Capítulo 3 Uma Mulher Baixa

"Plaft!" Laurel voltou aos sentidos ao ser acordada com um tapa. Quis gritar de dor, mas sua boca estava amordaçada.

Seus olhos ainda estavam cobertos com a venda de seda, então ela não conseguia ver o que acontecia à sua frente. Tudo que sabia era que estava sendo arrastada para fora por duas pessoas.

Ao sair do quarto, seu ombro esbarrou no de uma jovem e bela mulher, que parecia arrogante.

Ela analisou o corpo de Laurel e, quando viu os chupões, um lampejo de ciúme apareceu em seus olhos.

Mas, de qualquer forma, chegou à conclusão de que mesmo que tivesse falhado ao abordar Gregary na noite anterior, a jovem amordaçada à sua frente nunca teria chance contra ela.

A mulher de óculos de armação preta se aproximou da jovem e perguntou baixinho: "Senhora, quer dar uma olhada nela?".

A jovem pareceu atordoada por um momento. Sua figura e silhueta eram um tanto semelhantes às de Laurel. Em um piscar de olhos, no entanto, ela deu um sorriso zombeteiro. "Ela nada mais é do que uma mulher baixa! Não há nada para olhar. Levem-na embora!"

Depois de terminar de falar, caminhou arrogante em cima dos saltos altos até o quarto de onde Laurel tinha saído. Tirou a roupa sexy e linda que usava, revelando as marcas de flerte feitas de propósito em sua pele, e levantou o cobertor da cama para se deitar embaixo dele.

Cerrou os punhos com força ao ver a mancha escura de sangue nos lençóis brancos, mas logo depois um sorriso irônico se formou em seus lábios.

Aquilo não importava. Muito em breve, ela seria a Jovem Senhora da família Stewart. Todos passariam a olhá-la com espanto, admiração ou ciúme.

Esse nível de atuação era moleza para uma atriz.

No dia seguinte, Laurel ouviu o pai lhe contar entusiasmado que a dívida dele havia sido paga.

Ela tinha assinado um acordo para dar à luz uma criança. Mas, da maneira como as coisas tinham se desenrolado, sabia bem o que de fato tinha acontecido. Ela não era tão burra.

Dormir com o homem da noite anterior tinha sido o preço pago.

O que ela tinha experimentado não era amor, e sim selvageria. Do início ao fim, ele a tinha tratado apenas como um objeto para saciar luxúria, não tivera nenhum cuidado ou ternura.

O coração de Laurel ainda batia rápido de medo após o contato. Lágrimas de ressentimento rolaram por seu rosto mais uma vez.

Preferia ter feito o procedimento para ser barriga de aluguel, em vez de dormir com ele.

Ela e a família não tinham sido mais incomodadas desde aquele dia. Seu pai também prometera a ela e à mãe que trabalharia duro e não investiria mais na bolsa de valores, na ânsia de ser rico. Com isso, a paz estava sendo restaurada pouco a pouco na vida da família.

Mas ela sabia que tudo havia mudado.

Três dias depois da noite fatídica, Laurel voltou para a faculdade, com o corpo recuperado.

Depois de passar o dia inteiro distraída frequentando as aulas, e de fazer suas tarefas à noite, Laurel vagou pelo campus e acabou chegando no Lago dos Amantes.

De longe, viu um jovem alto e bonito vestindo uma camisa branca, parado perto da ponte bem iluminada. Ele olhava ao redor, como se estivesse esperando alguém.

Era o veterano dela, Fabian Cooper!

O coração dela apertou. Sentiu uma dor intensa, como se seu coração estivesse se banhando no próprio sangue.

Um dia antes do ocorrido, Fabian havia lhe pedido que o encontrasse lá na noite seguinte, dizendo que tinha algo importante para falar.

Ela o havia conhecido por acaso ao ingressar em um clube de voluntários, nunca tinha encontrado alguém tão excelente quanto ele antes.

Com o passar do tempo, a atração entre eles tinha ficado mais forte, e os sentimentos compartilhados sempre tinham sido honestos e claros.

Mas ela já não se sentia mais qualificada para ficar ao lado dele. Afinal, não era mais pura e inocente.

Com isso em mente, ela deu as costas e saiu antes que as lágrimas caíssem, mas Fabian se virou e a viu.