Capítulo 4 IV

Apolo Marino:

Lavínia me encarava com raiva e isso estava me destruindo por dentro, aqueles olhos tempestuosos que eu amava nunca deveriam me procurar daquele jeito, mas, ela tinha os seus motivos, o colar que deveria ter sido dela estava no pescoço de uma maldita russa que não tinha honra para usá-lo, tentei negar o calor naquela manhã, falando que Nalla não merecia aquela honra, minha mamma tinha usado aquele colar, era o seu preferido eu a achava linda quando ela saia com ele, Lavínia deveria ter recebido no seu casamento, mas, isso não aconteceu por conta de Giovanne, aquele homem a desonrou da maneira mais cruel possível, apenas por ela vir de uma família humilde, filha de um soldado o posto mais descartável dentro de uma máfia. Eu teria dado a ela uma vida luxuosa se ela tivesse me escolhido, teria feito-a uma princesa, ela nunca sofreria aquela humilhações, mas, Ares sempre foi mais persuasivo, mais carinhosos, romântico e conquistou o seu coração, eu senti ódio de meu irmão por muitos anos, nós nos apaixonamos pela mesma mulher, nós amamos a mesma mulher e ela seria a minha morte, pois, se alguém descobrisse sobre o nosso caso não seria apenas eu que perderia a cabeça, mas, ela e por isso eu me mantinha calado, eu tinha cometido a maior traição que um irmão poderia cometer, eu amava a esposa de Ares e eu não o culparia por me matar, porém, eu não queria aquele destino para Lavínia, ela merecia apenas o melhor. Em meus 32 anos nunca um olhar me perturbou tanto quanto o dela, sempre que eles focavam em mim toda a barreira que eu criara por anos era destruída, ninguém tinha aquele poder e nunca teria, pois, eu não deixaria com que mais nenhuma mulher entrasse no meu coração, por toda a minha vida ele pertenceria apenas a Lavínia, mesmo que ela nunca pudesse ser realmente minha.

_ 20 mil dólares. – Falou a mulher ao meu lado fazendo com que eu a encarasse com uma sobrancelha erguida, a russa era linda, parecia uma boneca esculpida a mão, sua pele era tão branca que parecia porcelana, seu corpo era bonito, tinha as curvas certas, pernas longas, quadris femininos e seios médios, os cabelos eram castanhos e enormes que caiam pelas costa como uma cascata e o seu rosto era um desenho simétrico, nariz arrebitado, boca pequena e cheia e aqueles enormes olhos azuis atentos a todos os movimentos ao seu redor. Se ela não pertencesse aquela maldita família eu poderia respeita-la, meu casamento poderia dar certo, mas, os russos tinham matado mia mamma e eu nunca perdoaria Ares por ter feito aquele acordo e me feito casar com a cria daquele que matou a mulher que eu mais amei em minha vida.

_ O que você está fazendo? – Perguntei em um rosnado no seu ouvido para que ninguém percebesse o meu descontentamento.

_ Ajudando as crianças marido. – Respondeu ela levantando a placa mais uma vez.

_ Eu não irei pagar por um camarote na minha própria boate. – Avisei fazendo com que ela risse harmoniosamente.

_ Não lhe pedi dinheiro querido. – Falou ela levantando novamente a sua placa e oferecendo 50 mil dólares em um camarote. Pessoas gastavam mais do que isso em meus camarotes, não que eu me importasse, aquilo era ótimo para os negócios, quanto mais eles gastassem mais eu ganharia, mas, minha esposa estava gastando uma fortuna por algo que não iria usufruir, eu nunca deixaria com que ela aparecesse em minhas boates, quem sabe usando um microvestido, saltos e uma maquiagem pesada, seria uma bela visão que eu não queria compartilhar com ninguém, eu era um homem possessivo não gostava de compartilhar nada que me pertencia e como minha esposa, ela me pertencia. _ 100 mil dólares.

_ Ficou maluca? – Perguntei encarando-a e fazendo com que ela risse e me chutasse sobre a mesa, todos os olhos estavam sobre nós. _ Irá pagar por isso.

_ Claro que sim. – Disse ela sorrindo e tirando um cartão de dentro da bolsa e levantando-se. _ Volto logo querido, não sinta minha falta.

