Um Casamento de Bilhões
img img Um Casamento de Bilhões img Capítulo 4 Novos rumos
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Capítulo 10 Casamento arranjado img
Capítulo 11 Nossa história não termina aqui img
Capítulo 12 Mal-entendidos img
Capítulo 13 Escândalos img
Capítulo 14 Descontrato img
Capítulo 15 Análises Financeiras img
Capítulo 16 Transtornos img
Capítulo 17 Preços a pagar img
Capítulo 18 O primeiro casamento img
Capítulo 19 A Primeira esposa img
Capítulo 20 Encontro Marcado img
Capítulo 21 Outros Relacionamentos img
Capítulo 22 Foi mesmo um encontro img
Capítulo 23 Família na América img
Capítulo 24 Novas imagens img
Capítulo 25 Planos, retas e curvas img
Capítulo 26 A filha da minha advogada img
Capítulo 27 Eventos img
Capítulo 28 Empurrãozinho social img
Capítulo 29 Sobre carros e brincos img
Capítulo 30 Recordações de Sammy img
Capítulo 31 A minha Nanda img
Capítulo 32 A minha Lara img
Capítulo 33 Uma Eve em minha vida img
Capítulo 34 Recordações de Essan img
Capítulo 35 O início de uma amizade img
Capítulo 36 Visita a Mary img
Capítulo 37 O namorado da amiga img
Capítulo 38 Fazendo negócios img
Capítulo 39 Os hotéis M. img
Capítulo 40 Procura-se um lar img
Capítulo 41 Conhecendo Mark img
Capítulo 42 Sustos img
Capítulo 43 Convidado inesperado img
Capítulo 44 Perdendo os horários img
Capítulo 45 Boas notícias img
Capítulo 46 Ligação inesperada img
Capítulo 47 Essan já é casado! img
Capítulo 48 Curiosidades de Eveline img
Capítulo 49 Enquanto isso, em Los Angeles img
Capítulo 50 Uma noite com Eveline img
Capítulo 51 A palestra img
Capítulo 52 Almoço grátis, mas e o jantar img
Capítulo 53 A herdeira da joalheria img
Capítulo 54 Confiança e perfeição img
Capítulo 55 O jantar e o depois img
Capítulo 56 Aniversário de Alicia img
Capítulo 57 Naquele Natal img
Capítulo 58 Naquele Natal (Essan) img
Capítulo 59 Nada de solidão img
Capítulo 60 A Família de Willian img
Capítulo 61 Novos projetos img
Capítulo 62 Um parto próspero img
Capítulo 63 Reunião e chocolate quente! img
Capítulo 64 Papai Essan img
Capítulo 65 Quarto de hospital img
Capítulo 66 Inevitabilidade img
Capítulo 67 Conversa difícil img
Capítulo 68 Naqueles meses img
Capítulo 69 Primeira e única vez img
Capítulo 70 Uma vez e para sempre img
Capítulo 71 Voltando a Nova Iorque img
Capítulo 72 Custos da liberdade img
Capítulo 73 Um Essan no meu quarto img
Capítulo 74 Meu pato img
Capítulo 75 O melhor show da minha vida img
Capítulo 76 Amizades e rivalidades img
Capítulo 77 Enfim, conclusão do mestrado img
Capítulo 78 Flores mortas img
Capítulo 79 Verdades cruéis img
Capítulo 80 Contrato de venda img
Capítulo 81 O pedido de uma filha img
Capítulo 82 Não é uma piada! img
Capítulo 83 O pedido de um pai img
Capítulo 84 Assinando contratos img
Capítulo 85 Um equívoco perfeito img
Capítulo 86 Futuro da Tecfin img
Capítulo 87 Tentações img
Capítulo 88 Sobre vôos img
Capítulo 89 Novos horizontes img
Capítulo 90 Lares img
Capítulo 91 Despedidas img
Capítulo 92 Irmãos de Essan img
Capítulo 93 Um telefonema (in)esperado img
Capítulo 94 A visita img
Capítulo 95 Conversa secreta img
Capítulo 96 A família da noiva img
Capítulo 97 A família do noivo img
Capítulo 98 A festa da noiva img
Capítulo 99 A cerimônia img
Capítulo 100 Nossa primeira noite img
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Capítulo 4 Novos rumos

*Sammy*

Nova cidade, novo apartamento, novo campus universitário, nova pesquisa! Muitas pessoas se mudam para Nova Iorque buscando glamour e uma vida agitada. Meu motivo foi puramente acadêmico, afinal onde eu iria encontrar o melhor centro de formação em matemática financeira, senão no maior centro financeiro do mundo?

