Bela Tempestade
img img Bela Tempestade img Capítulo 3 Você não deveria estar aqui 2
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Capítulo 6 Amanhã à noite. img
Capítulo 7 Não se preocupe, bailarina img
Capítulo 8 Não me provoque img
Capítulo 9 Eu conheço esse símbolo img
Capítulo 10 Preciso de respostas img
Capítulo 11 Sobre minha tatuagem img
Capítulo 12 Estou perdido img
Capítulo 13 Informações img
Capítulo 14 Convite img
Capítulo 15 Banho img
Capítulo 16 Carnaval img
Capítulo 17 Tiro trocado img
Capítulo 18 Em família img
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Capítulo 3 Você não deveria estar aqui 2

- Você não deveria estar aqui.

Cobri minha boca com as mãos para abafar o gritinho que soltei ao me assustar e me virei na direção da voz, dando de cara com uma figura alta e forte apoiada na parede. A iluminação no corredor era fraca para que eu identificasse algo, então deduzi que ele era um dos seguranças.

- Você me assustou!

- Isso só prova o meu ponto. Você não deveria estar aqui.

Comecei a preparar desculpas, justificativas plausíveis para que eu estivesse lá, mas resolvi observar bem o homem em minha frente. Mesmo que seu rosto estivesse escondido nas sombras, sua roupa era visível e nada parecida com o uniforme que os seguranças usavam.

Se eu não deveria estar ali, ele também não.

- Eu acho que você também não deveria estar aqui.

Ele deu de ombros.

- Considerando que eles estão ali discutindo o meu futuro, - O homem misterioso apontou para o fim do corredor sem descruzar os braços. - eu acho que eu deveria, sim.

Franzi as sobrancelhas.

- Seu futuro? - perguntei. - Você luta, então?

Ele deu um sorriso de lado que realçou ainda mais seu maxilar bonito.

- Que bailarina esperta... - murmurou sarcasticamente, claramente tirando com minha cara e tentando me tirar do sério.

- Porque lutadores são sempre muito inteligentes, não é mesmo? - rebati seu comentário e notei o sorriso dele se alargando.

- Calma, bailarina - disse, me provocando, falando com uma calma exagerada e se aproximando de mim.

Saindo das sombras, ele chegou mais perto, revelando mais do sua aparência. Era um homem alto e, mesmo vestindo um terno, eu conseguia ver que ele era bem musculoso. Seus cabelos castanhos não estavam nada alinhados, sua boca cheia combinava com o nariz com um osso proeminente, que dava a ele uma característica quase selvagem e até que atraente. Mesmo assim, ele não parecia ter mais de 25 anos, e o terno, apesar de ficar bem nele, parecia quase algo forçado, como se essa roupa não combinasse com ele.

Mas, de longe, o que mais chamou atenção nele foram os olhos de um tom verde tão claro e intenso que eu quase me senti vulnerável pela maneira como ele me olhava, ainda sustentando um sorriso petulante.

- Por que você fica me chamando desse jeito? - falei rispidamente.

Sempre que perguntavam sobre a minha profissão, eu dizia que era dançarina, pois não me sentia exatamente uma bailarina em cima daquele palco. Ouvir alguém me chamando de bailarina depois de todos esses anos já era estranho por si só, e juntando isso ao tom que ele fala... Era simplesmente irritante.

- Porque eu não sei o seu nome, bailarina. - Ele permaneceu calmo e levou a ponta do dedo até o véu que cobria quase metade de meu rosto, passando o indicador levemente pela barra. - Tão misteriosa...

- Meu nome é Madeline.

- Madeline, hum? - Começou a andar ao meu redor, como um predador medindo sua presa. - Não, não... Acho que prefiro te chamar de bailarina.

Revirei os olhos e ele parou em minha frente. Ele parecia decidido a me provocar, mas eu não daria esse gosto a ele, então me segurei e optei guiar a conversa para outro rumo.

- E eu posso te chamar como?

- Ian.

Então o homem à minha frente era o lutador bonito de quem Layla estava falando? A grande promessa para as lutas ilegais de Los Angeles? Até concordava na parte do "bonito", porque era inegável, mas ele não me parecia uma grande promessa. Já havia visto outros lutadores antes e vários pareciam maiores e mais fortes que Ian.

- Ian... É um nome bonito.

Em resposta, ele deu mais um sorriso predatório.

- Obrigado, bailarina.

Vendo que aquela conversa não iria a lugar algum e sabendo que eu estava lá há mais tempo do que deveria, dei um passo para o lado, na intenção de contornar Ian.

- Foi um prazer em te conhecer, Ian, mas eu preciso voltar lá pra cima. Se você me der licença...

- Me diz uma coisa, bailarina - Ian me chamou quando comecei a andar, deixando-o para trás. - Você dança aqui todas as noites?

Me virei para encará-lo e concordei com a cabeça. Ian pareceu satisfeito com a resposta.

- Bom saber. Eu não sabia se estava disposto a aceitar lutar aqui, mas se esse é o preço que preciso pagar para ver uma garota como você dançando todas as noites... - Fez uma pausa para me olhar dos pés a cabeça. - Acho que vale a pena.

- Tenho certeza que o senhor e a senhora Rashid vão adorar ter você lutando aqui em nossa casa, assim como os investidores.

Ele não havia dito nada, mas eu sabia que os lutadores estavam na boate a convite dos investidores. Mesmo que eu não soubesse, a maneira desconfortável que ele trajava o terno o denunciava.

- E você, bailarina? - Ian perguntou e deu passos calculados em minha direção. - Também vai adorar me ter lutando aqui?

Nem um pouco.

- É claro - menti descaradamente e voltei a andar na direção da escada.

A risada de Ian ecoou pelo corredor antes de eu escutar sua voz rouca e marcante uma última vez naquela noite.

- Você é uma péssima mentirosa, bailarina.

            
            

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