Ela saiu rebolando junto com a funcionária da fundação que sorria e lhe acompanhava na direção da sala reservada para os pagamentos.

_ Generosa sua esposa, abrir mão de cem mil dólares. – Disse Lavínia encarando-me. _ Tinha peças mais valiosas que chamariam mais a um camarote na sua boate, onde todos entraríamos de graça. Não foi muito esperto da sua parte.

_ Achei fofo. – Falou Aquiles fazendo com que eu o encarasse com os olhos apertados, meu irmão caçula estava interessado demais na minha esposa e isso estava me incomodando desde que eles se conheceram. _ Ela está ajudando as crianças, esse não é o motivo desse evento, ela comprou por algo que não precisaria, como você disse foi muito generoso da sua parte.

Lavínia fechou a cara e Aquiles sorriu, a relação entre os dois sempre foi ruim e isso não era normal, já que nossa caçula era dado com todos. Ele sorriu para a minha esposa quando ela voltou ao se sentar ao meu lado e ela beijou o seu rosto carinhosamente, fazendo com que eu fechasse as minhas mãos em punhos, ela estava extrapolando e isso estava me deixando irritado.

_ Espero ser convidado para a festinha. – Disse Aquiles sorrindo. _ Apolo é mau de vaca e nunca me deixa entrar sem pagar, iremos colocar aquela boate abaixo cunhada.

_ Prometo colocar você na lista de convidados Aquiles, mas, eu comprei para Ivana, ela faz 18 anos em algumas semanas, merece um pouco de diversão. – Comentou ela encarando o meu irmão sorridente. _ Não gosto de boates, prefiro ir ao teatro ou ver a orquestra sinfônica tocar.

_ Sou amigo do regente da orquestra. – Gabou-se ele aproximando-se perigosamente de Nalla, fazendo com que eu tivesse vontade de tocá-lo. _ Irei levar você para ver a última apresentação deles dessa temporada, estão falando que é uma hora de pura emoção.

_ Afaste-se Aquiles. – Mandei fazendo com que ele risse e se escorasse na cadeira. _ É um convite e tanto, mas, eu odeio música clássica.

_ Por isso não convidei você fratello, mas, mia cunhada. – Falou ele sorrindo e me encarando com uma sobrancelha arqueada. _ Você não se incomoda com isso, não é Apolo? Prometo que eu irei levá-la de volta sem nenhum arranhão e Nalla merece um pouco de diversão, você passa a maioria das suas noites na boate gerindo os seus negócios, deve ser chato ficar em casa sem ter nada pra fazer e nós iremos apenas até o teatro, não seria como fugir da cidade.

Não respondi aos seus comentários sarcásticos, Aquiles gostava de me tirar do sério, mas, não era isso que me incomodava e sim que ela sorria para ele, Nalla sorriu para mim, a única coisa que eu recebia era seus insultos e palavras afiadas e eu não gostava daquele clima entre os dois. Eu não iria ser traído daquela maneira, mataria aquela maldita russa antes que isso acontecesse, nunca que eu irei deixar com que alguém me humilhasse daquela maneira. O resto do leilão passou como um borrão, não estava prestando atenção naquela palhaçada, mas, sim nos olhos de meu irmão caçula sobre a minha esposa, ele parecia mais do que interessado nela e eu nunca vi aquele olhar no rosto de Aquiles, era como se ele estivesse encantado com ela.

Nalla me puxou para longe da mesa quando o leilão terminou e me fez ter que aturar a sua família intragável, suas irmãs pareciam delicadas e caladas, apenas me cumprimentaram e voltaram a conversar entre si sorrindo para a irmã mais velha e querendo saber de todos os detalhes sobre o casamento, o velho Ivan me olhava com desconfiança, como se soubesse que a sua primogênita não estivesse sendo bem tratada, porém, ele não disse uma única palavra, apenas abraçou-a carinhosamente e falou algo em russo no seu ouvido fazendo com que ela sorrisse e concordasse e aquilo me deixou intrigado, nós nunca deveríamos estar acreditando em russos, eles eram perigosos e escorregadios, para estarem nos traindo seria fácil. Dei uma desculpa qualquer para me afastar e deixei minha esposa com seus familiares.

