Galatéia
img img Galatéia img Capítulo 3 Revelação
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Capítulo 6 Pura magia img
Capítulo 7 Corte dos superiores img
Capítulo 8 Nos dê um show img
Capítulo 9 Coma tudo img
Capítulo 10 Envenenada img
Capítulo 11 Ódio e desejo img
Capítulo 12 Diabólica img
Capítulo 13 Feia img
Capítulo 14 Inferno img
Capítulo 15 Coração img
Capítulo 16 Trauma img
Capítulo 17 Palavras não ditas img
Capítulo 18 Elite img
Capítulo 19 Culpada img
Capítulo 20 Experimento img
Capítulo 21 Farsa img
Capítulo 22 Dores img
Capítulo 23 Face img
Capítulo 24 Morte img
Capítulo 25 Apenas Ódio img
Capítulo 26 Tarde demais img
Capítulo 27 Tempo img
Capítulo 28 Louco img
Capítulo 29 Pacto img
Capítulo 30 Galatéia img
Capítulo 31 Aliviada img
Capítulo 32 Epílogo img
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Capítulo 3 Revelação

A festa de apresentação estava quase no fim, embora ainda houvesse muitas pessoas no salão de dança e outras comendo, à medida que o rei se aproximava e entrava em um assunto caloroso com cada um e assim se seguia para o próximo e o próximo, até que só restava a sereia bastarda. Ele queria muito ignorar o fato de que ela existia, contudo ele tinha suas obrigações a cumprir e curiosidades para serem supridas, e infelizmente ela tinha as respostas para as suas perguntas e se não tivesse, pelo menos tentaria obter algo útil.

Desde que havia chegado, ela estava com um apetite enorme. Se debruçou sob a mesa atrás do cacho de uvas, quando finalmente o obteve, a mesma inclinou a cabeça para trás, abrindo bem os lábios botando um grande punhado de uvas na boca.

- Hmm... icho é muto bom - mencionou para o soldado que estava do seu lado, de boca cheia, apontando com o indicador para as uvas que restaram em sua outra mão.

O homem revirou os olhos, dando as costas para ela.

Um duende de pele azulada passou por ela dançando animadamente, com suas mãozinhas para o alto enquanto um cálice era erguido por uma delas. O rei observou Galatéia olhar para o pequeno de forma tediosa, vendo-a tomar o cálice dele e levar o conteúdo aos lábios junto com as uvas que sobraram. Ela soltou um gemidinho satisfeito, enquanto o duende olhava para ela com os olhos lacrimejando.

- Você é má! - gritou com ela, que apenas deu de ombros. Ele saiu carrancudo, andando a passos firmes até seus amigos pequenos.

Beron se aproximou dela, suas mãos nas costas, com uma expressão inexpressiva. Ela olhou para ele, que ao contrário das outras mulheres que haviam alí, não tinha nenhum pingo de malícia, apenas tédio e indiferença.

- Você quer um pouco? Pelo menos nisso esses idiotas são bons de verdade - Ela não esperou a resposta dele, olhou para o cálice em sua mão e riu amargurada, sendo assim bebeu um longo gole.

- Por que diz isso? - ele se posicionou ao lado dela, então se permitiu olhar para a pintura que estava pendurada em sua parede, um homem estava sob uma mulher nua, parecia que ele estava a mordendo, mas não tinha como saber, seu rosto estava enterrado no pescoço dela e poderia ser facilmente confundido com apenas um gesto de carinho pela forma que ele fechava os olhos.

- Eles estavam na guerra, todos esses ineptos nojentos poderiam ter ajudado muitas pessoas, mas escolheram se esconder como covardes de - Ela respirou fundo, controlando-se. - Se não fosse pelos meus familiares eu estaria morta. - ela fez uma careta. - Ainda bem que a vida desses seres anojosos não dependem de mim, pois eu teria deixado todos morrerem, os deuses sabem o quanto eu sou boa em guardar rancor.

- E se não fosse pelo seu povo a guerra não teria dado início - percorreu os olhos pela pintura, notando que a mulher debruçada na cama expressava dor em seu rosto, então a ideia de carinho foi totalmente descartada.

- Teria de qualquer jeito, eles só ajudaram a acelerar o caso.

Azhill travou o maxilar, ele odiava essa conversa e odiava ainda mais como ela dizia aquilo.

- Ah, não fique bravo comigo, eu sei o que eles te tomaram - sua expressão facial estava enrugada.

- Havia me esquecido que sereias não se disponibilizam de sentimentos.

