Lá da sala, Karen responde seu filho em voz alta:
-Filho, vocês não são mais crianças, podem resolver isso sozinhos... [Karen dá um suspiro longo de impaciência e continua] - mas... Infinity, pague a ele o custo dessa câmera. Nada sai impune por aqui!
Lenny esbarra de propósito em sua irmã e vai pro seu quarto, irritado e chateado:
-Viu, sua babaca sem noção.
-Parem já. - Sua mãe ouve a 'troca de farpas' e grita.
Infinity fica irritada também e volta o que estava fazendo. Olhando para o espelho, retrucando sobre o que acontecera e xingando seu irmão dentro da própria cabeça, ela termina sua maquiagem impecável para sair com as amigas. Afinal, já era noite de sexta feira.
*3 de dezembro de 2003
*SMS to Fifi: cadê você, garota? tá atrasada.
*SMS to Priscila: já vou Pri. Calma, gata.
[3 horas depois]
-Nossa, que festa top. - As 4 garotas se comunicam.
-É verdade, que nem esses aperitivos aqui. [nhac, nhac]
-Ai, Gabriela, pare de comer e presta atenção nos detalhes. Detalhes são tudo, minha bela. Joga isso fora, vai engordar. Quer engordar para o baile? - Fifi pergunta.
-Credo, Fifi. Para quê ser tão chata com ela? É só um morango com chocolate. Só um. - Stella retruca e leva Gabi para passear pela festa, deixando Fifi sozinha com sua sinceridade ardida.
Alguns minutos depois, Fifi começa a se entediar e decide pegar uma bebida, mas uma bem forte, lotada de álcool, mesmo ela sendo menor de idade. Ela estava se sentindo sóbria demais para ficar naquela festa que não estava nem um pouco interessante, hm.. bem, pra ela. Pelo menos, por enquanto. Ela senta em um dos bancos do bar e se dirige ao bartender pra lá de lindo:
-Oi, bonitão. Descola uma batida pra mim aí, vai. Mas aquela batida, sabe o que estou falando, hahaha.
O bartender, sem experiência de trabalho, atende seu pedido e ela responde ao gesto:
-Thanks, Babe. Te devo essa. - enquanto diz isso, Fifi desliza junto à sua mão um maço de notas de 50 dólares no balcão até o alcance das mãos do bartender bonitão, que agradece:
-Eu é que agradeço, minha bela. Volte sempre. Hehe.. - [risos envergonhados]
Após pegar a bebida e começar a tomar, Fifi ainda sentada no banquinho, se vira frente à festa, à multidão do ambiente, frente à uma piscina em uma noite barulhenta cheia de jovens malucos querendo se divertir de qualquer jeito e diz, baixinho:
-Essa festa ainda vai ser perfeita. Ou não sou Fernanda Castanho Cardoso Infinity Lopes! Hahahaha.. - e então sai andando e bebendo seu drink delicioso.
Passa-se 1h e a festa ainda continua um pouco entediante para Infinity, então ela decide 'revirar' tudo aquilo. Dar uma guinada, mas do jeito dela. Gabi, Stella e Priscila, as melhores amigas, o grupinho da Infinity, popularizada como Fifi, estavam se divertindo tanto que Fifi as encontrou nadando na piscina com mais um montão de gente louca, cheios de álcool na cabeça e no fígado, para ser mais exata. Foi aí que Infinity teve uma ideia para se divertir.
Naquela super mansão onde estavam todos, Thomas, o dono da casa, decide fazer um anúncio no megafone: 'A polícia chegará a qualquer momento, mas ninguém sairá daqui. Nem se tentarem, todos os portões estão trancados com um código de segurança máxima. Ninguém se mova'. Será que não poderia ficar mais estranho ainda esse anúncio? Ou talvez ''aí tem coisa?''. Vamos relembrar que Infinity teve uma ideia e após isso não tivemos mais notícias dela ou de suas amigas.
Realmente, aí tem coisa! E bem suja, se é que me entende.