_ Você deixou com que ela usasse o colar da família. – Acusou-me Lavínia trancando a porta do banheiro masculino, sabendo que não teria mais ninguém ali. _ Está me humilhando mais do que o seu irmão Apolo, nunca esperei isso de você, pensei que me amasse.

_ E eu amo. – Declarei me virando para ela e suspirando, seu rosto estava duro e inexpressivo e isso nunca foi bom. _ Ares me entregou o colar está manhã e se eu me recusasse a usar ele me mandaria, ele ainda é meu chefe e está no comando, não podia negar isso. Mas, tenha certeza que eu estou tão ou mais irritado do que você por vê-la usando o colar que foi de mia mamma, ela não merecia está honra, não quando foram os seus que a mataram.

_ Mi bello amore! – Exclamou ela acariciando o meu rosto delicadamente e grudando seus lábios aos meus, fazendo com que eu suspirasse e circulasse as minhas mãos pela sua cintura a puxando para mais perto enquanto devorara os seus lábios.

Lavínia era a minha perdição e se eu fosse morto por conta daquela mulher morreria feliz, pois, ela era a única que conseguia fazer o meu coração bater mais forte, por mais que eu me sentisse culpado por estar traindo meu fratello daquela maneira.

_ Não podemos fazer isso. – Sussurrei quando ela começou a puxar o meu paletó e eu sabia o que ela queria, mas, ela merecia mais do que uma foda no banheiro. _ Ares está a poucos metros de distância e por mais que eu não goste minha esposa também, é perigoso demais. Me encontre amanhã no lugar de sempre, irei tentar conseguir a tarde inteira para ficar com você.

_ Conseguirei uma desculpa para sair sem os meus seguranças. – Concordou ela sorrindo e beijando-me levemente. _ Não se apaixone por ela Apolo, acho que eu não suportaria perder você, principalmente para uma russa que não merece o seu doce coração.

Anui e ela acariciou o meu rosto com a ponto dos dedos e saiu a passos largos do banheiro, joguei um pouco de água gelada no rosto e saí dando de cara com minha esposa.

_ O que está fazendo aqui? – Perguntei rudemente, se ela tivesse visto alguma coisa eu teria problemas.

_ Saindo do banheiro. – Respondeu ela sorrindo ingenuamente, mas, eu não acreditava em nada que saia daqueles lábios pequenos. _ Algum problema? Pensei que tivesse deixado claro que não se importa onde eu estou, já que me deixou sozinha no meio do salão e sumiu por quase uma hora, seus irmãos estão à sua procura.

_ O que você viu? – Perguntei me aproximando perigosamente dele, uma pena eu não poder esganá-la naquele momento.

_ Conversaremos quando chegarmos em casa querido. – Respondeu ela sorrindo e entrelaçando o braço no meu. _ Agora sorria, ninguém precisa aturar o seu mau humor está noite. Venha vamos interagir com as pessoas, todos querem saber como está o nosso maravilhoso casamento.

Ela me puxou para longe dos banheiros e eu tinha certeza que ela tinha visto alguma coisa e eu teria de tomar alguma providência para que ela ficasse calada e o pior que ela parecia animada depois daquele flagra, Lavínia se mantéu longe o resto da festa e isso foi um alivio, pois, eu pude beber o quanto eu quisesse.

_ Alvin, para casa, por favor. – Pediu Nalla jogando-me num canto do quarto, eu estava bêbado e irritado. _ Pelo caminho mais curto, minha cabeça está explodindo.

Ele anuiu e o carro partiu em direção a casa, ela não deveria mandar no meu segurança, ela não deveria mandar em nada na minha vida, eu tinha as rédeas daquela situação e iria mostrar a ela quando chegássemos ao meu maldito apartamento. Alvin fez o que ela pediu e por mais que tivesse um paparazzi nos seguindo ele conseguiu ir pelo caminho mais curto. Agarrei o seu braço quando entramos no elevador e a prensei na parede segurando o seu rosto com força.

_ Não sei o que diabos você viu, mas, isso não dá o direito de mandar nos meus empregados ou em nada, você é apenas um fantoche nas minhas mãos. – Rosnei fazendo com que ela me encarasse raivosamente, eu estava muito puto pra ela me irritar ainda mais. _ Isso não vai mudar querida, então esqueça o que você viu, pois, será melhor para você.

