenas isso, meu objeto do prazer. Como você mesma sabe, nos casamos por causa de uma grande dívida do seu pai para com minha família. Marido e mulher, só na frente das pessoas. Aqui você tem tudo o que quiser, e como disse antes não quero saber de você com amizades, então, nada de conversar com outras pessoas. Vou te dar 1h do meu tempo caso queira conversar.
-Que dívida é essa? Não poderia ter sido paga de outra maneira, sem ter tirado minha vida de mim? Eu só queria ser feliz.
-Para com essa ilusão de felicidade, aqui você não vai ter isso. Vai pagar todo o sofrimento que seu pai trouxe a minha família.
E ele saiu e me deixou ali. Ando de um lado para o outro e penso, penso e penso. O que papai fez?
Ele seria incapaz de machucar alguém, ele era gentil. O que eu não percebi em papai?
Eu sento no sofá em meu quarto novo, encolho as pernas e choro. Perco a noção do tempo, pois quando acordo tem uma mulher entrando em meu quarto, com um sorriso doce nos lábios e tenta me acalmar.
-Oi senhora Kato, me chamo Eline Jhonson e sou a cozinheira da mansão, hoje o senhor Kato não está de bom humor, e pediu para trazer seu jantar no quarto.
-Quantas horas são?
-18:00 horas senhora.
-Eu perdi a noção do tempo, não posso jantar à mesa com meu marido?
-Olha querida, um conselho de uma pessoa que trabalha para a família Kato há 15 anos, não os provoque, apenas os obedeça. Quando o senhor está de mau humor, ele é capaz de jogar o prato de porcelana na cara das pessoas. Fique aqui quietinha, aproveite seu jantar. Como eu não sei o seu gosto, trouxe um banquete. E com o tempo vou conhecendo suas preferências. Bom jantar.
-Obrigada.
Na verdade estou faminta, vou tomar um banho e me deliciar. E após explorar meu quarto, abrir minhas caixas pessoais que já avistei em um canto.
E pensar em como conquistar esse homem, e não deixar o medo tomar conta de mim.
Apenas a luxúria.