Capítulo 6 O Retorno

Cinco anos depois.

Uma figura bonita e esguia estava parada na porta de um apartamento desgastado localizado no lado leste da cidade B.

Seu cabelo preto estava preso em um rabo de cavalo simples. Ela usava uma boina vermelho vinho, um casaco de chuva escuro e sapatos de salto alto. Um ar sereno de elegância e sofisticação a rodeava.

A mulher carregava uma mala marrom em uma das mãos e segurava um menino na outra. Juntos, eles entraram em um beco pobre.

O menino também usava uma boina, igual à mulher, e vestia um macacão jeans simples, de cor azul, combinando com os tênis brancos. Ele tinha pele rosada e um rosto jovem e bonito, comparável ao de modelos infantis. Emanava uma aura pura e parecia tão nobre quanto um pequeno príncipe.

O garotinho observou ao redor com seus olhos brilhantes. Curioso, perguntou com inglês fluente: "Mamãe, é aqui que você cresceu? Em breve nos encontraremos com o vovô e a vovó?".

"Sim! Se lembre de cumprimentar seus avós no momento em que os vir, ok?" Laurel sorriu, gentil.

Cinco anos tinham se passado. Ela tinha levado o filho com ela quando saíra para ganhar a vida em um país estrangeiro e, nesse meio tempo, sua juventude tinha sido substituída por maturidade e firmeza. Todo o seu ser exalava um sentimento inconfundível de calor e ternura, qualidades que só poderiam pertencer a uma mulher madura.

"Ok, mamãe, não se preocupe!" O menino assentiu com a cabeça, os grandes olhos lacrimejantes sorriam.

Laurel abriu um sorriso e acariciou a cabeça de Ansel de forma amorosa.

Entraram em um antigo apartamento e pararam em frente a um portão de ferro no terceiro andar.

Laurel largou a mala e se agachou para endireitar a gola já imaculada do filho. Depois, se levantou e começou a bater à porta.

Foi Meroy quem a abriu. A visão dela tinha se deteriorado devido à idade avançada e às lágrimas derramadas durante aqueles anos, então perguntou quem era ao ver uma figura vaga a sua frente: "Quem é você?".

"Mãe", uma voz jovem e doce respondeu.

Pasma, Meroy esfregou os olhos em descrença, e o rosto que ela sentia falta dia e noite ficou visivelmente mais claro diante dela. Lágrimas de alegria brotaram nos olhos dela. "Laurel! É você mesmo. Você enfim voltou!"

Com olhos avermelhados, Laurel se aproximou e abraçou a senhora com força. "Mãe!"

Depois de dar à luz, Laurel pegou os 50.000 dólares que o pai havia lhe dado e se mudou para outro país. A cena de seu primeiro filho sendo levado à força do hospital ficou gravada em sua mente e ela vivia preocupada que descobrissem sobre a existência do seu segundo filho, por isso decidiu se esconder no exterior.

Com o tempo, chegou a sentir certo ressentimento de Clement. Se ele tivesse mantido os pés no chão, em vez de sonhar em ficar rico o tempo todo, ela não teria passado por algo tão difícil.

A vida na casa dela tinha sido pacífica depois que ela partira para o exterior, cinco anos antes.

A raiva e a amargura que sentia pelo pai haviam desaparecido. Além do mais, Clement tinha sido recentemente diagnosticado com câncer de pulmão em estágio avançado. Quando Laurel soube, não conseguiu mais ficar distante, queria criar asas para voar de volta para casa na mesma hora.

As lágrimas escorriam no rosto de Meroy, que não conseguia falar. Nem um dia tinha se passado desde que Laurel havia partido sem que ela não sentisse falta da filha e do neto. "Minha pobre filha."

Laurel enxugou as lágrimas, levantou a cabeça do ombro da mãe e falou com um sorriso: "Mãe! Olha, este é Ansel! Ele é um menino crescido agora!".

Nesse momento, uma voz terna a cumprimentou: "Oi, vovó!".

Foi só então que Meroy viu Ansel parado atrás de Laurel. Embora o tivesse visto em fotos no celular e em algumas chamadas de vídeo, era a primeira vez que eles se encontravam pessoalmente.

Ela fitou o menino lindo e delicado, e lágrimas voltaram a encher seus olhos. Abraçou Ansel e o beijou várias vezes nas bochechinhas rechonchudas. "Querido Ansel, que bom que você finalmente voltou! Senti tanta sua falta!"

Clement e Hogan Kelly ouviram o som vindo da porta e saíram correndo. Ao chegarem lá, descobriram que Laurel e o filho tinham voltado para casa.

Clement mal conseguiu pronunciar os nomes deles em meio ao soluço de choque que o arrebatou, "Laurel, Ansel".

"Pai!"

"Vovô!"

Ansel avistou o tio Hogan, que estava sentado em uma cadeira de rodas, e começou a correr feliz na direção dele. "Tio!"