_ Quando quiser se agarrar com a sua cunhada, seja mais discreto, ela deixou uma marca vermelha de batom na sua camisa. – Avisou ela empurrando-me e saindo do elevador a passos largos, mas, não se distanciou, pois, eu agarrei os seus cabelos fazendo com que ela gemesse. _ Acho que o seu irmão vai adorar saber disso. O que aconteceria se vocês dois fossem descobertos?

_ Fale um absurdo desses novamente e será a sua cabeça que irá rolar. – Avisei batendo a cabeça com força na parede e ouvindo ela gemer com o impacto. _ Eu seria capaz de matar você se abrisse a sua maldita boca.

_ Está apaixonado por ela. – Debochou ela espalmando as mãos no meu peito e me empurrando pra longe rindo, aquela mulher era definitivamente louca. _ E como ela é esperta escolheu o seu irmão, como é a esposa do dom ninguém desconfiaria do caso de vocês, céus como você é baixo, traindo o seu próprio irmão desta maneira.

_ Cala a boca. – Mandei quando ela gargalhou mais uma vez me deixando ainda mais irritado, eu faria ela se calar de qualquer maneira, ninguém nunca iria descobrir sobre o meu caso. _ Cale a sua maldita boca.

_ Por que eu faria isso querido? – Perguntou ela ironicamente. _ Não sei se você percebeu, mas, está nas minhas mãos, se eu fizer essa fofoca circular pela máfia e isso cair nos ouvidos do seu irmão eu tenho certeza que ele iria ficar bem desconfiado, imagine o que ele iria fazer com a esposa infiel dele, com certeza ela iria sofrer muito antes de morrer, você seria algo rápido, indolor, Ares não teria coragem de torturar você, ele ama você e apesar da sua raiva você ainda é o seu sangue, porém, a vadia que ele chama de esposa não teria a mesma sorte e eu amaria ser isso de camarote, quem sabe assim eu não me veria livre de um traidor, pois, é isso que você é Apolo Marino, um traid...

As palavras não terminaram de sair dos seus lábios quando a minha mão bateu violentamente no seu rosto, fazendo com que ela se desequilibrasse e batesse com força contra o aparador, o sangue jorrou do seu supercilio manchando o rosto bonito, mas, aqueles olhos ferinos foi o que me fez parar no lugar.

_ Não se aproxime de mim. – Mandou-a levantando-se, acho que eu nunca me esqueceria daquela visão, seu rosto bonito e banhando de sangue, os olhos azuis como duas bolas de fogo. _ Nunca mais encostes as suas mãos imundas em mim, pois, se isso voltar a acontecer eu irei acabar com você Apolo, eu irei ver você morrer na minha frente, aos meus pés, pois, você está nas minhas mãos. Lembre-se disso quando tentar fazer qualquer coisa contra mim novamente.

Ela levantou-se empinando aquele nariz pequeno e andou na direção das escadas batendo os saltos com força contra o mármore e logo sumiu no corredor, eu peguei o garrafa de whisky que estava sobre o bar e me tranquei no escritório, eu tinha que dar um jeito de sair das mãos dela, pois, se Dmitriev conseguisse alguma prova concreta da minha traição eu estava ferrado e iria perder Lavínia, pois, como castigo era capaz de Ares matá-la e me deixar vivo para sofrer as consequências da minha traição e jogaria o nome da minha famiglia na lama, Ares nunca mais confiaria em mim e eu sabia de tudo aquilo quando resolvi me envolver com minha cunhada, o problema era que eu não conseguia me afastar, de todas as vezes que eu tinha tentando Lavínia me puxava de volta para ela com o seu charme, com as suas palavras doces, com o seu jeito.

Naquela noite eu me embebedei e acabei dormindo no sofá do meu escritório, saí na manhã seguinte de mau humor e sem falar com ninguém, minha esposa não deveria querer me ver e aquilo era reciproco, sempre que nos encontrávamos ela conseguia fazer aflore-se o pior de mim e era melhor nos mantermos separados a maior parte do tempo.