-Gente, a polícia tá aqui. - alguém grita para alertar.
-Se esconde, vem logo, caramba. - outra pessoa retruca, em tom bem baixinho.
-Fifi, você não vem? - Uma outra voz pergunta, em tom mais baixo ainda.
-Não, vão na frente e me encontrem na rua 9 com a cruzada da 7. Estarei lá em menos de 10 minutos. Tenho que resolver algo antes.
-Ai, Fifi. Tá bom, né?! Juízo e não se meta em encrenca, porque nós já estamos encrencadas em casa pelo jeito. Tchau. Vamos Gabi, por aqui. Abaixa a cabeça e vem logo. E solta esse morango, agora chega, não é hora de doce.
-Ai gente, como vocês duas são salgadas. Come o meu morango pra melhorar a vida. Eu não estou encrencada, nem pais eu tenho. Essas horas é até que razoável esse fato, porque mesmo menor de idade, não levo bronca ao chegar em casa, a não ser do meu avô que está lá. É provável que esteja bebendo no caneco, aquela gelada que ele tanto ama mais do que sua neta e esposa de mais de 40 anos de casamento. Então eu entro pelos fundos e ninguém me nota, vou direto pra cama e estou sã e salva.
-Para de falar um pouco Gabi, vamos nos concentrar para ninguém ver a gente.
-É que eu tô nervosa, Tella (Stella). Estou é com medo de ser presa por algo que não fiz.. eerr.. fizemos.. pera aí, o que a gente fez?
-Shhh, Gabriela Pardo. Cala a boca, vão nos ouvir, ainda estamos nessa droga de mansão que tem um labirinto para sair pelos fundos. Ai, que saco. Ajuda um pouco, só ande e ache a rua, aquela por onde entram..... Oops!
-O que duas donzelas estão fazendo por aqui em uma noite tão bela como essa? Sozinhas, a polícia pode pegar vocês por estarem fugindo e vão achar que são culpadas por tamanha aberração que destruiu meu quarto e nosso sofá da sala presidencial.
-Haha, não, Senhor. Só estamos querendo conhecer o restante da casa, digo, da linda mansão. Adoramos enigmas e labirinto faz parte do nosso repertório. Nada de mais. E como assim, polícia? Quem chamou? Onde? Como? Quando? Como não soubemos? - Stella indaga o jovem alto, atraente e da realeza.
-Oi, moço bonito. Qual é seu nome? - Gabriela, encantada com tamanha beleza alheia, ainda um pouco bêbada e risonha, flerta com o jovem.
-Olá, garota misteriosa. Prazer, me chamo Paollo. E você, como se chama, essa flor enorme.. [cof cof] digo, flor de muito charme e beleza. Desculpe, não sou bom de apresentações informais. Nem lembro mais da minha época de jovem, lembro que falávamos gírias que vocês não iriam entender. Conhece 'brasa mora'? 'Broto'? Sabe mais alguma? - Paollo continua o flerte com Gabi.
-Ai, que fofo. Eu não me ofendi, fique tranquilo. Eu sou muito feliz! Ah, quase esqueci, meu nome é Gabriela Pardo Gahrnia Walhnut. Sou chilena, mas moro aqui já fazem 8 anos, já perdi meu sotaque chileno. Claro que conheço essas gírias, broto. Meus avós se conversam assim porque acham muito autêntico, clássico e chique. Eles não curtem modernidade, são do tipo que curtem carros clássicos de 1960 e outros, eles tem o primeiro Ford que foi lançado. Sou descendente de família rica, opa, digo, família como a sua sabe; mansões, carrões, realeza para ser exata. Ai, estou nervosa, me desculpe. Eu falo muito quando estou em apuros, ops, quando estou tímida ou de mau humor. Hehe. - Gabi sente calafrios e borboletas na barriga e fica nítido em seu rosto suas bochechas vermelhinhas de vergonha.