Não consegui alugar um apartamento no mesmo distrito em que a universidade. Encontrei uma quitinete no distrito do Queens e até fiquei animada, tendo em vista ser uma área com uma grande diversidade cultural. Meu novo lar era minúsculo, numa avenida bem movimentada e onde eu podia facilmente ter acesso a tudo que eu precisasse. Em toda esquina do bairro, eu me deparava com um restaurante de culinária internacional, o que me deixava bem satisfeita, visto que detesto cozinhar.

O que me tirava um pouco a paciência eram os sinos da Igreja, que ficava em frente ao meu prédio. Todo dia, às 5h45, eles tocavam, anunciando a missa que começaria em breve. Tenho para mim que foi castigo divino, pois nesse horário eu também deveria fazer minhas orações e geralmente eu não acordava na hora certa. Agora eu não tinha mais desculpas!

Para aquele primeiro dia de aula, tudo estava tão perfeito! Pus uma calça de jeans bem grosso e botas; uma camiseta de banda e, por cima, uma blusa de botões. Além, é claro, não pude esquecer do meu lenço para encobrir meus cabelos. Ainda eram sete da manhã, e as atividades só começariam às 9 horas, isso me dava tempo para uma chamada de vídeo rápida.

- Samhyrïğa, algum problema? - Ela apareceu na tela, arrumando o véu sobre os cabelos.

- Problemas? Não, mãe, hoje é meu primeiro dia de aula do mestrado! - Fez uma cara um tanto de reprovação. - Que foi, não vai ficar feliz por mim?

- Claro que fico feliz, filha, que bobagem! Só que nosso combinado era você voltar para casa logo após a graduação! Algo me diz que você vai convencer teu pai a permitir que você continue morando no exterior para o doutorado, e não virá mais morar conosco!

- O futuro pertence a nosso deus, não é, mãe? Contudo, em meus pedidos, rogo para que meu pai se aposente e vocês dois venham morar aqui comigo, não o contrário!

Ela balançou a cabeça, vendo que perderia qualquer discussão sobre isso.

- Aposentar-se quando não tem um filho para ser seu herdeiro? Teu pai vai sair dos negócios direto para debaixo da terra!

- Ai, mãe, não fala assim! Papai ainda tem muita vida pela frente! Você fica dando uma de "velha chata", mas vocês me tiveram tão jovens! Vão viver muito! Olhe, estou um pouco com pressa, só queria ver a senhora e pedir sua benção antes de ir para a universidade...

- Você sempre terá minha benção, Samhyrïğa! Só peço que você tenha juízo em troca!

- Não se preocupe, eu sempre tenho! Agora preciso ir! Diga ao papai que domingo eu falarei com ele também! Amo a senhora, mãe.

- Também amo você, agora, não vá se atrasar!

Para muitos podia ser besteira, todavia receber a benção seja da minha mãe, seja do meu pai, me dava mais energias para eu enfrentar os desafios que me apareceriam. Tendo isso em mente, chequei, mais uma vez, se meu material se encontrava em minha mochila e desci, dando bom dia aos vizinhos de prédio que encontrei pelo caminho. Recebi respostas educadas de alguns e olhares intrigados de outros. Entretanto, naquele dia, não me deixaria abater por gente preconceituosa e mal-amada.

Ganhei a rua e me encaminhei até uma lanchonete que servia waffle no café da manhã. Sentei-me ao balcão mesmo, planejando que aquela parada fosse bem rápida para não atrasar meus planos. A garçonete me serviu um waffle de massa de chocolate com sorvete de baunilha por cima, com um sorriso bem amplo no rosto e eu agradeci com outro. Porém, na primeira garfada, meu estômago embrulhou e o mundo girou ao redor. Fechei os olhos para a sensação de vertigem passar e escutei uma voz feminina:

- Você está bem?

- Um pouco nervosa! - Abri os olhos e me deparei com a garçonete e seus cabelos bem amarrados num coque. - Ficarei melhor assim que tomar meu café! - lhe sorri, para que ela não ficasse preocupada. Coloquei mais açúcar no café, deixando a pressa de lado para engolir aos poucos. Não consegui comer nem metade do waffle.