_ Não estou para ninguém Eliza. – Avisei encarando a minha secretária que me encarou com os olhos arregalados. _ Quem está no meu escritório?

_ O senhor Ares, ele está o esperando a quase uma hora senhor. – Respondeu ela fazendo com que eu respirasse fundo. _ Eu não sabia que deveria o barrar.

_ Está tudo bem Eliza. – Garanti. _ Apenas garanta com que ninguém interrompa a minha conversa com o meu irmão.

_ Pode deixar senhor. – Disse ela sorrindo.

Vi que Ares estava sentado na minha cadeira e isso me incomodou, aquele era o meu espaço, eu nunca tinha ido até um de seus hotéis e sentado no seu lugar, como se ele fosse o dono do lugar. Ele apontou para a cadeira na sua frente e eu me senti um meliante pego em flagrante, me sentei e encarei-o com uma sobrancelha arqueada.

_ Não pensei que o veria tão cedo. – Falei me remexendo na cadeira, eu não estava confortável com aquela conversa, Ares estava com um semblante pesado. _ Aconteceu algo? Os russos fizeram alguma merda que você não conseguiu conter e está pensando em desfazer o acordo e voltarmos ao que era antes.

_ Lavínia está me traindo. – Disse ele fazendo com que eu engolisse a seco.

_ Lavínia é apaixonada por você Ares, está ficando maluca se pensar em uma coisa dessas. – Menti sorrindo, aquilo não era nada bom, se ele estava desconfiado de algo nossos encontros deveriam se encerar e todas as provas que estávamos juntos sumiriam completamente. _ O que o faz pensar em uma coisa dessas?

_ Ela fez um aborto. – Respondeu ele fazendo com que eu arregalasse os meus olhos, aquilo não era possível, Lavínia mão seria burra aquele ponto, só se estivesse desesperada e não soubesse mais o que fazer, porém ela deveria ter me procurado, ela tinha matado uma criança inocente, ela tinha matado um fruto do nuestro amore e isso me deixava furioso. _ Descobri de uma maneira ridícula, a filha de um dos membros do concelho que perguntou se minha esposa estava bem depois de ter passado por uma cirurgia. Eu fiquei com cara e besta, minha esposa não tinha feito cirurgia nenhuma, então resolvi investigar sobre isso e descobri que ela foi a uma clínica clandestina, abortará um bebê e depois passado por um dos nossos médicos de confiança para saber se tudo tinha corrido bem.

_ Você tem certeza disso? – Perguntei chocado, nunca esperava uma traição como aquela. _ Você sabe o quanto esses mexericos de garotinhas mimadas podem minar o seu casamento.

_ Eu investiguei, inferno. – Falou ele socando a minha mesa com força e fazendo com que eu assentisse. _ Ela não precisava ter feito isso se fosse um filho legitimo, eu a tirei das ruas da Sicília, ela era apenas uma vadia que fazia ponto nas esquinas e eu a transformei em uma princesa, eu lhe dei o posto mais alto dentro da máfia que uma mulher sequer sonhou e recebo esta punhalada pelas costas.

_ Pode estar tirando conclusões precipitadas. – Disse tentando acalmar o humor de meu irmão, ele não era um homem agressivo com mulheres, isso era contra a índole do meu fratello. _ Não acho que Lavínia teria coragem de fazer isso, ela sempre foi tão apaixonada por você, parece que as peças desse quebra-cabeça não se encaixam.

_ Eu quero o nome do amante Apolo. – Avisou ele fazendo com um arrepio passasse pela minha coluna. _ Ninguém pode saber sobre isso, se eu preciso de provas sobre essa traição, você conseguirá pra mim, ninguém deve saber desta conversa, leve o tempo que precisar com as suas investigações, mas, me dê um nome ou eu irei achar que está a protegendo e não será apenas a cabeça dela que cairá, mas, a sua irá junto.

_ Pode deixar fratello, não irei lhe decepcionar. – Falei apertando a sua mão. _ Mas, ainda acho que isso está errado, Lavínia nunca teria coragem de trair você deste jeito. Pense com a cabeça fria, lembre-se de quem é sua esposa, eu esperaria isso da minha, mas, nunca de Lavínia.