Galatéia sorriu, sarcástica.

- Por que eu teria empatia por um vampiro que claramente sente repulsa em está falando comigo?

Ele ergueu os lábios em uma tentativa frívola de um sorriso, deixando transparecer que ela estava mais do que certa.

- Não é como se você fizesse algo para mudar isso.

Os olhos dela brilharam.

- Ah, é? - se aproximou dele. - Então o que eu teria que fazer? - seus lábios se ergueram em um sorriso sedutor, mas quando ela levantou a palma da sua mão para tocar o seu peito, o mesmo se encolheu como se ela o tivesse acertado com um feitiço. - Pelos deuses! - gargalhou. - Você realmente tem medo de mim!

De forma sutil, ele aperta a própria garganta, não querendo demostrar desconforto. Depois da explosão de risos da garota, que agora lacrimejava com ato, ela parou, suspirando.

- Desculpa, eu não devia ter rido - o minúsculo sorriso que ainda se erguia nos seus lábios dizia que ela não sentia nada. - Você não foi o único que teve perdas, afinal de contas. - sua voz soou amarga, bebendo o conteúdo do recipiente de ouro que estava em sua mão para que ele não notasse sua expressão de contrição.

- Falar sobre isso e ouvir você se lamúriar não vai me fazer criar empatia por você. - sua postura ficou rígida, voltando seu olhar para o quadro.

Galatéia o observou por um tempo. Ele é, sem dúvidas, uma criatura de beleza extraordinária, porém a tristeza e a comiseração que ele deixava transparecer em intervalos pequenos parecia sugar toda a sua força.

Ela também voltou o olhar para o quadro.

- Nada me surpreende vindo de um vampiro monogâmico - apertou a mão no cálice, levando-o para a boca, saboreando o que restará do vinho lentamente. - Enfim, se você gosta de culpar todos pelos erros de um o problema não é meu.

- Disse a que odeia duendes por não terem ajudado na guerra. O que eles poderiam fazer? Lhes roubar enquanto todos estavam lutando?

Galatéia sorriu como se tivesse sido pega fazendo travessuras.

- Mas todos que estavam lá ainda estão vivos, ao contrário de quem matou sua mãe. Eles poderiam ter dado um jeito de serem úteis, eu fiz o meu trabalho.

Embora seu coração só existisse no peito por puro enfeite, Beron sentiu como se houvesse sido esfaqueado várias vezes, porém continuou com sua expressão neutra, não deixando transparecer nada. Ela estava indo para um território perigoso, mas não se importava, se ele quisesse a cabeça dela que entrasse na fila. Entretanto, ele apenas mudou de assunto, como se não tivessem tocado no tópico anterior:

- Me diga, Galatéia; O que significa essa flor no seu olho?

- Não é da sua conta.

Ele se calou por um tempo, decidindo que já conversaram por tempo suficiente, porém se lembrou que ainda não havia feito a pergunta que tanto rodava em sua mente.

- Por que te enviaram?

Galatéia impediu de que o cálice chegasse a boca.

- Nada que também seja da sua conta.

- Mas é importante que eu saiba - revela, ríspido.

- Acredite, meu rei - chegou perto dele, vendo-o lutar para não se encolher novamente. - Você não tem nada a ver com isto. Saiba que se trata apenas de ter que provar algo, e não, não tenho o mínimo interesse em ser sua esposa. - confessou, retornando sua postura normal, colocando o cálice na mesa, atrás de si.

Beron a encarava estarrecido, então sua postura mudou para desconcertado, não sabendo como reagir.

- O que precisa provar? - indagou, baixo.

- Para um ser que não me suporta você é bem curioso, hein? - riu. - Vivo a mil anos e a única coisa que eu sei é que sou um experimento falho.

- Experimento falho? - confusão estava estampada em seus olhos claros.

- Não quero falar sobre isso - decide, por fim.

Beron assentiu, refletindo por um longo tempo. De repente, ele se vira e acena com a cabeça para um dos soldados, se aproximaram pronto para atender suas ordens.

- Leve-a para seu quarto - ordenou. Azhill virou-se para ela, engolindo em seco. As palavras queimavam sua garganta. - Deveria está preocupada em buscar uma forma de provar a eles que ainda é útil. Se fez isso uma vez na guerra, pode fazer de novo.

Afastou-se sem ouvir o que ela teria para dizer, levantando a mão para os outros subordinados, ordenando que dê um fim a festa.

- Que conselho lixo. - resmunga, deixando ser conduzida.

            
            

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