Eu sentia muita ansiedade, então preferi entrar no primeiro táxi que encontrei e segui para o campus universitário. Era um lugar tão maravilhoso! Pedi para o motorista estacionar antes do meu prédio, só para que eu pudesse caminhar vagarosamente entre os canteiros, vendo folhas do outono cobrindo o chão. Me pus a imaginar como aqueles jardins se tornariam floridos na primavera.

Em frente à biblioteca - um prédio com colunas que nos remetiam à Grécia Antiga -, calouros se amontoavam para a aula inaugural. Tão jovens! Não me contive nas lembranças de quando comecei a universidade. Foi um sentimento de realizar um grande sonho! Mas eu não era caloura, não é? Agora tudo era mais burocrático e pé no chão. Com o peso da realidade nos meus ombros, me direcionei ao auditório onde haveria o primeiro encontro da turma de mestrado. Iríamos nos apresentar e falaríamos um pouco sobre nossos projetos. Eu sempre fui meio tímida para apresentações em público, por isso meu estômago continuava a se revirar um pouco.

Lembro, como se fosse hoje, do quão lotado estava aquele auditório; não apenas eram mestrandos, visto que as apresentações eram abertas ao público acadêmico em geral. Passei meus olhos e vi poucas mulheres, da mesma forma como vi pouca diversidade étnica. A grande maioria dos estudantes se pareciam manequins, de lojas de vestuário masculino. Olhei para mim mesma e me disse "Sammy, não se deixe intimidar!", procurando um assento bem-posicionado, onde eu pudesse esconder meu nervosismo. Abri meu notebook e busquei uma planilha com o nome dos colegas e seus respectivos temas de pesquisa, para adicionar meus comentários pessoais sobre suas apresentações. Como as exposições seguiriam a ordem alfabética, a minha demoraria a acontecer.

Finalmente quando o meu orientador chamou meu nome - muito mal pronunciado, diga-se de passagem -, ergui-me e senti todos os olhos sobre mim. Até mesmo quem mexia no celular até então seguiu minha ida ao palco: não sei se por eu ser mulher, por não ser americana ou por vestir roupas bem comuns com um véu que demarcava a minha cultura. Respirei fundo e comecei a minha apresentação, falando um pouco sobre minha formação na universidade anterior, o tema e os objetivos do projeto - só nos foram dados dez minutos, por consequência, eu sequer poderia me prolongar. Quando terminei, um outro aluno levantou a mão, pedindo a palavra. Gelei.

- Perdoe-me dizer, esses teus objetivos são inalcançáveis! O cálculo que você propõe como base é impossível! - Se tratava de um homem, que aparentava ser mais velho do que realmente era, naquele terno escuro.

Eu perdi minhas palavras, devo ter ficado pálida, porque minha vista até escureceu. Me agradeci por não ter comido muito do waffle, apenas tomado um café, senão eu vomitaria. Eu não estava pronta para argumentar, inclusive porque, até aquele momento, ninguém havia questionado os projetos alheios! Mas não baixei minha cabeça, puxei minha água, para me sentir melhor e formular uma resposta, quando ouvi uma voz grossa e imponente:

- Também não acredito que seja possível! - Argumentou meu orientador Dr. James T. - Foi por esse motivo, Willian, que aceitei ser o orientador de Samhyrïğa! A ciência vive da novidade! E o que essa jovem garota traz é uma nova perspectiva e, mesmo que não cheguemos a um resultado ideal, seu projeto propõe novos questionamentos. Algo mais? - perguntou retoricamente. - Como vejo que não - ele se virou para mim -, finalize sua apresentação nos dizendo qual a relevância do teu projeto para o mercado financeiro.

- Eu diria que é uma relevância mais social! Sempre percebi a concorrência desleal das empresas multimilionárias como um abuso econômico! Meu estudo é uma tentativa de minimizar isto! - Ouvi murmúrios na plateia e demorei um pouco a receber os aplausos que se seguiam a cada apresentação, afinal a maioria estava ali para aumentar ainda mais os lucros de quem já era rico.

Saí do palco para minha cadeira, sentindo ainda mais olhares enviesados sobre mim, porém com o sentimento magnífico de tarefas completadas.

            
            

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