-Uau, prazer em conhecê-la Srta. Walhnut. Estão em apuros? O que fizeram? Devo suspeitar de algo por aqui? Bom, espero que não. Mas posso te convidar para uma conversa um pouco mais formal, algo mais longo?
-Não, é porque labirintos nos dão um pouco de ansiedade que vem junto com medo de se perder de vez em um desses. E sobre o encontro.. hm, é um encontro, correto? Se for, é lógico que eu aceito, meu nobre cavalheiro.
-Que bom que aceitou. Mas vejo que você está aflita, parece querer ir ao banheiro rápido. Venha, é por aqui. - Paollo mostra o caminho até o banheiro no interior da casa, no lado dele da mansão, a ala sul. Pois a ala norte estava a festa de seu irmão, Thomas.
-Ah, eu quero sim ir ao banheiro, minha amiga também quer. Não é mesmo, Stella Moura? - Gabi cutuca disfarçadamente os braços de Stella.
-Sim, sim. Queremos e estamos super apertadas para ir mesmo. - Stella responde com uma voz meio assustada e ansiosa.
Ao chegarem frente ao toilette, as duas entram e fecham a porta rapidamente, mas ao entrarem, não perceberam que o lugar era pequeno demais para entrarem desesperadas e acabam quebrando um vaso decorativo. Não se machucaram, mas o bolso da família real desta mansão que se machucou.. e muito. Do lado de fora, pouco distante da porta, as aguardando, Paollo se assusta e pergunta:
-Meninas, está tudo bem? Alguém se machucou? Vou chamar alguém pra ajudar, talvez minha querida mãe. Eu não posso entrar porque é lugar de mulheres aí. Já volto, aguardem.
-Nãããooo, Paoooolloo!! Volte aqui. Por favor. Não nos deixe, não chame ninguém, já estamos encrencadas demais. Ai droga, eu falei. Desculpe a gente, Paollo, por favor. Não queremos encrenca. Daremos um jeito de ninguém perceber o vaso aqui. A gente substitui por algo aqui do banheiro mesmo. Mas não vá, não chame ninguém. - Gabi responde já tristonha e se põe a chorar dramaticamente.
-Posso saber o que fizeram neste toilette? O que tem aí dentro? Quem está aí e como chegaram aqui? Guardaaaas!!! - Madame Ottis fala irritada enquanto bate na porta para abrirem. Paollo não tinha escutado nada que Gabi disse, pois saiu correndo ao saber que alguém poderia estar machucada. Até porque a polícia ainda estava por ali, investigando a mansão inteira e se encontrasse gente ferida trancada no banheiro, poderiam suspeitar de algo também, aí estariam TODOS encrencados, com certeza.
-Não, minha Senhora. Não há nada com o que se preocupar, estamos bem aqui. Te garanto. O moço bonito do labirindo, hm.. Paollo, certo? Isso, ele nos mostrou o toilette mais próximo por um tempo porque estávamos muito necessitadas de vir aqui. Se você nos entende.
-Não quero saber. Paollo não manda nesta casa. Paollo não significa nada por aqui. Quem deve se preocupar sou eu, a matriarca desta família. Agora abra este porta, deixa eu ver quem está aí e se realmente estão bem. AGOOORA!!! - Muito brava, Madame Ottis de tanto bater na porta furiosamente, é surpreendida com nada mais do que duas garotas notavelmente chateadas dentro daquele incrível toilette real.
Então Madame Ottis fica intrigada com a situação que partiu seu coração e continua a falar:
-Oh, meninas. Vocês estão bem? Não chorem, não há necessidade. Venham cá, vou ver se estão feridas. - M. Ottis as abraça e vai com elas até a cozinha para dar-lhes um copo de água com açúcar até se acalmarem.