_ Apenas me consiga provas Apolo, se eu estiver errado pedirei perdão a ela se joelhos. – Prometeu-me Ares colocando a mão na maçaneta pronto para sair. _ Mas, se isso não acontecer, eu quero os dois, pois, eu não irei deixar isso barato, não depois de tudo que eu tive de enfrentar para tê-la ao meu lado e ela me trair da maneira mais vil.

Concordei e ele saiu, passei as mãos pelos cabelos e soquei a maldita parede até o sangue jorrar das articulações. A mulher que eu amava tinha matado um filho, Ares estava certo, ela não tinha porque fazer aquilo, ele nunca descobriria que o bebê era meu, a genética era parecida, nós éramos parecidos e ela teria um filho para consolar a sua relação com Ares, pois, era tudo que faltava no casamento dos dois, um filho. Agora eu teria de dar sua cabeça em uma bandeja de prata para o meu irmão, um erro estupido iria a acabar com tudo.

_ Eliza cancele todos os meus compromissos. – Mandei saindo da minha sala. _ Preciso sair e não sei se voltarei hoje, então anote os recados importantes e me passe por mensagem caso algo crítico.

Ela concordou e eu saí, dispensei Alvin e dirigi como louco até um dos nossos lacais de encontro, um salão de beleza que Lavínia era socia, Ares tinha lhe dado aquilo se presente de casamento e era um jeito de conseguir lavar dinheiro. Entrei pelos fundos para não ser conhecido por ninguém e esperei que ela me respondesse ou aparecesse.

_ Amore, qual o motivo da pressa, pensei que iriamos nos encontrar só a tarde? – Perguntou Lavínia entrando quarto secreto que tinha no escritório. _ Precisei mentir para Ares falando que tinha um problema no solão que eu precisava resolver, sei irmão anda estranho comigo.

_ Ele sabe. – Falei fazendo com que ela arqueasse a sobrancelha. _ Ele sabe que você está o traindo, descobriu que você fez um maldito aborto. Você matou uma criança Lavínia.

_ Inferno! – Exclamou ela me olhando com os olhos arregalados. _ Não fui eu quem fez o aborto amore, foi uma das minhas funcionárias, ela estava desesperada, eu apenas quis ajudar e lhe levei até uma dessas clínicas. Eu nunca faria isso amore.

_ Ele mandou com que eu a investigasse. – Avisei vendo os seus olhos se arregalarem. _ Até que eu ache as provas que você é inocente nesta história não podemos nos encontrar, Ares está desconfiado e qualquer mentira pode nos desmascarar e isso seria uma tragédia.

_ Não quero me separar de você Apolo. – Disse ela passando as mãos pela minha camisa. _ Isso seria um sacrilégio, ver você ao lado daquela mulher e não poder ter você, não faça isso conosco amore, estou sentindo que estou perdendo você aos poucos e isso me mata por dentro.

_ Iremos acabar mortos se continuarmos com isso Lavínia e eu não quero perder a minha cabeça. – Avisei tirando as mãos dela do meu peito. _ Será melhor não nos encontramos mais desse jeito e voltarmos a sermos o que deveria ter sido desde começo, apenas familiares.

_ Ela está começando a mudar você Apolo. – Falou ela magoada fazendo com que eu desse uma gargalhada. _ Não irei perder você, anote o que eu estou falando, você irá voltar a ser meu. Pois, isso é o que somos amore, somos dois traidores que se amam e ninguém nunca irá conseguir mudar isso.

Dei-lhe as costas e saí dali com presa, não iria cair na sua conversa fiada naquele dia, aquilo estava muito perigoso e nem deveria ter começado. Revolvi voltar pra casa, minha cabeça estava explodindo e eu queria um pouco de paz, se isso era possível.

_ Senhor precisa de alguma coisa? – Perguntou Abigail quando eu entrei em casa. _ A senhora Marino continua trancada no quarto.

_ Espero que ela continue trancada pelo resto do nosso casamento, assim eu não terei de encará-la pelo resto da minha vida. – Falei vendo os seus olhos se arregalarem. _ Apenas me deixe em paz Abigail. Isso é melhor para você.

Ela concordou e sumiu da minha frente, peguei mais uma garrafa de whisky e voltei para o meu escritório, pelo menos ali eu estava salvo de todos.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022