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Ela desceu correndo as escadas, ouviu as crianças chorando e um rastro de sangue que parecia ir em direção ao quarto da madrasta. Sua primeira reação foi colocar a mão nos lábios, será que havia acontecido um crime ali ou um acidente?!
Seguiu o som de choro das crianças, mais sangue... E elas choravam desesperadas...
_ O quê aconteceu???
Ninguém lhe respondia nada, só havia choro...
_Cadê a Maria?
Tirando o dedo da boca, Sofie disse que ela tinha ido na costureira.
_Cadê, a Margô?
Um dos meninos disse que o sangue saiu dela e ela gritou com eles para não saírem dali e foi na direção do quarto. Eles obedeceram, pois quando a mãe gritava daquele jeito, ninguém ousava fazer diferente...
Ela acalmou as crianças e as colocou em seu antigo quarto, fechou a porta e seguiu o rastro de sangue até o quarto da madrasta. Bateu na porta:
_Madrasta?
_Entre, sua inútil! - uma voz arfante, respondeu do outro lado.
_A senhora está bem? O que é aquele rastro de sangue?
_Cadê a Maria? - perguntou arfando.
_Foi buscar seus vestidos na costureira. A senhora está bem?
_Só me faltava essa agora, vou ter que depender de uma criatura inútil como você... E meus filhos? - disse se contorcendo de dor e suando.
_Já os acalmei e estão brincando no quarto.
_Pois bem sua inútil, vá a cozinha, coloque água para esquentar. Enquanto isso, pegue o esfregão e o balde e limpe o sangue do corredor. Depois pegue água quente e venha aqui. Anda sua inútil! Não se distraía e não se demore ou eu farei com que seu pai lhe dê a maior surra de sua vida!!!
Ela saiu correndo a fazer tudo que a madrasta ordenou, um castigo por dia era mais que o suficiente...
Entretanto, o quê significaria aquele sangue? Por quê a madrasta parecia não se importar tanto com aquilo?!
Fez tudo que a madrasta mandou e veio o mais rápido que pode com a água quente. Trouxe outro balde vazio, vai que precisasse...
_Até que desta vez você foi rápida! Vamos, me ajude a tirar esse vestido. - a madrasta estava um tanto pálida e muito suada.
A roupa de baixo da madrasta estava coberta de sangue! Era horrível! Parecia seu sonho, mas muito pior...
A madrasta ficou só de camisa e agachada segurou nos seus braços e fez muita força, logo, mais sangue saiu e uma estranha bola vermelha. O que era aquilo?!
Ela ficou parada, paralisada, sem conseguir se mexer, aterrorizada... quanto sangue... o coração indo a mil, queria correr, fugir, mas estava petrificada de medo... acordou com um bofetão da madrasta.
_Vamos sua inútil, pegue isso, envolva num lençol e enterre na parte mais escura do quintal. Anda! - e a madrasta lhe deu outra bofetada!
Ela tonta e sem entender nada, com muito medo, pegou "aquilo" com o lençol e jogou no balde vazio. Mecanicamente ajudou a madrasta a se limpar com a água quente, limpou o chão e foi para o quintal com "aquilo".
As sensações se misturavam... o cheiro de sangue... aquele calor morno... sentia arrepios, a cabeça quente e pesada, mas ao mesmo tempo...
Um nó na garganta, boca seca, coração descompassado, suava!
Santo Deus, será que a madrasta morreria? Apesar que pelas sensações de seu corpo, parecia é que ela é que estava para morrer... Queria chorar, mas não podia, não conseguia... e se perdesse tempo e desabasse chorando, logo a madrasta poderia aparecer e aí seriam mais bofetadas e talvez novo castigo do pai...
Não tinha jeito, era respirar fundo, lutar contra a sensação horrível e cumprir a tarefa o mais rápido possível! Mas o que seria aquela bola vermelha?!
Quanto mais lembrava daquilo, mais sua cabeça ardia, seu rosto queimava, suas pernas tremiam, seu coração estava a mil, seu estômago foi embrulhando, se sentia muito zonza...
Foi na direção do quintal, carregando aquilo no balde, mal se firmando em pé.