Capítulo 2 Abraçando Caroline, enquanto ela chorava

Quando amanheceu, acordei com dor, sentindo que a parte inferior do meu corpo havia sido dilacerada. O que tinha acontecido na noite anterior ficava voltando à minha mente como se fosse um pesadelo...

Na minha noite de núpcias, Patrick me tratou como se eu fosse sua inimiga mortal e roubou a minha virgindade.

O que ele fez comigo naquela noite arruinou qualquer fantasia que eu pudesse ter.

O lado dele da cama já estava frio.

Uma gota escarlate de sangue no lençol branco como a neve era particularmente irritante.

Levantei-me e fui ao banheiro tomar banho, apesar da dor. Depois de me vestir, troquei o lençol manchado por outro limpo.

Ao sair do quarto, parei no topo da escada, no segundo andar, e vi Patrick sentado à mesa de jantar retangular, lendo o jornal e tomando o café da manhã.

Atravessando a janela, o sol dourado da manhã brilhava em seu rosto, fazendo-o parecer, ao mesmo tempo, cálido e sagrado.

Nos últimos doze anos, quando tive uma paixão secreta por Patrick, casar-me com ele, morar sob o mesmo teto e dividir o café da manhã era algo com o que eu não ousava sonhar, mas ainda assim desejava.

O sonho tinha se tornado realidade. Mas, mesmo assim, eu não ousei dar um passo adiante.

O fato de ele ter me dominado como uma fera durante a noite me lembrava constantemente que eu, na verdade, nunca tinha conhecido o verdadeiro Patrick Cowell.

"Senhorita Archer, você acordou!"

Enquanto eu estava olhando para Patrick, uma empregada, que já havia me visto, cumprimentou-me educadamente no andar de baixo.

Porém, desta vez, ela não me chamou de "senhora", como tinha feito na noite anterior.

Em vez disso, ela me chamou de "Senhorita Archer".

Meu coração estremeceu ligeiramente. Apesar da insatisfação, não ousei questioná-la, por conta da minha identidade. Portanto, tudo que pude fazer foi tentar afastar o medo persistente, resultado do que tinha acontecido na noite anterior. Então, desci as escadas e sentei-me de frente para Patrick.

A empregada trouxe-me a refeição. Eu, que estava sem apetite, apenas dei algumas mordidas cerimoniosamente.

Então, levantei os olhos e descobri que Patrick estava igual a mim. Ele também quase não tinha tocado na comida.

"Desculpe-me. Eu acordei tarde hoje. A partir de amanhã, vou acordar cedo todos os dias para preparar o café da manhã para você", eu disse, com uma voz gentil. Não estava claro se eu havia dito aquilo para quebrar o gelo ou numa tentativa de tentar manter o casamento, cujo destino ainda era desconhecido.

Se eu tinha de fato algum talento, devia ser cozinhar.

Depois disso, fiquei um tanto esperançosa. No entanto, Patrick largou os talheres na mesa e se levantou. Sua expressão continuava indiferente quando ele disse: "Vamos. O carro já está nos esperando lá fora".

"Aonde estamos indo?" Vendo que Patrick parecia aborrecido, fiquei um pouco confusa por um momento.

Eu estava com receio de ter dito algo errado.

Na verdade, eu nunca fui uma pessoa introvertida.

No entanto, na frente de Patrick, eu parecia ser extremamente modesta, em todos os sentidos.

Naquele momento, Patrick, que já havia se encaminhado para a porta e começado a colocar os sapatos, respondeu, sem ao menos olhar para trás: "Vamos voltar para a casa da sua família".

Cheguei à casa da família Archer no carro de Patrick.

Antes de entrar, eu pensava que o motivo pelo qual Patrick tinha me tratado daquele jeito estava relacionado ao fato de ele estar insatisfeito com o nosso casamento, e não por ele ter descoberto que eu não era Caroline.

No entanto, quando o segui para dentro de casa, vi Caroline, de quem eu havia me despedido no aeroporto no dia anterior, de pé, na sala de estar, ao lado de nossos pais.

Seus olhos estavam bastante inchados, indicando que ela tinha chorado por muitas horas seguidas.

Nossos pais, que estavam ao lado dela, pareciam furiosos.

Quando eu olhei para Patrick, a primeira coisa que me veio à mente foi que ele havia descoberto que eu tinha me casado com ele no lugar da Caroline e que, por isso, ele havia enviado alguém para trazê-la de volta.

Eu estava em pânico!

Embora Patrick não pudesse conseguir tudo que ele quisesse naquela cidade, se ele quisesse confusão com alguém, seria moleza.

Eu pensei: "Tudo bem se o problema for só comigo. Mas agora meus pais e minha irmã estão envolvidos também...".

Enquanto eu sentia remorso e me perguntava como eu iria explicar para Patrick aquela situação, vi Patrick dando alguns passos para frente e abraçando Caroline, que estava chorando. Ele abaixou a cabeça e a confortou, perguntando: "Você está bem?".

A gentileza em seus olhares era algo que eu nunca tinha visto antes...