Ainda sem palavras, Stella e Gabriela tentam manter a calma e não dizer nada para não piorar a situação. Enquanto bebem a água, elas avistam da janela sua melhor amiga Fernanda, a Fifi, lá da rua procurando as mocinhas "desaparecidas", porque Infinity nem sabia do que acontecera e achara que foi abandonada ou que elas estão perdidas e encrencadas talvez. Stella toma sua água mais rápido e já logo levanta puxando o braço de Gabriela, que acidentalmente deixa seu copo cair e quebrar, mas ninguém olha para trás. Elas começam a correr, conseguem voltar ao labirinto e acham a saída, que não poderia ser jamais encontrada pelo lado em que entraram da ala norte, já que Thomas era um filho muito fugitivo que sempre se dava mal pela rua. E elas acharam que iriam atrás delas pelo copo e pelo vaso e por terem feito tamanha bagunça e nem limpado, mas tudo o que queriam era paz e tudo o que Paollo queria era vê-la novamente, a Srta Pardo, pela qual se apaixonou misteriosamente e estranhamente. E Gabi, não queria perdê-lo de vista, mas não teve escolha, pois ela quebrou um copo raro que era da coleção preferida de Madame Ottis.
Ao chegarem na rua combinada, encontram Fifi, que estava um pouco furiosa, chateada e preocupada com as amigas, pois ela já tinha pensado em muitos motivos de terem demorado e por isso começou a caminhar em direção à sua casa, que era pertinho, apenas 2 quadras dali. Mas o silêncio era perfeito nessa hora, pois cada uma estava preocupada com a outra, o que foi motivo de um abraço em grupo super caloroso e sincero. As 3 começam a falar sobre a festa, o que passaram na ala norte, o que aconteceu com Stella e os babados que rolaram por lá sobre o colégio. Ao trocarem as informações, Fifi ficou um breve tempo em total silêncio, e começou a chorar. Stella e Gabi perguntaram o que tinha acontecido e Fifi ainda permaneceu calada, apenas balançou negativamente a cabeça, de leve, para que não houvesse nenhum interrogatório e nem conselhos ou sermão. Então tudo ficou em silêncio, só se ouvia o canto da cigarra, o som noturno de uma floresta, de uma noite estrelada, e alguns grilos. Cada uma foi andando em direção à sua casa e como a casa de Infinity era a 3ª casa depois das duas meninas, Fifi terminou sua caminhada sozinha e pensativa e ao chegar em casa, subiu para seu quarto e ainda chorando, retirou um papel de sua bolsa e o colocou debaixo da cama, em seu esconderijo secreto de cartas que era de difícil acesso, pois ficava em uma caixa abaixo do chão que era trancada com um cadeado enorme. Antes de Infinity ter guardado este papel para que ninguém veja, ela senta em sua cama e lê tudo o que está escrito de novo, com mais atenção e sem barulho de festa, pois ela não conseguiu entender bem o que se diz e tampouco ''engoliu'' o que se leu:
''Fernanda Castanho Cardoso Infinity Lopes inscrita no C.P.F de número 440/03.01-7, natural de Groenlatos, situado no município de Hýtticos, no Estado de District Of Vil, no País de Fógus pertencente ao Rei Lontis, está intimada a comparecer no tribunal de justiça de seu município e responder criminalmente por danos físicos causados aos que aqui apresento: Thomas Mondovichman Castian Lugovak e Priscila Friedgga Cosclova Titha. Em caso de ausência ao tribunal ou quaisquer desacatos à esta intimação, o destinatário deverá indenizar o Oficial de Justiça com, no mínimo, noventa por cento da renda familiar em, no máximo, 15 dias corridos. Este caso não possui direito à recursos.
Cordialmente,
O Juíz.''
Ao terminar de ler, Infinity, chorando, guarda em seu cofre secreto e se deita para dormir. O que ela esqueceu é que sua mãe foi quem fez esse cofre secreto para ela, portanto as duas sabiam como abrí-lo. Mas Infinity estava tão nervosa, chateada e acabada que nem lembrou disso e fechou seus olhos para conseguir dormir e sonhar para se acalmar e voltar a ser como ela era antes.
Antes de tudo isso começar!